tag:blogger.com,1999:blog-30441672523316669052024-02-20T03:03:16.477-03:00Tirem as Mãos da Venezuela (Brasil)Fernandohttp://www.blogger.com/profile/05595832591543729537noreply@blogger.comBlogger116125tag:blogger.com,1999:blog-3044167252331666905.post-61104386972971394642015-03-20T11:24:00.000-03:002015-03-20T11:26:05.726-03:00Formação Política: "TODO 11 TEM SEU 13" - Aonde vai a revolução venezuelana?Quando: <b>Sábado, 11/04/2015 às 14h</b><br />
Local: <b>Livraria Marxista, Auditório Chico Lessa - São Paulo</b><br />
Endereço: <b>Rua Tabatinguera, 318</b><br />
<b>(próx. metrô Sé - saída do Poupatempo)</b><br />
Entrada franca.<br />
Evento no facebook:<br />
<a href="https://www.facebook.com/events/1627588340796697/"><b>https://www.facebook.com/events/1627588340796697/</b></a><br />
<br />
<a name='more'></a>"Em 2002, no dia 11 de Abril, os militares leais à oligarquia petroleira e ao imperialismo EUA, junto com os grandes canais de TV privados, dão um golpe militar, seqüestram Chávez e o levam para uma ilha, cortam o sinal da emissora estatal de TV, reprimem os jornalistas internacionais e empossam um novo Presidente (Pedro Carmona) em nome da “Democracia”. Tudo isso apoiado pela “Sociedade Civil” com a igreja católica, os empresários, ONGs e sindicatos pelegos.<br />
<br />
Na TV explicavam que Chávez havia renunciado e fugido. Mas mentira tem perna curta e aos poucos chegava aos ouvidos dos trabalhadores das comunidades mais pobres de Caracas que Chávez estava seqüestrado. Então algo inesperado aconteceu. Em menos de 48 horas, no dia 13 de Abril, milhões de venezuelanos saíram às ruas, milhares cercaram o Palácio de Miraflores em Caracas e derrubaram a ditadura recém-nascida de Carmona. Os soldados do exército - que são parte do povo, são trabalhadores e filhos de trabalhadores - confraternizaram com o povo, desobedeceram as ordens dos generais golpistas e resgataram o presidente Chávez (há um vídeo-documentário muito bom que relata esse episódio chamado “A Revolução não será televisionada”).<br />
<br />
Dia 11 foi uma Sexta e dia 13 um Domingo. O povo venezuelano é bastante religioso e não faltaram comparações com a morte e ressurreição de Cristo. Chávez saiu ainda mais fortalecido desse episódio, entretanto, junto com Chávez, o povo saiu fortalecido. Homens e mulheres do povo perceberam que mesmo aquele que eles consideram seu herói só pôde sobreviver e voltar a cumprir o seu papel porque o povo foi capaz de derrotar a tirania. O povo é herói e se reconhece como tal. Cada mulher e homem trabalhador na Venezuela aprendeu desde então a não baixar mais a cabeça, a se respeitar como sujeito que atua na sociedade e que pode mudar a sua história."<br />
<br />
Esse é um trecho do texto "Relato de um camarada brasileiro na Venezuela" escrito em abril de 2010, por Caio Dezorzi durante sua estadia de 2 meses em Caracas. No dia 11 de abril de 2015, em São Paulo, o camarada Caio estará no Auditório Chico Lessa, da Livraria Marxista em São Paulo, para debater conosco aonde vai a revolução venezuelana.Caio Dezorzihttp://www.blogger.com/profile/15143792495611049950noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3044167252331666905.post-17213521821703442852015-03-20T11:10:00.001-03:002015-03-20T11:16:52.133-03:00Venezuela: uma ameaça à segurança dos EUA?<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEimSsvA3nb890RVQGutVUBgJMMkt9m9bbMjxGA5pIuqP66MK18i2c6AgR6aRSdfxvYBtQQjxOw_punvLQLknUN5dp0N_LDq8E0mdO2l3eZJCH0oUP6rj-PyQBKzYKrZ6NJfWKBt06mFQj4/s1600/obama1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEimSsvA3nb890RVQGutVUBgJMMkt9m9bbMjxGA5pIuqP66MK18i2c6AgR6aRSdfxvYBtQQjxOw_punvLQLknUN5dp0N_LDq8E0mdO2l3eZJCH0oUP6rj-PyQBKzYKrZ6NJfWKBt06mFQj4/s1600/obama1.jpg" /></a></div>
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<b><i>Campanha Internacional "Tirem as Mãos da Venezuela"</i></b></div>
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Em 09 de março de 2015, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, emitiu um Decreto declarando uma "emergência nacional", afirmando que "a situação na Venezuela representa uma ameaça incomum e extraordinária para a segurança nacional e política externa dos Estados Unidos". Esta é a última medida da ingerência imperialista dos EUA nos assuntos internos de um país soberano como a República Bolivariana da Venezuela, e, como tal, é veementemente condenada pela campanha "Tirem as Mãos da Venezuela".</div>
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<a name='more'></a>Os termos do Decreto Executivo de Obama seriam uma farsa se a situação não fosse de fato muito perigosa. O Decreto menciona nominalmente sete funcionários do governo venezuelano, cujos bens devem ser congelados e sua entrada nos EUA bloqueada, mas na realidade é um ataque injustificado contra a soberania nacional da Venezuela. O governo dos EUA nem sequer apresentou qualquer evidência de que estas pessoas tenham bens nos EUA ou que tenham viajado para os EUA no passado.</div>
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A ideia de que essas sanções têm o objetivo de defender os direitos humanos, a liberdade de expressão, as instituições democráticas e combater a corrupção na Venezuela é digna de risos se olharmos para o histórico dos Estados Unidos.</div>
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Por exemplo, o governo dos Estados Unidos:</div>
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- É responsável pela polícia local que mata regularmente adolescentes desarmados apenas pela cor da sua pele.</div>
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- Está envolvido na vigilância e espionagem maciça de seus próprios cidadãos.</div>
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- Realiza a detenção ilegal e tortura de cidadãos estrangeiros em sua base militar de Guantánamo, apesar da promessa de Obama de que a fecharia.</div>
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- Por meio de sua agência de espionagem, a CIA, está envolvido no sequestro e tortura de cidadãos estrangeiros fora dos EUA.</div>
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Ao longo de sua história, os EUA têm participado de uma série de intervenções em países estrangeiros com o fim de derrubar os governos que não são de seu agrado e apoiar e defender ditaduras brutais. Mais recentemente, na América Latina, Washington esteve envolvido em golpes bem ou mal sucedidos na Bolívia (2008), Honduras (2009) e do Paraguai (2012).</div>
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Na Colômbia e no México, o governo dos EUA não tem nenhum problema em apoiar governos que são responsáveis por violações horríveis dos direitos humanos, pela corrupção, com ligações com cartéis de drogas, etc. Não há Decretos Executivos nesses casos. Eles não são considerados "uma ameaça à segurança nacional".</div>
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Como pode o presidente Obama falar de direitos humanos e de instituições democráticas, quando há apenas seis semanas encabeçou uma delegação de alto nível para a Arábia Saudita para assistir ao funeral do déspota cruel deste país e o descreveu como "um dos nossos aliados mais próximos"?</div>
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Como pode o presidente dos EUA descrever a Venezuela como uma "ameaça extraordinária para a segurança nacional", quando os Estados Unidos estiveram diretamente envolvidos no golpe que tentou derrubar o governo democraticamente eleito do presidente Hugo Chávez em abril de 2002?</div>
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Os EUA continuam a financiar e apoiar os grupos de oposição na Venezuela que participam das tentativas de remover pela força o governo democraticamente eleito do país. Washington não cessou sua interferência constante contra a vontade democrática do povo venezuelano. Quem está ameaçando quem?</div>
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A única ameaça que a Venezuela representa ao imperialismo norte-americano é a ameaça de um bom exemplo. A Revolução Bolivariana da Venezuela erradicou o analfabetismo, estendeu massivamente os cuidados à saúde e à educação gratuitamente, reduziu substancialmente a pobreza e o desemprego, construiu moradias a preços acessíveis para milhares de famílias e, geralmente, tem inspirado uma mudança progressista e democrática em toda a América Latina e mais além.</div>
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O chamado de Chávez em favor do socialismo tem ecoado entre milhões de trabalhadores e jovens em todo o mundo que estão sofrendo as políticas de cortes e austeridade. Mesmo nos Estados Unidos, milhares de famílias pobres se beneficiaram com os subsídios ao combustível fornecido pelo governo venezuelano.</div>
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As credenciais democráticas da revolução bolivariana não podem ser questionadas por ninguém. Na Venezuela ocorreram 18 eleições e referendos desde 1998, com todos, exceto um (dezembro de 2007), sendo vencidos pelos candidatos e propostas do movimento bolivariano. Este ano haverá novamente eleições para a Assembleia Nacional.</div>
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As últimas sanções impostas pelo presidente Obama afetam apenas 7 pessoas, mas realmente representam uma ameaça à revolução bolivariana. Elas são uma escalada nas sanções já impostas em dezembro de 2014 e a linguagem utilizada abre a porta para ainda mais graves sanções econômicas e financiamento de grupos de oposição, violando a soberania nacional através de outras formas de intervenção. Não é por acaso que o Decreto Executivo foi produzido um mês depois da descoberta de uma tentativa de golpe na Venezuela, cuja organização teve lugar, em parte, no território dos Estados Unidos.</div>
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Diante destes acontecimentos reafirmamos nossa solidariedade para com a revolução bolivariana e o governo da República Bolivariana da Venezuela, contra a agressão imperialista.</div>
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Apelamos ao movimento operário, à juventude e à opinião pública progressista e democrática de todo o mundo para se unir em um poderoso movimento para rechaçar a intromissão dos EUA na Venezuela.</div>
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<li><b>Obama: Tire as Mãos da Venezuela!</b></li>
<li><b>Respeite a vontade democrática do povo venezuelano!</b></li>
<li><b>Defender e completar a Revolução Bolivariana!</b></li>
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Caio Dezorzihttp://www.blogger.com/profile/15143792495611049950noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3044167252331666905.post-67048079040623385542013-04-19T11:05:00.004-03:002013-04-20T12:41:14.821-03:00Venezuela: Após a vitória eleitoral, aprofundar a revolução!<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjusGQSz6XaWWaklFlV7J6MHdKQjfrlUePqjAXauIAiy280sL5i_tBfLc6FZVVfg4pNDaaAuVq9TNjpmsfOld6UtIzpWChvpx0Pcj9r-Rt4HSYRRY2JMSJVIlBv5lfhADiui6wkouggeWw/s1600/Madurovence.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="250" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjusGQSz6XaWWaklFlV7J6MHdKQjfrlUePqjAXauIAiy280sL5i_tBfLc6FZVVfg4pNDaaAuVq9TNjpmsfOld6UtIzpWChvpx0Pcj9r-Rt4HSYRRY2JMSJVIlBv5lfhADiui6wkouggeWw/s400/Madurovence.jpg" width="400" /></a></div>
<b><br /></b>
<b>Nota Política Semanal da Esquerda Marxista - <a href="http://www.marxismo.org.br/">www.marxismo.org.br</a></b><br />
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Uma apertada vitória eleitoral de Maduro, o candidato do PSUV a presidente na Venezuela, foi seguida por uma série de atos de violência perpetrados por bandos fascistas seguidores do candidato derrotado da oposição, Capriles, que se recusa a reconhecer e aceitar o resultado das urnas. Tais atos de violência por todo o país levaram à morte de 8 militantes revolucionários, dezenas de feridos e um incontável número de estabelecimentos públicos depredados (centros médicos, escolas infantis, emissoras de TV, etc.) bem como sedes do PSUV. Com apoio dos EUA, Espanha e do presidente da OEA (Organização dos Estados Americanos), a burguesia venezuelana preparava um golpe de Estado. Enquanto Capriles, pelas redes de TV privadas, incitava seus seguidores a expressar sua indignação nas ruas, criando um clima de instabilidade e buscando provocar a repressão do Estado para em seguida denunciá-lo, o próprio governo venezuelano descobria e denunciava movimentações militares dos EUA no oceano em direção à Venezuela.<br />
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<a name='more'></a><b>Uma breve análise do que disseram as urnas</b><br />
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No domingo, 14 de abril, houve 79,78% de comparecimento às urnas (num país onde o voto não é obrigatório), com Maduro recebendo 7.575.506 votos (50,78%) e Capriles 7.302.641 votos (48,95%). Outras 4 pequenas candidaturas somaram juntas apenas 38.910 votos (0,24%). Com apenas 66.691 votos nulos. O PSUV (Partido Socialista Unido de Venezuela) venceu em 16 estados e a oposição do MUD (Mesa da Unidade Democrática – frente que reúne cerca de 20 partidos de oposição) venceu em apenas 8.<br />
<br />
Importante ressaltar que o candidato do PSUV, Maduro, obteve 500 mil votos a menos que Chávez em outubro do ano passado, quando este foi reeleito para o seu 3º mandato presidencial. E Capriles, mesmo agora sem o apoio formal do COPEI (partido de direita que rompeu com o MUD e declarou apoio a Maduro na véspera da eleição), obteve pouco mais de 800 mil votos a mais em comparação à sua própria votação em outubro, quando enfrentava Chávez. Além disso, na eleição passada Chávez havia vencido em 22 estados e Capriles em apenas 2. Agora, embora a diferença continue grande, a oposição ganhou terreno.<br />
<br />
Esse crescimento da oposição e um pequeno encolhimento eleitoral do PSUV deve ser analisado com atenção pelos revolucionários na Venezuela. Sabemos que as eleições burguesas expressam apenas de maneira distorcida as reais forças da luta de classes, mas aí há um recado. Pode ser que setores mais atrasados das classes exploradas venezuelanas, afetados pela alta inflação e atingidos concretamente pelos planos de desabastecimento e sabotagem econômica da burguesia (principalmente no que diz respeito à distribuição de alimentos e energia elétrica), que não tinham desenvolvido ainda consciência de classe, mas votavam no Chávez, agora sem Chávez, votam no que lhes parece como aquele que trará mudanças, pois o que sabem é que precisam de mudanças. Ou seja: o canto da sereia de Capriles teria conseguido migrar votos chavistas, dos setores mais atrasados dos explorados, para a direita.<br />
<br />
Por outro lado, amplos setores das massas venezuelanas já se encontravam no terreno eleitoral da oposição (milhões de votos não representam apenas a classe média-alta do país) e agora isso pode estar aumentando.<br />
<br />
Mas com a onda de violência após as eleições (que tinham um claro corte de classe – eram elementos de classe média e alta que participavam dos ataques) e a direita não aceitando a derrota, pudemos ver várias manifestações individuais nos bairros mais pobres de trabalhadores com cartazes dizendo “Votei errado! Capriles, devolva meu voto!”. E até gente de classe média que tinha votado em Capriles por seu discurso de “conciliação” agora dizendo na internet que se sente traído com tanta violência. O que mostra que o chicote da contrarrevolução pode fazer avançar a consciência de classe.<br />
<br />
Por outro lado o que se discute nas ruas hoje na Venezuela entre os militantes psuvistas é que a via eleitoral burguesa está se esgotando e que para avançar será preciso construir outras formas de democracia. Todos falam de socialismo, mas o que falta é a direção do movimento apontar o caminho e como fazer.<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiVxrHhZHyVTARWkN_QJD8JyKD74M2jemL-RiFo4bKMIJIDv0-oTtmdGstxKxiSUsHauWVEIyUNWDcp888clsID9Nw-fu0HAp5c_KIdFuVFQQAScFrdtQvDPdDr5LjcTKuoLXDPL1uLSqE/s1600/votos.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="292" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiVxrHhZHyVTARWkN_QJD8JyKD74M2jemL-RiFo4bKMIJIDv0-oTtmdGstxKxiSUsHauWVEIyUNWDcp888clsID9Nw-fu0HAp5c_KIdFuVFQQAScFrdtQvDPdDr5LjcTKuoLXDPL1uLSqE/s400/votos.png" width="400" /></a></div>
<br />
<b>Os planos da burguesia</b><br />
<br />
A burguesia venezuelana, embora tenha se unificado no projeto da candidatura de Capriles desde 2011, continua dividida sobre como enfrentar a revolução e isso fica mais evidente agora após as duas derrotas eleitorais de Capriles (outubro/2012 contra Chávez e abril/2013 contra Maduro). Essa divisão na burguesia venezuelana certamente reflete uma divisão no imperialismo americano sobre o que fazer.<br />
<br />
Um setor importante imaginava que a ausência de Chávez abriria uma brecha para que atacassem a revolução frontalmente. Este setor apostava na desestabilização através dos planos de sabotagem e desabastecimento como preparação para um golpe e era o que buscavam fazer agora a partir do resultado eleitoral apertado. Antes mesmo de ser declarado o resultado das eleições, Capriles telefona a Maduro lhe dizendo que o país está dividido no meio e lhe propõe que anunciem juntos um “empate técnico” e um governo de unidade. Capriles já esperava que Maduro rechaçasse tamanho absurdo e chama uma coletiva de imprensa dizendo não reconhecer o resultado, exigindo a recontagem de 100% dos votos. A oposição manipula imagens alegando que o CNE (Conselho Nacional Eleitoral) estaria queimando material eleitoral e chama seus apoiadores a expressar sua indignação nas ruas. Maduro orienta a todos para que mantenham a calma e pede paz. Os bandos incitados por Capriles, além de toda a violência já relatada, buscam tomar escritórios regionais do CNE e Capriles chama uma marcha nacional em direção ao escritório central do CNE em Caracas para a quarta-feira, 17/04. Diante das mortes e ataques aos projetos sociais do governo, Maduro muda o tom e chama o povo às ruas para defender a revolução. Em muito maior número, os chavistas rapidamente impedem que os bandos opositores continuem seus ataques. As milícias populares motorizadas rompem barricadas com pneus queimados e retomam o controle das ruas. Maduro anuncia que o governo descobriu os planos de golpe da oposição, prendeu grupos de paramilitares colombianos e que não permitirá uma marcha da oposição em Caracas. Que se a oposição quisesse poderia questionar o resultado através dos meios legais. Maduro responsabiliza Capriles pelas mortes.<br />
<br />
A Espanha que apoiava o pedido de recontagem dos votos volta atrás e reconhece o resultado das urnas. O mesmo faz a OEA. A União Europeia continua declarando que a recontagem é o melhor a se fazer, mas reconhece o resultado. Capriles vai à TV e embora siga exigindo a recontagem dos votos, diz que todos os protestos da oposição são pacíficos.<br />
<br />
O presidente da Assembleia Nacional (parlamento unicameral nacional) Diosdado Cabello, forte representante da burocracia do PSUV, protagonizou um episódio esclarecedor na terça-feira, dia 16. Presidindo a seção do parlamento, para cada deputado que pedia para fazer uso da palavra, ele perguntava antes: “Reconhece o Estado Democrático de Direito da Venezuela, e o resultado apresentado pelo Conselho Nacional Eleitoral?”. Se não, ele não autorizava a falar e cortava o microfone. Assim foi com todos os deputados da oposição. Quando questionado por um deputado opositor que estava nervoso e agressivo, ameaçando, etc., Diosdado respondeu: “Olhem, deputados, lembrem que Chávez não está mais aqui entre nós. Chávez era quem podia controlar o povo. Ele era o único que poderia conter qualquer insanidade e loucura. Prestem atenção ao que estou dizendo. Ele não está aqui. Por isso, recomendo a vocês que entendam o que estão provocando. Não temos Chávez. Se vocês fizerem loucuras, terão a resposta na mesma altura, mas sem o Chávez para coordenar isso. Nós não teremos o controle e não podemos nos responsabilizar. É o povo na rua que vai derrubar vocês contra qualquer tentativa de golpe”.<br />
<br />
Então os deputados da oposição se calaram e foram se reunir. Menos de duas horas depois, Capriles vai à TV e cancela a marcha a Caracas.<br />
<br />
O que Diosdado Cabello falou procede e é o principal medo da burocracia do PSUV, que não quer a revolução, mas sim conciliar com a burguesia. O povo organizado nas ruas obriga o imperialismo e a burguesia a recuar e, por ora, suspender o golpe. Novamente o povo trabalhador venezuelano mostrou sua força e salvou a revolução. Entretanto, a pequena margem eleitoral faz com que a burguesia se sinta fortalecida e isso impõe uma necessidade maior de defesa da revolução.<br />
<br />
Um outro setor da burguesia e do imperialismo não precisou do aviso do deputado e bom conselheiro Diosdado Cabello para entender isso tudo. Faz parte deste setor o COPEI que já havia declarado apoio a Maduro antes das eleições e todos aqueles que nos bastidores se esforçam para levar o governo do PSUV à conciliação com a burguesia. O resultado desse esforço podemos ver quando o The New York Times publica que Maduro “quer melhorar a relação com os EUA, regularizar a relação” e que “a Venezuela estaria disposta a reatar as conversações que tinham sido interrompidas”. No mesmo sentido Lula recomenda a Maduro que amplie o leque de alianças.<br />
<br />
Claro está que ao fim e ao cabo o imperialismo busca combinar todo tipo de tática. Se conseguirem centralizar e unificar a burguesia venezuelana em torno da tática mais inteligente, que é a da conciliação de classes, a revolução estará correndo sério risco e será necessário aumentar a pressão da base para que Maduro não ceda.<br />
<br />
Já o CNE acaba de ceder e decidiu fazer a recontagem de 100% dos votos. Este foi um grave erro político. Ceder à pressão da burguesia só irá fazê-la sentir-se mais forte para pressionar mais e mais. Eles matam 8 pessoas e queimam tudo o que vêem pela frente e o CNE atende ao pedido deles?<br />
<br />
<b>As tarefas na ordem do dia</b><br />
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A declaração de Lula à imprensa no dia 15 criticando a ingerência dos EUA nos assuntos internos da Venezuela foi um passo importante. Mas para ser coerente, Lula não deveria ter enviado tropas brasileiras ao Haiti, ou pelo menos deveria discutir com Dilma para que ela retirasse as tropas de lá. Lula também não deveria aconselhar Maduro a ampliar o leque de alianças. Ou ainda não deveria ter permitido o capital financeiro internacional ter mandado e desmandado no Brasil durante o seu governo – o que segue ocorrendo no governo Dilma. Mas, incoerências à parte, é importante que Lula faça essa crítica e defenda a soberania da Venezuela. Mas isso mesmo ainda não é suficiente. As direções do PT e da CUT deveriam convocar o movimento operário brasileiro a se levantar contra a ameaça de golpe na Venezuela, ameaçando parar fábricas no Brasil caso a vontade legítima do povo venezuelano fosse desrespeitada.<br />
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Diante dos ataques logo após as eleições e da descoberta dos planos do imperialismo de levar a cabo um golpe de Estado, Maduro respondeu dizendo que nacionalizaria e assumiria o controle dos setores energético e alimentício, que vinham sendo alvo de sabotagem por parte da burguesia. Este é um passo muito importante, mas ainda não é suficiente. Enquanto os capitalistas detiverem o poder econômico na Venezuela, os ataques não cessarão. É preciso estatizar o setor financeiro, os bancos, toda a grande indústria, decretar o monopólio estatal do comércio exterior e planificar a economia sob controle dos trabalhadores. Só isso poderá resolver os problemas da economia que têm afligido os mais pobres e ao mesmo tempo tirar da burguesia o poder de continuar qualquer sabotagem.<br />
<br />
O povo trabalhador revolucionário é a única força capaz de completar a revolução. A vanguarda revolucionária que está presente em cada bairro operário, em cada comunidade camponesa, fábrica e quartel militar necessita se organizar para defender as conquistas da revolução, para impedir o avanço da direita e discutir medidas de controle da economia e da produção contra a sabotagem feita pela burguesia. Ajudar neste processo é o objetivo dos marxistas do PSUV. E a melhor ajuda que podemos dar aqui do Brasil é construir as forças do marxismo aqui também. E isso só é possível com uma perspectiva internacionalista. Por isso ganha maior importância hoje a campanha internacional em solidariedade à revolução venezuelana “Tirem as Mãos da Venezuela”.<br />
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<b>• Não ao golpe! Solidariedade internacional à revolução venezuelana!</b><br />
<b>• Na Venezuela, defender e eleição de Maduro nas ruas, fábricas, comunidades e quartéis!</b><br />
<b>• Nenhuma conciliação de classe ou aliança com a burguesia!</b><br />
<b>• Controle operário contra a sabotagem!</b><br />
<b>• Expropriação dos grandes meios de produção, dos bancos e das grandes propriedades de terra!</b><br />
<b>• Construir uma forte corrente marxista no interior do PSUV!</b><br />
<b>• A luta segue pelo Socialismo!</b><br />
<br />
Comissão Executiva da Esquerda Marxista<br />
19 de abril de 2013<br />
<br />
Fonte: <a href="http://www.marxismo.org.br/">www.marxismo.org.br</a>Caio Dezorzihttp://www.blogger.com/profile/15143792495611049950noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-3044167252331666905.post-24642178758003403352013-04-18T10:41:00.002-03:002013-04-19T10:51:00.819-03:00Preparando novos passos: discutindo o papel do controle operário<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiTJe_TG95z6sMES82DxZxNmg3_WUmND-GgC-iL0Q04J-OcznKqs4yKcY7eRphrSlkzsEwCjnKokh8X6rBaGZC_1FiCyT27W3lIcEA7c0RYsIUiHelCVY87G8N1ZAJ7L8gB0_oM-_vCzxY/s1600/AZERTIA.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiTJe_TG95z6sMES82DxZxNmg3_WUmND-GgC-iL0Q04J-OcznKqs4yKcY7eRphrSlkzsEwCjnKokh8X6rBaGZC_1FiCyT27W3lIcEA7c0RYsIUiHelCVY87G8N1ZAJ7L8gB0_oM-_vCzxY/s400/AZERTIA.jpg" width="400" /></a></div>
<br />
<b>Relato do 8º dia (18/04/2013) do camarada Alexandre Mandl, enviado da Campanha "Tirem as Mãos da Venezuela" a Caracas:</b><br />
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Compas,<br />
Alguns aspectos interessantes que aconteceram hoje:<br />
<br />
<b>Primeiro:</b><br />
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Ao mesmo tempo em que Capriles protocolou, somente hoje, formalmente, o pedido de recontagem dos votos. Interessante é que enquanto ele fazia isso, a população do Estado de Miranda, na qual ele é o governador, mas que está afastado há dois anos para fazer campanha, apresentou um pedido formal ao CNE para que ele se manifeste publicamente se vai voltar a ser governador, ou não, se decidirá abandonar seu cargo, uma vez que, até agora, ele não voltou para exercer seu mandato. Isso é uma forma divertida e provocadora, mas com reais fundamentos democráticos, de que ele, se é governador, deve governar, porque, senão, será caracterizado abandono de sua função.<br />
<br />
Com o protocolo em mãos, o CNE pode ver exatamente o que Capriles diz, e apenas se reforça a baboseira que está argumentando. A suposta fraude é banal. Veja esse breve texto que explica o erro infantil e a clara má-fé em induzir ao erro o CNE, à população em geral, buscando criar uma matriz de opinião agressiva contra as eleições - <a href="http://www.aporrea.org/actualidad/n227163.html">http://www.aporrea.org/actualidad/n227163.html</a><br />
<br />
<a name='more'></a><b>Segundo:</b><br />
<br />
Hoje faleceu mais uma militante do PSUV que havia sido atacada pelos golpistas fascistas. Maduro esteve nos enterros dos demais companheiros, e disse que essas mortes foram resultados de um plano de golpe que o setor de inteligência conseguiu derrubar, e que eles, apesar de civis, morrem como guerreiros do exército bolivariano revolucionário.<br />
<br />
A violência chamada por Capriles ainda deverá ter outras consequências. Houve um ato hoje de jornalistas - <a href="http://www.aporrea.org/oposicion/n227217.html">http://www.aporrea.org/oposicion/n227217.html</a> e de advogados, denunciando a responsabilidade criminal de Capriles pelas mortes, tendo em vista que chamou às ruas para provocar “La muerte del chavismo” e “que descarguen su arrechera en las calles”. Vejam - <a href="http://www.aporrea.org/oposicion/n227208.html">http://www.aporrea.org/oposicion/n227208.html</a><br />
<br />
Além da responsabilidade criminal, indica-se que há uma preparação para pedir o impeachment de Capriles como governador, por desrespeito básico aos seus deveres constitucionais outorgados pelo mandato - <a href="http://www.aporrea.org/actualidad/n227145.html">http://www.aporrea.org/actualidad/n227145.html</a><br />
<br />
<b>Terceiro:</b><br />
<br />
Hoje houve alguns pontos de concentração de chavistas, principalmente para já sinalizar a grande manifestação que ocorrerá amanhã, em frente à Assembleia Nacional, que dará posse ao presidente eleito, Nicolás Maduro.<br />
<br />
Houve um pedido da oposição para que a Assembleia Nacional não fizesse essa diplomação, assim como ao TSJ (Tribunal Superior de Justiça – equivalente ao STF brasileiro). Ambos disseram que tal pleito não possui qualquer razão de ser e, mais uma vez, que deve ser respeitado o CNE e o direito democrático das urnas.<br />
<br />
Agora à noite, o centro de Caracas, de forma espontânea, estava tomado por chavistas, com músicas e festas, com queima de fogos e tudo, celebrando a festa de amanhã – que, por sinal, é feriado (Dia da Independência).<br />
<br />
Não há, necessariamente, um clima de tensão que tinha, mas ainda há pontualmente agressões e violência, continuam algumas ações fascistas, com ataques a rádios comunitárias, ataques a um jornalista da VTV, agressões verbais nas ruas, ou seja, ainda há tensões e os chavistas estão dizendo que ainda “não podem baixar a guarda”.<br />
<br />
<b>Quarto:</b><br />
<br />
Somente os EUA continuam reafirmando que não reconhecem os resultados. Interessante, portanto, que durante o dia, houve uma série de reportagens para dizer como se dá a eleição nos EUA, e como Bush e Obama foram eleitos. Chega a ser ridículo como é descarado o ataque imperialista que financia isso.<br />
<br />
Nas ruas se ouve cada vez mais um ódio “al imperialismo y a lós yanquis de mierda”. Acho que essa questão deverá se acentuar no próximo período, porque Maduro disse ontem, quando falava de Obama, o quanto Chávez o respeitava, apesar de discordar em muitos aspectos. E o Maduro ressaltou foi que essa ação sustentada financeiramente e politicamente pelos EUA é um desrespeito à memória de Chávez e que uma traição a um homem de caráter, etc. Isso agitou bem os chavistas... <br />
<br />
<b>Quinto:</b><br />
<br />
Interessante que a Espanha não tinha acatado os resultados eleitorais até ontem, quando saiu uma nota oficial. Engraçado porque há dois dias, Maduro, dizendo das necessidades de avançar nas expropriações e ter mais controle de setores estratégicos, citou nominalmente a Repsol, dizendo para que “ficassem espertos”, afirmando que “nosotros sabemos lo que debemos hacer”.<br />
<br />
Com isso, ontem saiu a nota oficial da Espanha e hoje eles lançam mais uma nota, dizendo que, respeitosamente, conclamam Maduro como presidente - <a href="http://www.aporrea.org/venezuelaexterior/n227209.html">http://www.aporrea.org/venezuelaexterior/n227209.html</a>. Chega a ser patético...<br />
<br />
<b>Sexto:</b><br />
<br />
Hoje fiz duas apresentações sobre a história do Movimento das Fábricas Ocupadas do Brasil, narrando a resistência da Flaskô, mas, muito mais do que isso, apresentando a necessidade da estatização sob controle operário (nacionalización bajo control obrero), trazendo a base teórica e as experiências reais da classe trabalhadora em toda sua história. O convite foi feito na terça-feira, pelo atual vice-ministro, Guy Vernaez. Pela manhã foi na sede do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação, e, à tarde, especificamente, para um grupo do CODECYT (Coordenação de Projetos de Desenvolvimento em Ciência e Tecnologia), que estão responsáveis pelos trabalhos junto às fábricas ocupadas na Venezuela. Na primeira havia cerca de 40 trabalhadores, e na segunda cerca de 30.<br />
<br />
Ou seja, tratava-se de uma grande atividade, de muita importância, não somente para narrar nossa história no Brasil, mostrando, inclusive, o caráter do governo Lula que realizou a intervenção na Cipla e Interfibra, mas, essencialmente, para ajudar os camaradas da Frente Bicentenaria de Fábricas Recuperadas da Venezuela (<a href="http://www.controlobrero.org/">www.controlobrero.org</a>) e os camaradas da seção venezuelana da Corrente Marxista Internacional (<a href="http://www.luchadeclases.org.ve/">www.luchadeclases.org.ve</a>), que também estiveram presentes nas atividades.<br />
<br />
Os trabalhadores gostaram muito, perguntando várias questões, sendo que a atividade estava programada para ser feita em 1 hora cada, e durou mais de 3 horas cada. Havia trabalhadores que representavam a verdadeira burocracia do Estado, e foi interessante suas reações. Alguns, honestamente e entusiasmados, entenderam o que devem fazer. Outros, também honestamente, é verdade, em suas expressões ou perguntas, deixavam claro que estavam cumprindo muito mais um papel de contenção social do que ajudar, efetivamente, as fábricas que são ocupadas e lutam pela nacionalização.<br />
<br />
Os trabalhadores ficaram maravilhados em conhecer nossa história de unidade latino-americana na defesa das fábricas ocupadas, bem como a relação política e econômica da Cipla com a Petrocasa, discutindo, inclusive, possibilidade de retomar alguns acordos via Flaskô, com alguns importantes encaminhamentos e bons contatos.<br />
<br />
Por fim, todos se manifestaram a favor dos pleitos da Flaskô, se comprometendo ao apoio à Conferência de 10 anos da Flaskô, em junho de 2013, mas, principalmente, pela declaração de interesse social da Fábrica Ocupada Flaskô e de que qualquer fábrica que for ocupada pelos trabalhadores, assim como contra qualquer criminalização do movimento das fábricas ocupadas.<br />
<br />
<b>Sétimo:</b><br />
<br />
Por último, depois que saímos dessas atividades, fomos para a fábrica Azertia, que está ocupada há 5 meses, mas ainda não voltou a produzir. Eles estão preocupados, assim como sempre nós estivemos, em voltar a produzir sob controle operário.<br />
<br />
Fizemos uma boa conversa, mas estavam apenas alguns trabalhadores. Marcamos que sábado voltarei para participar de uma assembleia geral especificamente convocada para tanto.<br />
<br />
A fábrica é extremamente estratégica porque é uma gráfica que imprime papel moeda, tickets alimentação, cheques dos bancos oficiais, etc. Então, o debate para que seja nacionalizada e colocada sob controle operário será fundamental para avançar a reivindicação da expropriação dos bancos. Vamos ver como essa luta avançará. A Frente Bicentenária está acompanhando de perto essa realidade há mais de 8 meses, quando começaram as greves e o caminho para seu fechamento.<br />
<br />
<b>Oitavo e último ponto de hoje:</b><br />
<br />
Maduro disse hoje novamente que se a direita radicalizar, ele também vai radicalizar. Nós discutimos muito isso, ressaltando que a radicalização não é uma condição, ou uma ação diante de condições da direita. Deverá radicalizar porque essa é a única forma de garantir que o processo da revolução venezuelano avance, expropriando os capitalistas. Como um trabalhador da Azertia disse, ou Maduro avança, pressionado pelos movimentos nas ruas, ou perderá as próximas eleições. E para isso, terá que romper com os burocratas e os reformistas. Ou seja, se Maduro não fizer isso será derrotado por um dos lados... ou será derrotado pelas eleições formais, onde Capriles teve praticamente 50% dos votos, ou será atropelado pelas bases chavistas, que estão exigindo que a revolução avance ao socialismo.<br />
<br />
Isso, como estamos dizendo desde seu discurso de posse, considerando a votação apertada, somente acelerou o que reivindicamos há anos ao próprio Chávez e à classe trabalhadora venezuelana – É preciso completar a revolução.<br />
<br />
E foi com esse recado que a entrevista de Alan Woods à Telesur se concentra e foi tema de debates com alguns companheiros por aqui. Quem ainda não viu, recomendo:<br />
<a href="http://www.youtube.com/watch?v=9_mRcrfVMXM">http://www.youtube.com/watch?v=9_mRcrfVMXM</a><br />
<br />
E ainda, o texto de balanço feito pela Corrente Marxista Internacional, o qual assino embaixo:<br />
<a href="http://tiremasmaosdavenezuela.blogspot.com.br/2013/04/eleicoes-presidenciais-venezuelanas-uma.html">http://tiremasmaosdavenezuela.blogspot.com.br/2013/04/eleicoes-presidenciais-venezuelanas-uma.html</a><br />
<br />
Foi com esse chamado que discutimos basicamente o dia de hoje – o papel do controle operário para a luta do socialismo, com a planificação econômica a partir das nacionalização sob controle operário.Caio Dezorzihttp://www.blogger.com/profile/15143792495611049950noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3044167252331666905.post-56679676867667733562013-04-17T23:59:00.000-03:002013-04-19T10:51:52.532-03:00Visita à Inveval e o desenrolar da situação<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiVGlBil7Yl-VRoctUPDEnWS99c67XMH6RFksNKqOwbi6J0Bq5NRB8ARXoTDjffNOT4p8FkA11a54b3maWtRbLw_KksVKKePA3Xe6iW1CMteS7hA18a5L41ZvC46otKHT-w6ApgdAQ-ccA/s1600/INVEVAL.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiVGlBil7Yl-VRoctUPDEnWS99c67XMH6RFksNKqOwbi6J0Bq5NRB8ARXoTDjffNOT4p8FkA11a54b3maWtRbLw_KksVKKePA3Xe6iW1CMteS7hA18a5L41ZvC46otKHT-w6ApgdAQ-ccA/s400/INVEVAL.jpg" width="400" /></a></div>
<br />
<b>Relato do 7º dia (17/04/2013) do camarada Alexandre Mandl, enviado da Campanha "Tirem as Mãos da Venezuela" a Caracas:</b><br />
<br />
A situação está mais calma, e a tentativa de golpe e violência somente reforçou a necessidade de defender o processo revolucionário, e avançar rumo ao socialismo sem qualquer negociação ou concessão com a burguesia, os reformistas e a burocracia. Viu-se que, indo às ruas, os “chavistas” sinalizaram à Maduro de que pode contar com a classe trabalhadora e a juventude para ir à esquerda!<br />
<br />
<a name='more'></a>Compas,<br />
Hoje fiquei praticamente todo o dia por conta da importantíssima visita à Fábrica Inveval, ocupada em 2002, e nacionalizada por Chávez em 2005. Mas, tanto lá, como nas conversas pelas ruas, pelos jornais e pelas notícias na TV, faço alguns comentários sobre essa quarta-feira.<br />
<br />
<b>Sobre a Inveval:</b><br />
<br />
A fábrica Inveval, fica em Los Teques, na grande Caracas. São grandes lutadores, que sempre, historicamente, estivemos juntos, aprendendo e mostrando a unidade da classe trabalhadora internacional.<br />
<br />
A situação da Inveval parece muito com a da Fábrica Ocupada Flaskô?. A história é sempre a mesma - patrão não paga salários, direitos, começa a tirar máquinas, não paga impostos, cortam a luz, etc. A Inveval produz e faz manutenção das válvulas utilizadas pela PDVSA.<br />
<br />
A Inveval foi ocupada em 2002, e é uma das primeiras a puxar o movimento das fábricas ocupadas na Venezuela, colocando a pauta da nacionalização sob controle dos trabalhadores.<br />
<br />
Junto com a Inveval realizamos o "I Encuentro de Fabricas Recuperadas de América Latina", em Caracas, em 2005, e que contou com a presença de Chávez, e que, vestindo um boné do Movimento das Fábricas Ocupadas do Brasil disse que "fábrica quebrada é fábrica ocupada, e fábrica ocupada deve ser estatizada e colocada sob o controle dos trabalhadores".<br />
<br />
Depois, realizamos o II Encuentro de Fabricas Recuperadas em 2009, também em Caracas. Entre os dois, em dezembro de 2006, os camaradas da Inveval estiveram presentes no Encontro Pan-Americano em defesa dos direitos dos trabalhadores e da reforma agrária", na Fábrica Ocupada Cipla, em Joinville/SC.<br />
<br />
Depois, no aniversário de 8 anos da Fábrica Ocupada Flaskô, além de contar com a presença de Esteban Volkov, neto do Trotsky, contamos com a presença e a solidariedade dos trabalhadores da Inveval, representados por Ramon Mocetillo.<br />
<br />
Hoje, cheguei na fábrica e participei da assembleia geral. Uma discussão de altíssimo nível, debatendo as perspectivas políticas da Venezuela, como pressionar o governo, diante do contexto pós eleição de Maduro.<br />
<br />
A burocracia e os reformistas da PDVSA têm travado a compra de sua produção, fazendo com que as dificuldades sejam enormes. Jorge Paredes, coordenador-geral do Conselho de Fábrica da Inveval explicou que eles estão em um momento chave, pois se não conseguirem vender para a PDVSA, poderão fechar as portas, e que eles estão dispostos a tomar todas as decisões, frisou, todas, para garantir o funcionamento da fábrica. E isso eles cobrarão nas ruas.<br />
<br />
No Facebook, divulguei vídeo que fizeram, contando rapidamente como estão vendo o processo venezuelano e prestando solidariedade à luta da Fábrica Ocupada Flaskô.<br />
<br />
<b>Alguns comentários sobre o que aconteceu hoje:</b><br />
<br />
Primeiro, na verdade, ainda ontem, apesar de ter escrito, quero ressaltar uma questão. O recuo dos golpistas possui vários aspectos – divisão da oposição (tendo setores empresariais que não queriam uma instabilidade econômica derivada de um eventual golpe), fragilidade internacional diante de uma série de apoios vindos ontem para respaldar de que não aceitariam ter um golpe (e alguns intelectuais, de que não aceitariam o desrespeito à democracia e ao Estado Venezuelano), a descoberta do plano pelo setor de inteligência do governo e do exército, mas, principalmente, porque a classe trabalhadora e a juventude, os moradores dos bairros, os “motorizados”, os “chavistas” saíram às ruas para impedir novamente um golpe, como sucedeu em 2002. Em todas as capitais e em muitas cidades, os golpistas tentariam fazer atos em frente das sedes regionais do Conselho Nacional Eleitoral. Os chavistas foram às ruas para impedir isso, e enfrentar os “esquálidos”, dizendo que se eles optarem por esse caminho, de golpe e violência, eles não permitiriam e defenderiam a revolução.<br />
<br />
Um aspecto que não tinha dado tanta importância, mas hoje vi muita gente falando é o embate que houve na Assembleia Nacional ontem. Primeiro, só para esclarecer, aqui o poder legislativo é unicameral, ou seja, não há senadores, são todos deputados. O presidente é Diosdado Cabello, que muitos dizem que é o cara com mais poder no chavismo, sendo corrupto e aliado da burguesia. Mas, por outro lado, dizem que é um cara extremamente leal à Chávez, e que sempre enfrentou a direita, pelo menos na oratória, seu maior ofício.<br />
<br />
Ontem ele, como presidente da Assembleia Nacional, para cada deputado que pedia para fazer uso da palavra, ele perguntava antes: “Reconhece o Estado Democrático de Direito da Venezuela, e o resultado apresentado pelo Conselho Nacional Eleitoral?”. Se não, ele não autorizava a falar e cortava o microfone. Foram assim como todos da oposição. Se sim, todos os chavistas, ele deixava falar.<br />
<br />
Isso foi feito num contexto de ontem, com todos os aspectos que mencionei. O mais interessante é o que ele disse depois que questionado pelo deputado opositor que está nervoso e agressivo, ameaçando, etc., Diosdado respondeu com uma bela síntese: “Olhem, deputados, lembrem que Chávez não está mais aqui entre nós. Chávez era quem podia controlar o povo. Ele era o único que poderia conter qualquer insanidade e loucura. Prestem atenção ao que estou dizendo. Ele não está aqui. Por isso, recomendo à vocês que entendam o que estão provocando. Não temos Chávez. Se vocês fizerem loucuras, terão a resposta na mesma altura, mas sem o Chávez para coordenar isso. Nós não teremos o controle e não podemos nos responsabilizar. É o povo na rua que vai derrubar vocês contra qualquer tentativa de golpe”.<br />
<br />
Ou seja, o recado foi dado, e foi dado pelo representante do chavismo mais próximo da burguesia. Ele deixou claro o que estamos salientando, de que ao não ter o Chávez que, justamente por causa de sua autoridade política diante da classe trabalhadora e da juventude, e que, muitas vezes, puxou responsabilidade para a via institucional, individualizou e centralizou os conflitos, agora, sem o Chávez, o governo não teria quem freasse os chavistas nas ruas.<br />
<br />
Depois desse claríssimo recado, os deputados opositores se calaram, colocando um rabinho entre as pernas e foram se reunir para avaliar suas atitudes. Em menos de 2 horas, estava Capriles na TV cancelando o ato público que teria hoje.<br />
<br />
Esse caso é emblemático para demonstrar muitos aspectos da conjuntura venezuelana.<br />
<br />
A preparação é para sexta-feira, onde haverá grande manifestação para acompanhar a posse de Maduro na Assembleia Nacional. Vamos ver...<br />
<br />
Amanhã visitarei uma fábrica que acaba de ser ocupada – Azertia, na região leste de Caracas, que é extremamente estratégica, pois é uma gráfica que imprime papel moeda, cheques, cartões de alimentação para todo o governo. Antes, porém, farei duas apresentações sobre a história do Movimento das Fábricas Ocupadas e a luta pela nacionalização sob controle operário para dois grupos de trabalhadores do Ministério de Ciência e Tecnologia.Caio Dezorzihttp://www.blogger.com/profile/15143792495611049950noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3044167252331666905.post-67053878809486972122013-04-17T11:33:00.001-03:002013-04-17T11:40:00.308-03:00A provocação dos golpistas e a resposta da Revolução<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiExnF4PluMPKhpcfYvkIpKKkJF6wTzXvbjfZqN6E7yqYhXfu5xs8YpAFXD5x8r8-0gs2ZECFhSzK6HEqRcOdWPlMWztoK6LQ60wTzdCeX22Uu0u7-PtopgSerQldX1K6leMZnPfrAj4Ec/s1600/img_9129.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="225" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiExnF4PluMPKhpcfYvkIpKKkJF6wTzXvbjfZqN6E7yqYhXfu5xs8YpAFXD5x8r8-0gs2ZECFhSzK6HEqRcOdWPlMWztoK6LQ60wTzdCeX22Uu0u7-PtopgSerQldX1K6leMZnPfrAj4Ec/s400/img_9129.jpg" width="400" /></a></div>
<b><br /></b>
<b>Relato do 6º dia (16/04/2013) do camarada Alexandre Mandl, enviado da Campanha "Tirem as Mãos da Venezuela" a Caracas:</b><br />
<br />
<br />
<b>Tensão: golpistas matam inocentes e provocam guerra. Mas chavistas respondem que “se querem guerra, terão, e fazem chamado às ruas”.</b><br />
<br />
<a name='more'></a>Três aspectos chamaram a atenção hoje.<br />
<br />
<b>Primeiro: golpistas assassinos!</b><br />
<br />
A cidade amanheceu traumatizada com a morte de 8 jovens e trabalhadores, além de 61 feridos. Uma noite de violência, fruto do irresponsável chamado de Capriles à direita fascista, mas apoiado pelos EUA e sob a conivência da OEA.<br />
<br />
Durante todo o dia as entrevistas e as imagens foram das famílias chorando, revoltadas, dizendo que não permitirão um golpe fascista e que morram inocentes e que tentem intimidar e calar a força que defende o processo revolucionário.<br />
<br />
Alguns detalhes:<br />
<br />
Eu vi a parte leste da cidade de Caracas em torno das 7h da manhã e o cenário de várias ruas era de guerra. Carros queimados, lixos nas ruas, vidros quebrados, pontos de ônibus destruídos, mostrando o desespero da direita, mas também o papel das Globos da vida, pois vi como foram parciais.<br />
<br />
Com isso, durante o dia, houve concentração na Praça Bolívar em Caracas, e, depois, a juventude convocou concentração na UBV (Universidade Bolivariana de Venezuela).<br />
<br />
Eu estive lá, vejam as fotos no Facebook, e fiz uma saudação em nome da juventude da Esquerda Marxista, da Campanha Manos Fuera de Venezuela e da Fábrica Ocupada Flaskô.<br />
<br />
Depois, eu vi no fim da tarde tanques de guerra nas ruas, bem como caminhões com mísseis contra eventuais ataques aéreos, e havia informações de que a CIA estava organizando, junto com frotas marinhas, preparando condições para um golpe.<br />
<br />
O ataque teve um corte de classe. Atacaram PSUV, VTV, CDI (centros de saúde nas favelas, atacando os médios cubanos), mercados populares, atingindo o povo mais pobre venezuelano. Trabalhadores e jovens sabem disso, e a resposta, disseram, também vai ser de classe. Uma consigna que ouvi na concentração da UBV era: “La revolución se hace con trabajo, estudios y fuzil”. Com bandeira da FMU (Frente da Milicia Universitaria), os jovens estudantes disseram que a “revolução es democrática y pacífica, pero armada”, “y que no se olviden, tomaremos las armas en defensa de la revolucion contra los golpistas”.<br />
<br />
Recomendo a leitura do texto no link abaixo, que sintetiza o que houve hoje: <a href="http://tiremasmaosdavenezuela.blogspot.com.br/2013/04/venezuela-tentativa-de-golpe-de-estado.html">http://tiremasmaosdavenezuela.blogspot.com.br/2013/04/venezuela-tentativa-de-golpe-de-estado.html</a><br />
<br />
Ocorre que Maduro foi para a TV e disse que eles tinham acabado de “tombar” um golpe de Estado, que a CIA tinha tudo preparado e que apresentará as provas que estão terminando de juntar. Que é lamentável a atitude de Obama e que o silêncio da OEA mostra sua ineficiência.<br />
<br />
Pressionado pela resposta dada pelos trabalhadores e jovens chavistas, por alguns setores de governos internacionais, e, dizem, que por alguns setores do empresariado venezuelano, além de rachas da direita, que vieram publicamente pedir a Capriles que reconheça o resultado e que evite uma guerra civil, Capriles foi à TV muito mais “light” do que estava e pediu paz, mas disse que as manifestações deles eram democráticas e sem violência. Fato esse que as fotos amplamente divulgadas mostram o contrário. Ele tinha dito até ontem “morte ao chavismo”, e agora está assustado. Sua família fugiu da Venezuela. O golpe estava montado.<br />
<br />
<b>Segundo ponto: desmascarado o golpe de fraude eleitoral</b><br />
<br />
Capriles saiu pela manhã, apresentando um documento, mostrando na TV, uma ata de que havia votos diferentes, entre a lista de votantes, votos eletrônicos e votos impressos. Ele fez algo bizarro. Um erro infantil, induzindo, de forma baixa, uma fraude. Não foi um erro, mas uma tentativa de provocar uma mentira.<br />
<br />
Imediatamente a presidente do Conselho Nacional Eleitoral apresentou que Capriles, de clara má fé, mostrava somente uma página da ata, de apenas uma mesa. E, claro, o número só bateria se ele mostrasse a segunda página. Caiu no ridículo.<br />
<br />
A presidente da CNE pediu, mais uma vez, que Capriles aceite o resultado e que não fará a recontagem dos votos, porque já houve a auditoria que garante a constituição, e que não houve um sinal sequer de fraude.<br />
<br />
Em seguida, o chefe do exército foi duro e recomendou que Capriles aceitasse o resultado, e que parasse de mobilizar contra o CNE.<br />
<br />
Depois, o chefe de campanha de Maduro denuncia que o site oficial da Casa Branca estava organizando uma petição eletrônica de apoio ao pedido de recontagem dos votos.<br />
<br />
Hoje, depois de tudo isso, a Espanha, que não tinha reconhecido o resultado, soltou uma nota oficial reconhecendo o resultado eleitoral.<br />
<br />
Agora à noite, as contradições ficaram tão fortes que um “intelectual” de direita, veio à público para respaldar o CNE e dizer que é legítimo o resultado. Isso mostra como a direita está dividida e teve reais preocupações (com as questões econômicas) de consequências de um golpe.<br />
<br />
A avaliação política que já tínhamos feito é que eles fariam isso, organizar uma resistência, com ações violentas, mas que isso duraria 4-5 dias, até eles mesmos cansarem, e que a principal luta viria mais adiante, dentro do chavismo e entre os reformistas e burocratas. Claro que a violência tida foi maior do que se previa, e, lamentamos profundamente as mortes que ocorreram.<br />
<br />
Capriles tem que pagar essa conta. Foi irresponsável o que disse, convocando à violência dizendo “muerte al chavismo” e que para “saliren a las calles demonstrar su inquietud”, e ainda, de que “Descarge esa arechera em las calles”, algo como, “descarregem seu ódio nas ruas”.<br />
<br />
A resposta, Capriles, será na rua. Mas, assim, com golpe, o povo está firme: No volverán!<br />
<br />
O bom debate que alguns estão fazendo é mostrando que a via eleitoral tem muitos limites. E que “não podemos ficar refém dos votos”.<br />
<br />
<b>Terceiro ponto: ainda é cedo, mas há indícios à esquerda...</b><br />
<br />
Maduro tem a cada dia um discurso mais à esquerda. E disse hoje que “entendí el recado de las urnas”. “Nosotros vimos el sabotaje en el sector elétrico y alimentício”. Para superar isso, precisaremos, ressaltou ele, “aprofundizar la revolución, y necesito del pueblo en la calle porque vamos nacionalizar todo el sector eletrico y vamos tener el control de la cadena productiva de alimentos, porque no podemos aceptar las sabotajes contra el pueblo venezuelano”.<br />
<br />
Esse anúncio é um chamado à esquerda. E nas ruas ainda vi muita gente comentando isso, estando de acordo, e acrescentando que precisa não renovar a concessão da Globovisión, porque é fascista e que incentiva o ódio, reproduzindo o que a RCTV vez com o golpe de 2002. Exatamente agora, enquanto escrevo esse relato, a VTV exibe um documentário que mostra o papel da Globovisión.<br />
<br />
Também houve estudantes que disseram que precisa nacionalizar os bancos, porque para combater a inflação e a especulação com o dólar, precisa expropriar os capitalistas.<br />
<br />
Ou seja, pressionados pelo resultado eleitoral, e é certo que ainda é cedo dizer, mas há avanços, anunciando que vai buscar a estatização do setor elétrico e um maior controle da indústria alimentícia. Mas o alerta que avaliamos politicamente já está tendo bons resultados, juntando, inclusive, com a radicalização da luta de classes provocada por Capriles. Dizíamos que um refluxo eleitoral não quer dizer que é um refluxo da luta de classes, pode ser o contrário.<br />
<br />
Vejamos esse ótimo artigo da Corrente Marxista Internacional - <a href="http://tiremasmaosdavenezuela.blogspot.com.br/2013/04/eleicoes-presidenciais-venezuelanas-uma.html">http://tiremasmaosdavenezuela.blogspot.com.br/2013/04/eleicoes-presidenciais-venezuelanas-uma.html</a><br />
<br />
Vamos ver como as coisas seguem até sexta-feira, quando é a posse de Maduro diante da Assembleia e haverá uma grande concentração chavista, e, claro, lá estarei.<br />
<br />
<b>Últimas informações</b><br />
<br />
Amanhã darei uma entrevista na VTV, e depois à tarde irei para Inveval, fábrica que está sob controle operário.<br />
<br />
Na quinta, farei uma exposição sobre a história da Flaskô e nossa luta pela estatização sob controle operário, para trabalhadores do Ministério de Ciência e Tecnologia que está desenvolvendo um modelo produtivo com as empresas recuperadas na Venezuela.<br />
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Hoje estive com o vice-ministro de Ciência e Tecnologia, Guy Vernaez, contando a história do Movimento das Fábricas Ocupadas e nossa relação com o processo venezuelano. Alguns bons encaminhamentos foram dados.<br />
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Continuarei dando notícias...<br />
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Saudações,<br />
Alexandre MandlCaio Dezorzihttp://www.blogger.com/profile/15143792495611049950noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3044167252331666905.post-18830981829207515142013-04-16T12:25:00.000-03:002013-04-16T13:08:52.718-03:00Venezuela: Tentativa de Golpe de Estado em desenvolvimento - SOLIDARIEDADE URGENTE!<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgZ2wak6gC-yB_GpSZPvtR4Rl4k3klLMihFUsU4Xz2qGS6GboLP_ga8aOshgQOjYHCKC6Z8wVT0HxaQFZK9JAPctoHUd43o-VRx8WQR-Ze09Q6BDrgfzyCTrpyfL9he_RsSRMUZsro5dhw/s1600/Barricapriles.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><br /><img border="0" height="261" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgZ2wak6gC-yB_GpSZPvtR4Rl4k3klLMihFUsU4Xz2qGS6GboLP_ga8aOshgQOjYHCKC6Z8wVT0HxaQFZK9JAPctoHUd43o-VRx8WQR-Ze09Q6BDrgfzyCTrpyfL9he_RsSRMUZsro5dhw/s400/Barricapriles.jpg" width="400" /></a></div>
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Quatro ativistas bolivarianos mortos, dezenas de centros de saúde, sedes do PSUV, escolas infantis, fontes de abastecimento populares, etc. atacados por bandos fascistas da oposição "democrática". Os EUA, a OEA e a Espanha aderem ao coro exigindo uma recontagem dos votos. O que há na Venezuela é uma tentativa de golpe de Estado contra a vontade que foi democraticamente expressa pelo povo.<br />
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<a name='more'></a>No domingo, 14 de abril, o candidato bolivariano Nicolás Maduro foi eleito presidente da Venezuela por uma margem estreita de votos. Com 99,12% dos votos apurados, e uma participação de 78,71% dos eleitores [na Venezuela o voto não é obrigatório], Maduro recebeu 7.505.378 votos (50,66 %), e Capriles 7.270.403 votos (49,07%). O candidato da oposição Capriles disse não reconhecer o resultado e pediu a recontagem de 100% dos votos.<br />
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Na segunda-feira, 15 de abril, Capriles fez uma declaração transmitida ao vivo em todas as televisões privadas e CNN em espanhol. Ele recusou-se a reconhecer os resultados das eleições e convocou mobilizações para exigir recontagem manual de todos os votos. Convocou um <i>panelaço</i> nacional de protesto na segunda-feira às 20 horas, marchas aos escritórios regionais do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) para terça-feira 16 e uma marcha à CNE em Caracas na quarta-feira, 17.<br />
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Ao mesmo tempo, tanto o presidente da Organização dos Estados Americanos (OEA) e os EUA afirmaram que também querem uma recontagem total dos votos. O governo espanhol somou sua voz ao coro e disse que não vai reconhecer o resultado das eleições.<br />
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Em seguida, tumultos nas ruas, bloqueios e barricadas em chamas organizado por apoiadores da oposição "democrática". Destacados dirigentes da oposição espalharam boatos de que as urnas e cédulas estavam sendo queimadas para evitar uma recontagem, usando imagens da destruição de materiais eleitorais de disputas eleitorais anteriores. Na verdade, fotos retiradas do próprio site do CNE, <a href="http://aporrea.org/actualidad/n226929.html" target="_blank">como se pode ver aqui</a>.<br />
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Por causa da <a href="http://aporrea.org/oposicion/n226966.html" target="_blank">falsa acusação do "jornalista" opositor Nelson Bocaranda</a>, de que os médicos cubanos foram envolvidos na queima de urnas, dezenas de CDI (Centros de Diagnóstico Integral) foram atacados em todo o país. Na cidade de Baruta, ao leste de Caracas, <a href="http://www.patriagrande.com.ve/temas/venezuela/ataque-a-cdi-en-baruta-deja-dos-victimas/" target="_blank">dois ativistas bolivarianos foram mortos por tiros enquanto defendiam um CDI</a>.<br />
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Gangues de criminosos armados da oposição percorriam as ruas das principais cidades na noite passada. Quatro bolivarianos perderam a vida como resultado da violência, alguns deles por tiros disparados por homens em motos de motor muito potente, repetindo um padrão que vimos na semana passada e no dia da eleição. Sedes do PSUV foram atacadas em vários estados, bem como instalações pré-escolares, supermercados estatais MERCAL e PDVAL, e o programa habitacional PETROCASA em Carabobo. As casas de alguns funcionários do Estado também foram atacadas.<br />
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Na capital, Caracas, houve ataques a prédios da Telesur, Rádio del Sur e VTV. Se pode ver fotos das ações desses vândalos fascistas <a href="http://www.avn.info.ve/contenido/grupos-ultraderechistas-asediaron-cdi-viviendas-sedes-del-psuv-y-del-cne" target="_blank">aqui</a> e <a href="http://www.laiguana.tv/noticias/2013/04/15/5072/VEA-COMO-SEGUIDORES-DE-CAPRILES-DESATARON-UNA-VEZ-MAS-GUARIMBAS-EN-ALTAMIRA-.html" target="_blank">aqui</a>.<br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg1OCGfLcYBcy30whEw53yKY-M0vwLmYUW7XOquU_HXZDcYukkvb7ZFYXRyu0yYlL2gGxvzGEC7E__tMTov1PCpGr05NBDH8BUvKSO5GYxqCLKfR6iCXXYS0n956416YzNkfTYRwbOKeFc/s1600/Latuff.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg1OCGfLcYBcy30whEw53yKY-M0vwLmYUW7XOquU_HXZDcYukkvb7ZFYXRyu0yYlL2gGxvzGEC7E__tMTov1PCpGr05NBDH8BUvKSO5GYxqCLKfR6iCXXYS0n956416YzNkfTYRwbOKeFc/s200/Latuff.jpg" width="188" /></a></div>
Esta é a verdadeira face da chamada oposição "democrática" na Venezuela. Eles estão atacando todos os símbolos dos programas sociais do governo bolivariano, todas as conquistas da revolução.<br />
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O coordenador da campanha do PSUV, Jorge Rodriguez, assim como o novo presidente da Venezuela, Nicolás Maduro descreveram essas ações como "um golpe de Estado em desenvolvimento". A juíza principal do CNE, Tibisay Lucena, rechaçou a ingerência imperialista descarada por parte da OEA, dos EUA e da Espanha. Ela acrescentou foi realizado uma auditoria de 54% das atas eleitorais e que o resultado final de 100% dos votos aumentou ligeiramente a vantagem de Maduro.<br />
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As eleições na Venezuela foram livres e justas e o sistema de votação é confiável e seguro. Isto foi confirmado em várias eleições por instituições que não são suspeitas de tendências revolucionárias como o Centro Carter. As eleições foram observadas por uma série de organismos internacionais como a OEA e a Unasul, todos os quais certificaram sua natureza limpa e democrática. Até mesmo governos de direita, como o do México, Colômbia e Chile, não conhecidos por sua simpatia pela revolução bolivariana, reconheceram os resultado. Capriles aceitou os resultados das eleições presidenciais de 07 de outubro, organizadas pelo mesmo CNE, com as mesmas máquinas de votação e o mesmo registro eleitoral.<br />
<br />
A conclusão óbvia é que a oposição perdeu as eleições e se nega a aceitar o resultado. O resultado foi apertado, sim, mas houve outros resultados eleitorais internacionais, com resultados que foram ainda mais apertados do que este. O próprio Capriles só ganhou o cargo de governador do estado de Miranda, em dezembro do ano passado por 40 mil votos de margem e o PSUV aceitou os resultados. Chávez perdeu o referendo sobre a reforma constitucional em 2007 por uma margem ainda mais estreita, de 1,4% e aceitou os resultados.<br />
<br />
Como assinalou a juíza do CNE, Tibisay Lucena, se a oposição quer desafiar os resultados, existem mecanismos legais para fazê-lo, em vez de recorrer à violência e desreconhecer instituições oficiais.<br />
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<b>O que estamos vendo na Venezuela é uma nova tentativa de violar a vontade democraticamente expressa pelo povo. A Venezuela tem um presidente eleito, embora por uma pequena margem. Apelamos a todas as forças progressistas e democráticas em todo o mundo a manterem-se vigilantes, para expressar solidariedade com a revolução bolivariana, para denunciar as manobras antidemocráticas da oposição e do imperialismo, para combater as mentiras e manipulações da mídia e exigir respeito pela vontade democrática do povo venezuelano.</b><br />
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<b>Campanha internacional Tirem as Mãos da Venezuela</b><br />
<b>16 de abril de 2013</b>Caio Dezorzihttp://www.blogger.com/profile/15143792495611049950noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3044167252331666905.post-24471161720919888242013-04-16T00:50:00.000-03:002013-04-16T12:52:20.388-03:00Relatado das ruas de Caracas - 15 de abril<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiJJTSe8JdMJPmDVO3wNf0hnsj20Nfsk3gvDbxxA8FQoYo5UcM-UhbD89Y-RmO1Gl4iH1VqCo_WK_RgMDHrN0QCCc2dnj6Ww-JShWzOdySeIxFTPVZcFvXEboOJHrBLmljYrqciXp5dmms/s1600/fogo.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiJJTSe8JdMJPmDVO3wNf0hnsj20Nfsk3gvDbxxA8FQoYo5UcM-UhbD89Y-RmO1Gl4iH1VqCo_WK_RgMDHrN0QCCc2dnj6Ww-JShWzOdySeIxFTPVZcFvXEboOJHrBLmljYrqciXp5dmms/s400/fogo.jpg" width="400" /></a></div>
<b><br /></b>
<b>Relato do 5º dia (15/04/2013 - Dia seguinte da eleição) do camarada Alexandre Mandl, enviado da Campanha "Tirem as Mãos da Venezuela" a Caracas:</b><br />
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Passado o susto, avançar a revolução rumo ao socialismo! Mas, junto com isso, urgentemente, sair às ruas para defender o processo contra a burguesia golpista!<br />
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<a name='more'></a>Compas, sugiro que leiam esse ótimo artigo do Camarada Wanderci Bueno, sintetiza minha avaliação política - <a href="http://tiremasmaosdavenezuela.blogspot.com.br/2013/04/maduro-vence-capriles-exigira.html">http://tiremasmaosdavenezuela.blogspot.com.br/2013/04/maduro-vence-capriles-exigira.html</a><br />
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Ou seja, não é só que estamos dizendo que esse deve ser o caminho, mas sim que o sentimento de muitos trabalhadores e jovens, moradores dos "barrios", de que devemos avançar a revolução rumo ao socialismo e não cair no reformismo e nas armadilhas da burocracia. Esse é o maior sentimento e das falas de muitas pessoas nas ruas. O processo precisa avançar...<br />
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Agora, o mais interessante é que dizem... isso se faz nas ruas... e não só nas urnas... e dizem que farão a defesa do processo revolucionário venezuelano nas ruas.<br />
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O sentimento de ontem era de festa até o anúncio do resultado oficial. Às 17h tinha saído o informe da CANTV de que colocava dez pontos de diferença. Foi o que postei. Capriles havia organizado (e foi bem sucedido nisso) da juventude votar no fim da tarde, para atrasar o resultado, criar confusões. Às 19h começamos a receber informes de que tinha caído para 6% e depois das 21h já tínhamos informes de que caía para 3% e mesmo 2%. O clima que era de festa completa se tornou angústia, pois ainda reforçava-se a vitória, mas apertadíssima, o que provocaria a tensão da oposição acusando de fraude, e a pressão do reformismo para ceder aos ataques da direita.<br />
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Lembrando... 50,66% contra 49,07%. Interessante é ver que candidaturas minúsculas, com objetivos de somente se fortalecerem para o legislativo mais adiante, tiveram, juntas mais que esses 235 mil votos. Ou seja, poderiam ter definido.<br />
<br />
Entretanto, o balanço feito depois de todo o discurso do Maduro, ouvindo com calma algumas considerações, olhando as pessoas nas ruas, já na madrugada, e depois da reunião que a seção venezuelana fez pela manhã, avaliando o resultado, temos que ele é até mesmo positivo, pois mostra a necessidade de mudar as coisas. Se tivesse ganhado com os 10%, o chavismo continuaria no ritmo que está. Essa margem apertada fez com que todos estejam preocupados, mas entusiasmados para dizer que devemos avançar rumo ao socialismo. Veja as fotos da festa da vitória do Maduro no "barrio" 23 de enero e no "Cuartel de La Montaña", onde está Chávez, e depois do discurso após o resultado do CNE, no palácio Miraflores.<br />
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A consigna de “No volverán!”, ontem surgiu como “No Volverán?”. Se ganhassem eleitoralmente, o que ocorreria? Quase que voltaram pela via eleitoral. Como alguns diziam aqui, se a eleição fosse daqui a 2 ou 3 semanas, ou se tivesse chovido muito, poderia ter sido diferente esses 235 mil votos. Poderia ter passado aqui, com suas diferenças, é claro, o que foi a derrota da revolução sandinista. Isso ganha força num contexto de instabilidade criada pela oposição, que se recusou a reconhecer o resultado e foi para as ruas provocar a insegurança e violência. Vejam o que estão fazendo:<br />
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Os anti-chavistas colocaram fogo em duas sedes do PSUV (Partido Socialista Unido de Venezuela) - <a href="http://www.aporrea.org/actualidad/n226940.html">http://www.aporrea.org/actualidad/n226940.html</a><br />
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Os anti-chavistas realizaram atos para induzir falsamente fraude, mas com fotos antigas e editadas - <a href="http://www.aporrea.org/actualidad/n226929.html">http://www.aporrea.org/actualidad/n226929.html</a><br />
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Os anti-chavistas fizeram ato em direção à VTV (Venezuela Televisión) - <a href="http://www.aporrea.org/actualidad/n226946.html">http://www.aporrea.org/actualidad/n226946.html</a><br />
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Oposicionistas realizam agressão a jornalistas - <a href="http://www.aporrea.org/oposicion/n226932.html">http://www.aporrea.org/oposicion/n226932.html</a><br />
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Fotógrafo da Barrio TV foi hospitalizado depois de ter sido atingido por tiros, mas não corre risco de vida - <a href="http://www.aporrea.org/medios/n226881.html">http://www.aporrea.org/medios/n226881.html</a><br />
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Agora, isso tem que ser entendido, portanto, que é muito mais do que as questões na Venezuela. Vejam que a OEA, os EUA e a Espanha não reconheceram o resultado eleitoral e sustentam politicamente os golpistas venezuelanos. Houve dezenas de observadores internacionais, assim como já houve o reconhecimento eleitoral de quase todos os países, que enviaram saudações à Maduro. A UNASUL, que também acompanhou as eleições, leu hoje seu parecer de respaldo à legalidade e à transparência do processo.<br />
<br />
Lembrando... o voto é eletrônico, como o nosso, mas além de digitar na máquina, sai como um recibo e você deposita na urna. É isso que Capriles quer contar. É só para causar o caos mesmo.<br />
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Vale dizer que a melhor coisa do discurso do Maduro após o anúncio do resultado, ontem, no palácio miraflores, foi denunciar a tentativa de pacto proposto por Capriles. Assim que saiu o resultado, Capriles ligou para Maduro e disse que ele era presidente de “meio país”, e por isso, queria propor um acordo de unidade, de interesses, e que assinassem um acordo antes da entrega da diplomação de Maduro. Disse que isso seria o melhor para a Venezuela.<br />
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Maduro foi duro. Denunciou isso e disse que não negocia com golpistas, que o governo não serve para acordos com nomes e cargos, mas sim um processo revolucionário socialista e que não pactuariam com uma burguesia reacionária e golpista. Maduro deixou claro a tentativa de cooptação de Capriles, expondo à todos o acordo que lhe foi proposto. Capriles dizia que tinha apoio internacional e que pelo bem da Venezuela, era preciso que ele estivesse junto. Apoio internacional de quem?<br />
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Vejam o ótimo texto de Luiz Bicalho que mostra como os EUA está bancando essa resistência - <a href="http://tiremasmaosdavenezuela.blogspot.com.br/2013/04/a-verdadeira-face-da-oposicao.html">http://tiremasmaosdavenezuela.blogspot.com.br/2013/04/a-verdadeira-face-da-oposicao.html</a> - Essa é a verdadeira cara da oposição, quem a financia e a sustenta, especialmente para desgastar politicamente o processo revolucionário.<br />
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Eles tiveram 7 milhões de votos, e saem fortalecidos, justamente para tensionar, fazer sangrar o processo, causando esses confrontos, sob a conivência dos grandes meios de comunicação. Vocês estão vendo o que a Globo e companhia estão falando por aí.<br />
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Os jornais de hoje trazem detalhes e números da votação. Capriles tem usado que “maduro foi derrotado”, eleitoralmente mas também legitimamente. O balanço pelos chavistas ainda está sendo feito, mas já se fala em vários erros eleitorais, como priorizar o foco na “classe média”, bem como problemas de fundo, como a constatação de que o PSUV não pode ser um simples partido eleitoral, mas sim um Partido da classe trabalhadora, bem como os limites que a burocracia e o reformismo lhe colocam.<br />
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Hoje houve duas grandes manifestações em Caracas. Uma na parte rica da cidade (Altamira e Chacao), a oposição foi às ruas defender a “democracia”. Basicamente eram estudantes e a elite mais clara da Venezuela. Estavam com cerca de 200-300 pessoas. Eu fui lá ver e tirei uma foto (que está no <a href="http://www.facebook.com/media/set/?set=a.265547743581908.1073741827.100003800530125" target="_blank">álbum no Facebook</a>).<br />
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Marcharam pelas ruas, chegando depois à sede da televisão estatal da Venezuela. Foram recebidos com músicas históricas do processo revolucionário venezuelano, e com muitas músicas do cantor popular Alí Primera.<br />
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No interior, a oposição tem feito as agressões que mencionei acima, sendo importante destacar que são ataques eminentemente políticos contra as organizações “chavistas”. O maior símbolo foi atacar ao PSUV.<br />
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Maduro foi à televisão, assim como o chefe do exército e a presidente do Conselho Nacional Eleitoral dizer que Capriles é responsável pelas atitudes fascistas que estão ocorrendo nas ruas. Eu presenciei essa tensão durante todo o dia.<br />
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As pessoas estão tensas, olhando “torto” para todos no metrô, trem, ônibus, com xingamentos aos chavistas que estavam de vermelho, e nas casas, como na que estou hospedado, há grande confronto, com palavras de ordem e músicas, e com “panelaços” e com gente rasgando faixa e cartazes, ou seja, o clima que Capriles queria criar de fato teve.<br />
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Mas agora à noite, depois dos chamados do CNE e do Exército, Maduro que vinha pedindo insistentemente pela paz, convocou os chavistas para as ruas e defender o processo revolucionário. Haverá atos públicos todos os dias, pelo menos até sexta-feira, quando é a posse de Maduro na Assembleia Nacional, quando terá um grande ato público. Vamos ver como as coisas vão até lá.<br />
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Por ora, hoje houve, como disse acima, além da manifestação dos oposicionistas, uma concentração dos chavistas em frente ao Conselho Nacional Eleitoral, pois esse entregaria a ata oficial do resultado eleitoral, onde declara Nicolás Maduro como presidente eleito.<br />
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Estive lá, acompanhando as movimentações, conversando com as pessoas, junto com os camaradas da seção venezuelana da Corrente Marxista Internacional. Vejam as fotos no <a href="http://www.facebook.com/media/set/?set=a.265547743581908.1073741827.100003800530125" target="_blank">álbum</a>.<br />
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Amanhã (16/04) acompanharei o movimento nas ruas, e faço um novo relato à noite.<br />
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Termino transmitindo o sentimento mais geral de Caracas, que, primeiro, o objetivo é defender a eleição de Maduro contra os golpistas. Agora, essa tensão poderá durar dias, meses, anos... teremos que ver até quando a oposição sustentará essa tática de enfrentamento.<br />
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A princípio, nos parece ser muito mais uma forma de intimidar e deslegitimar a vitória de Maduro, fazendo-o sangrar e buscando se preparar para fazer um referendo revogatório em 3 anos. De acordo com a Constituição daqui, no meio do mandato, a maioria simples da Assembleia pode pedir um referendo do mandato. Hoje a oposição tem 40% da assembleia. Mas ela pode crescer nas próximas eleições legislativas. Mas, mais do que isso, pressionará Maduro. Chavez, em agosto de 2004, depois do golpe de 2002, ele mesmo pediu um referendo revogatório e saiu fortalecido com quase 60% dos votos! Maduro poderá fazer isso para se legitimar, e ganhar mais votos do que os 50,66% que teve agora.<br />
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No entanto, para isso, terá que aprofundar o processo revolucionário, com as expropriações das grandes empresas e dos bancos. É a sustentação da burguesia, que se utiliza desse controle para sabotar a economia venezuelana. Constatado isso por Maduro, por Jorge Rodriguez (chefe da campanha), como disseram ontem à noite, eles sabem, portanto, o que fazer.<br />
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Junto com os trabalhadores e jovens, assim cobraremos, para construir o socialismo, especialmente diante de um contexto de crise do capitalismo, onde se não fizer isso, terá que atacar os trabalhadores, atacar os direitos e serviços básicos, e esses, corretamente, se voltarão contra Maduro.Caio Dezorzihttp://www.blogger.com/profile/15143792495611049950noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3044167252331666905.post-26466306221768811792013-04-15T23:58:00.000-03:002013-04-17T11:05:58.490-03:00Eleições presidenciais venezuelanas: uma apertada vitória da revolução – o que vem depois?<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjoE3ejjhQ-S5CBp1wjHuE9vGbIumcwKp5mZN24uK6djjgRJq7uPE7jsgOQfF0ENRrRKXxXuWSj-1FGUKRe_foDMQkOtkfQwFytJu0Vbrdil-FkCgYgtBJsLAOFNnHKli3PXTINJz3um1c/s1600/MADURO.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjoE3ejjhQ-S5CBp1wjHuE9vGbIumcwKp5mZN24uK6djjgRJq7uPE7jsgOQfF0ENRrRKXxXuWSj-1FGUKRe_foDMQkOtkfQwFytJu0Vbrdil-FkCgYgtBJsLAOFNnHKli3PXTINJz3um1c/s400/MADURO.jpg" width="400" /></a></div>
por Jorge Martin<br />
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O candidato bolivariano Nicolas Maduro ganhou a eleição presidencial venezuelana de 14 de abril por uma estreita margem. Com 99,12% dos votos contados, houve 78,71% de comparecimento às urnas, com Maduro recebendo 7.505.378 votos (50,56%) e Capriles 7.270.403 votos (49,07%). Capriles declarou que não reconhece o resultado e exigiu uma auditoria de 100% dos votos.<br />
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Os resultados foram anunciados pelo presidente da Comissão Nacional Eleitoral (CNE), Tibisay Lucena, às 23:45, hora local, depois de longa e tensa espera. A razão da demora era claramente o fato de que os resultados eram tão próximos que queriam anunciá-los apenas quando tivessem contado um número suficiente de votos que tornassem o resultado irreversível. Esta era a questão, em particular diante da campanha da oposição que tinha espalhado rumores de que tinha sido vitoriosa e do próprio Capriles ter anunciado que o governo estava planejando “mudar os resultados”.<br />
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<a name='more'></a>As massas bolivarianas reuniram-se nas proximidades do Palácio Miraflores para celebrar a esperada vitória e foram recebidas por Nicolás Maduro. Entrementes, o humor era sombrio nas sedes da campanha da oposição. Pequenos números de seguidores da oposição se amotinaram em áreas residenciais da classe alta, como El Cafetal, no Leste de Caracas, incendiando pneus e bloqueando as ruas.<br />
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Capriles anunciou que não reconhece os resultados e exigiu uma auditoria de 100% dos votos, alegando que mais de 3.200 irregularidades tinham ocorrido. Ele foi apoiado pelo reitor da CNE, Vicente Díaz, que também pediu uma auditoria de todas as urnas. A verdade, no entanto, é que a oposição tinha conduzido uma campanha implacável durante semanas para tentar desacreditar a CNE e Capriles e outros porta-vozes da oposição tinham alegado fraude horas antes de quaisquer resultados terem sido anunciados. Esta sempre foi a sua estratégia.<br />
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A primeira coisa que se deve dizer sobre os resultados é que esta é, mesmo assim, mais uma vitória eleitoral da revolução bolivariana, embora por estreita margem. A supostamente “democrática” oposição não teve nenhum problema quando Capriles ganhou a governadoria de Miranda por 40 mil votos, ou quanto ganharam o referendo da reforma constitucional de 2007 pela mais estreita das margens (1,4%). Por seu lado, a revolução bolivariana aceitou os resultados democraticamente. O padrão é claro: toda vez que a oligarquia vence, ela aceita o resultado, mas quando perde, alega fraude.<br />
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Como Maduro declarou em seu discurso de vitória, Bush foi declarado vitorioso na eleição presidencial dos EUA em 2000, embora tivesse obtido menos votos que seu rival (e havia difundidas alegações de fraude que nunca foram investigadas). Durante a campanha, Maduro insistiu em que reconheceria os resultados fornecidos pela CNE, mesmo que estes fossem contra ele por apenas um voto. Capriles, por outro lado, de forma constante se recusou a dizer se faria o mesmo e se recusou a assinar um documento nestes termos elaborado pela CNE.<br />
<br />
O comparecimento foi de mais de 78%, somente três pontos abaixo do comparecimento massivo em sete de outubro do último ano, quando Chávez foi reeleito. A despeito de todas as tentativas da oposição e do imperialismo de questionar o caráter democrático da eleição, todos os observadores internacionais concordaram que ela tinha sido conduzida de forma livre e imparcial e que o sistema de votação era perfeitamente seguro e eficiente.<br />
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O dia eleitoral começou cedo, como é tradicional, com ativistas revolucionários fazendo soar o chamado de alerta às três horas da manhã e com um grande número de pessoas votando durante a manhã nos distritos da classe trabalhadora. A oposição emitiu instruções aos seus seguidores para sair para votar em massa durante a tarde, no entanto não parecia haver longas filas nas áreas residenciais das classes alta e média em qualquer ponto durante o dia. Durante o dia, o clima foi tenso, como tem sido durante os últimos dias da campanha. Paramilitares colombianos e salvadorenhos tinham sido detidos no país, acusados de tentativa de realização de atos de desestabilização. Eles estavam armados e alguns deles tinham uniformes do exército venezuelano em suas posses. As forças armadas também se apoderaram de um grande número de armas, munição e explosivos.<br />
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Você lerá na mídia capitalista todo tipo de informes sobre supostas ações de violência contra os seguidores da oposição, mas a verdade é que foram os ativistas bolivarianos que estavam sendo agredidos por todos os tipos de provocações e violência. Vale a pena dar alguns exemplos. Um grupo de algumas dúzias de bandidos da oposição tentou incendiar o prédio do governo em Mérida no final de um comício de Capriles. Um trabalhador de PDVSA, que estava soltando foguetes em celebração, no final do gigantesco fechamento de campanha de Maduro, em 10 de abril, foi morto a tiros por dois assassinos em uma moto. No próprio dia 14 de abril, um cinegrafista da estação de TV comunitária Barrio TV foi atingido por tiros em El Valle, enquanto cobria as eleições. Detalhados planos de desestabilização preparados pela organização da juventude da oposição, JAVU, também foram descobertos e tornados públicos. O conhecido jogador de basebol e cantor, apoiador bolivariano, Potro Alvarez, foi agredido por uma frenética turba opositora (ver vídeo acima) enquanto votava no distrito de alta classe média onde vive em Baruta, Leste de Caracas. Também no dia da eleição, um grupo de ativistas revolucionários participantes de uma reunião de informação “ponto vermelho”, em Los Ruices (Leste de Caracas), foi cercado por uma irada e violenta turba da oposição e teve que ser protegido pela guarda nacional. Quando acabou a votação, houve um ataque cibernético, com a invasão da conta de twitter de Maduro, de alguns ministros e de proeminentes ativistas bolivarianos, assim como apagaram o site da campanha de Maduro e derrubaram todos os websites hospedeiros do governo e dos ministérios. Tudo isto foi calculado para criar incerteza e medo no momento crucial quando todos estavam esperando pelos resultados das eleições. Esta é a verdadeira face da supostamente “democrática” oposição, que é formada exatamente pelos mesmos indivíduos, partidos e forças econômicas que organizaram o golpe de 11 de Abril de 2002.<br />
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A discriminação pormenorizada dos resultados ainda não foi anunciada, mas dos números divulgados por estado pode-se ver que a oposição conseguiu recuperar uma grande parte do terreno perdido na eleição presidencial de sete de outubro e nas eleições regionais de dezembro. Ela ganhou em Mérida, Táchira, Zulia, Lara, Nueva Esparta e Miranda, onde antes ganhara, bem como reconquistaram Anzoátegui, onde tinham vencido nas eleições à Assembleia Nacional em 2010. Significativamente, a oposição ganhou no estado-chave de Bolívar, onde estão situadas as principais indústrias de propriedade do estado e onde há um sentimento extremamente crítico no seio das fileiras bolivarianas contra o governador Rangel e a burocracia em geral devido ao seu papel contrário ao controle operário. Mesmo assim, Maduro ganhou em 16 dos 25 estados do país, incluindo o Distrito da Capital e os estados industriais de Carabobo e Aragua.<br />
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Em seu discurso no balcão do povo do palácio Miraflores, Maduro tocou em um tema que é muito sensível para as massas revolucionárias: o de fazer concessões ou conciliar com a oligarquia e o imperialismo. Ele informou que tinha recebido uma chamada de Capriles uma hora antes dos resultados da eleição ser anunciados oferecendo-lhe um pacto. Maduro disse que tinha recusado qualquer pacto e replicou que a pré-condição para qualquer diálogo era o reconhecimento dos resultados das eleições, o que Capriles naturalmente recusou fazer.<br />
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Maduro reiterou o que tinha dito mais cedo durante o dia, que não haveria qualquer diálogo com a burguesia e que este já não era mais o tempo em que as coisas eram negociadas “nas costas do povo”. Embora não rejeitasse dialogar com “porta-vozes razoáveis da oposição”, ele insistiu que o que era necessário era um diálogo genuíno “com o trabalhador, com o soldado” e que seria aberto um debate “nas fábricas, nos bairros para se desenvolver o Plan de la Patria (o programa eleitoral que Chávez pôs em ação) e o legado de Chávez”, que era o de “construir um país socialista”.<br />
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Explicou que durante a campanha havia topado com uma campanha sistemática de guerra e de sabotagem econômica. “Em cada estado que visitei houve um apagão do fornecimento elétrico e a energia somente era restabelecida quando me ia embora”, explicou. Na verdade, umas 23 pessoas foram detidas acusadas de participar na sabotagem da rede elétrica. O mesmo se pode dizer da sabotagem da cadeia de fornecimento de alimentos, com a especulação e o açambarcamento. Por último, reconheceu a necessidade da autocrítica e de uma “retificação profunda” e de que o povo participe nesse processo.<br />
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A dura verdade é que esta foi uma vitória, mas somente por uma margem estreita, que deve servir como um sinal de advertência séria para a revolução. Desde o dia sete de outubro a revolução bolivariana perdeu 680 mil votos, enquanto que Capriles ganhou o mesmo número. O ambiente no seio das massas revolucionárias é de celebração por ter logrado uma nova vitória, mas, ao mesmo tempo, há um humor combativo e autocrítico. O descontentamento acumulado contra a burocracia e os reformistas “bolivarianos” está se convertendo em uma exigência para que sejam tomadas ações combativas contra os sabotadores e os elementos infiltrados no movimento revolucionário, e, em particular, contra todos estes alcaides, governadores regionais e funcionários locais e estatais que juram por Chávez e colocam uma camiseta vermelha, mas que, na realidade, são somente arrivistas, oportunistas, ou, o que é pior, corruptos. Há crescentes apelos para um expurgo no PSUV.<br />
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Maduro tem razão ao dizer que a revolução enfrenta uma guerra de desgaste econômico por parte da classe dominante. Todas as conclusões necessárias devem ser extraídas disto. A única maneira de se completar a revolução e de defender suas massivas conquistas sociais é assestando golpes ao poder econômico da classe capitalista, que é utilizado para sabotar a vontade democrática da maioria. Isto significa expropriar os meios de produção, os bancos e o latifúndio, a fim de permitir a planificação democrática da economia no interesse da maioria da população. Isto por si mesmo permitiria à revolução fazer frente a problemas tais como a inflação, o açambarcamento e a especulação, que estão produzindo claramente o impacto desejado de desgastar a base social de apoio à revolução entre os trabalhadores e os pobres.<br />
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Os problemas da corrupção e da burocracia somente podem ser abordados mediante a introdução do controle e da gestão operária em todos os níveis da economia. Como é possível que uma empresa estatal como Corpoelec, geradora e distribuidora de eletricidade, faça sabotagem generalizada? Os trabalhadores revolucionários da empresa vinham denunciando isto há tempo. A maneira de tratar isto é através do controle operário, que é a mesma maneira como se podem tratar os problemas de roubo e ineficiência em grande escala das empresas básicas de Guayana.<br />
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O obstáculo no caminho da adoção destas medidas não é tanto a força da oposição. Apesar de seu bom resultado eleitoral do domingo, ainda 70% das pessoas pensam que a presidência de Chávez foi boa para o país. A imensa maioria da população apoia os programas sociais introduzidos. Se um número significativo foi convencido pelos cantos de sereia de Capriles, em parte se deve à incapacidade do governo de enfrentar os problemas de desorganização econômica que são o resultado da continuação da existência do mercado capitalista, e não ao contrário. Os dois últimos meses demonstraram que as massas bolivarianas ainda estão motivadas e que são muito superiores às forças da oposição no que respeita à mobilização de massas nas ruas.<br />
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O obstáculo no caminho de se completar a revolução em direção ao socialismo não é o “baixo nível de consciência das massas”, como argumentam os reformistas. Pelo contrário! Que mais se pode pedir às massas de trabalhadores, camponeses, jovens, mulheres e pobres bolivarianos? Mais de uma vez mostraram ter um fino instinto revolucionário, uma compreensão política muito desenvolvida e vontade de combater. São elas que salvaram a revolução em todos os momentos cruciais, como ontem, e a empurraram para frente depois de cada vitória.<br />
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A pressão sobre a liderança bolivariana para que concilie será agora muito poderosa. Os meios de comunicação burgueses internacionais já construíram o discurso de um “país dividido”, do “apelo desvanecido do chavismo”, que Maduro não tem “nenhum mandato” etc. The New York Times esteve pressionando para uma reconciliação com os EUA, quando se publicou uma declaração do representante da OEA e ex-governador de Novo México, Bill Richardson, no sentido de que tanto Maduro quanto o chanceler Elias Jaua haviam se aproximado dele.<br />
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“Bill Richardson... disse que Maduro o chamou de lado depois de uma reunião dos observadores eleitorais no sábado e lhe pediu que levasse uma mensagem. ‘Disse-me: Queremos melhorar a relação com os EUA, regularizar a relação’, disse Richardson no domingo, e que lhe tinha dito que a Venezuela está disposta a reatar as conversações que tinham sido interrompidas, disse Richardson”.<br />
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Do que New York Times e a classe dominante dos EUA estão falando não é tanto de renovação das relações diplomáticas, mas que Maduro deve girar à direita e conciliar com o imperialismo. Este também foi o significado da mensagem envenenada de apoio a Maduro do ex-presidente brasileiro Lula, quando disse que deve “formar alianças com outros setores”. Ignacio Ramonet, diretor de Le Monde Diplomatique e principal representante de ATTAC, esteve empurrando na mesma direção ontem à noite em Telesur, quando se referiu a um “diálogo político com os empresários investidores, setores da oposição”. Com a ajuda de amigos como estes, quem necessita de inimigos?<br />
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Uma camada de burocratas e arrivistas agora começará a considerar se o campo bolivariano é o que dá as melhores garantias de promoção de suas próprias carreiras, que é a única coisa que lhes interessa. Uma série de governadores regionais já se uniu à oposição nos últimos anos e agora a pressão para que abandonem o barco será muito mais forte.<br />
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Se a oligarquia fosse inteligente (não se pode ter muita certeza disto), deveria jogar para o médio prazo, com a combinação da pressão sobre a suposta “fraude eleitoral” e a auditoria dos resultados com a sabotagem econômica, enquanto que, ao mesmo tempo, oferece uma mão aos diferentes setores da burocracia bolivariana.<br />
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O povo trabalhador revolucionário é a única garantia contra estas manobras, que significariam uma sentença de morte para a revolução. A vanguarda revolucionária que está presente em cada bairro operário, em cada comunidade camponesa, fábrica e quartel militar necessita se organizar urgentemente em torno de um programa clara de como completar a revolução, de como levar a cabo o legado de Hugo Chávez de um país socialista.<br />
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O fortalecimento da corrente marxista dentro do movimento bolivariano, que se agrupa em torno do jornal Lucha de Clases, é, portanto, crucial, visto que o marxismo revolucionário é a única ideologia que pode proporcionar uma expressão acabada às aspirações revolucionárias instintivas das massas bolivarianas.<br />
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<b>Defender o resultado eleitoral através da mobilização e da vigilância de massas!</b><br />
<b><br /></b>
<b>Lutar contra a sabotagem por meio do controle operário!</b><br />
<b><br /></b>
<b>Lutar contra a desarticulação econômica através da expropriação dos meios de produção, dos bancos e das grandes fazendas!</b><br />
<b><br /></b>
<b>Construir uma forte corrente marxista no movimento bolivariano!</b><br />
<b><br /></b>
Fonte: <a href="http://www.marxist.com/">www.marxist.com</a>Caio Dezorzihttp://www.blogger.com/profile/15143792495611049950noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3044167252331666905.post-66977804008825281672013-04-15T20:31:00.000-03:002013-04-15T20:31:38.963-03:00A verdadeira face da “oposição” venezuelana<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjCuYNNxMcTCNbWHLMthjlMovkB8ZGRkOk0zwmD81jnOWrkTVRcDi99Anor-42wNgd4oJRPdllBq-_-SPtFzbiKVPIJNtDiPSIZdVVPiJ2efQSRHNtTEuRfb6I9x6PlDGEl8bppm9UddWw/s1600/capriles_1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="291" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjCuYNNxMcTCNbWHLMthjlMovkB8ZGRkOk0zwmD81jnOWrkTVRcDi99Anor-42wNgd4oJRPdllBq-_-SPtFzbiKVPIJNtDiPSIZdVVPiJ2efQSRHNtTEuRfb6I9x6PlDGEl8bppm9UddWw/s400/capriles_1.jpg" width="400" /></a></div>
por Luiz Bicalho<br />
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O PSUV (Partido Socialista Unido da Venezuela) está chamando a realização de manifestações populares em apoio ao resultado eleitoral enquanto a direita não reconhece o resultado. Uma disputa democrática? Vejamos como encara a situação, o comando da oposição.<br />
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O chefe do comando da campanha de Capriles, Ramón Aveledo, respondeu aos chavistas afirmando que organizar concentrações populares era ilegal. "Em Miraflores, mais ainda", declarou (<a href="http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,chavismo-chama-povo-a-defender-resultado-capriles-denuncia-fraudes-,1021009,0.htm">http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,chavismo-chama-povo-a-defender-resultado-capriles-denuncia-fraudes-,1021009,0.htm</a>)<br />
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Sem dúvida, esta posição inicial muda rapidamente – depois de verificar que as manifestações populares não foram interrompidas apesar da sua “afirmação” que procurava colocar o povo na ilegalidade, o ex-candidato derrotado nas urnas pretende chamar uma manifestação popular exigindo a recontagem de votos. E, é claro, ele obtém apoio. De onde vem o apoio?<br />
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<a name='more'></a>Em primeiro lugar do governo dos EUA. Sim, daquele país que conseguiu resolver um dia as eleições na Flórida, aonde aposentados e negros foram impedidos de votar e ainda assim um republicano chamado Bush tinha perdido, antes do seu irmão, governador do Estado, “validar” a sua “eleição”, o Supremo Tribunal dos EUA aceitar tal “validação” e o candidato vencedor aceitar a “derrota”. Sim, este país tão “democrático” aonde somente os dois grandes partidos conseguem financiamento estatal para concorrerem enquanto os outros “pequenos” partidos penam na miséria, aonde só os dois grandes partidos podem participar dos debates eleitorais, o governo burguês deste país corre a validar o pedido da “oposição”.<br />
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Desnecessário dizer que o segundo apoio que ele consegue é do Secretário Geral da OEA (Organização dos Estados Americanos), esta organização subordinada aos EUA com “aparência” de democrata e que até hoje impede Cuba de ter seu lugar. Belos apoios!<br />
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O ex-candidato da oposição está indo mais longe. Trata Maduro como “governo ilegítimo”. A polarização avança na Venezuela e os marxistas sabem o seu lado: com o proletariado, contra a reação burguesa!Caio Dezorzihttp://www.blogger.com/profile/15143792495611049950noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3044167252331666905.post-90870650158983337802013-04-15T20:21:00.000-03:002013-04-15T20:22:08.094-03:00TELESUR entrevista Alan Woods: A Revolução depois de Chávez<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjCatHNGOvwU2mgCINo4Ng4iRHzo8yHZkFrzyyFh0oQtbVJNCH5UTlvI993RVfuf8uFqmdjRsjZaddjUC7ALZo-yjJdFg7uHtZhqcI22s_PCxUSNXac8sb2_lgCtq9aZYU4VsZ47ErVdGQ/s1600/alan+woods+cup.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjCatHNGOvwU2mgCINo4Ng4iRHzo8yHZkFrzyyFh0oQtbVJNCH5UTlvI993RVfuf8uFqmdjRsjZaddjUC7ALZo-yjJdFg7uHtZhqcI22s_PCxUSNXac8sb2_lgCtq9aZYU4VsZ47ErVdGQ/s1600/alan+woods+cup.jpg" /></a></div>
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Durante sua estadia em Caracas na última semana de março, Alan Woods, fundador da campanha internacional "Tirem as Mãos da Venezuela" e dirigente da Corrente Marxista Internacional, foi convidado a participar de uma entrevista de meia hora de duração na Telesur, a rede de televisão bolivariana que transmite para todos os países da América Latina.<br />
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<a name='more'></a>Durante sua entrevista, Alan Woods ressaltou a maturidade revolucionária das massas venezuelanas e a necessidade de levar a revolução até as últimas conseqüências mediante a expropriação da oligarquia.<br />
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Perguntado sobre a vigência do marxismo, Alan Woods respondeu que a crise global do sistema capitalista escancarou plenamente o acerto das idéias fundamentais de Marx. O Socialismo é a única solução para a humanidade.<br />
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Acompanhe a entrevista em espanhol no vídeo abaixo:<br />
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<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="http://www.youtube.com/embed/9_mRcrfVMXM" width="420"></iframe>Caio Dezorzihttp://www.blogger.com/profile/15143792495611049950noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3044167252331666905.post-72142447990245875852013-04-15T16:36:00.001-03:002013-04-15T20:05:07.759-03:00Maduro vence! Capriles exigirá recontagem de votos! Alerta geral: avançar a revolução!<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjPVQ2P-T_TBzvVDn4krY3QSytkj_vQf8zVGgUo597szdHLWU3Y9UcQx5SPuKAcxLlX_u7vzafLhkhxd0Cu3XF-VGZrvvVGx2Ecg2EpCI3BmPpghxQ5pJxHRGNQUIBUfB7nyogPXsmIFCA/s1600/TeleSur.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="225" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjPVQ2P-T_TBzvVDn4krY3QSytkj_vQf8zVGgUo597szdHLWU3Y9UcQx5SPuKAcxLlX_u7vzafLhkhxd0Cu3XF-VGZrvvVGx2Ecg2EpCI3BmPpghxQ5pJxHRGNQUIBUfB7nyogPXsmIFCA/s400/TeleSur.jpg" width="400" /></a></div>
por Wanderci Bueno<br />
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Maduro obteve 7.505.338 votos, Capriles 7.270.403. Isso com 99,12% dos votos apurados. Capriles promete que exigirá recontagem, Jorge Ramirez, dirigente do PSUV chama o povo para as ruas para garantir o resultado das eleições.<br />
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<a name='more'></a>A revolução está perdendo impulso! A direita não cessará seus ataques e provocações. Para reanimar a revolução, medidas concretas devem ser tomadas. A conciliação só poderá levar à contrarrevolução e esta poderá levar a um perigoso momento de desesperação combinado com descrédito e apatia. O perigo cada vez mais se aproxima.<br />
<br />
O mundo está em crise, as massas estão em ascensão, mas estão ainda sob controle das direções tradicionais e dos aparelhos. Todo apoio e solidariedade internacional, contra a direita e o imperialismo ajudará a alimentar a revolução venezuelana, mas as batalhas decisivas só podem ser travadas por seu heroico povo trabalhador das cidades e do campo.<br />
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Há uma divisão desde o alto até abaixo na sociedade venezuelana. Parece que se atingiu o pico do processo via caminho eleitoral.<br />
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Se a revolução não é levada às ultimas consequências e as massas exploradas e oprimidas, com o proletariado à sua frente, não tomam o poder e se dá inicio à tomada da grande propriedade privada, bancos, indústrias e latifúndios, a revolução retrocederá. A CMI, a Esquerda Marxista já afirmaram isso por várias e seguidas vezes. A tese de que de eleição em eleição se aproxima da revolução não passa de uma enganosa política que tem como pressuposto a democracia burguesa e que esta deve ser o meio para se erguer o novo poder socialista: esta ideia está comprovadamente equivocada.<br />
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O atual resultado eleitoral na Venezuela indica que a revolução aproximou-se perigosamente de seu ápice e que a qualquer momento podem estalar conflitos entre os revolucionários e os “escuálidos”. Se Maduro e o PSUV, a sua burocracia, temerosos frente à direita recuarem e forem na direção da conciliação, da concertação indicada pelos reformistas do mundo todo, a começar de Lula, certamente a revolução descarrilará e a luta será cada vez mais aguda e trará cada vez mais sofrimentos ao povo. Se as massas perceberem que suas conquistas estão em perigo e forem à frente, um sopro de ar fresco poderá fazer a revolução saltar até mais adiante.<br />
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De qualquer modo o central é que os marxistas sigam construindo uma organização que se coloque à altura das tarefas que o momento está cada vez mais a exigir.<br />
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Nenhuma trégua à burguesia!<br />
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A batalha dos marxistas deve se dar para ganhar a maioria dos sinceros e honestos revolucionários no interior do PSUV para preparar a tomada do poder e convocar uma Assembleia de operários, soldados e camponeses revolucionários para que tomem as decisões para dar pão, trabalho e terra ao povo venezuelano! Tomar as grandes propriedades produtivas, os bancos e começar a planificação da economia!<br />
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Fonte: <a href="http://www.marxismo.org.br/">www.marxismo.org.br</a><br />
<br />Caio Dezorzihttp://www.blogger.com/profile/15143792495611049950noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3044167252331666905.post-6257310610706592832013-04-15T02:29:00.000-03:002013-04-15T16:30:25.189-03:00Maduro eleito presidente na Venezuela!<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgdLPiWNWEJPm4Gort3lzZ-aBEKXkT6Si3UARBQRAZBodSovH6sE7R1cK-Yo6r9kmyr8boNJIF-qx05lzS9H7tK0ciFoJiEMsYj3TaQyRzu3IzyiUXfc3A-8i2OoK6VKuaaeOhKF8vt9yc/s1600/eleicoes+venezuela+005.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgdLPiWNWEJPm4Gort3lzZ-aBEKXkT6Si3UARBQRAZBodSovH6sE7R1cK-Yo6r9kmyr8boNJIF-qx05lzS9H7tK0ciFoJiEMsYj3TaQyRzu3IzyiUXfc3A-8i2OoK6VKuaaeOhKF8vt9yc/s400/eleicoes+venezuela+005.jpg" width="400" /></a></div>
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<b>Relato do 4º dia (14/04/2013 - Dia da eleição) do camarada Alexandre Mandl, enviado da Campanha "Tirem as Mãos da Venezuela" a Caracas:</b><br />
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<b>Primeiro informe (logo após o almoço):</b><br />
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Dia das eleições! Viva Maduro! Chavez vive, la lucha sigue!<br />
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As eleições estão caminhando tranquilamente. Escrevo de uma "tenda" do PSUV, que em cada bairro está instalada para acompanhar os votos, organizando sua militância.<br />
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Estive em 5 locais de votação, e estão todos tranquilos, apesar das filas que sempre tem, e que mostram um problema estrutural das eleições, pois, comparando com o Brasil, apesar de ser urnas eletrônicas, a estrutura é pequena, com poucas mesas coletoras de votos.<br />
<br />
A Venezuela tem 30 milhões de habitantes, sendo 20 milhões de eleitores. O objetivo de votos em Maduro é chegar em 10 milhões de votos. Nas eleições de outubro de 2012, chegou-se a 7 milhões e meio. Temos que lembrar que tem abstenções (o voto não é obrigatório), mas Jorge Rodriguez, chefe de campanha de Maduro, já anunciou que já houve 8 milhões de votantes, o que mostra que de fato vai ter muitos votos, e que a abstenção será menor que nas outras votações.<br />
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<a name='more'></a>Temos que lembrar que a votação nao é obrigatoria, e que sempre foi determinante as abstenções, como no referendo de 2007, quando a abstenção foi fundamental para a derrota. Sempre são vários os motivos da abstenção, mas hoje acreditam que será pequena.<br />
<br />
Capriles recomendou que a juventude que lhe apóia vote no fim da tarde, justamente para atrasar o fechamento das urnas e para que ficassem nas ruas, criando um clima de tensão com os "chavistas".<br />
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Vai depender da diferença de vitória, para saber o clima da resposta de Capriles, aceitando ou não o resultado.<br />
<br />
A única empresa de pesquisa de opinião que dava Capriles na frente, nessa semana, descobriram que a mesma era uma empresa fantasma, que não existia! Ou seja, é fato que Maduro deverá ganhar, mas a discussão é sobre a margem da vitória que poderá significar os passos seguintes do processo venezuelano.<br />
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Vale dizer que são na verdade 7 candidatos a presidente, mas que as demais candidaturas são pequenas, que somente pretendem se construir para as candidaturas legislativas. Juntos não chegam a ter 2%. Uma dessas candidaturas, mas que a retirou na última semana, foi Chirino (do "PSTU venezuelano"), que dizia que não havia nenhum candidato que representasse o verdadeiro avanço para o povo venezuelano. A pressão dos trabalhadores foi tão grande contra o que ele dizia, que foi obrigado a retirar sua candidatura. De fato, é nao entender nada de um processo revolucionário, muito menos compreender a própria situação da Venezuela e o significado de Chávez para a revolução.<br />
<br />
Acompanharei nas ruas até o fim do dia, sendo que o resultado oficial somente deverá sair no fim da noite. Mas antes das 19h, todos dizem que já dá para saber o resultado pela "boca de urna".<br />
<br />
A juventude do PSUV que está nas ruas, diz o que está escrito nesse muro (foto) - Nenhuma conciliação com a burguesia, nao aceitaremos os "esqualidos" (direitistas). Nenhum retrocesso, pela revolução.<br />
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Agora há pouco houve forte comoção de todos aqui, vendo pela televisão a família de Chávez indo votar. Gritaram palavras de ordem e músicas em homenagem ao "comandante".<br />
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Saudações,<br />
Alexandre<br />
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<br />
<b>Segundo informe (Por volta das 17h30):</b><br />
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Eleições quase se encerrando...<br />
Vamos aos números...<br />
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5º informe - feito às 17h (meia hora atrás):<br />
75,76% de participação (de um total de 18,9 milhões de eleitores)<br />
Maduro - 55% (7.875.846)<br />
Capriles - 45% (6.433.874)<br />
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Ou seja, podemos dizer... Maduro está eleito!!!!!!!!<br />
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Agora, vamos ver como acabarão os números da eleição. Pelo que parece não chegaremos nos 10 milhões de votos objetivados. Mas, por ora, a festa é enorme. Músicas, muita gente nas ruas, o clima já é de festa, mas ainda tem gente nas filas para votar.<br />
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Por isso, ainda há chamados para irmos votar e aumentar a margem da vitória.<br />
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Estou no "barrio" 23 de enero, comunidade identificada historicamente com o processo revolucionário.<br />
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As praças estão ficando cheias, já há mobilizações em direção ao forte da montanha onde está Chavez, e também no palácio miraflores (palácio presidencial).<br />
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Agora é esperar o anúncio oficial, comemorar com o povo venezuelano! A vitória é de classe... é impressionante a polarização. Estive à tarde em mais três locais de votação, e isso ficou ainda mais evidente... a classe trabalhadora, a juventude, o povo mais sofrido está com Chávez e Maduro pelo socialismo! E com isso, derrotamos os escuálidos conservadores!<br />
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Viva a luta socialista! Porque é isso que agora vai passar... vamos discutir o que é efetivamente os passos que precisam ser dados para avançar... e que fiquemos espertos, como temos anunciado... o maior perigo não é da direita de Capriles e Cia, mas virá dos reformistas e da burocracia que está dentro do "chavismo". Inclusive, como ressaltamos, falas como a de Lula, aconselhando Maduro a buscar uma aliança mais ampla...<br />
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Nós dizemos justamente o contrário... que o processo aprofunda a revolução, rumo ao socialismo, expropriando os capitalistas...<br />
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Por ora, vale dizer: "Chavez vive vive, la lucha sigue sigue"...<br />
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Saudações à todos!<br />
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<b>Terceiro informe (Madrugada adentro):</b><br />
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Compas,<br />
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Escreverei com calma amanhã, fazendo uma avaliação com mais calma e postando algumas fotos... estou morto.<br />
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Mas preciso salientar aqui... acabou a votação e o resultado oficial foi: Maduro 50,66% e Capriles 49,07%, o que significou uma diferença menor de 300 mil votos.<br />
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Com isso, dois sentimentos: todos muito contentes porque ganhamos. Mas, muita serenidade e tristeza mesmo, pois vimos que a diferença foi muito pequena. E isso traz vários significados, dentre os quais devemos destacar: Ou se avança no aprofundamento da revolução rumo ao socialismo, ou a burguesia, fortalecida com esse resultado, junto com o reformismo (à la Lula como tenho dito), irá buscar frear esse processo e com isso haverá choques. A revolução venezuelana mais do que nunca precisa ser defendida, e isso significa defender o sentido socialista da revolução, avançando nas expropriações justamente para combater a sabotagem que os capitalistas aqui ainda fazem.<br />
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A responsabilidade de Maduro e demais dirigentes é tremenda. Muitos jovens e trabalhadores já começaram a dizer que eles precisam dar o real sentido ao socialismo, pois como podemos aceitar que capriles teve 7 milhões de votos e nós 7 milhões e meio quase?<br />
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Ou seja, há problemas graves e que precisam ser resolvidos. Somente um programa marxista poderá superar isso.<br />
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É verdade que houve muita sujeira na campanha contra Maduro, assim como é verdade que houve pouquíssimo tempo para apresentar Maduro. Mas é certo que ainda está vigente o legado de Chávez, e isso, sozinho, não dará conta. Temos é que usar esse legado para mostrar o que deve ser feito.<br />
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Por isso ressalto que Capriles se recusou a aceitar o resultado. Pediu que se conte voto a voto manualmente. Isso é uma forma de tensionar e causar insegurança ao processo eleitoral, já iniciando o desgaste que virá nesse próximo período. Isso gerou violência, e o principal chamado de Maduro foi pela paz.<br />
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A Venezuela teve 18 eleições em 14 anos. Chavez reconheceu a derrota do referendo constitucional em 2007 quando perdeu por 0,2%. No estado de Miranda, Capriles foi eleito governardo no ano passado com apenas 50,25%, e também foi reconhecido. Ou seja, é lamentável o que faz Capriles... é somente desgastar Maudro e usar o senso comum criado pelos grandes meios de comunicação e pelo imperialismo de que não há democracia na venezuela. Convenhamos...<br />
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Amanhã escrevo com mais calma...<br />
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Apesar da preocupação que temos, o que valeu foi a vitória e Maduro deverá atender os pleitos da juventude, dos trabalhadores, famílias mais humildes da Venezuela, expropriando os capitalistas, construindo o socialismo.Caio Dezorzihttp://www.blogger.com/profile/15143792495611049950noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3044167252331666905.post-5394862768296061882013-04-13T16:25:00.000-03:002013-04-15T16:31:25.187-03:00Véspera das eleições na Venezuela<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj-J_8Ov1OWUIng0FamX-G2fNPHqOA8xmY0DNGGJ6RENOf1tF0IXjaFC42ylv0mb-zXflQ2o1VpadKg0kls3BnQIoEXY5-elhMQD7AbUh3hSEiXaATDy-2BXTLVG1JJqx_FFRP1Bw9uQx8/s1600/3odia.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="228" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj-J_8Ov1OWUIng0FamX-G2fNPHqOA8xmY0DNGGJ6RENOf1tF0IXjaFC42ylv0mb-zXflQ2o1VpadKg0kls3BnQIoEXY5-elhMQD7AbUh3hSEiXaATDy-2BXTLVG1JJqx_FFRP1Bw9uQx8/s400/3odia.jpg" width="400" /></a></div>
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<b>Relato do 3º dia (13/04/2013) do camarada Alexandre Mandl, enviado da Campanha "Tirem as Mãos da Venezuela" a Caracas:</b><br />
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A eleição é amanhã! Mas a discussão já é pós-eleições... entre conciliação e modelos, rompamos com o reformismo e a burocracia para aprofundar a revolução!<br />
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Ontem e hoje o clima é de ansiedade para a eleição de amanhã, domingo. Há tensões diante do assassinato de um trabalhador da PDVSA após a manifestação de quinta-feira, bem como da descoberta do plano de desestabilização realizado pela burguesia venezuelana junto com a CIA e com mercenários da Colômbia e El Salvador, que foram descobertos e presos.<br />
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Junto a isso, o clima estava quente por conta do anúncio de que Capriles não reconheceria o resultado. A pressão foi tremenda, inclusive do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) (Justiça Eleitoral) e dos representantes e observadores internacionais, e Capriles recuou, dizendo ontem que o povo venezuelano deverá ser o grande vencedor das eleições, pela unidade da pátria, seja qual for o vencedor.<br />
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<a name='more'></a>No entanto, essa declaração já sinaliza duas coisas: uma é a provável derrota. E segundo, como consequência, é que Maduro discurse em prol da unidade e pela reconstrução da divisão criada por Chávez. Capriles e a direita tem insistido nisso ontem e hoje.<br />
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Maduro, entretanto, deu uma ótima resposta quando perguntado se a Venezuela estava dividida, etc. Ele responde, fugindo da provocação feita, dizendo que sim! A Venezuela está dividida desde 1492, quando chegaram os espanhóis. E aí começou fazendo um retrospecto histórico mostrando como houve a divisão social na Venezuela. Longe de uma compreensão eminentemente marxista, mas claramente uma análise que procurou mostrar que essa divisão social é historicamente construída, e que, com Chávez, a polarização ficou extremamente maior, diante das diferentes perspectivas de governo e de organização popular.<br />
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Maduro não é Chávez. E o desafio que virá é enorme. Passado o clima ainda de comoção com Chávez, e isso pode durar 1-2 anos, ou pode durar mais, isso ainda não há como prever, Maduro será alvo das provocações mais reacionárias, mas, essencialmente, das tentativas de cooptação e aliança, buscando que Maduro trave o processo. Isso provocará reações nas relações com as massas, que não aceitarão recuos e lutarão para avançar suas conquistas sociais. Sem Chávez, que tinha o poder de conter os próprios anseios de avanço, o processo revolucionário poderá avançar ao socialismo, com expropriações dos grandes bancos e empresas.<br />
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Como líder sindical, operário, com grande conhecimento das questões internacionais, escolhido a dedo por Chávez, Maduro não é um “poste” como tentam mostrá-lo, como um simples sucessor de Chávez. Suceder Chávez não é algo fácil, mas, aos poucos, deverá dar um pouco de “sua cara”, e apesar de erros criminosos cometidos, como a entrega de um militante de direitos humanos exilado da Colômbia, e vacilos enquanto Ministro de Relações Exteriores, Maduro é visto como um ponto de apoio dos trabalhadores, da luta operária e que sempre se interessou pelas questões do controle operário.<br />
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Agora, a questão que mais tem me parecido ser central é justamente os movimentos de tentativa de conciliação que virão depois da eleição. Isso porque, lembremos o que já disse aqui antes, do papel do Brasil e de Lula para a Venezuela. Lula recomendou e o aconselhou a fazer alianças mais amplas como forma de superar as dificuldades que virão sem ter Chávez. Nós dizemos que, justamente por isso, ele terá que se apoiar na classe trabalhadora e na juventude, e avançar nas expropriações para construir o socialismo.<br />
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Interessante é como Capriles também tem se utilizado do “modelo brasileiro”. Perguntado num debate ontem, ele reforçou o que disse durante toda a campanha. De que não é de esquerda ou de direita, mas é um progressista, e que se for para dizer qual referência possui, diz que pretende seguir o que Lula e Dilma fizeram, tirando 30 milhões da pobreza, “uma Venezuela”, como ressalta, inclusive afirmando que Chávez não fez isso. Afirma que diferente da Venezuela, Brasil é bem visto internacionalmente, tem relações com todos os países, não possui agressividade nas relações exteriores, etc etc etc.<br />
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Tenho dito para as pessoas que isso é determinante. O papel do Brasil para a América Latina é importante para pensar a construção do socialismo e da luta dos trabalhadores em todos os países do continente. Mas impressionante é ver como o governo Lula e Dilma, que caracterizamos como um governo de contenção de classe no Brasil, também é a referência de um governo de contenção de classe em todo o continente. Já tinha ouvido isso pessoalmente no Paraguai, na Argentina e agora, aqui, ganha novas proporções. É um perigo... Capriles reivindicando o governo Lula como exemplo, cabe a todos algumas reflexões... e que sirva ao próprio Maduro e ao povo venezuelano para que percebam as armadilhas do significado dessa associação de Lula/Dilma e do Brasil como um paradigma de progresso e transformação social.<br />
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Maduro, apesar de muitos vacilos, ontem fez uma declaração que reafirma que cumprirá o “dever cívico prometido à Chávez de aprofundar o socialismo”. Caberá utilizar esse “dever cívico” para debatermos e atuarmos na prática o que é esse socialismo e quais os passos a serem dados. E aí a seção venezuelana da Corrente Marxista Internacional cumpre um importante papel, justamente por ter claro o programa a ser desenvolvido. Da mesma forma, os trabalhadores da Frente Bicentenaria de Fabricas Ocupadas, com diferentes experiências de luta pela nacionalização sob controle operário, devem seguir firmes, consolidando a visão, que aqui já se generalizou, dos erros e limites das cooperativas, mas que deverá enfrentar as armadilhas criadas pelas chamadas empresas de propriedade social.<br />
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Na próxima semana já marcamos de eu conhecer mais de perto essa realidade, e escreverei sobre isso.<br />
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Por ora, fiquemos com a ansiedade das eleições de amanhã, contando que sejamos vitoriosos, estamos com Maduro, e, depois, estejamos juntos à base, impulsionando rumo ao socialismo e às expropriações, seguros de que enfrentaremos a burguesia, mas, essencialmente, a burocracia e os reformistas.Caio Dezorzihttp://www.blogger.com/profile/15143792495611049950noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3044167252331666905.post-39415146004656417812013-04-12T16:22:00.000-03:002013-04-15T16:22:59.323-03:00Maradona apóia a Revolução Venezuelana!<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgq4gTcfh5DGtOQotYpwFi8DyN7lAHg-s0bAXJb9rNFRvb155_yd6QDapDrWLI-25m0s3klf7RNRZDzHeUajdcnSZCgUybYSYgQDzoOumOWkAYIq2tN6dNd6u6Zfdy-NRBfKu7rmUA8dzc/s1600/Maradona.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="265" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgq4gTcfh5DGtOQotYpwFi8DyN7lAHg-s0bAXJb9rNFRvb155_yd6QDapDrWLI-25m0s3klf7RNRZDzHeUajdcnSZCgUybYSYgQDzoOumOWkAYIq2tN6dNd6u6Zfdy-NRBfKu7rmUA8dzc/s400/Maradona.jpg" width="400" /></a></div>
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Diego Maradona dá seu apoio público a Nicolás Maduro em Caracas neste 11 de abril.<br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEityDbuSOVuFP0GWrZ7SHW8ggX6E5TOPgZ2BqHwRRP4hOpyGPAd6t0-l5TGj-GatZSeDM4I0K3ssd4n_8i05YBM2cwytiVyNynf4SV1juxSj9mvzEYrbEm7EyTkArxIrMfTSv3sJ-2bIos/s1600/Mara2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEityDbuSOVuFP0GWrZ7SHW8ggX6E5TOPgZ2BqHwRRP4hOpyGPAd6t0-l5TGj-GatZSeDM4I0K3ssd4n_8i05YBM2cwytiVyNynf4SV1juxSj9mvzEYrbEm7EyTkArxIrMfTSv3sJ-2bIos/s320/Mara2.jpg" width="256" /></a></div>
<br />Caio Dezorzihttp://www.blogger.com/profile/15143792495611049950noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3044167252331666905.post-73528526454931521342013-04-12T16:11:00.000-03:002013-04-15T16:11:55.659-03:00Isto você não verá na mídia burguesa (fotos)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEipYjhKmaZnJyykm2kv2cwveYgth3n7a_RWb935CzJxNJl3kShp8A2elc2z587__xtUfvVr494TJvmcJj_uGVmcenRKmPsgueWluQWmgU4HYFvTj0hBX9UnKhDISQRPqEAL6siMuJQ_BEo/s1600/Madurollena7avenidas-540x359.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="265" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEipYjhKmaZnJyykm2kv2cwveYgth3n7a_RWb935CzJxNJl3kShp8A2elc2z587__xtUfvVr494TJvmcJj_uGVmcenRKmPsgueWluQWmgU4HYFvTj0hBX9UnKhDISQRPqEAL6siMuJQ_BEo/s400/Madurollena7avenidas-540x359.jpg" width="400" /></a></div>
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;"><br /></span>
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">Mais de 3 milhões de pessoas fizeram transbordar de vermelho 7 enormes avenidas em Caracas, no ato de encerramento da campanha do candidato chavista Maduro para presidente da Venezuela ontem, 11/04/2013. Veja mais fotos da gigantesca manifestação histórica do povo venezuelano aqui:</span><br />
<a href="http://www.handsoffvenezuela.org/maduro_closing_rally.htm" rel="nofollow nofollow" style="background-color: white; color: #3b5998; cursor: pointer; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px; text-decoration: none;" target="_blank">http://<wbr></wbr><span class="word_break" style="display: inline-block;"></span>www.handsoffvenezuela.org/<wbr></wbr><span class="word_break" style="display: inline-block;"></span>maduro_closing_rally.htm</a>Caio Dezorzihttp://www.blogger.com/profile/15143792495611049950noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3044167252331666905.post-72668166967650072662013-04-12T13:16:00.000-03:002013-04-22T13:17:19.201-03:00Tributo a Chávez<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgGaNzrbIKasJ5OJMK47ASA-UekkYHlMwag2g_-sCH0pNa7ZEKu6314ZMFsOUAdV7mRUv4uOxZESv-58pAryN8O6e-4Tisc228QcSIypO_2k4PJFQ_k4k3AijMPp1PZ_BdgTe9EZPp-7ic/s1600/CHAVEZROJO.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="208" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgGaNzrbIKasJ5OJMK47ASA-UekkYHlMwag2g_-sCH0pNa7ZEKu6314ZMFsOUAdV7mRUv4uOxZESv-58pAryN8O6e-4Tisc228QcSIypO_2k4PJFQ_k4k3AijMPp1PZ_BdgTe9EZPp-7ic/s400/CHAVEZROJO.jpg" width="400" /></a></div>
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por Alan Woods<br />
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Hugo Chávez já não está mais conosco. Sempre um lutador, Chávez passou seus últimos meses numa luta de vida ou morte contra um inimigo cruel e implacável: o câncer. Brigou valentemente até o último momento, mas no final suas forças falharam. Na terça-feira, cinco de março, às 16 horas e 25 minutos, a causa da liberdade, do socialismo e da humanidade perdeu um grande homem e o autor destas linhas perdeu um grande amigo.<br />
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Embora o governo já tivesse informado de um deterioro da saúde de Chávez, com uma nova e grave infecção respiratória, a notícia de sua morte causou uma comoção. Eu conhecia o presidente como um homem saudável, enérgico e exuberante; tão cheio de vida e do desejo de viver e lutar, que sua morte parece ainda mais incrível. A muito precoce idade de 58 anos, o líder da Revolução Bolivariana nos foi arrebatado.<br />
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O pesar dos trabalhadores e dos pobres deixou-se expressar quando centenas de milhares saíram às ruas e praças chorando. Segundo alguns cálculos, dois milhões de pessoas marcharam em Caracas no dia de seu funeral.<br />
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<a name='more'></a><b>A voz dos despossuídos</b><br />
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Não importa o que se pense de Chávez, o que importa é que ele rompeu o dique e abriu as comportas. Atreveu-se a enfrentar o poder da oligarquia e a desafiar o poderoso imperialismo norte-americano. Mesmo seus inimigos e críticos declarados não podem negar que mostrou uma coragem colossal. E ao dar um exemplo de coragem, evocou tremendas forças que estavam latentes nas profundezas da sociedade venezuelana durante gerações.<br />
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Hugo Chávez falou em nome dos pobres, dos despossuídos, da “famélica legião”, e deu voz aos milhões que não tinham voz. Estes nunca o esquecerão. Ganhou outro respaldo esmagador quando foi triunfalmente reeleito como presidente em outubro do ano passado.<br />
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A Revolução realizou reformas sérias no interesse dos trabalhadores e dos pobres nos âmbitos fundamentais da educação e da saúde. Mais recentemente, tinha colocado em marcha um ambicioso plano de construção de casas. Foram construídas e entregues 250 mil moradias a famílias necessitadas nos últimos dois anos, enquanto que na Espanha, por exemplo, no mesmo período, se produziram 250 mil embargos hipotecários.<br />
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Em um momento em que todos os governos anunciaram cortes no gasto na saúde pública e na educação, a Venezuela estabeleceu um sistema de saúde pública gratuita e massiva expansão do acesso à educação em todos os níveis, incluída a educação universitária gratuita. Na Europa, sobretudo nos países capitalistas mais débeis do sul da Europa, o desemprego está alcançando proporções epidêmicas e, na Espanha e na Grécia, mais de 60% dos jovens estão desempregados. A revolução bolivariana reduziu significativamente a pobreza e o desemprego. No entanto, os meios de comunicação capitalistas falam de “caos econômico” na Venezuela! Isto é o mesmo que por a verdade de cabeça para baixo.<br />
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Contudo, a conquista mais importante da revolução tem caráter intangível, poder-se-ia dizer, moral. Ela deu às massas um sentimento de sua própria dignidade como seres humanos, lhes proporcionou um agudo sentimento de justiça, lhes deu um novo sentimento de seu próprio poder, o que lhes deu uma nova confiança. A revolução lhes deu esperança para o futuro. Do ponto de vista da classe dominante e do imperialismo, isto representa um perigo mortal.<br />
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A Revolução Bolivariana de Hugo Chávez era uma ameaça direta ao imperialismo EUA, devido ao exemplo que dá às massas oprimidas no restante da América Latina. Desde que a Doutrina Monroe foi anunciada, os governantes dos EUA consideraram a América Latina como seu próprio quintal. Uma onda revolucionária varria todo o continente latino-americano e Hugo Chávez agiu como um poderoso catalizador para o movimento revolucionário em todo o continente. Isto o converteu em inimigo público número um de Washington.<br />
<br />
No início, a oligarquia venezuelana são sabia o que pensar de Chávez. Acreditaram que seria como qualquer outro político venezuelano. Isto é, que estava à venda. Tão logo se deram conta de que não podiam comprar Chávez, puseram em marcha planos para derrubá-lo. Em 11 de abril de 2002, organizaram um golpe de Estado. Por trás deste golpe havia forças poderosas: latifundiários, banqueiros, capitalistas, meios de comunicação, a Igreja, os generais, os chefes de polícia, os dirigentes corruptos dos sindicatos e a CIA.<br />
<br />
Chávez foi preso e sequestrado. Os conspiradores se instalaram no palácio de Miraflores. Mas, em 48 horas, foram derrotados por um levantamento espontâneo das massas. Unidades do Exército, leais a Chávez, se passaram para o lado das massas e o golpe entrou em colapso ignominiosamente em 13 de abril. Pela primeira vez na história da Venezuela, as massas derrubaram um golpe de Estado. Na realidade, o poder estava em suas mãos, mas tragicamente não o sabiam. Perdeu-se uma grande oportunidade.<br />
<br />
<b>Era Chávez um ditador?</b><br />
<br />
O ódio que a classe dominante mostrou para com Chávez era o ódio dos ricos contra os pobres, dos exploradores contra os explorados. Por trás deste ódio, havia medo – o medo de perder sua riqueza, poder e privilégios. Refletia a divisão fundamental da sociedade em classes. E nunca foi eliminado. Em todo caso, foi crescendo em intensidade até sua morte e depois dela.<br />
<br />
Não lembro uma campanha de tal ferocidade nos meios de comunicação como a que se desatou contra Hugo Chávez durante toda sua vida. Nunca houve antes tal fluxo de ódio, malícia, bílis e veneno. Nunca antes a chamada imprensa livre tinha recorrido a tantas distorções, falsificações e mentiras descaradas. E a avalanche de lixo continua sendo derramada.<br />
<br />
Os argumentos mal-intencionados dos inimigos da Revolução no sentido de que Chávez era um ditador sempre foram falsos e venenosos. Independentemente do que cada um de nós possa pensar de Hugo Chávez, este, certamente, não era um ditador. Ganhou mais eleições e outros processos eleitorais que qualquer outro líder político no mundo.<br />
<br />
De fato, a revolução bolivariana foi extremamente indulgente com seus opositores que, não se deve esquecer, organizaram um golpe de Estado ilegal contra um governo democraticamente eleito em 2002. Queixam-se muito de supostos maus tratos, mas não se vê nenhuma base para estas queixas.<br />
<br />
Durante anos, aos meios de comunicação favoráveis à oposição foi permitido caluniar ao Presidente da maneira mais escandalosa, pedindo sua derrubada e até seu assassinato. Pode alguém acreditar que isto seria permitido nos EUA? RCTV, Globovisión, Venevisión... todos os canais privados de televisão, desempenharam papel muito ativo na organização do golpe de Estado de 2002. Se algum canal de televisão britânico tivesse feito uma décima parte das coisas que eles fizeram, lhes teria sido retirada a licença antes que pudessem dizer “David Cameron” e seus proprietários se encontrariam no tribunal em virtude das leis antiterroristas. Na Venezuela, tardaram mais de quatro anos para se tomar alguma medida contra algum deles, quando foi negada a renovação de sua licença de retransmissão aberta à RCTV, embora tenha sido permitida a continuar emitindo por cabo.<br />
<br />
Apesar disso, a oposição se queixou de que as eleições presidenciais de 14 de abril foram convocadas demasiado cedo. Mas se o governo não tivesse convocado eleições, como era seu dever fazê-lo, de acordo com a Constituição, se queixariam de ditadura. Ninguém impediu que a oposição se apresentasse às eleições. O problema é que as perderam. Mas isso é a democracia! A oposição se quer ser verdadeiramente democrática deve começar por respeitar a vontade da maioria das pessoas e não usar suas alavancas econômicas e o controle dos meios de comunicação para sabotar a vontade democrática do povo.<br />
<br />
<b>O papel do indivíduo na história</b><br />
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O marxismo não nega o papel do indivíduo na história. Limita-se a afirmar que os indivíduos, por mais capazes que sejam, não são agentes livres. Seu papel sempre está limitado e condicionado por circunstâncias alheias ao seu controle. Mas quando surge uma concatenação de circunstâncias, são requeridos homens e mulheres de certo tipo que saibam aproveitar essas circunstâncias para mobilizar milhões de pessoas à ação.<br />
<br />
Sem dois homens, Lênin e Trotsky, a Revolução Russa de 1917 não teria obtido êxito. Contudo, estes mesmos dois homens, durante a maior parte de suas vidas, se encontravam em pequena minoria, isolados das massas e sem poder influir nos acontecimentos de maneira decisiva. Sem o Caracazo, em fevereiro de 1989, não seria impossível que Hugo Chávez continuasse sendo um oficial do exército exercendo uma carreira militar normal e desconhecido do público.<br />
<br />
Mas há outro aspecto da questão. Sem suas ações, também é possível que aqueles trágicos acontecimentos tivessem passado à história como uma mera nota de pé de página. A sociedade e a política venezuelanas teriam voltado à rotina monótona determinada pela tradição e pela inércia do costume. O papel pessoal de Chávez foi decisivo. Ele atuou como um catalizador, o qual, quando todas as condições estão presentes, produz uma mudança dramática.<br />
<br />
Perto do final de sua vida, Frederico Engels escreveu:<br />
<br />
“Os homens fazem, eles mesmos, sua história, mas até agora não como uma vontade coletiva e de acordo com um plano coletivo, nem mesmo dentro de uma sociedade dada e circunscrita. Suas aspirações se entrecruzam; por isso em todas estas sociedades impera a necessidade, cujo complemento e forma de se manifestar é a casualidade. A necessidade que aqui se impõe através da casualidade é também, em última instância, a econômica. E é aqui onde devemos falar dos chamados grandes homens. O fato de que surja um destes, precisamente este e em um momento e país determinado, é, naturalmente, pura casualidade. Mas se o suprimimos, se colocaria a necessidade de substituí-lo, e aparecerá um substituto, bom ou mal, mas no longo prazo aparecerá” (Engels, Carta a Borgius, 25 de janeiro de 1849, Marx e Engels, Correspondência).<br />
<br />
As palavras importantes aqui são: “bom ou mau”. A qualidade dos líderes individuais é extremamente importante. Se tiver um bom dentista e ele cai enfermo, não tenho nenhuma dúvida de que se pode encontrar um substituto “bom ou mau”. Mas, para mim, não é indiferente se o substituto é um dentista competente ou não. As coisas são ainda mais graves no caso da guerra.<br />
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Se Napoleão não estivesse presente na batalha de Austerlitz, os franceses teriam encontrado um substituto, naturalmente. Mas, se este substituto teria a capacidade de ganhar a batalha é outra coisa. O mesmo acontece com as revoluções. Se Lênin e Trotsky não estivessem presentes em novembro de 1917, sabemos que os substituiriam: Stalin, Zinoviev e Kamenev. Também sabemos que sob a sua liderança a revolução russa nunca teria obtido êxito. “Bom ou mau” faz toda a diferença.<br />
<br />
A personalidade de um indivíduo pode produzir impacto sobre os processos da história. Para mim, o interessante é a relação dialética entre sujeito e objeto, ou, como Hegel o teria expressado, entre o Particular e o Universal. Seria muito instrutivo escrever um livro sobre a relação exata entre Hugo Chávez e a revolução venezuelana. Que existe tal relação, disto não se duvida. Se for positivo ou negativo, dependerá do ponto de vista de classe que cada um defende.<br />
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Do ponto de vista das massas, dos pobres e dos oprimidos, Hugo Chávez foi um homem que os elevou e que os inspirou, devido a sua indubitável coragem pessoal, a realizar atos de heroísmo sem par.<br />
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<b>Chávez e as massas</b><br />
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Há alguns anos, quando me encontrava em um giro de conferências na Itália, um jornalista de esquerda de Il Manifesto me perguntou em tom de perplexidade: “Mas Alan, que tem a ver a situação na Venezuela com o modelo clássico da revolução proletária?”. Em resposta, citei as palavras de Lênin: “Quem quiser ver uma revolução ‘pura’ nunca vai viver para vê-la. Essa pessoa fala de revolução e não sabe o que é uma revolução”.<br />
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Uma revolução é, essencialmente, uma situação em que as massas começam a participar ativamente na política e a tomar seu destino em suas próprias mãos. Leon Trotsky – que, inegavelmente, sabia algumas coisas sobre as revoluções – responde da seguinte forma:<br />
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“O traço característico mais indiscutível das revoluções é a intervenção direta das massas nos acontecimentos históricos. Em tempos normais, o Estado, seja monárquico ou democrático, está acima da nação; a história corre a cargo dos especialistas deste ofício: os monarcas, os ministros, os burocratas, os parlamentares, os jornalistas. Mas, nos momentos decisivos, quando a ordem estabelecida se torna insuportável para as massas, estas rompem as barreiras que as separam da arena política, derrubam seus representantes tradicionais e, com sua intervenção, criam um ponto de partida para o novo regime. Deixemos aos moralistas julgar se isto está bem ou mal. Para nós, basta-nos tomar os fatos tal como nos brinda seu desenvolvimento objetivo. A história das revoluções é para nós, acima de tudo, a história da irrupção violenta das massas no governo de seus próprios destinos” (Leon Trotsky, História da Revolução Russa, Prefácio).<br />
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Este é certamente o caso da Venezuela. O despertar das massas e sua participação ativa na política é a característica mais decisiva da revolução venezuelana e o segredo de seu êxito.<br />
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A relação entre Hugo Chávez e as massas foi muito complexa e dialética. Tive a oportunidade de vê-lo muitas vezes com meus próprios olhos, quando assisti a reuniões massivas quando se dirigia ao povo. Despertou entusiasmo e devoção colossais. Vimos as mesmas emoções nas ruas de Caracas nos dias antes e depois de seu funeral.<br />
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Quando Chávez falava aos operários e camponeses, o efeito sempre era elétrico. Em tais ocasiões, podia-se sentir uma espécie de reação química entre Chávez e as massas. Não havia dúvida da intensa lealdade que as massas pobres e oprimidas sentiam por este homem. Hugo Chávez, pela primeira vez, deu aos pobres e oprimidos uma voz e esperança. Esse é o segredo da extraordinária devoção e lealdade que sempre lhe mostraram. Ele lhes despertou para a vida e veem a si mesmo nele.<br />
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Os inimigos direitistas de Chávez não podiam entender a razão disto. Não podiam entender isto porque são organicamente incapazes de compreender a dinâmica da própria revolução. A classe dominante e seus intelectuais prostituídos não podem aceitar que as massas tenham mente e personalidade próprias, que formam uma força tremendamente criativa que não somente são capazes de mudar a sociedade, como também de governa-la. Nunca podem admitir tal coisa porque fazê-lo seria admitir sua própria bancarrota e confessar que não são agentes sociais necessários e indispensáveis dotados do direito divino de governar, e sim uma classe parasita e supérflua e um obstáculo reacionário ao progresso.<br />
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Mas não apenas a burguesia foi incapaz de compreender o que estava ocorrendo na Venezuela. Muitos na esquerda são igualmente incapazes de compreender este fenômeno. Incapazes de se situar no ponto de vista das massas, adotaram uma atitude arrogante, como se as massas, cujo nome estavam sempre invocando, fossem crianças ignorantes que necessitam ser educados por eles. Infelizmente para estes “esquerdistas”, as massas não mostraram o menor interesse nestes aspirantes a educadores, nem em suas lições.<br />
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Como podemos explicar a química peculiar que existia entre Hugo Chávez e as massas? É verdade que ele possuía dons únicos de comunicador: uma poderosa personalidade, um intelecto penetrante e uma profunda compreensão da psicologia e das aspirações das massas. No entanto, o verdadeiro segredo se encontra, não no âmbito da psicologia, mas das relações entre as classes.<br />
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As massas se viram refletidas em Chávez. Identificaram-se com ele como o homem que primeiros lhes despertou para a vida política e que deu voz as suas aspirações. Elas personificam a revolução nele. Para elas, Hugo Chávez e a Revolução eram uma só e mesma coisa. Escrevi sobre minhas impressões quando vi isto pela primeira vez em abril de 2004:<br />
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“Enquanto [Chávez] falava, tive a oportunidade de ver a reação das massas na grande tela por trás do presidente. Velhos e jovens, homens e mulheres, a esmagadora maioria destes pertencentes à classe trabalhadora, escutaram atentamente, absorvendo cada palavra. Aplaudiram, aclamaram, riram e, mesmo, choraram. Este era o rosto de um povo que desperta, um povo que tomou consciência de si mesmo como participante ativo no processo histórico: a cara de uma revolução”.<br />
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O processo tem caráter recíproco. Chávez hauria forças do apoio das massas, com as quais se identificava plenamente. Em sua maneira de falar – espontânea e totalmente carente da rígida formalidade do político profissional – se conectava com elas. Se às vezes havia falta de claridade, mesmo isto refletia a etapa em que se encontrava o movimento das massas. A identidade era completa.<br />
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<b>Minhas relações pessoais com Chávez</b><br />
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Conhecia Hugo Chávez há quase uma década e tinha excelentes relações pessoais com ele desde nosso primeiro encontro em abril de 2004. Causou-me impressão muito profunda e ele sempre se referia calidamente a mim como seu amigo. Leu os meus livros e foi suficientemente amável para elogiá-los e recomendá-los publicamente em várias ocasiões.<br />
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Nossas relações eram, portanto, de caráter político e ideológico. Contudo, as tentativas da oposição de me descrever como assessor e mesmo seu “guru” político eram totalmente falsas. Era uma tentativa mal dissimulada de inventar algum tipo de influência externa maligna no Presidente. De fato, não era fácil influenciar ao presidente Chávez, que era um homem muito inteligente e independente, com uma vontade muito forte.<br />
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Hugo Chávez possuía uma energia ilimitada. Sempre parecia estar transbordante de energia e falando sem parar sobre todo tipo de coisas. Isto não o tornou um homem fácil de trabalhar com ele, como seu secretário pessoal me disse: “Eu faria qualquer coisa por ele, mas nunca há um momento de paz. Às vezes, não posso sequer ir à privada. Começo a caminhar nessa direção e alguém grita: ‘o presidente pede tua presença! ’. Não era um homem que se cansasse facilmente. Tinha imensas reservas de energia, começando a trabalhar todos os dias antes das oito da manhã e terminando às três da manhã. Perguntei-lhe, então, se já ia dormir. Respondeu-me: ‘Não, ainda vou ler’”.<br />
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Conheci Chávez em abril de 2004, quando assisti ao II Encontro Internacional de Solidariedade à Revolução Venezuelana, que se celebrou no segundo aniversário da derrota da tentativa de contrarrevolução de abril de 2002. Não conheci muitas pessoas em minha vida que me tenham causado uma impressão tão profunda e duradoura.<br />
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Apresentei-me como autor de Razão e Revolução. Apertando com firmeza minha mão, olhou-me curiosamente: “Que livro disse?”.<br />
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“Razão e Revolução”.<br />
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Um amplo sorriso iluminou seu rosto. “Esse livro é fantástico! Felicito-te”.<br />
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Logo, olhando ao seu redor, anunciou: “Todos vocês devem ler este livro!”.<br />
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Ia me retirar, para que outros pudessem conhecer ao Presidente, quando me deteve. Agora parecia estar alheio ao que o rodeava e falou com evidente entusiasmo: “Sabes? Tenho esse livro em minha mesa de cabeceira e estou lendo-o todas as noites. Cheguei ao capítulo sobre ‘O processo molecular da revolução’. Já sabes, onde escreves acerca da energia de Gibbs”. Parece que esta seção teve um impacto considerável sobre ele, porque o cita continuamente em seus discursos. O senhor Gibbs provavelmente nunca foi tão famoso antes.<br />
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Mais tarde, fui convidado a me reunir com o Presidente no palácio de Miraflores. Avisaram-me que dispunha de um quarto de hora ou vinte minutos no máximo. Na verdade, falamos durante uma hora e meia. Quando entrei em seu escritório, estava sentado à mesa, com um enorme retrato de Simón Bolívar detrás dele. Sobre a mesa, notei que tinha um volume de Razão e Revolução e uma carta que lhe havia enviado. A carta havia sido fortemente sublinhada em azul.<br />
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Chávez me saudou muito afetuosamente. Aqui não houve protocolo, e sim receptividade e franqueza. Começou me perguntando por Gales e por meus antecedentes familiares. Expliquei-lhe que era de uma família da classe trabalhadora e me respondeu que ele era de uma família camponesa. “Bem, Alan, que tens a dizer?”, perguntou-me. Na realidade, eu estava mais interessado no que ele tivesse a dizer, que era muito interessante.<br />
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Primeiro lhe apresentei dois livros: minha história do Partido Bolchevique (Bolchevismo, o caminho à revolução) e Rússia – da revolução à contrarrevolução, de Ted Grant. Parecia estar muito satisfeito. “Encantam-me os livros”, disse-me. “Se são bons livros, ainda gosto mais. Mas, mesmo quando são maus livros, continuam me dando prazer”.<br />
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<b>Fermentação nas forças armadas</b><br />
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Abrindo o livro sobre o Bolchevismo, leu a dedicatória que havia escrito que diz: “Para o presidente Hugo Chávez com meus melhores votos. O caminho à revolução passa pelas ideias, programa e tradições do marxismo. Adiante para a vitória!”. Disse-me: “Essa é uma dedicatória maravilhosa. Obrigado, Alan”. Começou a passar as páginas e se deteve:<br />
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“Vejo que escreves sobre Plekhanov”.<br />
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“Exatamente”.<br />
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“Li um livro de Plekhanov há muito tempo e me causou uma grande impressão. Chamava-se O papel do indivíduo na história. Você o conhece?”<br />
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“É claro que sim”.<br />
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“O papel do indivíduo na história”, refletiu. “Bom, eu sei que nenhum de nós é realmente indispensável”, disse.<br />
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“Isto não é totalmente correto”, respondi-lhe. “Há momentos na história em que um indivíduo pode representar uma diferença fundamental”.<br />
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“Sim, fiquei feliz de ver que, em Razão e Revolução, dizes que o marxismo não se pode reduzir aos fatores econômicos”.<br />
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“Isso é correto. Dizer o contrário é uma caricatura vulgar do marxismo”.<br />
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“Sabes quando li o livro de Plekhanov, O papel do indivíduo na história?” perguntou-me.<br />
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“Não tens ideia”.<br />
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“Li-o quando era oficial em serviço em uma unidade de luta contra a guerrilha nas montanhas. Deram-nos material para ler para que pudéssemos compreender a subversão. Li que os subversivos operam no meio do povo, defendem seus interesses e ganham seus corações e mentes. Pareceu-me uma ideia bastante boa!”.<br />
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“Então, comecei a ler o livro de Plekhanov e me causou uma profunda impressão. Lembro que era uma formosa noite estrelada nas montanhas e eu estava na minha tenda de campanha lendo à luz de uma lanterna. As coisas que li me fizeram pensar e comecei a me questionar sobre o que estava fazendo no exército. Senti-me muito infeliz.<br />
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“Para nós não havia problemas, marchando nas montanhas com fuzis na mão. A guerrilha tampouco tinha problemas – estava fazendo o mesmo que nós. Mas os que sofriam eram os camponeses. Estavam indefesos e tinham uma vida dura. Lembro-me de um dia em que fomos a um povoado e vi alguns dos soldados torturando dois camponeses. Dei-lhes voz de alto imediato e lhes disse que não consentiria nada disto enquanto eu estivesse no comando.<br />
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“Bom, isso realmente me meteu em problemas. Tentaram mesmo levar-me a julgamento por insubordinação militar [deu ênfase especial às duas últimas palavras]. Depois disso decidi que o exército não era lugar para mim. Queria renunciar, mas me impediu um velho comunista que me disse: ‘Tu és mais útil à Revolução no exército que dez sindicalistas’. Assim, que fiquei. Agora penso que foi uma decisão correta.<br />
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“Sabias que criei um exército nas montanhas? Era um exército de cinco homens. Mas tínhamos um nome muito longo. Chamávamo-nos O Exército de Libertação Nacional Popular Simón Bolívar”. Riu à vontade.<br />
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“Quando foi isso?”, perguntei-lhe.<br />
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“Em 1974. Podes ver, disse-me a mim mesmo: esta é a terra de Simón Bolívar. Tem que haver algo de seu espírito ainda vivo, algo em nossos genes, suponho. Assim, nos propomos revivê-lo”.<br />
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Chávez continuou como se pensasse em voz alta:<br />
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“Há dois anos, no momento do golpe, quando fui detido e me levaram preso, pensei que ia ser fuzilado. Perguntei-me a mim mesmo: desperdicei os últimos 25 anos de minha vida? Foi tudo em vão? Mas não foi em vão, como o levantamento do regimento de paraquedistas mostrou”.<br />
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<b>Chávez relembra o golpe</b><br />
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Chávez me falou com certo detalhe sobre o golpe. Relatou como o mantiveram em completo isolamento. Os rebeldes queriam pressioná-lo para assinar um documento renunciando a seu cargo. Então lhe deixariam ir para o exílio em Cuba ou em algum outro lugar. Não precisava ser eliminado fisicamente, mas moralmente, para ficar desacreditado aos olhos de seus seguidores. Mas se negou a assinar.<br />
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Os conspiradores utilizaram todo tipo de truques para conseguir que renunciasse. Inclusive utilizaram a Igreja (da qual Chávez falou causticamente).<br />
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“Sim, inclusive enviaram ao Cardeal para me persuadir. Disse-me um monte de mentiras: que não tinha apoio; que todos me haviam abandonado; que o exército estava firmemente por trás do golpe. Eu não tinha informação, e estava completamente isolado do mundo exterior. Mas ainda assim me neguei a assinar.<br />
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“Meus captores estavam ficando nervosos. Estavam recebendo um montão de chamadas telefônicas de Washington exigindo saber onde estava a carta assinada de renúncia. Quando viram que a carta não chegava, ficaram desesperados. O cardeal me pressionou para assinar a fim de evitar a guerra civil e o derramamento de sangue. Mas, em seguida, me dei conta de uma mudança repentina em seu tom. Tinha se tornado cortês e conciliador. Disse para mim mesmo: se ele está falando assim, deve ter se passado alguma coisa.<br />
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“Nesse momento soou o telefone. Um de meus captores disse: ‘é o ministro da defesa. Quer falar com você’. Disse-lhe que não falaria com nenhum golpista. Então, ele disse: ‘mas é o seu ministro da defesa’. Arranquei-lhe o telefone da mão e então ouvi uma voz que soava como o sol. Não sei se posso dizer isto, mas de todos os modos, era assim exatamente que isto me soava”.<br />
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Desta conversa pude formar uma impressão de Chávez como homem. A primeira coisa que chama a atenção é que era transparentemente honesto. Sua sinceridade era absolutamente clara, como o era sua dedicação à causa da revolução e seu ódio à injustiça e à opressão. Naturalmente, estas qualidades por si mesmas não são suficientes para garantir a vitória da revolução, mas sem dúvida explicam sua tremenda popularidade entre as massas.<br />
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Depois da derrota do golpe teria sido possível realizar uma revolução socialista de maneira rápida e indolor. Por desgraça, a oportunidade se perdeu e isto permitiu aos reacionários se reagrupar e organizar um novo intento golpista no chamado ‘paro (na realidade um fechamento) patronal’, que produziu um grave dano à economia. A nova tentativa foi derrotada pelos trabalhadores, que tomaram o controle das fábricas e das instalações petrolíferas e expulsaram os reacionários. Mais uma vez existia a possibilidade de uma transformação radical sem uma guerra civil. E mais uma vez se perdeu a oportunidade.<br />
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<b>A luta pelo socialismo</b><br />
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Em nossa primeira reunião me perguntou que pensava do movimento na Venezuela. Respondi-lhe que era muito impressionante, que as massas eram claramente a principal força motriz e que todos os ingredientes estavam presentes para levar a revolução até o final, mas que lhe faltava algo. Perguntou-me o que era isso. Respondi-lhe que a debilidade do movimento era a ausência de uma ideologia claramente definida e a ausência de quadros. Ele estava de acordo.<br />
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“Sabes, eu não me considero marxista porque não li suficientes livros marxistas”, disse.<br />
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Desta conversa saquei a impressão de que Hugo Chávez estava à procura de ideias e que estava genuinamente interessado nas ideias do marxismo e desejoso de aprender. Escrevi nesse momento: “Isto se relaciona com a etapa a que a revolução venezuelana chegou. Mais cedo do que muitos esperam, ela enfrentará uma dura escolha: ou liquidar o poder econômico da oligarquia, ou dirigir-se logo para uma derrota”. Os acontecimentos posteriores demonstraram que minhas primeiras impressões estavam bem fundadas.<br />
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Hugo Chávez desempenhou um papel muito importante na reabertura do debate sobre o socialismo em um momento em que muitos o haviam descartado. O presidente recomendava com frequência a leitura das obras de Marx, Lênin e Trotsky. Isto foi enormemente positivo.<br />
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O desenvolvimento das ideias políticas de Hugo Chávez representa uma evolução na qual participaram muitos fatores. Desenvolveu-se e cresceu em estatura junto com a Revolução. A Revolução em si é uma poderosa escola onde milhões de homens e mulheres aprendem através de sua experiência. Lênin, que era um dos maiores teóricos marxistas, disse uma vez que para as massas um grama de prática vale uma tonelada de teoria.<br />
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Esta curva de aprendizagem da Revolução não é uma linha reta. Há momentos em que a revolução pressiona para frente, varrendo tudo ao seu passo. Mas também há momentos de cansaço, desilusão, inclusive de desespero. Pode haver todo tipo de contratempos, confusão, retrocessos e erros. Mas depois de cada revés as massas aprendem de seus erros, tiram conclusões e a passam a um plano superior. O propósito de uma direção e de um partido revolucionário é ajudar a manter o número de erros no mínimo.<br />
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Seria possível assinalar toda uma série de contradições, dúvidas e inconsistências na evolução política de Chávez nos últimos 14 anos. Mas a linha geral foi sempre à esquerda. A razão destas contradições há que se buscar nas pressões que forças de classes opostas exerceram sobre o Movimento Bolivariano.<br />
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A pressão da burguesia e do imperialismo se refletiu pela ala direita do movimento bolivariano e da burocracia contrarrevolucionária. Por outro lado, a pressão dos trabalhadores e camponeses encontrou sua expressão nas bases do PSUV. Estas pressões às vezes empurraram o Movimento à direita, mas isto foi contraposto pela pressão das bases.<br />
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Em janeiro de 2005, o presidente Chávez deu um discurso no Estádio Gigantinho na sessão de fechamento do Foro Social Mundial em Porto Alegre, Brasil. Neste discurso, disse: “Cada dia estou mais convencido, sem nenhuma dúvida em minha mente e como disseram muitos intelectuais, de que é necessário superar o capitalismo. Mas o capitalismo não pode ser superado de dentro do próprio capitalismo, e sim através do socialismo, do verdadeiro socialismo, com igualdade e justiça. Mas também estou convencido de que é possível fazê-lo sob a democracia, mas não o tipo de democracia imposta a partir de Washington [...] É impossível dentro do marco do sistema capitalista resolver os graves problemas de pobreza da maioria da população mundial. Devemos superar o capitalismo. Mas não podemos recorrer ao capitalismo de estado, que seria a mesma perversão da União Soviética”.<br />
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Estive presente em um comício em Caracas, quanto pela primeira vez Chávez fez sua dramática declaração de que ele era um socialista. Se não me falha a memória, foi em dezembro de 2004. Fez estas declarações no Teatro Teresa Carreño de Caracas, que estava cheio de trabalhadores e jovens vestidos de camisetas vermelhas. Depois de haver falado durante bastante tempo, de repente afastou os papéis para um lado e disse:<br />
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“Agora quero dizer algo de mim mesmo. Nos últimos anos estive pensando muito. Tive um montão de experiência. Li muito. Tive muitas discussões e cheguei à seguinte conclusão: EU SOU SOCIALISTA!”.<br />
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Nesse momento, a sala explodiu em aplausos e gritos entusiastas. Eram estas as palavras que as pessoas queriam ouvir. Mas me dei conta de algo bastante estranho. Eu me encontrava na parte dianteira da sala com o irmão do presidente, Adán Chávez, rodeado de ministros do governo. Dei-me conta que nem todos os ministros estavam aplaudindo.<br />
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Chávez disse: “Fui aprendendo na realidade... sobretudo depois do golpe de abril de 2002, depois da arremetida imperialista com essa selvagem ação da sabotagem econômica, terrorismo; me dei conta que o único caminho para sermos livres, para que a Venezuela seja livre, independente, o único estado no qual o povo possa gozar do benefício da igualdade e da justiça social, é o socialismo”.<br />
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À pergunta de que papel desempenharam meus escritos nesta evolução, não posso contestar com certeza. Mas houve um incidente que pode lançar alguma luz sobre esta questão. Durante o Festival Mundial da Juventude em 2005, onde o Presidente falou e fez um discurso muito radical, citando Marx, Trotsky e Rosa Luxemburgo. No final, cumprimentei-o e o felicitei por seu discurso. Ele continuou apertando minha mão e disse, olhando-me fixamente nos olhos: “Não, é somente algumas reflexões sobre as ideias que aprendi de ti”.<br />
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Mais tarde, em Alô Presidente (domingo, 27 de junho de 2008) se referiu a meu livro Reformismo ou Revolução, Marxismo e Socialismo do Século XXI da seguinte forma: “Olhem, Alan Woods, Reformismo ou Revolução; reformismo, até quando? Eu o estou lendo a fundo, estou tomando nota deste livro”. Em outra ocasião, disse: “A Revolução tem aliados em todo o mundo. Um deles é a Corrente Marxista Internacional. Marx voltou, e com ele, suas ideias, que são um elemento insubstituível das ideias da revolução”.<br />
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<b>O câncer da burocracia</b><br />
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Uma revolução exitosa sempre tem muitos “amigos”. Esses elementos de classe média que se sentem atraídos pelo poder como moscas pelo mel, que estão dispostos a cantar elogios à Revolução, sempre e quando se mantenham no poder, mas que não fazem nada de útil para salvá-la de seus inimigos, que choram algumas lágrimas de crocodilo quando é derrotada, e no dia seguinte passam ao segundo ponto da ordem do dia: tais “amigos” se conseguem aos pares por um centavo. Um verdadeiro amigo não é alguém que sempre te diz que tens razão. Um verdadeiro amigo é alguém que não tem medo de olhar-te nos olhos e dizer-te que te equivocas.<br />
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Os melhores amigos da Revolução Venezuelana – de fato, seus únicos amigos verdadeiros são a classe trabalhadora do mundo e seus representantes mais conscientes – são os marxistas revolucionários. São as pessoas que vão mover céus e terras para defender a revolução venezuelana contra seus inimigos. Ao mesmo tempo, os verdadeiros amigos da Revolução – amigos honestos e leais – sempre dizem o que pensam sem medo. Quando consideramos que está se tomando o caminho correto, vamos elogiá-lo. Quando pensamos que estão sendo cometidos erros, de forma amistosa, mas firme, vamos criticá-los. Que outro tipo de conduta se deve esperar dos revolucionários e internacionalistas reais?<br />
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A revolução enfrenta muitos perigos, não somente externamente, mas internamente. Há alguns anos, o presidente Chávez me disse: “Há demasiados governadores e alcaides que, depois de serem eleitos, se rodeiam de homens ricos e mulheres formosas e se esquecem do povo”. Referiu-se em mais de uma ocasião à burocracia contrarrevolucionária. Esta existe e constitui uma espécie de Quinta Coluna dentro da Revolução.<br />
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As massas estavam aprendendo rapidamente na escola da revolução e tirando suas conclusões. A principal conclusão foi que o processo revolucionário deve ser empurrado para frente, deve enfrentar seus inimigos e varrer todos os obstáculos para o lado. Este desejo ardente das massas, contudo, constantemente se chocava com a resistência dos elementos conservadores e reformistas que estão pedindo constantemente precaução e que, na prática, querem por um freio à revolução. O destino da revolução depende da solução desta contradição.<br />
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O instinto de Chávez foi sempre o de ir com os trabalhadores e camponeses. Contudo, enfrentou uma burocracia hostil, que continuamente frustrava seus planos, derrogava seus estatutos e sabotava a Revolução. Se há de ser criticado é por haver sido demasiado tolerante com estes elementos durante demasiado tempo. Creio que o fez porque temia que as divisões no movimento pudessem socavar a Revolução. Isso foi um erro. O que socava a revolução é a corrupção e o arrivismo. A burocracia é um câncer que corrói as entranhas da Revolução e a destrói a partir de dentro.<br />
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Infelizmente, dentro do PSUV e do movimento bolivariano há gente em cargos públicos, governadores, alcaides etc., que juram por Chávez em cada frase, que usam camisetas vermelhas, mas que na realidade são oportunistas, arrivistas e burgueses corruptos, que não têm nada a ver com a revolução. Estes elementos estiveram bloqueando a iniciativa revolucionária das massas e inclusive socavando os decretos do presidente Chávez.<br />
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Os trabalhadores e camponeses correntes deveriam colher uma grande escova e varrer todo este lixo fora do Movimento e tomar o controle. Enquanto não se fizer isto, não se pode falar de verdadeiro socialismo na Venezuela.<br />
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<b>O internacionalismo de Chávez</b><br />
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Chávez sempre falou nos termos mais inequívocos sobre seu compromisso com o socialismo, não somente na Venezuela e na América Latina, mas em escala mundial. Por exemplo, quando em 2009 lançou a ideia de formar a Quinta Internacional, que mais tarde foi sabotada pela burocracia e pelos estalinistas, disse: “Retomemos o canto da grande Rosa Luxemburgo, socialismo ou barbárie, salvemos o mundo, façamos o socialismo, salvemos o mundo, derrotemos o imperialismo, salvemos o mundo, derrotemos ao capitalismo”.<br />
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Denunciou os crimes do imperialismo EUA nos termos mais fortes. No discurso ante as Nações Unidas que todos recordam, se referiu ao então presidente dos EUA, George W. Bush, como “o diabo”.<br />
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“O diabo está na casa. Ontem veio o diabo aqui, neste lugar. Ainda fede a enxofre... Ontem, senhoras, senhores, desde esta tribuna, o senhor presidente dos Estados Unidos, a quem chamo ‘O Diabo’, veio aqui falando como dono do mundo”.<br />
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Como marxista, não creio no diabo, mas o que é certo é que as ações desse presidente tão cristão, George W. Bush, e de seu piedoso compincha, Tony Blair, tornaram o Iraque e o Afeganistão em um inferno para milhões de pessoas. Já era hora de que alguém falasse com valentia para denunciar seus crimes e fazê-lo, não na linguagem hipócrita da diplomacia, mas em adequada linguagem enfática. Os hipócritas fingiram estar surpresos, mas o resto do mundo aplaudiu.<br />
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Acerca de George W. Bush, Chávez se expressou com o mais profundo desprezo. Ele me disse:<br />
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“Pessoalmente, Bush é um covarde. Atacou Fidel Castro em uma reunião da OEA, quando Fidel não estava presente. Se ele estivesse ali, não se teria atrevido a fazê-lo. Dizem que tem medo de se cruzar comigo e acredito nisto. Trata de me evitar. Mas uma vez coincidimos em uma cúpula da OEA e ele estava sentado muito próximo de mim”.<br />
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Chávez riu intimamente. “Eu tinha uma dessas cadeiras giratórias e estava sentado de costas para ele. Então, depois de um tempo, dei a volta na cadeira e repentinamente estava cara a cara com ele. ‘Olá, senhor presidente! ’, disse-lhe. Seu rosto mudou de cor; de vermelho a cor de amora, de cor de amora a azul. Pode-se ver que o homem tem uma multidão de complexos. Isso o torna perigoso devido ao poder que tem nas mãos”.<br />
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Havia, naturalmente, alguns elementos da política da República Bolivariana com os quais os marxistas não estariam de acordo. Seus maiores pontos débeis estavam no campo da política exterior. Numa tentativa de superar o isolamento diplomático que estava sendo organizado pelo imperialismo EUA, o governo buscou aliados em alguns lugares muito inusitados. Trataram de formar um bloco, sobretudo dos países produtores de petróleo, contra o imperialismo estadunidense.<br />
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Em princípio, isso não era incorreto. Com o fim de romper seu isolamento, a jovem República Soviética construiu relações com países como a Turquia de Kemal Ataturk. Mas esta política foi complementada com as atividades da Internacional Comunista. Contudo, o cultivo de relações com líderes como os do Irã, foi um grave erro, que arranhou a reputação da Revolução Bolivariana no Irã e no Oriente Médio.<br />
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Mas Chávez foi um verdadeiro internacionalista. Quando denunciou os crimes do imperialismo dos EUA sempre fez uma cuidadosa distinção entre a classe dominante e as pessoas comuns dos Estados Unidos, com as quais não albergava sentimentos de hostilidade, muito pelo contrário. No momento de seu famoso discurso na ONU, tomou a medida sem precedentes de visitar o Bronx do Sul, um bairro de pobres e da classe trabalhadora de Nova Iorque. As pessoas ainda se lembram dessa visita. Que outro líder mundial faria uma coisa assim?<br />
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Quando falava de socialismo, sempre falava da necessidade de socialismo mundial. Esta ideia ele a compartilhava com a tendência que represento. Em muitas ocasiões, Hugo Chávez expressou seu firme apoio à campanha Mãos Fora da Venezuela.<br />
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<b>Tarefas por terminar</b><br />
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Chávez morreu antes de completar a grande tarefa que se tinha proposto a si mesmo: a realização da revolução socialista na Venezuela. Cabe agora aos trabalhadores e camponeses – a autêntica força motriz da Revolução Bolivariana – realizar esta tarefa até o final. Se não o fizer, será uma traição a sua memória.<br />
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O presidente Nicolás Maduro prometeu manter o legado revolucionário, anti-imperialista e socialista de Chávez. O Movimento Bolivariano deve defender o legado revolucionário de Chávez e levar a cabo a revolução até o final. Do contrário, enfrentará o fracasso. Mas dentro do movimento bolivariano há diferentes correntes e tendências.<br />
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A ala esquerda, refletindo as aspirações revolucionárias das massas, deseja continuar adiante com a Revolução, vencer a resistência da oligarquia e armar o povo. A direita (os reformistas e socialdemocratas), na prática, quer por um fim à revolução, ou pelo menos torna-la mais lenta e chegar a um acordo com a oligarquia e o imperialismo.<br />
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Na realidade, esta última opção não existe. Não há compromisso possível com os inimigos da Revolução, da mesma forma que não é possível misturar o azeite com a água. Toda a lógica da situação está se movendo na direção de um enfrentamento aberto entre as classes. O destino da revolução depende de como se resolva este conflito.<br />
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As conquistas da Revolução somente podem se garantir se se dá um passo audaz à frente, verdadeiramente irreversível. Estou seguro de que isto era o que o Presidente Chávez pretendia fazer, mas sua morte prematura o impediu de realizar este plano. Aceito que há muitos problemas, mas estou seguro de que a principal razão é que uma verdadeira economia planificada não é possível enquanto os pontos chave da economia permaneçam em mãos privadas. Pode-se ter uma economia capitalista de mercado ou uma economia socialista planificada, mas não se podem ter ambas as coisas. Não se pode planificar o que não se controla e não se pode controlar o que não se possui.<br />
<br />
Para se avançar ao socialismo, primeiro há que romper o poder econômico da oligarquia que o utiliza para sabotar o processo revolucionário. Isto significa jogar duro com a sabotagem econômica, o açambarcamento, a fuga de capitais e a especulação. A única forma de resolver os problemas econômicos é mediante a nacionalização da terra, dos bancos e das principais indústrias sob o controle operário.<br />
<br />
Tão logo a notícia da enfermidade do Presidente se tornou pública, levantaram-se vozes a favor de uma “transição”, que para elas significava o abandono dos objetivos socialistas da Revolução e o compromisso com a burguesia e a oposição. Chávez respondeu a isto dizendo que “a única transição que se coloca e se deve acelerar é a transição do capitalismo ao socialismo”. Isso é cem por cento correto. A revolução deve avançar para substituir o velho Estado burguês por novas instituições democráticas baseadas nos conselhos operários revolucionários socialistas, nos conselhos comunais etc.<br />
<br />
Há muitos desafios, tanto externos quanto internos. A revolução enfrenta uma campanha constante de sabotagem por parte da oligarquia e do imperialismo, que se negam a reconhecer a vontade da maioria expressada democraticamente em numerosas ocasiões. Para enfrentar estes desafios será necessário adotar medidas sérias.<br />
<br />
As mesmas forças que organizaram o golpe de Estado de 2002, a sabotagem patronal de 2002-03, as guarimbas (armadilhas, tumultos de rua, provocações) em 2004, que introduziram os paramilitares colombianos... são as mesmas forças que, nos últimos dois meses, organizaram uma campanha de rumores, insinuações, especulação e açambarcamento desprezíveis. Nada mudou.<br />
<br />
<b>Realizemos o legado de Chávez!</b><br />
<br />
Em 12 de agosto de 2009, o jornal diário Público reproduziu uma entrevista com Chávez, onde lemos o seguinte:<br />
<br />
Pergunta: “Chávez é imprescindível para consolidar a revolução bolivariana?”.<br />
<br />
Resposta: “Bertolt Brecht disse aquilo de que os que lutam toda a vida são os imprescindíveis. Desse ponto de vista, sou um lutador de toda a vida. E seria um dos imprescindíveis. Mas não o sou. Agora, muito além do individual, quando se fala de imprescindível, poderíamos buscar uma palavra mais aplicável à política. Prefiro falar das condições necessárias e das condições suficientes. Carlos Marx falava de condições objetivas e subjetivas. Já o disse. Não tenho nada de especial que tu não tenhas. O que sou é produto de umas circunstâncias históricas. Um conjunto de condições objetivas e subjetivas que se foram criando na Venezuela.<br />
<br />
“Atribuir a Hugo Chávez, aquele menino que nasceu há 55 anos em uma choça, a um camponês que se tornou soldado, todo o vento do mal, como disse um dia Bolívar, é impossível. Isso seria dar-me uma importância que não mereço. Fui arrastado pelas circunstâncias e desempenho meu papel, meu rol. A existência de Chávez é necessária, mas não suficiente. Para que haja uma revolução faz falta um povo consciente e unido, um projeto e uma consciência. Na Venezuela se apresentaram estas condições”.<br />
<br />
O Presidente, sem dúvida, era demasiado modesto aqui quando descrevia seu próprio papel. Que ele era o produto de seu tempo e das condições particulares que existiam em seu país, ninguém pode duvidar. Mas houve muitos outros que eram produto das mesmas condições, incluindo os que se descrevem a si mesmos como revolucionários e comunistas, e que, contudo, não foram capazes de desempenhar o papel que ele desempenhou.<br />
<br />
Não havia ninguém como Chávez quando estava vivo e não há uma só pessoa que o possa substituir agora que está morto. É evidente que apoiamos a eleição de Nicolás Maduro à presidência. Mas devemos questionar seriamente a ideia de que um homem sozinho possa levar a revolução à vitória. Esta era uma debilidade da qual o Presidente Chávez era muito consciente e falamos disso em mais de uma ocasião.<br />
<br />
Admirava e respeitava ao Presidente ao vê-lo com um homem muito honesto e como um líder excepcional. Contudo, uma revolução não pode depender de um só homem. Chávez o sabia muito bem. Em três de julho de 2008, convidou-me a acompanha-lo em seu automóvel durante uma campanha eleitoral na Ilha de Margarita. Assinalou a multidão de pessoas entusiasmadas com camisetas vermelhas, aplaudindo desde os lados da rodovia. Voltou-se para mim e me disse: “Esta é a gente que deve tomar o controle desta revolução”.<br />
<br />
No dia de sua morte, estas palavras estiveram ressoando de novo em minha mente. Agora que Hugo Chávez já não está conosco, o futuro da revolução bolivariana e seu avanço para o socialismo dependerá dos trabalhadores, dos pobres, dos camponeses e da juventude revolucionária que têm sido a força motriz da revolução e que a defenderam em todos os momentos críticos. Tudo depende disto.<br />
<br />
Depois da morte de Chávez, a revolução venezuelana se encontra em uma encruzilhada. As massas derrotaram a reação em muitas ocasiões. Demonstraram em repetidos momentos sua vontade de mudar a sociedade. Mas as forças da reação não foram derrotadas. A oligarquia continua controlando as alavancas chaves da economia e está constantemente conspirando contra a Revolução. Washington está participando em conspirações contrarrevolucionárias.<br />
<br />
Hugo Chávez já não está conosco. Mas a história da Revolução venezuelana não terminou. Há vários finais possíveis e nem todos eles são agradáveis de contemplar. As massas ainda estão aprendendo, o Movimento Bolivariano ainda está se desenvolvendo. A tremenda polarização entre as classes terminará em um enfrentamento em que todos os partidos, tendências, programas e indivíduos serão postos à prova.<br />
<br />
Repito o que escrevi logo depois de meu primeiro encontro com o presidente Chávez:<br />
<br />
“Que se necessita? Ideias claras, uma compreensão científica e um programa, política e perspectivas consequentemente revolucionárias.<br />
<br />
“A única garantia para o futuro da Revolução Bolivariana consiste no movimento a partir da base: o movimento de massas que, encabeçado pela classe trabalhadora, deve tomar o poder em suas próprias mãos. Isso exige a rápida construção da Corrente Marxista Revolucionária, a seção mais consequentemente revolucionária do movimento.<br />
<br />
“Creio que um crescente número de pessoas no Movimento Bolivariano está buscando as ideias do marxismo. Estou seguro de que isto se aplica a muitos de seus dirigentes. E Hugo Chávez? Disse-me que não era marxista porque não havia lido suficientes livros marxistas. Mas ele os está lendo agora. E, em uma revolução, as pessoas aprendem mais em 24 horas que em 20 anos de existência normal. No final, o marxismo atrairá a todos os melhores elementos da sociedade venezuelana e os fundirá em uma força de combate invencível. É nesta rota onde se encontra a possibilidade da vitória”.<br />
<br />
Estas linhas foram escritas há nove anos. Não vejo nenhuma razão para mudar uma só palavra hoje.<br />
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Londres, 11 de abril de 2013.Caio Dezorzihttp://www.blogger.com/profile/15143792495611049950noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3044167252331666905.post-18152592665807150842013-04-11T16:08:00.000-03:002013-04-15T16:08:43.672-03:00Manifestação histórica em Caracas: 3 milhões nas ruas!<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhZBMX6B9-Y26twyU95u9oMHc3BA8hxCq4FCFHEwZombwi56M9l1XVaKLO55EXHsmv38ipzmN35PMe95HasMfNAQAtMSw1rXTW4WpFMHNgI8pNDtC4CO27IeoWcwxugQKqyEFNnH3Zmkro/s1600/Massa.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="265" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhZBMX6B9-Y26twyU95u9oMHc3BA8hxCq4FCFHEwZombwi56M9l1XVaKLO55EXHsmv38ipzmN35PMe95HasMfNAQAtMSw1rXTW4WpFMHNgI8pNDtC4CO27IeoWcwxugQKqyEFNnH3Zmkro/s400/Massa.jpg" width="400" /></a></div>
<b><br /></b>
<b>Relato do 2º dia (11/04/2013) do camarada Alexandre Mandl, enviado da Campanha "Tirem as Mãos da Venezuela" a Caracas:</b><br />
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Hoje, 11 de abril, foi um dia histórico na Venezuela. Primeira concentração e marcha da revolução sem Chávez.<br />
<br />
Há 11 anos, a burguesia, junto com o imperialismo, dava um golpe de Estado, mas são surpreendidos pelas massas venezuelanas que colocam, na marra, Chávez de volta, no que todos conhecem pelo documentário “La revolución no será televisionada”. Depois desse golpe, o processo avançou, rompendo a sabotagem patronal, com o povo venezuelano percebendo seu protagonismo.<br />
<br />
<a name='more'></a>Também relembrando que em 04 de fevereiro de 1992, há 21 anos, Chávez liderava um golpe contra a burguesia, organizando um setor dos militares. Preso, pede desculpas e diz, publicamente, que “por ahora, no tomaremos el poder”. 21 anos depois, o que hoje se cantava nas ruas de Caracas é que “lo que fué “por ahora”, se volvió “para siempre”.<br />
<br />
Impressionante a garra do povo venezuelano com Chávez, mas também na vontade de defender um processo que tem trazido inúmeros avanços e que há clara percepção de ser um governo contra tudo que foi antes da eleição de Chávez. A reação contra os “yanquis de mierda” é muito forte e justificada. Por isso, a palavra de ordem mais escutada nos últimos 14 anos é “no volverán”.<br />
<br />
Hoje a manifestação atingiu seu objetivo de ter 3 milhões de pessoas nas ruas de Caracas. Além da Avenida Bolívar, palco tradicional das concentrações populares, três quadras para cada lado também estavam tomadas pela população. O clima de festa e alegria era recheado por músicas e palavras de ordem. Muitas faixas e cartazes que diziam, resumidamente, que “Chavez Vive, La Lucha Sigue!”.<br />
<br />
Para as eleições, o objetivo é atingir 10 milhões de votos, e mostrar para a burguesia que diferentemente do que ela imaginava, a morte de Chávez não enfraqueceu o processo revolucionário. É por isso que, desesperado, Capriles se recusou a assinar o documento da CNE (Justiça Eleitoral), não reconhecendo o resultado que vier das urnas. Tudo para tentar desestabilizar o próximo período, contando, com isso, com os grandes meios de comunicação.<br />
<br />
Pelo menos por agora, há grande força do legado chavista, com camisetas dizendo “Soy um chavista maduro. Hacia al socialismo”. Todos dizem que agora a tarefa é derrotar a burguesia, e depois, teremos que aprofundar a revolução, porque Maduro vai sofrer muita pressão para conciliação, seja pela oposição, seja, principalmente, pelos setores da burocracia e dos reformistas. É nesse sentido que alertamos e repudiamos o que foi dito por Lula, de que para esse novo momento, sem Chávez, será necessário uma aliança mais ampla. Insistimos que é exatamente isso o que os venezuelanos não podem fazer. E, pelo que vi nas ruas hoje, com um ódio de classe tão grande, isso não deverá ocorrer, ou, se vier a acontecer, será com muitos confrontos, uma verdadeira guerra, com a base da classe trabalhadora e da juventude não tolerando qualquer recuo.<br />
<br />
Junto com os camaradas da seção venezuelana da Corrente Marxista Internacional, chamada “Lucha de Clases”, estive presente na marcha, vendendo jornais e distribuindo um excelente boletim, com o resumo da carta aberta divulgada em www.luchadeclases.org.ve, que muito bem define os desafios que estão por vir. Foi com esse objetivo que o Secretário-Geral da Corrente Marxista Internacional, Alan Woods, esteve com Maduro e Adám Chávez, discutindo a situação da crise mundial e os desafios para a classe trabalhadora, particularmente o papel da Venezuela para a luta pelo socialismo em todo o mundo.<br />
<br />
Com a camiseta das Fábricas Ocupadas, distribuí cartilhas da Flaskô e conversei com trabalhadores sobre a necessidade da luta pela estatização sob controle operário. Vi companheiros do MST e bandeiras do Uruguai, Peru, Chile, Equador, Bolívia. O processo venezuelano possui grande significado para a América Latina.<br />
<br />
Por tudo isso, o último dia oficial de campanha foi o sinal que o processo revolucionário venezuelano precisava. Mostrar à burguesia que elegeremos Maduro não tolerando qualquer retrocesso, e que somente aprofundando as expropriações, avançaremos na construção do socialismo. A "marea roja rojita" mostrou que “Chávez vive, La lucha sigue”.Caio Dezorzihttp://www.blogger.com/profile/15143792495611049950noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3044167252331666905.post-49766722199262473292013-04-11T15:46:00.000-03:002013-04-15T15:46:17.848-03:00O Significado do 11 de Abril na Venezuela<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg7b2oTIV5CiY8dbPlU1boRWODzPCrkC23nmftXoV9mqse9vbuAhDUXnJJh9EMHiUVtCOcFC6tXNnU6nFb1fwo7SIICxozlZicv9y6x4ykgReom1KTO4Ml7Lcwof3rmzGk_NVyQr_0UwlM/s1600/11.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg7b2oTIV5CiY8dbPlU1boRWODzPCrkC23nmftXoV9mqse9vbuAhDUXnJJh9EMHiUVtCOcFC6tXNnU6nFb1fwo7SIICxozlZicv9y6x4ykgReom1KTO4Ml7Lcwof3rmzGk_NVyQr_0UwlM/s400/11.jpg" width="400" /></a></div>
<b style="color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">Todo 11 tem seu 13</b><br />
<br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;" />
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">"Em 2002, no dia 11 de Abril, os militares leais à oligarquia petroleira e ao imperialismo EUA, junto com os grandes canais de TV privados, dão um golpe militar, seqüestram Chávez e o levam para uma ilha, cortam o sinal da emissora estatal de TV, reprimem os jornalistas internacionais e empossam um novo Presidente (Pedro Carmona) em n</span><span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #333333; display: inline; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">ome da “Democracia”. Tudo isso apoiado pela “Sociedade Civil” com a igreja católica, os empresários, ONGs e sindicatos pelegos.<br /><br />Na TV explicavam que Chávez havia renunciado e fugido. Mas mentira tem perna curta e aos poucos chegava aos ouvidos dos trabalhadores das comunidades mais pobres de Caracas que Chávez estava seqüestrado. Então algo inesperado aconteceu. Em menos de 48 horas, no dia 13 de Abril, milhões de venezuelanos saíram às ruas, milhares cercaram o Palácio de Miraflores em Caracas e derrubaram a ditadura recém-nascida de Carmona. Os soldados do exército - que são parte do povo, são trabalhadores e filhos de trabalhadores - confraternizaram com o povo, desobedeceram as ordens dos generais golpistas e resgataram o presidente Chávez (há um vídeo-documentário muito bom que relata esse episódio chamado “A Revolução não será televisionada”).</span><br />
<span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #333333; display: inline; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;"><br /></span>
<a name='more'></a><span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #333333; display: inline; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">Dia 11 foi uma Sexta e dia 13 um Domingo. O povo venezuelano é bastante religioso e não faltaram comparações com a morte e ressurreição de Cristo. Chávez saiu ainda mais fortalecido desse episódio, entretanto, junto com Chávez, o povo saiu fortalecido. Homens e mulheres do povo perceberam que mesmo aquele que eles consideram seu herói só pôde sobreviver e voltar a cumprir o seu papel porque o povo foi capaz de derrotar a tirania. O povo é herói e se reconhece como tal. Cada mulher e homem trabalhador na Venezuela aprendeu desde então a não baixar mais a cabeça, a se respeitar como sujeito que atua na sociedade e que pode mudar a sua história."<br /><br />(trecho de "<b><a href="http://tiremasmaosdavenezuela.blogspot.com.br/2010/04/relato-de-um-camarada-brasileiro-na.html">Relato de um camarada brasileiro na Venezuela</a></b>" de Caio Dezorzi)</span>Caio Dezorzihttp://www.blogger.com/profile/15143792495611049950noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3044167252331666905.post-56437053647269372692013-04-10T23:40:00.000-03:002013-04-15T16:48:17.431-03:00Chegando em Caracas<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjRshTw8LY-TUlCLIgQD-Ll3gGvyx421CznR0KPqEqUuh8-oiVAx4GUyI6ADyk065zm8izKIDBow0D4eHQNZkCzgToYVrHM89LoL1HdnheYz8xN9YpcH8Z6GFIwYKTrzuwvH7McrX9kIPo/s1600/MuroMADURO.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjRshTw8LY-TUlCLIgQD-Ll3gGvyx421CznR0KPqEqUuh8-oiVAx4GUyI6ADyk065zm8izKIDBow0D4eHQNZkCzgToYVrHM89LoL1HdnheYz8xN9YpcH8Z6GFIwYKTrzuwvH7McrX9kIPo/s320/MuroMADURO.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<b>Relato do 1º dia (10/04/2013) do camarada Alexandre Mandl, enviado da Campanha "Tirem as Mãos da Venezuela" a Caracas:</b><br />
<br />
Hoje cheguei em Caracas, Venezuela. Vim em nome da Fábrica Ocupada Flaskô, da Esquerda Marxista e da Campanha "Tirem as Mãos da Venezuela" prestar nossa solidariedade ao processo revolucionário venezuelano, acompanhar o processo eleitoral de domingo e aproximar nossa relação de classe com o movimento das fábricas ocupadas na Venezuela.<br />
<br />
<a name='more'></a>Durante todo o dia andei pelo centro, e é impressionante o clima entusiasmado do povo venezuelano. Todos de vermelho, cantando músicas e com palavras de ordem, com faixas e cartazes e, inclusive, com bigodes imitando os verdadeiros de Maduro.<br />
<br />
Todos estão confiantes com a vitória, mostrando à direita que o povo está com Chávez e isso significa aprofundar a revolução, pois sabem que, depois das eleições, uma nova etapa será necessária. Ou avançaremos, ou morreremos, como disseram.<br />
<br />
Capriles está enfraquecido, com a burguesia rachada, com um setor que o usou para desgastá-lo nessas eleições, queimando-o politicamente. O COPEI, um dos principais partidos tradicionais conservadores da Venezuela, ligado à direita cristã, no estado de Miranda, onde Capriles é governador, o abandonou e anunciou apoio à Maduro.<br />
<br />
Mas isso também sinaliza o que uma parcela da burguesia está fazendo: buscando se aproximar de Maduro e dos setores da burocracia chavista. Esse foi o recado dado pelo próprio Lula, dizendo à Maduro que amplie o leque de alianças. Nós no Brasil sabemos o que isso significa. Mas a classe trabalhadora e a juventude venezuelana também sabem muito bem o que significa, e, por isso, sabem que precisarão estar nas ruas para aprofundar o processo revolucionário na construção do socialismo.<br />
<br />
Amanhã é um dia histórico. É a primeira vez que haverá uma marcha na Av. Bolívar sem Chávez. Lugar que sempre foi visto como a “marea roja”, estará na marcha de “cierre de La campaña” mostrando, como todos dizem, que "Chavez es todos" e estamos todos com Maduro para aprofundar o socialismo.<br />
<br />
Abaixo envio uma foto de praticamente todos os muros do centro da Cidade. Apoio à Maduro, para depois, seguir com a revolução.<br />
Saudações de luta, e até amanhã!Caio Dezorzihttp://www.blogger.com/profile/15143792495611049950noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3044167252331666905.post-85698597331426258512013-04-09T15:33:00.000-03:002013-04-15T15:33:42.246-03:00Debate em Campinas na sexta (12/04)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhzo9AFVqfqQaMvxv0fsX0XvP4P1Z0Y7k4ScQbpGCeCRILMqmPVmtkmrGzCgA9RpCVmctWkgwjOtTYKd8GS4mk6DDhfwBWcpgdfiE17pRi8oDF8iV7sBC8rNovMg4anV8DdP8d-xlpN2e0/s1600/CPS.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="280" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhzo9AFVqfqQaMvxv0fsX0XvP4P1Z0Y7k4ScQbpGCeCRILMqmPVmtkmrGzCgA9RpCVmctWkgwjOtTYKd8GS4mk6DDhfwBWcpgdfiE17pRi8oDF8iV7sBC8rNovMg4anV8DdP8d-xlpN2e0/s400/CPS.png" width="400" /></a></div>
<br />Caio Dezorzihttp://www.blogger.com/profile/15143792495611049950noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3044167252331666905.post-74494022251536886272013-04-06T15:29:00.000-03:002013-04-15T15:30:01.910-03:00Nossa campanha no ato em São Paulo<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgOc_ZpQejWy71XPyvp2KB_ORtPaWTnVcmtbb4agQkEqCZVZZQ5Y7xuQ6WBas_vhyYcczZyrAjBN0TXOV6-vJbByHXAxLKKMkyQjXp2jSzNsEu7pti1CO0XUr2MqJQnwpw7zuN7dpyZZCA/s1600/Caio_AtoMADURO.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="188" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgOc_ZpQejWy71XPyvp2KB_ORtPaWTnVcmtbb4agQkEqCZVZZQ5Y7xuQ6WBas_vhyYcczZyrAjBN0TXOV6-vJbByHXAxLKKMkyQjXp2jSzNsEu7pti1CO0XUr2MqJQnwpw7zuN7dpyZZCA/s400/Caio_AtoMADURO.jpg" width="400" /></a></div>
<br />
Nessa Sexta-Feira (05/04) em São Paulo, no Plenário do Sindicato dos Engenheiros, com a participação de mais de 40 entidades e mais de 300 pessoas, foi realizado um ato em homenagem a Chávez por ocasião de um mês de sua morte e declarado o apoio dos movimentos sociais e organizações políticas da esquerda brasileira à eleição do candidato do PSUV à presidência da Venezuela, Nicolás Maduro.<br />
<br />
Em nome do Comitê Brasileiro da Campanha Internacional "Tirem as Mãos da Venezuela" o companheiro Caio Dezorzi afirmou que "todos nós, venezuelanos, brasileiros e trabalhadores e jovens do mundo todo temos uma dívida com o companheiro Chávez: terminar o que ele não pôde; realizar o socialismo na Venezuela, na América Latina e em todo o mundo!"Caio Dezorzihttp://www.blogger.com/profile/15143792495611049950noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3044167252331666905.post-6475439722083743292013-04-02T15:26:00.000-03:002013-04-15T15:26:46.951-03:00Campanha "Brasil com Chávez" está com Maduro!<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjFtW4u46IPgRqqhThOP9npRkf46jDwmWikT-fUxZvP0o5DF-EMeohR96L6qDVX_ajutN-JY7U2-pWCMowLe2lmuJzNSVwtYOlfiCWOkFrZBYszkydYp6I9S-jtU0zm6mpZRNDzqbQCXQg/s1600/AtoMADURO.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjFtW4u46IPgRqqhThOP9npRkf46jDwmWikT-fUxZvP0o5DF-EMeohR96L6qDVX_ajutN-JY7U2-pWCMowLe2lmuJzNSVwtYOlfiCWOkFrZBYszkydYp6I9S-jtU0zm6mpZRNDzqbQCXQg/s320/AtoMADURO.jpg" width="320" /></a></div>
<br />Caio Dezorzihttp://www.blogger.com/profile/15143792495611049950noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3044167252331666905.post-56100601572027054072013-03-18T15:02:00.000-03:002013-04-15T16:46:30.356-03:00Venezuela: as eleições presidenciais de 14 de abril e as tarefas da revolução<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhqvF6c6eorFjBnXuAnk2O8oAnrnmgEHSnD30CINqLZdMxUNNCmu2iaV9IP0t3fgGC7AWUBLyN0XOj6MBlb3benHRtNk9ucTBc5rMzlMMEfc50ZMuWISA9a6emHBxdQJs-ajzd5Casxq70/s1600/Chavez2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhqvF6c6eorFjBnXuAnk2O8oAnrnmgEHSnD30CINqLZdMxUNNCmu2iaV9IP0t3fgGC7AWUBLyN0XOj6MBlb3benHRtNk9ucTBc5rMzlMMEfc50ZMuWISA9a6emHBxdQJs-ajzd5Casxq70/s400/Chavez2.jpg" width="400" /></a></div>
por Jorge Martin<br />
<br />
Já se passou mais de uma semana desde a morte de Hugo Chávez e até há pouco havia filas quilométricas de gente que vinha de todo o país para se despedir pela última vez do presidente. Foram convocadas novas eleições para 14 de abril e o ambiente é de crescente raiva da popiulação diante das provocações da oligarquia.<br />
<br />
<a name='more'></a>É muito difícil transmitir sequer uma fração da dor e da emoção que a Venezuela presenciou na última semana. Segundo algumas estimativas, dois milhões de pessoas saíram para acompanhar o féretro desde o Hospital Militar até ‘Los Próceres’ onde ficou exposto em câmara ardente. A rota seguida tem oito quilômetros de extensão e a procissão funerária demorou mais de sete horas para percorrê-la, devido à enorme quantidade de gente aglomerada.<br />
<br />
Nos dias seguintes, centenas de milhares de pessoas, provavelmente vários milhões, mantiveram-se enfileiradas durante horas, em alguns casos durante dias, para se despedirem do presidente. Não se trata somente das missões sociais que o governo bolivariano aplicou, mas, sobretudo, do sentimento de que nos últimos 14 anos, a esmagadora maioria da população, trabalhadores e trabalhadoras, os pobres, camponeses e muitos que se descrevem como de classe média, pela primeira vez tomaram o futuro em suas próprias mãos. O profundo sentimento de orgulho e dignidade que proporciona ao povo trabalhador o fato dele participar diretamente na revolução, de tê-la defendido contra os repetidos embates da oligarquia e do imperialismo, criou um vínculo muito forte com o presidente.<br />
<br />
Mario Escalona, ativista comunitário de Yaracuy, que foi entrevistado por Ewan Robertson em sua excelente crônica do funeral, explicava isso da seguinte forma:<br />
<br />
“Estou aqui representando esta nova pátria que fundou o comandante. Viemos de uma luta, como nos disse o comandante em sua mensagem final. Também viemos dos conselhos comunais, somos porta-vozes de conselhos comunais, do poder popular, a ferramenta que Hugo Chávez nos deixou. A todo o povo da Venezuela e a todo o mundo dizemos: Chávez não morreu, está em nossos corações”.<br />
<br />
Claramente, a dor não era o único sentimento que dominava nestes dias, também havia uma firme determinação de defender as conquistas da revolução e de levá-la adiante. Um indício disso é o fato de que de forma imediata ao anúncio da morte de Chávez, um grupo de pessoas motorizadas do ‘23 de Janeiro’ foi a Chacao, onde um pequeno grupo de estudantes opositores se havia “acorrentado” exigindo uma “prova de vida de Chávez”, e o dispersou rapidamente, incendiando o acampamento. Eles não regressaram. ( nde: 23 de Janeiro é um bairro popular em Caracas e Chacao é um elegante bairro da Capital).<br />
<br />
Um camarada em Caracas nos descreveu uma conversa que havia tido com um grupo de militantes de base no caminho ao funeral. Um deles era uma mulher, oficial da reserva, cujo filho estava fazendo o serviço militar na fronteira. Ela disse que falando com sua mãe, tinha lhe dito que se acontecesse algo, deixaria seu filho mais novo com ela, pegaria o fuzil e iria defender a revolução. Acrescentou que, de seu ponto de vista, a melhor maneira de defender a revolução era fazer “de cada casa um quartel”, que o povo tinha de estar armado. Acrescentou que ela não desejava um conflito fratricida entre os venezuelanos, mas que havia que defender a revolução com as armas, se fosse necessário, contra qualquer agressão da oligarquia e do imperialismo.<br />
<br />
Muitos que, por um motivo ou outro, não haviam participado ativamente no movimento revolucionário durante um período de tempo estão se reanimando. Há um sentimento de que agora que Chávez não está mais à frente, a tarefa de defender e de completar a revolução recai sobre os militantes de base.<br />
<br />
Estes relatos revelam o verdadeiro sentir das massas. A classe dominante está assustada. As primeiras demonstrações de alegria pela morte de Chávez em alguns bairros de classe média alta se desvaneceram rapidamente, a base dos esquálidos (a direita venezuelana) se refugiou em suas casas e a tentativa de organizar um caçarolaço na região leste de Caracas fracassou estrepitosamente.<br />
<br />
Os meios de comunicação burgueses e do imperialismo estadunidense insistiram na ideia de que “há de se respeitar a Constituição” e que a “transição” tem que ser “com todas as garantias democráticas”. Implicitamente querem transmitir a sensação de que de alguma forma o “sistema autocrático travestido de democracia” de que falava o editorial de El País vai violar a Constituição e as regras democráticas. A oposição “democrática” na Venezuela foi mais longe, denunciando que o juramento de Nicolás Maduro como presidente encarregado era um “golpe constitucional” e boicotando a sessão da Assembleia Nacional na qual ele foi confirmado.<br />
<br />
Quanta hipocrisia! Estes são os mesmos que se opuseram à Constituição Bolivariana, que a queimaram em suas marchas e suspenderam todos os direitos democráticos e garantias constitucionais durante o golpe de abril de 2002, no qual Washington também participou e que contou com o aplauso do El País.<br />
<br />
De um ponto de vista estritamente legal não têm razão. Chávez não era somente presidente eleito, também havia sido reeleito e mesmo antes de jurar seu novo mandato já havia realizado nomeações de governo. A constituição estabelece claramente que no caso de “ausência absoluta” do presidente, o vice-presidente tomará posse e novas eleições serão convocadas no prazo de 30 dias. Não se poderia haver delineado um procedimento mais democrático, um procedimento que, certamente, não existe em outros países, onde a morte do presidente não leva à convocação de novas eleições. Nos EUA, por exemplo, se o presidente morre é substituído pelo vice-presidente que termina o mandato, sem convocar novas eleições. Nem falar do caso da Espanha, onde o chefe do estado não é sequer eleito, visto que há uma monarquia, e o atual rei Juan Carlos I foi nomeado sucessor do chefe de estado pelo ditador Franco.<br />
<br />
No entanto, do que se trata aqui não é de legalidade constitucional. À classe dirigente venezuelana lhe é na realidade indiferente se Maduro (o vice-presidente) ou Cabello (presidente da Assembleia Nacional) sucedem a Chávez durante cinco semanas até as eleições presidenciais de 14 de abril. O que lhe interessa é criar um clima permanente de incerteza e manchar todas as instituições com a suspeita de sua ilegitimidade.<br />
<br />
Esta campanha provocou uma contrarreação furiosa da parte do povo revolucionário, farto de que a chamada oposição “democrática”, os que organizaram o golpe, esteja constantemente questionando a legitimidade democrática da revolução.<br />
<br />
O principal dirigente da oposição, Capriles, se lançou à ofensiva na sexta-feira, oito de março, justamente depois do funeral, em declarações em que afirmava que a decisão do Tribunal Superior de Justiça de que Maduro devia tomar posse como presidente era uma “fraude constitucional” e dizendo-lhe, em tom arrogante e depreciativo: “Nicolás, a ti ninguém te elegeu presidente, rapaz”. Isto veio combinado a uma campanha repugnante da oposição que atacava Nicolás Maduro por haver sido “motorista de ônibus”, revelando o profundo ódio de classe que inspira estes “democratas”. A oligarquia, os banqueiros, capitalistas e latifundiários, que governaram o país como uma fazenda privada durante a maior parte dos últimos 200 anos, acreditam firmemente ter o direito divino de governar e não podem engolir que alguém proveniente do povo e que fale a linguagem do povo se torne presidente, no caso de Chávez. Agora, insistem em que um “simples motorista de ônibus” não pode ser presidente.<br />
<br />
Para juntar insulto à injúria, no domingo, em outra roda de imprensa, Capriles disse que a direção bolivariana havia mentido durante dois meses sobre a enfermidade de Chávez e, ademais, que havia mentido sobre a hora e as circunstâncias de sua morte. “Quem sabe quando morreu?”, disse, sem apresentar prova alguma destas acusações tão graves e sem permitir perguntas dos jornalistas presentes. A reação que isto provocou foi de tal ordem que Maduro advertiu a Capriles que estava levantando um “tsunami popular de raiva” que poderia levar à violência.<br />
<br />
Como demonstração clara da correlação de forças, uma enorme concentração acompanhou a Maduro quando foi se inscrever como candidato no CNE. Respondendo aos insultos da oposição, chegou dirigindo um ônibus! O candidato opositor Capriles sequer foi se registrar pessoalmente. Ninguém o acompanhou. No final da enorme mobilização bolivariana, milhares de pessoas ficaram discutindo e gritando palavras de ordem. Entre estas, uma que reflete muito bem o sentir das massas: “a querela não é com Chávez, a querela é conosco”. Capriles havia acusado Maduro de converter a campanha numa batalha entre Chávez e Capriles. O povo em sua sabedoria lhe respondeu que, na realidade, sequer se tratava de Chávez, mas da vontade do povo trabalhador revolucionário.<br />
<br />
As eleições presidenciais de 14 de abril serão celebradas imediatamente depois da comemoração do aniversário do golpe de abril de 2002 e da mobilização revolucionária que o esmagou, o que servirá como lembrança do que está em jogo. Não há dúvida de que se produzirá uma nova vitória para a revolução. As massas revolucionárias consideram a eleição como um tributo a Chávez e como uma reafirmação da necessidade de continuar com a revolução. Apoiarão de forma esmagadora a Maduro na medida em que é o candidato proposto por Chávez em dezembro, quando advertiu sobre a gravidade de seu estado de saúde. Isso não significa que estejam lhe dando um cheque em branco.<br />
<br />
Maduro será avaliado na base de seus atos e com a vara do programa da revolução. Não será a juventude privilegiada dos bairros do Leste de Caracas, nem os almofadinhas instruídos, nem as damas e cavalheiros “educados”, a “gente de sobrenome”, como os chamou Maduro. Não será a oligarquia, que odeia o fato de que seja de origem trabalhadora, quem o julgará.<br />
<br />
Quem o julgará serão os trabalhadores industriais de Guayana em sua luta pelo controle operário; as mulheres revolucionárias de Gotcha, da fábrica ocupada em Aragua; os militantes revolucionários dos conselhos comunais do 23 de Janeiro, Catia, Antímano, Petare e outros bairros pobres do país; os trabalhadores do petróleo; os camponeses que viram os seus caírem ante os jagunços dos latifundiários; os indígenas Yupka, cujo cacique foi assassinado dois dias antes da morte do presidente; os jovens e trabalhadores que se uniram às milícias etc. Eles colocarão Maduro e o novo governo bolivariano à prova, exigindo lealdade aos objetivos socialistas da revolução, que não haja conciliação com a oligarquia, que não se rebaixe o programa, que não se faça concessões a aqueles cujo único interesse é destruir a revolução e suas conquistas. Serão estes os que resistirão e lutarão contra qualquer tentativa da burocracia e dos reformistas de continuar bloqueando a vontade revolucionária das massas.<br />
<br />
Pouco antes da morte de Chávez já se abria o conflito contra a burocracia dentro do movimento bolivariano. Por exemplo, com relação à escolha do candidato à Prefeitura de Caracas. Por pressão da base (que votou em número significativo por candidatos revolucionários alternativos nas eleições regionais de 16 de dezembro), a direção do PSUV havia anunciado eleições por baixo para selecionar a todos os candidatos para as eleições municipais (que agora foram adiadas). Contudo, anunciou-se posteriormente que isso não seria aplicado às eleições para a Prefeitura. O motivo ficou claro para todos: o antigo ministro do comércio e um dos representantes mais conhecidos da ala esquerda do movimento, Eduardo Samán, havia anunciado sua intenção de se apresentar como candidato.<br />
<br />
O assassinato do cacique Yupka Sabino Romero em três de março também provocou uma vaga de indignação entre os ativistas revolucionários de base. Todo o mundo sabia que Sabino havia sido ameaçado de morte. Seu pai, de 109 anos de idade, morreu em consequência de ser agredido fisicamente no ano passado. O motivo? Seu papel dirigente na luta pelo reconhecimento das terras indígenas em uma região, a Serra do Perijá, na fronteira com a Colômbia, dominada por rancheiros, companhias de mineração e paramilitares. E, apesar disto, nada foi feito para proteger a ele e à luta que representava. Os latifundiários e as companhias de mineração são diretamente responsáveis por sua morte. Mas o estado burguês é cúmplice. O próprio Chávez havia declarado publicamente que “entre os fazendeiros e os índios, este governo está com os índios”, e, já em 2011, havia dado ordem de expropriar as terras para entregá-las aos indígenas. Contudo, como em muitas outras ocasiões, isto foi bloqueado por burocratas nos ministérios, por juízes e militares. Em novembro de 2012, os Yupka viajaram a Caracas, superando o bloqueio de quatro pontos de controle, para pressionar por suas reivindicações e se entrevistar diretamente com Chávez. Nessa ocasião, Sabino Romero disse claramente: “nós temos sido revolucionários e socialistas durante muitos anos, mas o Ministério nos manipula. O problema não é Chávez e sim os que vêm depois dele [na hierarquia]”.<br />
<br />
Os elementos de controle operário nas indústrias básicas em Guayana, que foram introduzidos pelo próprio presidente respondendo às reivindicações dos trabalhadores, foram praticamente erradicados em uma campanha feroz por parte da burocracia estatal, o governador “bolivariano”: os burocratas sindicaleiros da FBT e aqueles que respondem aos interesses das multinacionais.<br />
<br />
Para dar somente mais um exemplo, os trabalhadores de Cerâmicas Caribe em Yaracuy, levam três anos lutando pelo contrato coletivo e sem aumento salarial, derrotando uma tentativa depois de outra do patrão de impor um sindicato patronal. Agora, tomaram a decisão de estabelecer uma guarda operária das instalações ante o temor de que o patrão declare falência e leve a maquinaria para quebrar o sindicato. Em todo este processo, os trabalhadores foram ignorados por parte da inspetora de trabalho e pelo coordenador regional do trabalho. Há mais de um ano o próprio Chávez interveio no conflito dando instruções claras de que, se os empresários não atendessem as reivindicações dos trabalhadores, a fábrica seria expropriada. Isso não foi levado a cabo.<br />
<br />
Todos estes são exemplos das divisões que existem dentro do próprio movimento bolivariano, entre os operários e os pobres revolucionários e aqueles que cinicamente juram lealdade a Chávez e à revolução bolivariana, mas que na realidade não são mais que a quinta coluna da oligarquia dentro do movimento. Os inimigos da revolução são a oligarquia e o imperialismo, mas também aqueles burocratas e encarregados corruptos que bloqueiam a iniciativa revolucionária das massas, rebaixam e diluem políticas propostas pelo próprio Chávez e em geral querem manter o processo revolucionário firmemente dentro dos estreitos limites do capitalismo.<br />
<br />
A classe dirigente ainda controla alavancas básicas da economia e as utiliza para sabotar a vontade democrática da maioria, através do açambarcamento, da especulação, da fuga de capitais e de uma greve de investimentos. O aparato do estado, que continua sendo basicamente um estado capitalista, é um obstáculo para completar a revolução.<br />
<br />
Em julho de 2011, com as notícias sobre o estado de saúde do presidente, a classe dirigente lançou uma campanha sobre a necessidade de uma suposta “transição”. Chávez lhes respondeu de forma contundente: “aqui a única transição que está em marcha e temos que acelerar e que temos de consolidar é a transição do modelo capitalista, que está acabando com o mundo, ao modelo socialista, que é a salvação da humanidade”.<br />
<br />
Depende dos ativistas revolucionários da classe trabalhadora na Venezuela assegurar que isso seja levado a cabo, mediante a expropriação da oligarquia e a destruição do estado capitalista, substituindo-os pela planificação democrática da economia e por uma nova institucionalidade revolucionária baseada nos conselhos socialistas de trabalhadores, os conselhos comunais e as milícias. As eleições de 14 de abril serão somente um passo nesta luta para completar a revolução.<br />
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Fonte: <a href="http://www.marxismo.org.br/">www.marxismo.org.br</a>Caio Dezorzihttp://www.blogger.com/profile/15143792495611049950noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3044167252331666905.post-38780190375063618572013-03-08T14:59:00.000-03:002013-04-15T16:45:10.739-03:00Hugo Chávez morreu – a luta pelo socialismo vive!<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg-7EEbI0soBSN1-iMKrKgM93Q1CqKps_mEAkHF-Lriuz2n_Ugom6H8EjkD0NaLscd2mCPZoL0OKhto2d2-61LUxeY1__fJGOlgCmk12SSO1gF7ttcB_2dcbGJqMzJ0Go1ayNGm3I7sXlo/s1600/Chavez4.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="265" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg-7EEbI0soBSN1-iMKrKgM93Q1CqKps_mEAkHF-Lriuz2n_Ugom6H8EjkD0NaLscd2mCPZoL0OKhto2d2-61LUxeY1__fJGOlgCmk12SSO1gF7ttcB_2dcbGJqMzJ0Go1ayNGm3I7sXlo/s400/Chavez4.jpg" width="400" /></a></div>
<b><br /></b>
<b>Declaração da Corrente Marxista Internacional – CMI</b><br />
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Hugo Chávez deixou de existir. A luta pela liberdade, pelo socialismo, pela humanidade perdeu um valente lutador. Morreu na terça-feira, 05 de março, às 4,25 horas, hora local. A notícia foi dada pelo vice-presidente Nicolás Maduro. O presidente Chávez tinha apenas 58 anos e havia governado o país durante 14. Sua luta contra o câncer se prolongou por dois anos, mas apesar disso a notícia de sua morte causou um forte impacto.<br />
<br />
<a name='more'></a>Tão logo seu falecimento foi anunciado, o povo começou a se concentrar nas praças Bolívar de todas as cidades e povoados do país. Muitos choravam, outros permaneciam em profundo silêncio. Alguns se concentraram nas proximidades do Hospital Militar de Caracas onde faleceu.<br />
<br />
Estas demonstrações espontâneas de dor logo se converteram em manifestações massivas de raiva e de luta. Como em todas as ocasiões em que a revolução se viu ameaçada, o povo tomou as ruas.<br />
<br />
O motivo destas demonstrações de apoio e de emoção não é difícil de compreender. Aos olhos das massas, Chávez representa a revolução, seu próprio despertar à vida política, as batalhas que lutaram na última década, o sentimento de que pela primeira vez os trabalhadores e o povo pobre eram os que mandavam. Para as massas, Chávez é o homem que desafiou o imperialismo e a oligarquia.<br />
<br />
Alguns comentaristas burgueses superficiais argumentam que as massas gostavam de Chávez porque este havia assegurado uma melhora nos níveis de vida através das missões. Isto obviamente desempenha um importante papel. Mas há mais: estas conquistas sociais – e são realmente impressionantes! – foram conquistadas através da luta; os trabalhadores e o povo revolucionário tiveram que se mobilizar de maneira massiva nas ruas, em várias ocasiões, para defender a revolução ante a ameaça da oligarquia contrarrevolucionária e do imperialismo. Isto foi o que solidificou o vínculo entre as massas revolucionárias e o presidente.<br />
<br />
Não esqueçamos que ontem pela tarde nem todos estavam chorando ou sentindo dó pela morte de Hugo Chávez. Nos luxuosos santuários burgueses do leste de Caracas muitos faziam soar as buzinas de seus carros e, em Miami, os esquálidos celebraram sem pudor a morte do presidente. A classe dominante e o imperialismo odiavam Chávez e queriam tirá-lo de circulação o mais rapidamente possível, e pelas mesmas razões por que as massas o apoiavam.<br />
<br />
As manifestações de dor ante a perda de Hugo Chávez não se limitaram à Venezuela. Por toda a América Latina, trabalhadores e camponeses e suas organizações expressaram seu apreço pelo dirigente revolucionário. Inclusive além do próprio continente houve importantes demonstrações de apoio e carinho por parte de organizações de esquerda e progressistas.<br />
<br />
Ontem à noite, em Caracas e em muitas outras cidades, o povo gritava “Todos somos Chávez”, “Chávez vive, a luta continua”. Vários milhares se concentraram na Praça Bolívar e alguns se dirigiram ao palácio Miraflores, cenário de batalhas, gritando consignas desafiantes: “o povo unido jamais será vencido”, “não voltarão”, “a luta continua”.<br />
<br />
Isto é o mais importante. As massas sabem que estão em guerra e que, na guerra, independentemente de quantos soldados possam cair na batalha, seus camaradas dão um passo à frente para ocupar seu lugar. Esta é a mensagem das ruas de Caracas e todas as cidades, povoados e fábricas do país.<br />
<br />
De todo o coração, simpatizamos com este pesar genuíno do povo que derramava lágrimas abertamente nas ruas de Caracas. As lágrimas dos trabalhadores e do povo pobre são sinceras e expressam sentimentos puros e honestos. Mas, ademais das lágrimas verdadeiras das massas, há outros que derramam lágrimas de crocodilo.<br />
<br />
O ministro de assuntos exteriores britânico, William Hague, disse que se sentiu “angustiado” ao tomar conhecimento das notícias do falecimento e acrescentou que Chávez havia deixado “uma impressão duradoura” na Venezuela. A BBC, nesta manhã, se viu obrigada a admitir: “Ganhou o apoio duradouro entre os pobres e repetidas vitórias utilizando a riqueza petrolífera do país para aplicar políticas socialistas” (BBC News, seis de março).<br />
<br />
Curioso espetáculo: aqueles que odiavam Chávez e que fizeram tudo o que podiam para sabotá-lo em vida, agora que está morto se unem em um cínico coro de adulação.<br />
<br />
A atitude real dos imperialistas é a que se expressa nas declarações do congressista republicano Edward Royce (Califórnia), presidente do Comitê de Assuntos Externos do Congresso dos EUA, que, em declaração por escrito, disse: “Hugo Chávez era um tirano que obrigou o povo da Venezuela a viver no medo. Sua morte mina a aliança de dirigentes esquerdistas anti-estadunidenses na América do Sul. Que alívio, a morte deste ditador”.<br />
<br />
Não temos nada a ver com a hipocrisia, com as palavras não sinceras e com a retórica vazia. Lamentamos a morte de Hugo Chávez, mas não deixamos que as lágrimas nos ceguem. Não podemos perder o rumo. Quando terminar o pesar, a luta deve continuar. O próprio Chávez não teria querido outra coisa. Hugo Chávez foi um lutador. Se pudesse falar o faria em termos semelhantes aos de Joe Hill, o revolucionário americano: “não fiquem se lamentando, organizem-se!”.<br />
<br />
<b>As manobras do imperialismo</b><br />
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As autoridades dos EUA não desperdiçaram a ocasião para apresentar a morte de Hugo Chávez como uma oportunidade para “reconstruir a relação com a Venezuela” e para que o país leve adiante “reformas democráticas significativas”, e o presidente Obama anunciou “um novo capítulo” na história do país latino-americano.<br />
<br />
Descrevem sua morte como um “tempo de desafios”. Mas o que não dizem é quem está sendo desafiado ou por quem Washington reafirmou o que chama seu “apoio ao povo venezuelano”.<br />
<br />
Quando Obama fala de “reformas democráticas significativas”, o que quer dizer na realidade é a destruição de todas as conquistas sociais, econômicas e políticas dos últimos 14 anos. Quando fala de “um novo capítulo” na história da Venezuela, o que quer dizer é o retorno a esse capítulo trágico da história da Venezuela em que o país estava escravizado aos interesses do imperialismo EUA e das grandes multinacionais petrolíferas.<br />
<br />
Os cantos de sereia de Washington não enganam ninguém. Quando falam de “apoio ao povo venezuelano”, querem dizer apoio à oposição contrarrevolucionária, à burguesia e a esse setor do movimento bolivariano que está a favor de pactuar com eles.<br />
<br />
Sua intenção é a de ganhar a ala de direita do movimento bolivariano, ganhar aqueles que durante anos estiveram sonhando um “chavismo sem Chávez” e que, agora, veem uma oportunidade. Esta tendência representa nem mais nem menos que a quinta-coluna da burguesia dentro do movimento bolivariano. São os inimigos mais perigosos da revolução.<br />
<br />
Os inimigos da revolução já estão tratando de se aproveitar destas trágicas circunstâncias para criar confusão e organizar intrigas. Nós nos comprometemos a continuar e intensificar a luta em defesa da revolução bolivariana contra seus inimigos, externos e internos, e, dos dois, estes últimos são quiçá os mais perigosos.<br />
<br />
<b>E agora?</b><br />
<br />
Quais são as perspectivas e quais as tarefas dos marxistas?<br />
<br />
Hugo Chávez morreu antes de poder completar a enorme tarefa que se havia comprometido a cumprir: a revolução socialista na Venezuela. Agora depende da classe trabalhadora e do campesinato – a autêntica força motriz da revolução bolivariana – completar esta tarefa. Não fazer isto seria trair o seu legado.<br />
<br />
O ministro de assuntos exteriores Elías Jaua declarou que se convocarão novas eleições no prazo de 30 dias. Nicolás Maduro será o candidato do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV). Naturalmente, os marxistas lutarão pela vitória do PSUV e pela derrota da oposição contrarrevolucionária. Mas, ao mesmo tempo, devemos nos assegurar de que o próximo governo aplique uma política socialista.<br />
<br />
Não há nada mais perigoso que a ideia de unidade nacional e de reconciliação entre as classes. Não pode haver nenhum pacto com a oposição nem nenhuma concessão à burguesia. Não pode haver unidade entre escravos e amos, camponeses e latifundiários, operários e capitalistas, exploradores e explorados, opressores e oprimidos.<br />
<br />
Nos últimos dois meses, aproveitando de forma repugnante a enfermidade de Chávez, a oligarquia redobrou sua campanha de sabotagem econômica, monopólio e especulação. O governo anunciou que vai tomar medidas firmes. A única resposta possível é a expropriação da classe dominante que controla a produção e distribuição de alimentos, os bancos e as alavancas básicas da economia venezuelana.<br />
<br />
Nicolás Maduro prometeu manter o “legado revolucionário, anti-imperialista e socialista” de Chávez. A classe trabalhadora e a base do PSUV devem se assegurar de que isto seja assim. Não basta fazer discursos elogiando Chávez, coisa que agora, uma vez morto, fazem mesmo seus piores inimigos. De nada servem discursos vazios sobre o amor – frases vazias que nada significam.<br />
<br />
Não há necessidade de discursos sentimentais, e sim de se por em prática o programa socialista que Chávez defendeu, e isso passa pela abolição do capitalismo mediante a expropriação de banqueiros, latifundiários e capitalistas. Esse é o autêntico legado de Chávez que devemos lutar para levar à prática.<br />
<br />
Mas há também outra tarefa que Chávez fixou e que continua sem realizar, uma tarefa que ele considerava fundamental, mas que ficou enterrada e esquecida pela burocracia: a criação de uma internacional revolucionária socialista.<br />
<br />
Em junho de 2010, no congresso do PSUV, Chávez proclamou a necessidade urgente de se construir a Quinta Internacional. Não proclamou isso como um comentário à margem, mas lhe concedeu um papel central em seus discursos porque o considerava como algo essencial. E tinha razão.<br />
<br />
Morreu antes de por esta ideia em prática. Desde o início enfrentou a hostilidade da direita do movimento bolivariano. Era um anátema para os estalinistas e para os reformistas que nunca compartilharam o entusiasmo de Chávez pelo socialismo e fizeram tudo o que puderam para sabotar, destorcer ou aguar seus planos, incluindo o da internacional revolucionária.<br />
<br />
A Corrente Marxista Internacional se compromete a levar adiante a luta pela construção de uma internacional operária revolucionária. Convocamos a todos aqueles que levam as palavras do presidente a sério a nos apoiar nessa enorme tarefa histórica. O socialismo ou é internacional ou é nada.<br />
<br />
A CMI expressa sua simpatia pelo povo da Venezuela. A causa do socialismo perdeu um grande defensor. O corpo humano é frágil e é fácil de ser destruído por balas ou pela enfermidade. Todos nós, seres humanos nascemos para morrer. Mas não há força na terra que possa destruir uma ideia cuja hora chegou.<br />
<br />
Hugo Chávez, o homem, já não está conosco, mas sua luta está viva. Comprometemo-nos a fazer tudo o que esteja ao alcance de nossa mão para redobrar a luta pelo socialismo na Venezuela e no mundo inteiro. Este é o único caminho, a única maneira de render homenagem a Hugo Chávez.<br />
<br />
<b>Realizar o legado de Hugo Chávez, não através de palavras, mas de fato!</b><br />
<b><br /></b>
<b>Expropriar a oligarquia!</b><br />
<b><br /></b>
<b>Viva o socialismo – A luta continua!</b><br />
<b><br /></b>
<b>Trabalhadores de todo o mundo, uni-vos!</b><br />
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Londres, 05 de março de 2013.<br />
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Fonte: <a href="http://www.marxist.com/">www.marxist.com</a>Caio Dezorzihttp://www.blogger.com/profile/15143792495611049950noreply@blogger.com0