
Naquele momento Alan Woods, em nome da Corrente Marxista Internacional, lançou um chamado de solidariedade em defesa da revolução bolivariana, contra a ingerência do imperialismo estadounidense e contra o novo golpe que estava sendo deferido. O objetivo proposto era o de assegurar que chegasse ao movimento operário de todo mundo uma informação veraz do que estava acontecendo na Venezuela. O chamado foi acatado imediatamente por um número importante de líderes sindicais na Grã-Bretanha e a campanha se estendeu rapidamente a outros países da Europa, América Latina, Ásia e África e também nos EUA.
No Brasil a campanha “Tirem as Mãos da Venezuela” foi lançada pela Esquerda Marxista do PT no ato em São Paulo contra a vinda de bush ao Brasil, e já conta com o apoio de diversos sindicalistas, líderes de movimentos sociais e dirigentes partidários de todo país.
O trabalho realizado pela campanha HOV foi reconhecido pelo próprio presidente Chávez. Um dos eventos recentes mais importante de solidariedade com a revolução bolivariana foi o ato organizado em Viena pelos companheiros de HOV da Áustria, que contou com a intervenção do próprio Hugo Chávez.
A revolução venezuelana é o epicentro de uma maré revolucionária que se alastra por toda América Latina, tornando-se o melhor ponto de apoio da revolução cubana para preservar e ampliar suas conquistas sociais e fazer frente às agressões imperialistas e o perigo da contra-revolução capitalista na ilha.
Pela mesma razão as pressões, as manobras e as ações do imperialismo contra a revolução bolivariana se intensificarão no próximo período. A nacionalização do gás na Bolívia e a fraude nas eleições presidenciais no México provocaram outra onda de mentiras por parte das televisões e jornais, com o intuito de confundir os trabalhadores e jovens de todos os países. É perfeitamente previsível que à medida que a revolução se aprofundar se intensificará ainda mais a campanha de intoxicação contra a revolução bolivariana.
O imperialismo e a oligarquia venezuelana não podem tolerar a existência de uma revolução, cuja extensão e “contágio” é evidente em toda América Latina. Uma revolução que põe em questão seu domínio e seu sistema, o capitalismo. O povo venezuelano conseguiu avanços notáveis em educação, saúde e direitos sociais nos últimos anos, mas acima de tudo, a grande conquista do povo venezuelano é ter tomado em suas mãos o seu próprio destino, lutar para organizar seu próprio futuro. Essa é a fonte principal do ódio visceral dos poderosos em relação à revolução bolivariana.
O próprio Chávez defende constantemente a necessidade do socialismo. “Golpe em 2002, paro patronal, sabotagem petroleira, contragolpe, discussões e leituras (...) cheguei à conclusão que o único caminho para sair da pobreza é o socialismo” disse Chávez em uma entrevista. Em uma recente intervenção no parlamento britânico voltou a enfatizar a idéia de que não existe terceira via entre o capitalismo e o socialismo. O debate sobre o socialismo se estendeu por todo o movimento revolucionário no país.
A mais poderosa aliada da revolução venezuelana é a solidariedade internacional e a extensão da revolução a outros países. A solidariedade que defendemos não é a “solidariedade” que se assemelha à hipócrita caridade que os grandes meios de comunicação difundem mundo afora. Nós defendemos a solidariedade consciente, política e ativa da classe trabalhadora de todo mundo. A vitória da revolução na Venezuela também será a vitória da classe trabalhadora internacional.
Sua luta é nossa luta.
Cronologia da Revolução Bolivariana
Fevereiro de 1989 – Caracazo: dezenas de milhares de venezuelanos pobres saem às ruas por conta própria para protestar contra um pacote antiinflacionário imposto pelo FMI e aplicado pelo então presidente Carlos Andrés Pérez. Não há cifras oficiais, mas acredita-se que mais de 2.000 pessoas morreram na repressão.
Fevereiro 1992 – O tenente coronel Hugo Chávez Frias, junto com outros oficiais progressistas organizados no MBR-200 (Movimento Bolivariano Revolucionário 200), fez parte do fracassado levante militar contra Carlos Andrés Pérez. Chávez é preso. Libertado em 1994.
Dezembro 1998 – Chávez é eleito presidente com um programa eleitoral que prometia justiça social para acabar com a pobreza e a corrupção.
Abril 1999 – Referendo para estabelecer uma Assembléia Constituinte. Os candidatos chavistas ganharam 90% das cadeiras.
Dezembro 1999 – É aprovado em um referendo a Constituição da República Bolivariana da Venezuela, com mais de 70% de apoio.
Julho 2000 – Hugo Chávez ganha um mandato presidencial de seis anos com 59% dos votos.
Dezembro 2001 – É aprovada a Lei Habilitante, um conjunto de 49 leis que reafirma o caráter público do petróleo, o direito à educação e a saúde gratuitos para todos os venezuelanos, entre outras medidas de caráter progressista.
9 de abril de 2002 – CTV e Fedecámaras chamam uma “greve” para apoiar os executivos da PDVSA que haviam sido despedidos por protestar contra os controles que o governo queria implantar.
11 de abril de 2002 – Golpe de Estado. Um grupo de oficiais golpistas prende Hugo Chávez e anunciam que ele havia renunciado.
12 de abril de 2002 – Pedro Carmona Estanga se autoproclama presidente da Venezuela e elimina todas as garantias democráticas.
13 de abril de 2002 – Hugo Chávez volta à presidência, enquanto Carmona renuncia e foge como resultado de gigantescos protestos em todo país. Dezenas de simpatizantes de Chávez foram assassinados na repressão que se deu nestas 48 horas de governo Carmona.
Dezembro 2002/Janeiro 2003 – A oposição venezuelana organiza um paro patronal em todo país para forçar um referendo revogatório sobre Hugo Chávez. O nível de organização dos trabalhadores e do povo contra esse ataque cresce e lança por terra os planos da reação.
Março 2004 – Vários mortos e feridos em distúrbios provocados pela oposição para protestar contra a negativa da Comissão Nacional Eleitoral (CNE) de aceitar assinaturas duvidosas. Estes distúrbios ficaram conhecidos como a “guarimba”.
Junho 2004 – A CNE cede e diz que os opositores conseguiram assinaturas suficientes para realizar o referendo revogatório sobre o presidente. São criadas as Unidades de Batalha Eleitoral, as Patrulhas Eleitorais e o Comando Maisanta dentro da Missão Florentino para envolver a população na derrota do referendo revogatório. Um milhão e meio de pessoas se envolvem na campanha para derrotar o referendo.
15 de agosto de 2004 – Chávez ganha o referendo revogatório: com índices de participação históricos, 58,25% dos eleitores dizem NO à proposta da oposição de revogar o presidente.
Outubro 2004 – Candidatos bolivarianos ganham as eleições federais e locais.
Janeiro 2005 – Chávez anuncia no Foro Social Mundial de Porto Alegre a necessidade de transcender o capitalismo e construir o socialismo. O próprio Chávez reafirma sua convicção no socialismo em vários fóruns na Venezuela e em outros países. Pouco depois anuncia a expropriação da Venepal (empresa de papel) sob a forma de “co-gestão” entre o Estado e a força operária.
Agosto 2005 – Cerca de 20.000 jovens internacionalistas se dirigem a Caracas para participar do Festival Mundial da Juventude e Estudantes.
Fevereiro 2006 – É organizada a Frente Revolucionária de Trabalhadores de Empresas em Co-gestão e Ocupadas (FRETECO) para reforçar e coordenar a luta das empresas tomadas pelos trabalhadores e nacionalizadas pelo governo. É a luta pelo controle operário, um pilar fundamental na luta pelo socialismo.
Dezembro 2006 – Chávez é reeleito presidente com 62% dos votos e gigantescas manifestações de apoio ao governo. Também é lançado o Partido Socialista Unido de Venezuela (PSUV).
Maio 2007 – Não é renovada a concessão da RCTV, rede de televisão que participou do golpe de abril de 2002 confundindo a população e omitindo as manifestações da população, além disso, conspirava constantemente contra o governo eleito democraticamente.
Principais conquistas da Revolução
Alguns avanços sociais alcançados pela revolução:
Educação
Desde 1º de julho de 2003, graças à MISSÃO ROBINSON, foram alfabetizados 1.500.000 adultos, sendo então declarada, no dia 28 de outubro de 2005, a Venezuela como “Território Livre de Analfabetismo” pela UNESCO, passando a ser o segundo país latino-americano, depois de Cuba, sem analfabetos. A isto devem ser acrescentados os programas para ampliar o acesso ao Bacharelado (Missão Ribas) e a universidade (Missão Sucre), a completa gratuidade da matrícula em todos os níveis educativos, a dignidade dos centros de estudos (Liceus Bolivarianos) e o aumento de cerca de 40% do salário dos professores em 2006.
Saúde
Criação, em colaboração com Cuba, de um sistema de saúde preventiva para a população de baixa renda, levando saúde a todos os recantos do país com a MISSÂO BAIRRO ADENTRO. Com 200 milhões de consultas realizadas até o ano de 2006 totalmente gratuitas e a entrega de medicamentos. Ao que se deve acrescentar os planos para a criação de mais de mil Centros de Diagnósticos Integrais e Salas de Reabilitação destinados a melhorar e levar saúde a todos e a cada um dos venezuelanos.
Alimentação
A MISSÂO MERCAL (mercados de alimentação) com mais de 15.000 estabelecimentos em toda Venezuela, garante a 11 milhões de venezuelanos o acesso à alimentação com um desconto de 39% em relação às cadeias comerciais. Além disso, 6.075 casas de alimentação atendem cerca de um milhão de pessoas diariamente e a 690.000 famílias por mês.
Emprego
Desde o início do Governo Bolivariano o salário mínimo subiu mais de 400%, além de receberem um adicional para compra de cestas de alimentação com um ticket de cerca de 275 Reais. Apesar da taxa de desemprego ter chegado a 23% em 2003, conseqüência do paro patronal e da sabotagem petroleira, hoje, no ano de 2007, a taxa se encontra abaixo de 10%.