por Caio Dezorzi
Na segunda quinzena de Novembro, a convite da campanha internacional “Tirem as Mãos da Venezuela” (www.manosfueradevenezuela.org - campanha presente em mais de 50 países que promove atividades em solidariedade à revolução venezuelana) em conjunto com o Movimento Negro Socialista (www.mns.org.br), o estudante venezuelano e militante marxista, Euler Calzadilla, fez um giro por universidades brasileiras explicando como hoje na Venezuela todos têm acesso ao ensino superior público e gratuito sem necessidade de um “vestibular” como ocorre no Brasil – que acaba excluindo a imensa maioria dos jovens das universidades públicas – e também sem a necessidade de políticas de ações afirmativas, como as cotas raciais propostas recentemente no Brasil.
Euler também demonstrou como foi possível, combatendo e eliminando a burocracia, fundações privadas e ONGs, ampliar o número de vagas para todo o povo com um orçamento menor que a metade do antigo orçamento das universidades autônomas que ainda existem e só propiciam vagas a uma ínfima parcela da população.
Em um dos debates de São Paulo, realizado no Instituto de Artes da Unesp, compareceram 2 estudantes venezuelanos que atualmente moram no Brasil cursando doutorado em Física no Instituto de Física Avançada da Unesp e que se opõem às medidas de universalização do ensino superior na Venezuela. Estes estudantes intervieram na discussão defendendo a meritocracia e implantação de provas como o vestibular para determinar quem pode ou não entrar na universidade. Com argumentos visivelmente preconceituosos explicaram que a qualidade do ensino nas universidades cai quando todos podem entrar.
Mas Euler explicou como hoje os cursos nas Universidades Abertas da Venezuela e nas Aldeias Universitárias têm qualidade superior, pois são planejados e discutidos coletivamente por conselhos de estudantes, professores e comunidade, de tal forma que o produto do conhecimento gerado na universidade possa ser revertido em bem social para a comunidade com a qual se relaciona.
Segundo Euler, os engenheiros formados neste novo sistema na Venezuela são levados a elaborar soluções para problemas concretos da população e não para “projetar carros para a Fórmula 1”.
Euler levou essa discussão para estudantes secundaristas de Condado, em Pernambuco; para a Universidade Federal de Pernambuco, em Recife; para o campus da Unesp na capital paulista; para a cidade de Bauru, no interior de SP; para a Universidade Federal do Paraná, em Curitiba; para a Univille, em Joinville – Santa Catarina; para a Universidade Federal de Santa Catarina, em Florianópolis; para a PUC-SP, em debate co-organizado pela APROPUC (Associação dos Professores da PUC), justo na semana em que a Reitoria havia sido ocupada pelos estudantes que exigiam a redução das mensalidades; e para a Universidade Federal do Rio de Janeiro, em atividade co-organizada pela Casa da América Latina, justo na semana em que o exército ocupava o Complexo do Alemão.
Quando passou por Joinville, Euler concedeu entrevista a uma emissora de rádio e em Bauru, interior de São Paulo, onde a atividade foi promovida pelo mandato operário, popular e socialista do Vereador Roque Ferreira, do PT, Euler concedeu entrevista ao Jornal da Cidade (com facsímile da publicação ao lado).
Além disso, Euler – que é membro da Frente Bicentenária de Fábricas Ocupadas pelos Trabalhadores - ainda participou de debates sobre as ocupações de fábrica e o controle operário na Venezuela, que reuniram cerca de 200 pessoas. Três deles foram realizados a convite do Conselho Operário da Fábrica Ocupada Flaskô: um na própria Fábrica Ocupada, outro na Unicamp e um último no Sindicato dos Petroleiros de Campinas. Os outros foram realizados a convite do Sindicato dos Trabalhadores Vidreiros do Estado de SP e da Esquerda Marxista do PT.
Todo o giro do Euler foi financiado com contribuições voluntárias de sindicatos, entidades estudantis e dos próprios jovens e trabalhadores que participaram dos debates. Nos locais onde os debates foram realizados, agora se discute a formação de comitês permanentes da Campanha “Tirem as Mãos da Venezuela”.
Um comentário:
Ai meu Deus, como tem gente burra no mundo. A Venezuela é um desastre, ninguém aí consegue perceber?
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