Atividades confirmadas da Campanha “Tirem as Mãos da Venezuela” na região de Campinas/SP

1- Exibição do vídeo “No Volverán” para os trabalhadores da fábrica ocupada Flaskô (Sumaré/SP), dia 25/03, terça-feira, por turnos, de acordo com o horário de saída (13h, 16h, 18h30), seguido de um breve informe da situação venezuelana atual;

2- Dia 03/04, quinta-feira, às 17h, exibição do vídeo “No Volverán”, na sala PB 07 da UNICAMP, seguido de um debate com o camarada Alexandre, advogado da Flaskô e militante que viveu seis meses na Venezuela (entre junho e dezembro de 2007) e com o camarada Rodrigão, do CACH (Centro Acadêmico de Ciências Humanas), militante que visitou a Venezuela em fevereiro;

3- Dia 05/04, sábado, às 19h, exibição do vídeo “No Volverán”, no Museu da Imagem e Som (MIS) em Campinas, também seguido de debate com o camarada Alexandre;

4- Dia 09/04, quarta-feira, às 19h, no Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas, debate sobre história e conjuntura atual da Colômbia, com Pietro Alarcón, do Comitê em Defesa dos Direitos Humanos da Colômbia (ver cartaz);


5- Dia 10/04, quinta-feira, às 19h, no Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas, debate sobre a revolução na Venezuela e na América Latina, com a presença confirmada do Cônsul Geral da Venezuela em SP, Sr Jorge Luís Duran Centeno (ver cartaz);

Declaração da CMR em solidariedade com os trabalhadores da Sidor

1. Nas primeiras horas da tarde desta sexta-feira, 14 de março, chegavam notícias do que fora cometido pela Guarda Nacional contra os trabalhadores da Sidor, que se tem como saldo dezenas de trabalhadores detidos e feridos. Pela CMR, Corrente Marxista Revolucionária, nos solidarizamos com a luta destes trabalhadores e condenamos a repressão a cargo da GN. Exigimos a imediata liberdade de todos os detentos, a destituição e a instalação dos procedimentos judiciais dos responsáveis deste atropelamento contra os trabalhadores da Sidor.

2. Esta repressão produz-se num momento decisivo da luta quando o ministério do trabalho pretendia lançar um referendo dentro da empresa com o fim de suspender a greve. A atitude do ministério de trabalho está sendo enormemente negativa neste conflito como em outros muitos em todo o país. O ministério de trabalho deveria estar tentando ajudar a luta dos trabalhadores pela nacionalização da empresa em vez de mediar com a multinacional argentina Termiun, que conseguiu enormes benefícios com a exploração dos trabalhadores da Sidor e de suas contratadas.

3. Não há conciliação possível entre os interesses dos trabalhadores e os empresários, sejam nacionais e estrangeiros. Não há via intermediária entre o capitalismo e o socialismo. Esse é o caminho que levou à derrota e o desastre no Chile e Nicarágua. A atitude do ministro do trabalho Rivero está prejudicando gravemente o apoio e a confiança da classe trabalhadora no governo do Presidente Chávez. O governo nacional deve fazer uma mudança radical em sua política para os trabalhadores. O Presidente Chávez propôs em 2007 a idéia de nacionalizar a Sidor e tem que passar das palavras aos fatos.

4. A luta dos trabalhadores da Sidor é um exemplo para o conjunto da classe trabalhadora de Venezuela. Para triunfar, deve estender-se e ganhar o apoio da maioria da população e das bases do movimento revolucionário bolivariano. O movimento grevista deve estender-se ao resto de trabalhadores e comunidades lutando pela nacionalização sob controle operário como única saída para a resolução do conflito. A única maneira de garantir as demandas salariais e de melhora nos postos de trabalho é através da estatização da Sidor e de todas as empresas em crises, infra-utilizadas, cujos donos que sabotam a economia, conduzem ao desabastecimento e violentam a constituição desrespeitando os direitos dos trabalhadores. As fábricas devem estar sob controle dos trabalhadores.

5. A nacionalização da Sidor deve ser o primeiro passo para a nacionalização dos monopólios e dos meios de produção sob controle dos trabalhadores e das comunidades, único caminho possível para a construção do socialismo na Venezuela. A burguesia é incapaz de desenvolver o aparelho produtivo do país, e cobrir as necessidades o povo. É uma classe parasita. Só a classe trabalhadora aliada com as comunidades e camponeses pode implementar o desenvolvimento popular do país, e produzir não em função do benefício de uns poucos, senão em função da necessidade social.

6. O governo bolivariano deve continuar o caminho da nacionalização que se inicio em 2005 com a expropriação da Venepal e CNV (Construtora nacional de Válvulas), e em 2007 com a nacionalização da Faixa Petrolífera do Orinoco, da CANTV e da Eletricidade de Caracas. O governo bolivariano deve passar das palavras aos fatos na erradicação do capitalismo na Venezuela e na construção do socialismo.

7. Assim, pela CMR, fazemos um chamado aos sindicatos da UNT (União Nacional dos Trabalhadores) e às correntes dentro da mesma a deixar de lado as diferenças passadas e organizar uma conferência nacional urgente da UNT para unificar as lutas dispersas da classe trabalhadora meio à luta contra a sabotagem econômica, à revolução e ao desabastecimento e que se ponha como finalidade uma jornada nacional de ocupações de fábricas para exigir do governo nacional a nacionalização sob controle operário das empresas em crises, fechadas ou em conflito como Sidor e outras centenas, bem como o desenvolvimento dos conselhos de fábrica como base para o controle operário da produção que, conjuntamente com os sindicatos da UNT, se convertam na coluna vertebral do novo estado revolucionário que a revolução bolivariana precisa para marchar ao socialismo.

Caracas, 14 de março de 2008
Corrente Marxista Revolucionária

Lançamento da Campanha no Rio de Janeiro

Lançamento da Campanha no
Rio de Janeiro

Exibição do documentário:
“No Volverán – A Revolução Venezuelana Agora”

Seguido de debate sobre o momento que atravessa a Revolução Venezuelana

25 de Março (terça-feira)
18 horas
Sindipetro – Av. Passos, 34 – Centro – RJ


Contato: Fernando (21) 9326-8979
e-mail: fernandobleal@gmail.com

Sábado, 15/03, em São Paulo!

Um vento revolucionário varre a América Latina, sua ponta mais avançada está na Venezuela, mas podemos ver seus traços em diferentes graus na Bolívia, no Equador, no México, etc.
A campanha internacional Tirem as Mãos da Venezuela vem divulgando o que realmente se passa na Venezuela revolucionária. A mídia burguesa diz que lá se constrói uma ditadura. Nada mais falso! O que realmente existe na Venezuela é um profundo movimento das massas oprimidas em busca de justiça, justiça essa que o capitalismo nunca poderá proporcionar.
Numerosos são os ataques da oligarquia e do imperialismo norte-americano contra a revolução, mas outro inimigo representa grande ameaça: o reformismo. Políticos e falsos teóricos que em palavras se mostram amigos da revolução, porém agem para freá-la, aconselhando o presidente Hugo Chávez a ir mais devagar, a conciliar o interesse dos grandes empresários com o dos trabalhadores. Esses falsos amigos querem na verdade salvar o capitalismo, evitando a expropriação dos grandes meios de produção e a instauração de um Estado governado pelos trabalhadores. A derrota no referendo constitucional foi um alerta! As massas se cansam de lutar se só ouvem belas palavras, porém no cotidiano vêem a escassez de produtos alimentícios básicos, vêem a corrupção e nada sendo feito contra ela, vêem os ricos continuarem ricos. É hora da revolução avançar! Nada de conciliação, é hora de agir rumo ao socialismo!
A revolução cubana também encontra-se ameaçada. Principalmente após a “renúncia” de Fidel Castro, os burocratas reformistas cubanos trabalham pelo retorno do capitalismo à ilha, devemos defender esse Estado que mostra ao mundo a superioridade da economia planificada. O avanço da revolução na Venezuela daria grande impulso para o povo cubano impor um salto à revolução em seu país, tirando-a de tamanho isolamento, instaurando a democracia operária na administração do Estado. Logo os regimes burgueses de toda a América Latina cairiam, abrindo as portas para a construção da Federação das Repúblicas Socialistas da América Latina e, enfim, do socialismo em todo o mundo!
A campanha Tirem as Mãos da Venezuela está organizando para o mês de Maio uma grande conferência nacional para discutir a situação atual na Venezuela e nossas tarefas. Aqui na cidade de São Paulo estamos organizando uma reunião preparatória a essa conferência. Convidamos você a participar!
Dia 15 de Março (Sábado) às 10h30m
Sala de formação da Editora Luta de Classes
Av. Santa Marina, 440 – Sala 4 – Água Branca – São Paulo – SP
(ao lado da estação Água Branca da CPTM, apenas uma estação depois do Metrô Barra Funda – integração gratuita)

Além do debate, será exibido o filme “No Volverán!”produzido pela campanha internacional “Manos fuera de Venezuela”

Contatos: (11)3615-2129 - (11)9965-9423 - (11)9843-4623 - Alex ou Caio

No Volverán!

Dos mesmos produtores de "Solidarity - Hands off Venezuela" e dos curtas sobre a Sanitarios Maracay, apresentamos "No Volverán! - A Revolução Venezuelana Agora!". Um documentário eletrizante de 1h30m de duração com legendas em português sobre a revolução venezuelana. Lançado em inglês e espanhol em 2007, este documentário foi produzido na Venezuela e trata do período que vai até pouco depois das eleições que reelegeram Chávez presidente em Dezembro de 2006.

Os documentaristas viajaram juntos com a delegação internacional da campanha Tirem as Mãos da Venezuela, visitando bairros pobres de Caracas e diversas fábricas sob controle dos trabalhadores na Venezuela, para entender melhor o movimento que pretende por fim ao capitalismo no país e inspira milhões de trabalhadores no mundo todo.

O que a grande mídia não mostra e/ou distorce, a campanha Tirem as Mãos da Venezuela busca trazer à tona neste documentário emocionante. Depoimentos de trabalhadores e verdadeiros lutadores venezuelanos que demonstram uma consciência incrível da luta de classes e das perspectivas para o avanço da revolução.

Abaixo disponibilizamos uma versão em baixa resolução que pode ser assistida online, agora mesmo. Porém, mesmo assim, apelamos para a solidariedade de todos os companheiros e companheiras, para que adquiram o DVD e contribuam financeiramente com a campanha. Basta pedir por email (contato@marxismo.org.br) que providenciaremos uma cópia.

Assista agora, online e também adquira sua cópia em DVD!


Se o vídeo não abrir, acesse o link:
http://video.google.com/videoplay?docid=446792019660089358

Viva a Revolução na Venezuela,
na América Latina e no mundo!

Filme e debate!

Hoje, Segunda-Feira 10/03/2008, às 19h, será exibido o filme-documentário "No Volverán! A Revolução Venezuelana Agora!" no Cineclube Baixa Augusta, em São Paulo - SP. Após a sessão, terá lugar um debate com Alex Minoru, da campanha "Tirem as Mãos da Venezuela".

O Cineclube Baixa Augusta fica próximo à estação Consolação do Metrô, no sentido centro da Rua Augusta, 1239 em frente à Lanchonete Ibotirama (esquina com a rua Fernando de Albuquerque). Tel:(11)3214-3906.

Participe!

Declaração da Corrente Marxista Revolucionária

Condenação do assassinato de Raúl Reyes e da agressão do governo colombiano a Equador e Venezuela

Caracas, 04 de março de 2008.

1) A ofensiva do imperialismo norte-americano intensifica-se contra a revolução latinoamericana. O imperialismo observa como se lhe escapa das mãos o controle sobre o continente e está recrudescendo sua campanha contra a revolução. Muito particularmente, o ponto da mira do imperialismo é sobre a revolução Venezuelana e o referencial que está sendo para as massas em toda América Latina. Por isso as manobras e pressões do imperialismo para frear o giro à esquerda dado em todo o continente e especialmente na Venezuela.

2) Nesse sentido, a mediação com sucesso de Chávez na libertação dos reféns, somado à crise interna em Colômbia e a perspectivas da paz empurraram à oligarquia e ao imperialismo a atacar brutalmente às FARC, assassinando a Raúl Reyes que era responsável dessas negociações para a libertação. A mediação de Chávez nesse processo gerou enormes expectativas entre as massas e produziu mais divisões no seio da classe dominante. Ao mesmo tempo, a mediação de Chávez na libertação dos reféns das FARC era uma "pedra no sapato" na tentativa de criminalizar a revolução venezuelana ante as massas trabalhadoras de todo mundo por parte do imperialismo.

3) Os assassinatos de Raúl Reyes e 18 guerrilheiros da FARC dão conhecimento, uma vez mais, a política do estado colombiano e do governo de Uribe de impedir qualquer saída pacífica ao conflito com a guerrilha e, com isso, o desprezo das vidas dos seqüestrados. O governo de Uribe sobrevive sobre a base de incitar a guerra interna e apelar continuamente à luta contra a guerrilha como um médio de atacar e destruir à esquerda na Colômbia. Com este massacre o governo de Uribe e o imperialismo norte-americano pretendiam sabotar as gestões a favor da libertação de reféns e, com isso, dar um passo para a paz em Colômbia.

4) O Governo Colombiano, na tentativa de sabotar o processo de libertação de reféns e a busca de uma saída pacífica, não duvidou em invadir e bombardear o território equatoriano. Para cumprir com esta tarefa, o governo de Uribe teve que cobrir uma montanha de mentiras para justificar o ataque. Num primeiro momento, Uribe assinala que o governo de Equador tinha conhecimento do ataque e que este tinha se produzido depois de um ataque das FARC. Também disse que os guerrilheiros tinham sido abatidos na perseguição pelo exército colombiano, coisa que se demonstrou ser falsa. As tropas do governo de Equador puderam ver como a maior parte dos guerrilheiros mortos estavam de pijama e tinham sido surpreendidos enquanto dormiam pelo bombardeio das forças colombianas. Ante a evidência das mentiras, de Bogotá, o governo colombiano muda o tom e começou a acusar ao governo do Equador de estar apoiando à guerrilha, segundo documentos intervindos no ataque contra as FARC.

5) A táctica do imperialismo norte-americano e seu fantoche em Bogotá esta sendo a de criminalizar os governos do Equador e da Venezuela os associando com a guerrilha com o fim de criminalizar a revolução em ambos os países e preparar novas agressões contra os mesmos, os unindo à guerrilha e ao narcotráfico. A mão do departamento de estado norte-americano é clara tratando de associar a Venezuela e Equador com o terrorismo e a guerrilha.

6) Ao mesmo tempo em que se produzia esta situação, o governo da Colômbia desloca tropas para a fronteira venezuelana. Ante a ameaça que supõe este movimento de tropas, o presidente Chávez deu ordem de deslocar 10 batalhões à fronteira com Colômbia com o fim de prevenir qualquer agressão contra Venezuela ou incursão do exército colombiano contra o mesmo.

7) A classe trabalhadora de toda América Latina e de todo mundo deve estar alerta ante a ameaça de um ataque militar contra Venezuela ou Equador. O imperialismo norte-americano não duvidará em dividir aos povos irmãos de América Latina para enfrentá-los e os submeter; não duvidará em balcanizar a América Latina para manter a exploração imperialista e o sistema capitalista. O governo reacionário de Uribe fantoche do imperialismo norte-americano pode transformar-se no instrumento para uma intervenção militar contra Venezuela e Equador. O governo colombiano, armado até os dentes pelo imperialismo supõe uma ameaça contra a revolução venezuelana e em todo o continente. Em caso de realizar-se qualquer nova agressão por parte de Colômbia tanto o governo venezuelano quanto o equatoriano estariam em seu direito em defender-se com todos os meios em sua mão dessa agressão.

8) O assassinato de Raúl Reyes mostra como a única maneira de conseguir a paz na Colômbia é através do derrubada revolucionária do Governo de Uribe pela classe trabalhadora colombiana aliada com os camponeses de país. Só a luta de massas nas cidades lutando pelo socialismo pode garantir a paz. A luta pela expropriação dos meios de produção da burguesia na Colômbia e a destruição do aparelho do estado Colombiano através da luta de massas da classe trabalhadora pode garantir a vitória. As fábricas devem estar sobre controle dos operários e as terras em controle dos camponeses. A vitória puramente militar contra o estado colombiano é impossível. Mais de 70 anos de luta heróica guerrilheira demonstrou as limitações desta forma de luta e conduziram ao atual impasse. A luta guerrilheira no campo só pode triunfar como auxiliar da luta da classe trabalhadora nas cidades. Só a insurreição das massas operárias armadas na cidade pode pôr fim a este regime reacionário e sangrento.

9) Os marxistas da CMR repudiam o assassinato do Raúl Reyes e a violação do exército colombiano do território equatoriano e apoiamos as ações preventivas tomadas pelos governos dos Presidentes Chávez e Correa. Existem poderosos interesses no seio do aparelho do estado Colombiano para impedir a paz. Cada vez mais a burguesia colombiana está mais dividida pelo peso do paramilitarismo na economia de seu país e no controle do aparelho estatal. A crise por acima é um reflexo de que as massas estão começando a acordar depois de anos de repressão brutal e de uma guerra civil unilateral por parte do aparelho estatal colombiano e seu braço paramilitar. A guerra pode-se converter na saída desesperada por manter Uribe no poder. No entanto, guerra e revolução caminham unidas.

10) Se o imperialismo norte-americano acaba impondo a intervenção do exército colombiano contra Venezuela é necessário que muito particularmente os trabalhadores, os camponeses e os pobres colombianos se lancem contra esta intervenção imperialista. Uma agressão contra Venezuela ou Equador deve ser o toque de corneta da revolução socialista colombiana. Uribe, tratando de apagar o fogo revolucionário em América Latina, deve encontrar-se com que a faísca da revolução socialista se prende em Bogotá.

11) Na Venezuela e Equador, o povo e os trabalhadores poderão ajudar à libertação do povo colombiano e liquidar a ameaça da burguesia colombiana e do imperialismo, aprofundando a revolução socialista na cada um de seus países, expropriando aos capitalistas e construindo um autêntico estado revolucionário. Isto é, marcando o caminho para o oprimido povo colombiano em sua luta pela libertação do jogo do capitalismo e o imperialismo. Essa é a melhor garantia para evitar a guerra e as manobras do imperialismo.

12) Nossas palavras de ordem são:
Não à agressão de Uribe-Bush contra Equador e Venezuela!
Pela unidade dos trabalhadores, camponeses de Colômbia, Equador e Venezuela! Abaixo o governo reacionário de Uribe. Viva a revolução socialista em Venezuela, Colômbia e Equador!

Viva a Federação socialista de América Latina e o Caribe!

Ventos de guerra


 

Ventos de guerra

Por Luiz Bicalho – Esquerda Marxista (RJ)

 

No primeiro momento, uma simples operação militar onde o governo da Colômbia anunciava mais uma vitoria militar contra as FARC. Depois, a noticia de que esta ação tinha sido conduzida em território Equatoriano em reação a ataque das FARC vinda de lá. Após a noticia de que os mortos estavam dormindo e que o exercito colombiano havia abandonado 15 corpos e três mulheres feridas. E os ventos da guerra começaram a soprar.

Os fatos: as formas armadas da Colômbia invadiram o país vizinho, o Equador, sem pedir permissão e inclusive sem comunicar antes ao País. O acampamento da guerrilha, onde estava o dirigente das FARC responsável pelas de libertação dos reféns (Raul Reis) foi monitorado por satélites americanos durante uma ligação telefônica celular, apontado para o exercito colombiano, que destruiu o acampamento com aviões (foguetes e metralhadoras) e depois as tropas invadiram para pegar o cadáver de Reis e aprender documentos e computadores. Isto, em qualquer manual de guerra, é um ato de agressão, é começar uma guerra. Os argumentos de que são terroristas e podem ser caçados em qualquer lugar é exatamente o argumento dos EUA para invadir o Iraque, é o argumento para justificar a não aplicação de leis na prisão de pessoas sem direito a justiça, seja em Guantánamo ou no Iraque e Afeganistão. O argumento é o mesmo de Israel aonde um Ministro chega a declarar que é necessário praticar um Holocausto sobre o povo Palestino (Holocausto é o nome dado pelos judeus ao ato de Hitler de determinar o extermínio do povo Judeu. Agora é usado pelo estado sionista contra os palestinos...). Para justificar a invasão do território equatoriano, o governo colombiano vem citando as resoluções 1368 e 1373 do Conselho de Segurança da ONU, que deram respaldo, em 2001, a invasão do Afeganistão pelos EUA.

Na reunião da OEA, O embaixador colombiano na Organização dos Estados Americanos (OEA), Camilo Ospina, pediu desculpas pelo bombardeio que matou o dirigente guerrilheiro Raúl Reyes, mas afirmou que o objetivo era combater uma "máfia narcotraficante" e que seu país tem "sérios indícios" de que há outros acampamentos das Farc no Equador. Ou seja, ameçou fazer outra invasão.

Os fatos: O presidente Chávez se sente ameaçado e determina a mobilização do Exercito. Os jornais procuram dizer que é mais um ato de loucura de Chávez. E na madrugada de segunda as notas das agencias de noticias começam a pipocar na Internet. A 1h da manha chega a noticia que a Colômbia pede desculpas ao Equador. As 2h da manhã o chefe de Policia da Colômbia declara que encontraram provas entre os guerrilheiros de que haveria encontros entre o guerrilheiro morto e autoridades do governo do Equador, portanto o governo do Equador apóia as Farc. No correr da segunda se ampliam os ataques dizendo que Chaves destinou 300 milhões para as FARC e também fuzis. O chefe de policia da Venezuela mostra provas que o irmão do chefe de policia da Colômbia foi preso na Alemanha por trafico de drogas.

Os fatos: uma declaração de que o governo da França encontrara o guerrilheiro morto para tratar da libertação de reféns é tratada de forma menor na imprensa. O governo americano apóia o governo da Colômbia. Os jornais noticiam que um alto chefe militar americano visitou a Venezuela dois dias antes do ataque.

A droga e o imperialismo

A situação na Colômbia se deteriora já faz muitos anos. Apesar de alguns acharem que o trafico de drogas é mafioso (e ele é) e que por isso não obedece as leis gerais do capitalismo, a situação na Colômbia mostra justamente o contrário. Há muito tempo que se fez da Colômbia um ponto de produção da cocaína, desde a plantação até o refino. E a maioria desta produção é exportada para os EUA. O fato de não existir concorrência levou a construção de verdadeiros bilionários, de cartéis que disputavam o mercado entre si. Só que o mercado começou a produzir os seus sucedâneos, as drogas sintéticas, e a lei da oferta e procura levou o preço da cocaína ao preço normal de qualquer produto: o tempo de trabalho necessário para a sua produção e transporte até o mercado consumidor. E o dinheiro que inundava a Colômbia diminuiu e a guerra fratricida que divida a Colômbia e que atingia, antes de tudo, os dirigentes sindicais que morriam mais que morria a maioria da população tornou-se maior.

Dos diferentes grupos guerrilheiros que atuavam, sobraram as FARC que de grupo que aspirava ao poder passa a exigir uma "zona desmilitarizada", uma zona onde eles seriam o governo. De outro lado, o Estado "tradicional" se dissolvia e se criavam unidades paramilitares que "combatiam" as guerrilhas, mas na verdade funcionavam como verdadeiras milícias fascistas que atacavam toda e qualquer organização da classe trabalhadora.

A eleição de Uribe vem mudar este quadro. Ele faz um programa de erradicação sob o comando dos EUA, que integra ao Estado as milícias vindas dos grupos paramilitares e retoma para o Estado o monopólio da violência. Isto tudo é feito em nome do combate a drogas, mas neste estado e neste quadro são integrados os antigos dirigentes e financiadores dos grupos paramilitares, em particular os traficantes – melhor dito, uma parte destes traficantes que utiliza a sua posição no aparelho de estado para desarticular e destruir os grupos de traficantes rivais.

A guerrilha não é a solução

Nós, marxistas, sabemos que guerrilhas não são a forma de organização da classe trabalhadora. E que depende da classe trabalhadora uma revolução. A existência de guerrilhas só justifica a repressão do Estado. Nós sabemos que em determinada situação a classe trabalhadora, reagindo, pode ser levada a utilizar a violência. As revoluções que derrubaram os governos do Equador, da Bolívia, da Argentina mostram justamente isto: frente à miséria, frente à repressão a classe trabalhadora se organizou e derrubou governos. O que faltou foram partidos revolucionários que organizassem a classe para que ela tomasse o poder. Nós estamos fazendo justamente o trabalho de construir estes partidos, sem cairmos no aventureirismo da guerrilha que não consegue resolver nem ajudar a resolver este problema.

Sejamos claros: nós combatemos todos os governos capitalistas, em particular governos como o de Uribe, ditatoriais e repressivos. Combatemos e faz muito tempo governos como o governo sionista de Israel que utiliza o método de assassinatos seletivos contra o povo árabe. Agora, da mesma forma que somos solidários ao povo árabe frente à agressão sionista, que somos favoráveis ao direito ao retorno dos árabes na palestina, somos favoráveis a uma reforma agrária que dê terra aos camponeses na Colômbia, que exproprie os latifundiários. Isto significa apoiar a Al Fatah na Palestina ou as FARC na Colômbia? Não, definitivamente não. A origem das FARC, o fato de nascerem do Partido Comunista da Colômbia, não os exime de critica. Apesar de se declararem marxistas-leninistas, o que fazem nada tem de comum com Marx ou com Lênin. Lênin combateu duramente aqueles que saíram das fileiras do bolchevismo e quiseram implantar uma guerra de guerrilhas como solução para a derrota da revolução de 1905 na Rússia. As FARC argumentam que frente a uma ditadura não existe outra solução que as armas nas mãos. Mas a historia da revolução russa de 1917 mostra o contrário. A derrubada das ditaduras na America Latina mostra o contrário: foi o renascimento do movimento operário no Brasil, com o método das greves e manifestações que derrubou a ditadura. A palavra de ordem dos guerrilheiros de 68 no Brasil – "só o povo armado derruba a ditadura" levou na realidade a que a juventude mais mobilizada, mais consciente fosse massacrada pela ditadura. E foi o renascimento do movimento operário, as greves do ABC que deram surgimento a um partido operário e derrubaram a ditadura.

Como combater pela paz?

Bush, declarou seu "total apoio" ao chefe de Estado da Colômbia, Álvaro Uribe, e acusou o governo venezuelano de Hugo Chávez de realizar "manobras provocativas" contra a Colômbia. O imperialismo sabe o que quer: pressionar pela destruição da revolução venezuelana "em nome da paz".

O povo colombiano está seguramente cansado de anos desta guerra sem tréguas, da guerra entre quadrilhas, paramilitares, guerrilha. Guerra em que o povo, os dirigentes sindicais, os trabalhadores perdem a vida e que alguns poucos nas mansões de Bogotá e de Miami enriquecem e vivem. O povo Venezuelano, o povo do Equador não deseja a guerra. Sim, nós sabemos, é o governo títere de Uribe o responsável. Mas, como lutar pela paz, como lutar pela unidade dos trabalhadores contra o imperialismo? Antes de tudo é necessário confiança no movimento operário, nos trabalhadores que eles pelo seu próprio movimento derrubarão, mais cedo ou mais tarde, a ditadura de Uribe. É o movimento operário que está hoje na vanguarda da revolução venezuelana, é ele que vai garantir a continuidade da revolução lá. E é do movimento operário que sairão as forças para impedir a guerra e derrotar Uribe.

Nós convidamos todos a lutarem contra a intervenção do imperialismo em nossos países. Convidamos a todos a se juntarem conosco na campanha de tirem as mãos da Venezuela. A repudiarem a agressão do governo fantoche de Uribe contra o Equador e as agressões verbais contra o mesmo Equador e contra a Venezuela. O momento é grave. O tempo urge e urge a tomada de medidas urgentes para impedir o alastramento da situação e o inicio real da guerra.