Vitória! Trabalhadores argentinos retomam fábrica após despejo!


Clique na imagem para ler a matéria publicada no jornal Luta de Classes, edição 10 (http://www.marxismo.org.br/) sobre a IMPA, metalúrgica ocupada pelos trabalhadores desde 1998, que sofreu um violento despejo policial, mas foi retomada ontem (dia 23/04) e voltou a produzir sob controle operário!
Parabéns aos companheiros argentinos!

Vitória de Lugo abre nova situação política no Paraguai

Texto do Jornal Luta de Classes, edição número 10.
www.marxismo.org.br

A enorme mobilização que impôs a vitória de Lugo abriu as portas para o vento revolucionário que varre a América Latina invadir o Paraguai.
A burguesia nativa estava apavorada. O partido colorado, no governo há 61 anos, preparava uma fraude espetacular para não ser alijado do governo. Lançaram uma mulher como candidata a presidente para dar a aparência de “renovação”. Em vão. Lugo continuava crescendo!
Articularam a liberação do general golpista, Lino Oviedo, para ter outro candidato “de oposição”. Também não deu certo!
O governo colorado declarou que Lugo não podia ser candidato porque era bispo. Lugo se demite do bispado e reafirma a candidatura organizando uma aliança commo movimento operário, camponês e estudantil. Então o Santo Papa declara, em Roma, que não aceita a demissão de Lugo e o proíbe de ser candidato ameaçando-o com sansões. Lugo ignora a ameaça e após uma manifestação com mais de 120 mil pessoas em Assunção, em 18 de Abril, paralisa o governo e a burguesia e vence as eleições.
A vitória de Lugo, em 20 de abril, mostra como a classe trabalhadora estava cansada de 61 anos da ditadura do Partido Colorado, que converteu o Paraguai num dos países mais pobres e corruptos do mundo.
Fernand Lugo, candidato pela "Alianza Patriótica por al Cambio" (APC), obteve 40,82% dos votos, enquanto a candidata do Partido Colorado, Blanca Ovelar, roubando, comprando, fraudando, não conseguiu mais que 30,72%.
O povo paraguaio não esperou os resultados oficiais para sair as ruas e comemorar. O povo trabalhador quer tomar o destino em suas próprias mãos. "Há muitos anos não se via este sentimento de vitória e euforia por parte do povo", comentava Bernardo Rojas, presidente da CUT-Autêntica, a maior central sindical do Paraguai (existem cinco centrais). No mesmo dia a noite a praça do Panteon, principal ponto de encontro e de manifestações dos trabalhadores, recebeu mais de 100 mil manifestantes cantando e agitando bandeiras, vindos dos bairros e cidades vizinhas de Assunção.
Com uma plataforma política “por trabalho, justiça social, soberania e reforma agrária”, Lugo construiu uma aliança entre vários partidos e movimentos, entre os principais estão o Movimento Tekoyuyá (Igualdade), Partido Movimento ao Socialismo, Partido Liberal Radical Autentico, Partido Democrático Cristão, Partido Democrático Progressista, entre outros. Tendo começado como uma formação de unidade operária, camponesa e estudantil, esta aliança terminou integrando partidos burgueses que, obviamente têm interesses de classe diferentes das massas exploradas.
Assim ao assumir o poder, em 15 de agosto, o primeiro desafio do governo de Lugo será começar a atender as reivindicações populares e começar a resolver o problema do desemprego, que atinge 16% da população. Segundo dados da Direção Geral de Pesquisas, Estatísticas e Censos (DGEEC, na sigla em espanhol), 35,6% da população paraguaia é pobre e 19,4% (mais de 1,1 milhão de pessoas), extremamente pobre. Na área rural, esse percentual chega a 24,4%. Estas questões não tem resolução em um governo de coalizão com a burguesia. Só a continuidade da mobilização e a pressão popular poderão impedir que esta vitória lhes seja rapidamente confiscada.
Forças poderosas trabalham para isso. Como Lugo teve 40% dos votos já se ouvem vozes “inteligentes” anunciando que é preciso um entendimento com os derrotados. Outros, explicam que Lugo não é “revolucionário” e por isso não precisam se preocupar, etc, etc. Como sempre vozes muito “realistas” aparecem para tentar frear, desviar e desmoralizar as mobilizações e a revolução. Mas, o que está em movimento no Paraguai não é só a vontade de um ou de outro dirigente, mas forças revolucionárias profundas, que se expressaram através destas eleições e agora vão buscar se reforçar e desenvolver sua luta.
A principal batalha da classe trabalhadora no Paraguai será neste processo construir um verdadeiro partido político da classe trabalhadora para avançar em direção a resolução das aspirações mais sentidas do povo. Esta é a tarefa dos marxistas, no Paraguai. Por isto uma delegação da Esquerda Marxista esteve durante semanas lado a lado com os trabalhadores das fábricas ocupadas do Paraguai e da CUT-Autêntica, na luta pela vitória de Lugo. A vitória traz grandes perigos e o imperialismo, a burguesia local e vários governos vão trabalhar ativamente para enterrar esta vitória popular.
Começa com Lula e Celso Amorim declarando no dia seguinte que não aceitam rever o Tratado de Itaipu. Isto que durante a campanha Lula foi diversas vezes ao Paraguai para oferecer dinheiro e ajuda ao governo colorado. Recebeu em Brasília o general golpista Lino Oviedo. Mas não teve tempo para receber ou apoiar Fernando Lugo, o único candidato verdadeiramente popular. Um escândalo para um governo que foi eleito pelos trabalhadores. Mas, é isto que acontece quando um partido operário governa com a burguesia.
Rever o Tratado de Itaipu e fazer com que o Paraguai receba os valores reais que tem direito pela energia de Itaipu foi uma das promessas de Lugo. Será também é um dos seus principais desafios.
O Acordo foi firmado, em abril de 1973, pelas ditaduras militares de Emílio Garrastazu Médici, do Brasil, e de Alfredo Stroessner, do Paraguai. O Tratado que aprovou a construção da maior usina hidrelétrica do mundo até então tem a validade de 50 anos e fixa a repartição da energia entre os dois países. Metade fica com o Brasil e outra com o Paraguai. Na verdade a ditadura brasileira impôs aos colegas assassinos da ditadura paraguaia os termos de um acordo que é um verdadeiro assalto.
Como o Paraguai usa apenas 12% do total produzido, ele é obrigado a vender a eletricidade excedente ao Brasil por preços que variam de US$ 22 a US$ 44 o KWH. Um assalto, pois o preço que esta energia é vendida no mercado brasileiro passa dos US$ 80 por KWH. A recuperação da soberania hidrelétrica é fundamental para o povo paraguaio. Itaipu é responsável por 19% do PIB paraguaio, com ingressos nos cofres públicos de cerca de US$ 1,5 bilhão ao ano. Um reajuste nos preços poderia representar importante alavanca para o desenvolvimento do país. Lula prefere continuar assaltando o povo paraguaio?
Para a classe trabalhadora paraguaia, para os camponeses pobres e a juventude, a vitória sobre a máfia colorada é apenas o começo. Novos desafios estão por vir.
A começar pela resolução da necessidade de construir um verdadeiro partido operário de massa e reforçar a CUT-Autentica buscando construir uma central sindical que una a classe trabalhadora para conquistar as reivindicações, conquistar a ruptura de Lugo com a burguesia e erguer um verdadeiro governo dos trabalhadores para caminhar para o socialismo.
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Holocausto Americano
A Guerra do Paraguai foi o maior e mais sangrento conflito armado internacional ocorrido no continente americano. Estendeu-se de dezembro de 1864 a março de 1870. É também chamada Guerra da Tríplice Aliança (Guerra de la Triple Alianza) na Argentina e Uruguai, e de Grande Guerra, no Paraguai. Quando começou o Paraguai tinha 900 mil habitantes. Quando terminou tinha 180 mil. A quase totalidade de mulheres e crianças.
A Guerra do Paraguai foi realizada pelo Brasil, Argentina e Uruguai, a serviço da Inglaterra, que não podia aceitar o desenvolvimento de uma nação que em 1928 já havia declarado a Educação como obrigatória. Nesta época o Paraguai possuía a melhor estrutura industrial da América Latina. Era preciso apagar do mapa esta nação que ousava romper com os poderosos e se lançar em defesa do Uruguai contra a invasão militar brasileira.
Um dos chefes do massacre, o Duque de Caxias mostra como encarava a tarefa mas era obriagado a reconhecer o valor dos paraguaios e de seu dirigente, Solano Lopez. Em 1867, afirma em um despacho a Dom Pedro II que "soldados, ou simples cidadãos, mulheres e crianças, o Paraguai todo quanto é ele e López são a mesma coisa, uma só coisa, um ser moral e indissolúvel... Quanto tempo, quantos homens, quantas vidas e quantos elementos e recursos precisaremos para terminar a guerra, isto é, para converter em fumo e pó toda a população paraguaia, para matar até afeto do ventre da mulher"...

Atividade em Floripa!

Sábado, 26 de Abril às 17:00

Local: Sintrasem
Rua Nunes Machado, 94 - Edifício Tiradentes - 7º andar - Centro

Haverá exibição do vídeo "No Volverán!" seguido de debate sobre a revolução venezuelana e a situação na América Latina.

Mais informações com André: moura_ferro@hotmail.com

Atividade em Cuiabá - MT

Sábado, 26 de Abril às 16:00

Rua Barão de Melgaço, 3190 - Centro
(próximo à camara de vereadores)

Haverá exibição do vídeo "No Volverán!" seguido de debate sobre a revolução venezuelana e a situação na América Latina.

Mais informações com Ramirez: (65)8416-2719

Solidariedade a Fábrica na Argentina

Reprimiram e prenderam trabalhadores da IMPA e companheiros da ANTA-CTA
(traduzido do site: www.cta.org.ar)

No dia 17 de abril de 2008 sucederam-se atos de repressão policial contra os trabalhadores da empresa recuperada IMPA e contra todos os colegas da Associação Nacional de Trabalhadores Autogestionados-CTA, que acompanham a luta pela manutenção da fonte de trabalho mantida de forma autogestionada por parte dos trabalhadores da dita fábrica.
Para contextualizar cabe esclarecer que a empresa autogestionada IMPA tem estado em concordata de credores desde 1997 e pagou 90% da dívida. Ainda que tendo chegado a um princípio de acordo, faz menos de uma semana, com dois de seus credores, o juiz que cuida da causa resolveu pelo despejo de IMPA sem mediar nenhum tipo de negociação prévia e desconhecendo por completo as tratativas e acordos obtidos com ditos credores já citados.
Assim é que ordenou o despejo pela força da fábrica, o qual se concretizou na terça-feira 15 de Abril de 2008, às 22 hs. É assim que no dia de ontem, 16 de abril de 2008, se juntou um nutrido grupo de trabalhadores autogestionados em apoio à fonte de trabalho dos companheiros da IMPA, e pela continuidade trabalhista dos mesmos na empresa que souberam recuperar e pôr novamente em funcionamento faz anos atrás.
E neste dia, e para não sair de seu costume, a Polícia Federal reprimiu ferozmente a todos os colegas que mantinham a vigília na porta da fábrica. Sem mediar nenhuma provocação por parte dos colegas, senão simplesmente a pressão provocada pela presença no lugar e por manter viva a consigna de que “IMPA é dos trabalhadores”, é que a polícia começou sua provocação e repressão mediante jatos de água dos carros anti-distúrbio ao que continuou com os disparos de balas de borracha e gases lacrimógeno sem lhes importar para nada que dessa maneira podiam ferir gravemente, dado o estreito das ruas da zona, não somente aos companheiros que estavam ali senão que também aos vizinhos que conhecem e apoiam aos trabalhadores de IMPA.
O resultado da feroz repressão é que detiveram a 35 companheiros, dos quais 20 são de IMPA e 15 de cooperativas pertencentes a ANTA (Associação Nacional de Trabalhadores Autogestionados).
Por tudo isto solicitamos a todas as organizações, que estejam na senda da luta dos trabalhadores e pela reivindicação e defesa de seus postos de trabalho e por seus direitos, que difundam o sucedido da maneira o mais amplamente possível e também estar atentos a que SE TOCAM A UM NOS TOCAM A TODOS.
Muito obrigado por sua atenção e abraços para todos.


Carta de Solidariedade aos companheiros trabalhadores da fábrica IMPA

Estimados companheiros,
Estimado companheiro Eduardo Vasco Murua,

Acabamos de tomar conhecimento do violento ataque que sofreram na Argentina e imediatamente decidimos organizar uma delegação ao Consulado da Argentina, em São Paulo, para exigir o fim da repressão e a devolução da fábrica aos seus trabalhadores.
Como têm conhecimento aqui no Brasil sofremos a mesma repressão por parte do governo Lula, em 31 de Maio de 2007, que determinou a intervenção nas fábricas ocupadas, Cipla e Interfibra, com um tropa de mais de 150 policiais fortemente armados e que desde então tem adotado medidas para fechar a fábrica. Hoje passam de 300 os demitidos e todas as conquistas da gestão democrática dos trabalhadores foram revogadas, como a redução para 30h da jornada de trabalho com a manutenção dos salários. Um movimento muito importante de resistência e apoio à luta aqui no Brasil e no mundo se levantou contra o ataque fascista e a intervenção. Na época contamos com a importante solidariedade do companheiro Murua da IMPA. Sabemos que a unidade do movimento operário pelo fim da intervenção foi determinante para impedir a invasão da Flaskô cerca de 45 dias depois.
Por tudo isso estamos organizando para os dias 27 e 28 de Junho um Tribunal Popular para Julgar a Intervenção nas Fábricas Ocupadas, no Brasil. Desde já queremos convidá-los a estar presentes com uma delegação da IMPA e de todo o vosso movimento.
Sabemos que toda fábrica fechada é um cemitério de postos de trabalho e por isso os patrões e seus lacaios não podem aceitar que nossa classe se levante contra a barbárie que o capital e seus governos organizam, por isso eles não podem aceitar que existam fábricas tomadas pelos trabalhadores que seguem a luta em defesa dos interesses de seus irmãos pelo fim da exploração de classe. Por isso eles nos atacam, e se utilizam da mais dura repressão para nos tentar dividir, desmoralizar e fazer abandonar nosso caminho de luta para o socialismo.
De outro lado, sabemos que a classe operária tudo pode, se sabe construir sua unidade e não se dobra aos interesses do capital. Os trabalhadores da IMPA têm demonstrado isso mantendo seus empregos nestes 10 anos. Por toda América Latina e no mundo vemos a resistência revolucionária dos trabalhadores cuja ponta de lança é a revolução venezuelana.
Por isso nos somamos à dura luta dos nossos irmãos trabalhadores da IMPA pelo fim da repressão e exigimos que devolvam a fábrica a seus trabalhadores que há mais de dez anos têm lutado pelos seus postos de trabalho.
Estamos à disposição dos companheiros para o que for necessário.
Um ataque a um é um ataque a todos!
Exigimos: Devolvam a fábrica a seus trabalhadores! Fim da repressão na IMPA!

Serge Goulart – Coordenador do Movimento das Fábricas Ocupadas do Brasil
Pedro Santinho – Coordenador da Flaskô (Fábrica sob controle dos trabalhadores/SP)
Caio Dezorzi – Pela Secretaria da Esquerda Marxista

Chávez reestatiza Sidor. Uma vitória histórica para a classe trabalhadora!

Tradução ao português do texto “Chávez renacionaliza SIDOR. Una victoria histórica para los trabajadores”, escrito por Jorge Martín, da Corrente Marxista Revolucionária na Venezuela, um dia após o anúncio da nacionalização (quinta, 10 de abril de 2008).

À uma hora e 22 minutos da madrugada de quarta-feira, dia 09/04, o vice-presidente Ramón Carrizales anunciou a decisão do presidente Chávez de reestatizar a gigantesca planta siderúrgica Sidor, situada no sul do estado de Bolívar. A decisão foi tomada quando o grupo multinacional ítalo-argentino Techint (que possui a maioria das ações de SIDOR) se recusou a fazer concessões aos trabalhadores no Contrato Coletivo de Trabalho.

Os trabalhadores de Sidor vêm lutando durante mais de 15 meses por melhores salários e condições de saúde e segurança no contrato coletivo. Os principais pontos de controvérsia são os seguintes: 1) aumento de salário, onde a empresa oferecia muito pouco e queria adiar qualquer novo aumento salarial em até 30 meses; 2) o tema da subcontratação, onde os trabalhadores exigem que todos os trabalhadores subcontratados (9 mil de um total de 15 mil) devem incorporar-se à empresa em caráter permanente, 3) deve haver um aumento substancial para os aposentados, que atualmente recebem abaixo do salário mínimo.

Sidor foi privatizada em 1997 sob o governo de Rafael Caldera, quando o ex-guerrilheiro Teodoro Petkoff (na atualidade um destacado líder da oposição de direita) era o encarregado das privatizações. Sidor é agora propriedade da multinacional ítalo-argentina Techint, que tem feito milhões de lucro respaldada pela massiva sobre-exploração dos trabalhadores, e que se traduz em um notável aumento de mortes e acidentes no trabalho. José "Acarigua" Rodríguez, dirigente do Sindicato de Trabalhadores de SUTISS, descreve os dez anos de privatização como de “humilhação e maus tratos por parte da multinacional, que tem indignado os trabalhadores do país”, e culpou a Techint pelos 18 trabalhadores que morreram em acidentes na unidade.

Quando Chávez fes um chamamento à “nacionalização de tudo o que foi privatizado”, em janeiro de 2007, os trabalhadores responderam com greves espontâneas e levantaram a bandeira venezuelana nas instalações de Sidor. Começaram a exigir a nacionalização. Finalmente, depois de muitas negociações e pressões do governo argentino de Kirchner se chegou a um acordo entre Techint e o governo venezuelano. A empresa aceitou vender parte da produção no mercado nacional a preços preferenciais, em troca de evitar a nacionalização. Mas esse acordo não poderia durar. Ao longo de 15 meses de negociação coletiva de trabalho a empresa manteve uma atitude de provocação. Até que a paciência dos trabalhadores se esgotaram e começaram uma série de paralisações em janeiro, fevereiro e março.

Qual foi a resposta do Ministério do Trabalho? Em primeiro lugar tratou de impor uma arbitragem obrigatória aos trabalhadores. Logo, a Guarda Nacional foi enviada pelo governador do Estado de Bolívar para reprimir brutalmente os trabalhadores em 14 de março, durante uma greve de 80 horas. Vários trabalhadores foram detidos, incluindo o líder sindical "Acarigua", e muitos ficaram feridos durante o ataque. A Guarda Nacional atuou de uma maneira particularmente cruel, destruindo automóveis de trabalhadores e outros bens. Os trabalhadores e as massas da região responderam com um claro instinto de classe. Organizaram piquete e reuniões de solidariedade, ameaçaram com greves em outras empresas, etc.

Este incidente é o mais grave entre os trabalhadores e a Guarda Nacional durante o governo Chávez, inclusive pior do que quando a policia bloqueou em Aragua os trabalhadores de Sanitários Maracay que iam participar em uma marcha organizada por FRETECO (Frente Revolucionária de Trabalhadores de Empresas em Co-gestão e Ocupadas) em Caracas. Os trabalhadores de Sidor denunciaram o fato de que o comandante local da Guarda Nacional se manteve em estreito contato com a direção da companhia e basicamente estava atuando sob suas ordens. Aqui vemos um dos mais importantes desafios que enfrenta a revolução venezuelana. O velho aparelho do estado, criado e aperfeiçoado durante 200 anos para servir aos interesses da classe dominante, ainda que debilitado pela revolução, segue basicamente intacto e, assim, serve aos mesmos interesses.

Como disse um deputado bolivariano de Guyana: “considero que estes abusos estão muito longes
dos princípios revolucionários promovido pelo Presidente da República”. Este deputado, El Zabayar, que defendeu publicamente a nacionalização de Sidor explicou, além disso que, “há setores dentro do Estado que jogam pelo desgaste e utilizam as autoridades governamentais para assumir uma atitude pró-patronal”. Esse é precisamente o problema: o aparato de Estado segue sendo em grande parte o mesmo e um Estado capitalista não pode ser utilizado para levar a cabo uma revolução socialista.

Inclusive depois dessa brutal repressão, o Ministério do Trabalho (que também jogou um papel terrível na luta de Sanitários Maracay), insistiu em chamar um referendo dos trabalhadores para que aceitassem a proposta da empresa. José Meléndez, outro dirigente de SUTISS, criticou duramente o papel do Ministério: “eles nos acusam de ser os causadores dos problemas porque rechaçamos sua votação. Mais de uma vez temos mostrado nosso apoio à revolução, mas isso não significa que vamos permitir que o Ministro do Trabalho siga uma política contra-revolucionária e contra os trabalhadores; o que afinal de contas, só beneficia a direita”. E agregou: “o Ministro disse que estamos contra o processo, que somos contra-revolucionários, mas a verdade é que ele que está arranhando a reputação do Presidente. É o ministro que está atuando a favor da direita, como porta voz da companhia”.

Os trabalhadores corretamente se mantiveram unidos e se opuseram a essa votação e organizaram sua própria votação em 03 de abril, com duas opções: 1) aceitar a oferta da empresa, 2) mandato ao sindicato para continuar as negociações. A imensa maioria dos trabalhadores rechaçou a oferta de Sidor, com o voto contra de 3.338 trabalhadores e somente 65 a favor.

Logo, em 04 de abril, os trabalhadores se colocaram em greve e marcharam de novo à Universidade Bolivariana, em Bolívar, onde o presidente assistia uma cerimônia de graduação e exigiram ser ouvidos. Como resultado dessa pressão, o presidente Chávez interveio em programa de TV ao vivo em 06 de abril, para deixar claro sua posição. Entre outras coisas lembrou que os trabalhadores de Sidor e de outras indústrias básicas de Guyana se opuseram ao lock-out patronal de 2002, “mesmo recebendo ameaças de morte e inclusive quando se cortou o fornecimento de gás de Anaco, marcharam até Anaco e enfrentaram a polícia”. Assinalou que as condições dos trabalhadores eram “horríveis” e que “o governo revolucionário tem que exigir de qualquer empresa, nacional ou multinacional, latino-americana, da Rússia, de qualquer parte do mundo que cumpra com as leis venezuelanas”, referindo-se à lei aprovada em 1º de maio do ano passado que proíbe a subcontratação. Também anunciou que havia dado instruções ao Vice-presidente Ramón Carrizales para que se reunisse com o líder de SUTISS, Acarigua, e logo com a companhia para tratar de resolver a questão.

Acrescentou que seu governo “respeita o marxismo, as correntes marxistas, o método marxista” e que é um governo “operário” e que “saberá tomar as medidas necessárias”. Explicou que sempre trata de “buscar um acordo, a negociação e assim sucessivamente, mas a Sidor, a partir do dia de ontem, eu digo já basta”. Chávez também afirmou que sua intervenção foi o resultado da visita que lhe fizeram os trabalhadores de Sidor, que foram à reunião de graduação em Bolívar para conhecer sua opinião no conflito. Assinalou que teve duras conversas com o governador regional de Bolívar durante a repressão da Guarda Nacional para relembrá-lo das “velhas instruções para cuidar dos trabalhadores”.

Essa intervenção de Chávez, através do vice-presidente, de fato, foi uma bofetada na cara do governador regional e sobretudo no Ministro do Trabalho, José Rivero. Ele foi deixado de lado e o governo se alinhou claramente com os trabalhadores. A empresa, que até o momento havia dito que não ia falar com os trabalhadores, aceitou marcar uma nova reunião.

Uma reunião com as três partes, a empresa, o sindicato e o vice-presidente aconteceu em 08 de abril, na qual a companhia fez concessões menores. Logo após a meia-noite, o vice-presidente Carrizales afirmou que a reunião não poderia terminar sem um acordo e pediu à companhia, pela última vez, se ela estava disposta a fazer uma contra-proposta final ao sindicato sobre os salários e quando a empresa se negou, insistiu que essa negativa constaria na ata da reunião. Depois saiu, chamou o presidente Chávez e regressou para anunciar a reestatização de Sidor.

Milhares de trabalhadores, de imediato, começaram a celebrar uma vitória que nem sequer acreditavam ser possível. De fato, a direção do sindicato havia declarado horas antes que, depois da assinatura do contrato coletivo, continuaria a campanha pela nacionalização de Sidor.

Este é outro ponto de inflexão na revolução venezuelana e uma clara indicação da direção que deve tomar. Não se trata de uma pequena empresa em bancarrota tomada pelo Estado e sim do único fornecedor de aço do país e o quarto produtor de aço da América Latina. Essa decisão pode provocar uma reação por parte das multinacionais e também por parte do governo argentino, que no passado havia exercido uma enorme pressão sobre Chaves em defesa de Techint. A revolução venezuelana e seus partidários no estrangeiro, em particular na Argentina, devem estar preparados para resistir a essa pressão e lançar uma campanha em defesa da nacionalização. Os trabalhadores de Sidor devem tomar medidas imediatas para por em prática o controle operário a fim de evitar que a companhia incorra em todo o tipo de sabotagens. Devem tomar as instalações, controlar o estoque e, sobretudo, devem abrir os livros de contabilidade da empresa.

Mais importante, essa nacionalização provém principalmente como resultado da pressão dos trabalhadores em luta, que também foram encorajados pelo recente anúncio de Chávez de nacionalizar a produção de cimento do país. Essa é agora uma força de trabalho despertada e mobilizada que exigirá o controle operário. Nas nacionalizações anteriores, incluindo a recente planta de laticínios, Chávez tem insistido aos trabalhadores que devem estabelecer “Conselhos de Trabalhadores” ou “Conselhos Socialistas”. Eles devem ser utilizados pelos trabalhadores e pelo sindicato SUTISS, para o exercício do controle e da gestão operária. Como os trabalhadores venezuelanos sabem muito bem, a nacionalização em sim mesma não garante os interesses dos trabalhadores e do povo. Por exemplo, a PDVSA foi durante mais de 25 anos uma propriedade estatal, onde se desenvolveu uma burocracia enorme que respondia aos interesses da oligarquia e das multinacionais do petróleo.

Bolívar é uma das concentrações mais importantes da classe operária industrial, um fator decisivo na revolução. A vitória dos trabalhadores de Sidor estimulará também os trabalhadores de outras indústrias básicas da região a seguir adiante na luta pelo controle operário democrático.
A reestatização de Sidor é outro passo adiante na direção correta. Nos últimos meses a oligarquia tem intensificado sua campanha de sabotagem contra a economia, em particular no setor de distribuição de alimentos. Ao mesmo tempo, o imperialismo tem aumentado suas provocações e ameaça em colocar a Venezuela na lista de países que “hospedam o terrorismo”. Agora é o momento de dar passos decisivos à frente na nacionalização dos setores fundamentais da economia sob controle democrático dos trabalhadores e, por último, completar a revolução.

Conferência Nacional em Defesa da Revolução!

por Serge Goulart

A revolução na Venezuela passa por um momento especial. Há grandes possibilidades de avançar rumo ao socialismo, mas também existem graves problemas que podem paralisar e fazer retroceder a revolução. A enorme pressão internacional para “enquadrar”, isolar e desmoralizar Chávez e o povo venezuelano, a sabotagem econômica dos capitalistas e da oligarquia da Venezuela, bem como o freio que representa a burocracia do governo e do movimento bolivariano, assim como os dirigentes sindicais que desagregam e atomizam o movimento operário, são os principais obstáculos do processo revolucionário.

O governo Chávez deve continuar o caminho da estatização que se iniciou em 2005 com a expropriação de Venepal (hoje, INVEPAL) e da CNV (Construtora Nacional de Válvulas, hoje INVEVAL) e em 2007 com a nacionalização da bacia petrolífera do Orinoco, da CANTV e da Eletricidade de Caracas. O tempo passa e as massas começam a se cansar de discursos. A contra-revolução se reestrutura e se encoraja com o resultado do referendo sobre a reforma constitucional. O governo Chávez precisa passar das palavras aos atos na erradicação do capitalismo na Venezuela iniciando de fato a construção do socialismo.

A principal tarefa dos marxistas na Venezuela, hoje, é construir a organização revolucionária internacional e ajudar a constituição do movimento operário como “classe para si” através dos sindicatos e da reconstrução da UNT, assim como da constituição do PSUV (Partido Socialista Unificado da Venezuela) como partido da classe trabalhadora fortalecendo sua ala marxista revolucionária. Além disso, a continuidade da luta da FRETECO (frente de fábricas ocupadas e em luta), junto com organizações populares, camponesas e estudantis, pelo controle operário e as nacionalizações, pela tomada de terras e demais reivindicações, é um importante caminho para ajudar a avançar a revolução.

Mas, é evidente que a revolução necessita do apoio internacional da juventude e da classe trabalhadora para avançar. O cerco do imperialismo é internacional como mostram as viagens de Bush, de Condoleezza Rice, as provocações de Uribe a mando dos EUA, etc. Nessas condições, a campanha “Tirem as Mãos da Venezuela”, assumiu a tarefa de construir uma ampla rede de solidariedade militante no Brasil na defesa do processo revolucionário e de seus avanços. O que inclui informação viva para que mais e mais trabalhadores e jovens saibam o que realmente está acontecendo na Venezuela.

Em SC, já ocorreram atividades em 6 cidades diferentes, com público de 20 a 100 pessoas e representações sindicais e parlamentares. Em PE, foi realizada uma excelente atividade com a presença do Cônsul venezuelano, entidades sindicais e movimentos sociais. Em SP, foi realizado o lançamento nacional, além de visitas e atividades no Consulado e diversas outras atividades agrupando parlamentares e movimentos sociais.

A partir das atividades realizadas no fim de 2007, na Assembléia Legislativa de São Paulo, um Comitê Nacional da Campanha “Tirem as Mãos da Venezuela” foi formado e está organizando uma Conferencia Nacional em Defesa da Revolução Venezuelana para 31 de Maio de 2008, em São Paulo. Delegações de diversos estados são esperadas assim como da Venezuela, Argentina, Paraguai, Bolívia e Uruguai. Entre em contato e ajude a construir esta campanha!

Video-atividade em Curitiba

DIA 09/04 - QUARTA-FEIRA
18h30m

Local: Centro Che Guevara
Praça Generoso Marques, 90
Edifício Cláudia, sala 202 - Centro

Mais informações com Fabiano: (41)9109-3049

Nacionalização da empresa de lacticínios "Los Andes" - um passo na direcção certa

Repetindo as tácticas da burguesia chilena, a oligarquia Venezuelana tem andado (desde finais do ano passado) a provocar a sabotagem, açambarcamento e consequentes racionamentos dos produtos básicos alimentares. O seu objectivo? Fomentar a revolta contra o governo Chavez, responsabilizando-o pelo "caos" que provocam... Assim foi no Chile, assim não o será na Veenzuela!

Esta sabotagem activa da oligarquia venezuelana contra o processo revolucionário tem sido tão intensa que, inclusivé, obrigou o governo a adpotar medidas desesperadas de importação de produtos alimentares. Por fortuna, os cofres do Estado Venezuelano têm estado bem guarnecidos pela alta de preços do petróleo e assim se tem podido fazer face à situação...

Todavia, não deixa de ser preocupante que, após 9 anos de revolução, um sector estratégico do país continue nas mãos da oligarquia.... Mais! Torna-se escandalosa a gestão burguesa da terra e da indústria alimentar, pois apesar de todos os incentivos e medidas para alcançar a auto-suficiência alimentar, a situação é de escassez e racionamento!!!

A medida agora anunciada, irá permitir que até 40% da produção de leite esteja em mãos públicas - já não privadas! Significa também, uma mudança na linha do governo venezuelano e o reconhecimento tácito que a conciliação com a oligarquia (que a ala direita do chavismo exigiu após a derrota do referendo) é impossível!

Embora não se trate de uma expropriação, mas de uma aquisição... a nacionalização dos lacticínios "Los Andes" veio acompanhada de outras aquisições de empresas do ramo alimentar como a Centro de Almacenes Congelados.

Embora insuficiente, esta é uma medida positiva e daqui a saudamos!

Avante com a Reforma Agrária!
Nacionalização da Indústria Alimentar sob controlo operário!
Pela Planificação democrática dos Recursos!

Notícia integral em http://venezuela.elmilitante.org/content/view/6094/

"No Volverán!" em Rio Preto

Nesta Quarta-Feira, 02 de Abril, às 18:00 será exibido o documentário "No Volverán!" seguido de debate organizado pelo Diretório Acadêmico "Filosofia" (Gestão Ponto Político) na Unesp de São José do Rio Preto (interior de SP).

Entre os debatedores participará o companheiro Alexandre Mandle da Flaskô (fábrica ocupada pelos trabalhadores em luta pela estatização), advogado dos movimentos sociais na região de Campinas e morou 6 meses na Venezuela (em 2007) e foi inclusive observador internacional no referendo da Reforma Constitucional Venezuelana.

Data: 02/04/2008
Hora: 18:00
Local: Auditório Central do Campus - Ibilce - Unesp S. J. do Rio Preto
Rua Cristóvão Colombo, 2265 - Jardim Nazareth