Giro de venezuelano pelo Brasil é um sucesso!
Debate no Rio hoje com apoio da Casa da América Latina
Operários Vidreiros do Brasil saúdam expropriação de empresa vidreira na Venezuela
Diálogos Políticos entre Brasil e Venezuela: O Giro de Euler Calzadilla em Pernambuco
Giro de Euler Calzadilla pelo Brasil
Em 26 de Setembro os trabalhadores brasileiros estão com o PSUV na Venezuela!
Manifesto será entregue nos Consulados da Venezuela no Brasil
Jornada Mundial de Solidariedade à Revolução Bolivariana
Convocada pelo Congresso Bolivariano dos Povos e pela campanha internacional "Tirem as Mãos da Venezuela", a Jornada Mundial de Solidariedade à Revolução Bolivariana contará com pelo menos 3 atos no Brasil nos próximos dias.
Os atos serão em apoio à vitória dos candidatos e candidatas do PSUV nas próximas eleições de 26 de Setembro na Venezuela, cuja importância está expressa nesta DECLARAÇÃO.
Nesta Quinta-Feira, 16 de Setembro, no Rio de Janeiro ocorrerá o ato seguido de uma palestra do Cônsul Geral da Venezuela Edgard Gonzalez. Será às 18h no Auditório 51 da UERJ.
Em São Paulo, na Sexta-Feira, dia 17/09, às 10h, o ato será em frente ao Consulado da Venezuela para a entrega de um manifesto de apoio à vitória do PSUV assinado por mais de 100 lideranças do movimento sindical, popular e estudantil brasileiro. O endereço do Consulado em SP é: Rua General Fonseca Teles, 564 - Jardim Paulista.
No mesmo momento, às 10h da Sexta, outro ato ocorrerá em Recife, também em frente ao Consulado da Venezuela, Av. Conselheiro Aguiar, 597 - Boa Viagem.
Participe! Divulgue!
Carta Pública da UNETE-Zulia ao PSUV e aos candidatos da aliança
Vídeo: Solidariedade Internacional para o 26-S
Solidaridad internacional con la Revolución Bolivariana from Patrick Larsen on Vimeo.
Declaração da Campanha Internacional "Tirem as Mãos da Venezuela" sobre as eleições parlamentares
A Revolução Bolivariana desenvolveu raízes muito profundas no povo venezuelano. Os resultados conquistados por trabalhadores e camponeses, pelos setores mais pobres da cidade e do campo, são bem conhecidos: na educação, saúde, desenvolvimento de infra-estrutura básica, o controle estatal de empresas estratégicas e início de uma reforma agrária.
O exemplo da Venezuela tem inspirado os trabalhadores, camponeses e setores populares da América Latina e em todo o mundo na luta contra a dominação estrangeira, a pobreza e a exploração.
Mas a revolução bolivariana também tem provocado há muitos anos o ataque furioso do imperialismo norte-americano e seus aliados na oligarquia venezuelana que vêem esses avanços sociais como uma ameaça aos interesses dos privilegiados e dos poderosos, e buscam minar o seu alcance e objetivos utilizando todos os meios à sua disposição: A pressão diplomática internacional, uma campanha de mídia implacável de mentiras e calúnias e tentativas de sabotagem da economia venezuelana.
Uma representação importante das forças de direita e da reação na Assembleia Nacional, sem dúvida, será usada como arma para impedir as medidas progressistas impulsionadas até agora, e como um ponto fundamental para organizar o boicote ao avanço da revolução, como vimos outras vezes na Venezuela e países como Honduras, Bolívia, Equador, e ainda mais atrás no tempo, na Nicarágua ou no Chile.
Uma eventual derrota da revolução venezuelana seria usada contra aqueles que sofrem com a dominação e a opressão dos poderosos e lutam por um mundo melhor em todo o mundo. Estimularia os governos e setores reacionários de cada país a reforçar as suas políticas anti-povo, tentando enfraquecer e desmoralizar aqueles que se opõem a seus planos. Por isso é mais necessário do que nunca, e um dever fundamental, que todas as forças progressistas da sociedade: trabalhadores, setores populares da cidade e do campo, a juventude, os profissionais liberais e intelectuais comprometidos com a causa popular, unam suas vozes e esforços na América Latina e internacionalmente para defender a Revolução Bolivariana, para mostrar suas realizações e denunciar as forças obscuras da reacção que tentam acabar com ela.
Entendemos as eleições parlamentares de 26 de Setembro, portanto, como um marco importantíssimo na luta de forças vivas, entre o progresso e a reação, entre o futuro e o passado. Assim, damos nosso total apoio e solidariedade para com os candidatos bolivarianos apresentados pelo PSUV e fazemos um apelo ao povo venezuelano para apoiá-los com o seu voto.
Nós, que assinamos esta declaração chamamos a reforçar as atividades de solidariedade com a revolução venezuelana e nos comprometemos a combater a campanha de mentiras e desinformação dos meios de comunicação e divulgar as realizações do movimento bolivariano. Pretendemos também criar laços de solidariedade entre o povo revolucionário da Venezuela e de seus irmãos de outros países para defender a revolução contra as ameaças internas e externas.
Além disso, em conjunto com o Congresso Bolivariano dos Povos, chamamos a organizar ações de solidariedade em todo o mundo em 17 e 18 de Setembro.
Manos Fuera de Venezuela - Comitê da Venezuela
Manos Fuera de Venezuea - Argentina
Manos Fuera de Venezuela - Bolívia
Tirem as Mãos da Venezuela - Brasil
Manos Fuera de Venezuela - El Salvador
Manos Fuera de Venezuela - México
Hands Off Venezuela - Estados Unidos
Hands Off Venezuela - Canadá
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Em 26 de Setembro apoiamos a Revolução Bolivariana!
A Campanha Internacional "Tirem as Mãos da Venezuela" manifesta seu apoio à revolução bolivariana diante das eleições de 26 de Setembro e, conjuntamente com o Congresso Bolivariano dos Povos, convoca uma jornada mundial de ações de solidariedade para os dias 17 e 18 de Setembro. Assine, divulgue e apóie a Revolução Bolivariana!
Diante das eleições à Assembleia Nacional do próximo 26 de Setembro na Venezuela, nós abaixo-assinados queremos manifestar o nosso apoio internacionalista e solidariedade com a Revolução Bolivariana.
- Porque tem enfrentado o imperialismo de maneira valente!
- Porque tem investido o dinheiro da receita do petróleo para a erradicação do analfabetismo e a extenção da educação a todos os níveis!
- Porque tem feito um esforço gigantesco para extender a saúde aos segmentos mais pobres da população com a Missão "Barrio Adentro"!
- Porque iniciou um processo de expropriação de latifúndios e de distribuição de terras!
- Porque tem enfrentado o monopólio dos meios de comunicação e avançou para a democratização do acesso à mídia!
- Porque reverteu o processo de privatização de empresas e serviços públicos e reestatizou alguns que haviam sido privatizados!
- Porque ousou ocupar as fábricas abandonadas e colocou-as a produzir sob controle dos trabalhadores!
- Porque começou a introduzir o controle operário nas indústrias básicas!
- Porque levantou a bandeira do socialismo no século XXI!
- Porque uma derrota da revolução significaria um avanço do imperialismo, da oligarquia, dos latifundiários e capitalistas, dos que organizaram o golpe de Abril de 2002!
- Porque a revolução ainda não foi concluída!
Devido a isso e muito mais, nós apoiamos a revolução bolivariana e os candidatos do PSUV em 26 de Setembro e permanecemos alertas para combater a campanha de mentiras e provocações por parte do imperialismo e da contra-revolução.
Primeiras assinaturas no Brasil:
Serge Goulart – Direção Nacional do PT
Severino Nascimento “Faustão” – Direção Nacional da CUT
Álvaro Cardoso de Lima “Bambu” – Direção Executiva Nacional da CNQ (Confederação Nacional dos Trabalhadores Químicos da CUT)
Adilson Mariano – Vereador de Joinville-SC pelo PT
Roque Ferreira – Vereador de Bauru-SP pelo PT
Pedro Santinho – Coordenador do Conselho Operário da Fábrica Ocupada Flaskô
José Carlos Miranda – Coordenação Nacional do Movimento Negro Socialista
Cynthia Pinto da Luz – Movimento Nacional de Direitos Humanos
Maria de Lourdes Coelho “Lourdinha” – Confederação Nacional dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal da CUT
Arlindo Belo – Direção Nacional da CNQ (Confederação Nacional dos Trabalhadores Químicos da CUT)
Carlos Castro – Direção Executiva Estadual do PT de Santa Catarina
Josenildo Vieira de Mello – Direção Executiva da CUT (Pernambuco)
Alexsandro Batista – Direção Executiva da CUT (Santa Catarina)
Emanuel S. A. Cancella – Secretário Geral do Sindipetro-RJ (Sindicato dos Petroleiros do Rio de Janeiro)
Verivaldo Mota “Galo” – Direção Executiva do Sindicato dos Trabalhadores Vidreiros do Estado de São Paulo
Plínio Baldoni – Direção Executiva do Sindicato dos Ferroviários de Bauru, MT e MS
Luciene Cordeiro – Direção Executiva do Sinduprom (Pernambuco)
Maico Paixão – Presidente da UJES (União Joinvillense dos Estudantes)
Delmo Bussolaro – Presidente do PT de Araquari-SC
Ulrich Beathalter – Presidente do Sinserj (Sindicato dos Servidores Públicos de Joinville-SC)
Rosângela Soldatelli – ex-Presidente do Sintrasem (Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Municipal de Florianópolis-SC)
Clarice Erhardt – Coordenadora Regional de Joinville do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Santa Catarina
Milton Zanotto – Diretor do Sinpronorte-SC (Sindicato dos Professores do Norte de Santa Catarina)
Ricardo Morais – Diretor do Sindiquímica (Pernambuco)
Mirian dos Santos – Direção do Sinteepe e Diretório Municipal do PT de Jaboatão-PE
André Olegário – Diretor da UEE-SP (União Estadual dos Estudantes de São Paulo)
José Maria S. Nascimento – Direção Executiva do Sindipetro-RJ (Sindicato dos Petroleiros do Rio de Janeiro)
José Guido – Direção Executiva do Sindicato dos Trabalhadores Vidreiros do Estado de São Paulo
José Luis dos Santos “Paraná” – Direção Executiva do Sindicato dos Trabalhadores Vidreiros do Estado de São Paulo
Mario Conte – Direção Executiva do Sindicato dos Músicos Profissionais Independentes de São Paulo
Francisca Schardeng – Direção Executiva do PT de Joinville-SC
Francisco Lanzzarin – Direção Executiva do PT de Garuva-SC
Airton Sudbrack – Direção Executiva do PT de Jaraguá do Sul-SC
Moacir Nazário – Direção Executiva do PT de Joinville-SC
Silvio Durante – Direção Executiva Municipal de Bauru da JPT (Juventude do PT)
Caio Dezorzi – Diretório Municipal do PT de São Paulo
Adhel Daher – Diretório Municipal do PT de Araçatuba-SP
Rafael Prata – Diretório Municipal do PT de Campinas-SP
Fabiano Stoiev – Diretório Municipal do PT de Curitiba-PR
Alexandre Mandl – Conselho Operário da Fábrica Ocupada Flaskô
Raimundo Nilo Mendes – Sindipetro-RJ (Sindicato dos Petroleiros do Rio de Janeiro)
Fernando Borges Leal – Sindipetro-RJ (Sindicato dos Petroleiros do Rio de Janeiro)
Andrea Penha – Direção Executiva da AMES (Associação Matogrossense de Estudantes Secundaristas)
Vinícius Dantas – Associação de Pós-graduandos da UFSCar (São Carlos-SP)
Tiago de Carvalho – Presidente do Centro Acadêmico de Direito da Univille
Abdeir Chrispim – Centro Acadêmico de Filosofia - USP
Roberta Ninin – Coletivo de Cultura da CUT de São Paulo
Ludmila Facella – Ocupação da Coseas da USP (Moradia retomada)
Fábio Ramirez – Juventude Marxista
Flávio Almeida Reis – Direção da Juventude do PT (Caxias-RJ)
Wanderci Bueno – Jornal Luta de Classes
Elyabe Érik - Vice-Presidente do Grêmio Estudantil do CERU (Condado-PE)
Mayara Colzani – Grêmio da Escola Paulo Medeiros (Joinville-SC)
Luana Hellmann – Grêmio da Escola Germano Timm (Joinville-SC)
Iago Paqui – Grêmio da Escola Tufi Dippe (Joinville-SC)
Nicolas Marcos – Grêmio da Escola Presidente Médice (Joinville/SC)
Diante da provocação de Uribe à Venezuela: Defender a Revolução Bolivariana!
Na quinta-feira, 22 de julho, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, decidiu colocar a fronteira com a Colômbia em alerta militar máximo, depois do presidente colombiano, Alvaro Uribe, ter acusado a Venezuela de acolher os guerrilheiros das FARC e pedido uma "comissão internacional de inquérito" para esse assunto. É razoável supor que esta provocação do governo de Uribe, poucas semanas antes da entrega do poder ao novo presidente, Juan Manuel Santos, está ligada a uma campanha mais ampla contra a revolução venezuelana em preparação para as importantes eleições da Assembleia Nacional em 26 de Setembro.
O presidente Chávez também anunciou o rompimento das relações diplomáticas com a Colômbia e deu 72 horas para diplomatas colombianos deixarem o país. Toda a apresentação do embaixador da Colômbia na reunião da OEA em Washington foi uma farsa. Ele apresentou fotos e mapas por satélite que supostamente mostravam a presença de líderes das FARC e do ELN na Venezuela, além da presença de campos das FARC e do ELN.
O embaixador colombiano explicou que as imagens foram obtidas do famoso computador de Raúl Reyes, líder das FARC morto em uma incursão ilegal de tropas colombianas em território equatoriano em março de 2008. Um relatório da Interpol já tinha deixado claro que não foram usados métodos adequados para manipular o computador e seu conteúdo tinha sido mudado entre os dias de 1 de março, quando foi capturado pelo exército colombiano, e o dia 3 de março, quando foi publicado o seu conteúdo. Em outras palavras, essas provas são do mesmo calibre que as provas que mostraram a presença de armas de destruição em massa no Iraque.
"Não há nenhuma evidência, nenhuma prova, são fotos tiradas não se sabe onde, e como já conhecemos bem essas coordenadas, muitas dessas fotos são duvidosas", disse o embaixador da Venezuela na OEA, Roy Chardeton. Ele acrescentou que o governo venezuelano tinha cuidadosamente verificado e inspecionados os locais e as coordenadas fornecidas pelo governo de Uribe na quinta-feira e não tinha encontrado nenhum campo "terrorista" ou "presença de guerrilha", como a Colômbia tinha denunciado.
Na verdade, pode-se perguntar: por que o governo colombiano esperou mais de dois anos para divulgar a informação supostamente encontrada no computador de Reyes? Alguns argumentam que uma das razões pode ser o fato de Uribe estar prestes a transferir o mandato à Santos que é, supostamente, um presidente mais "razoável", que pretende construir "boas relações" com a Venezuela. No entanto, isso é uma ilusão. Santos foi ministro da Defesa de Uribe e ele próprio foi o porta-voz de inúmeras provocações contra a Venezuela no passado. Não devemos ter ilusões de que será melhor do que Uribe nem na na política interna, nem na externa.
É razoável supor que esta provocação do governo de Uribe, poucas semanas antes da entrega do poder ao novo presidente, Juan Manuel Santos, está ligada a uma campanha mais ampla contra a revolução venezuelana em preparação para as importantes eleições da Assembleia Nacional em 26 de Setembro.
Em 3 de junho, a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, lançou um ataque público contra a Venezuela, dizendo que "seus líderes tentaram silenciar as vozes independentes que querem controlar o governo", ao mesmo tempo que anunciava maiores subsídios para as ONGs que atuam em países como a Venezuela, onde a democracia está supostamente "ameaçada".
No início de julho, o cardeal Jorge Urosa, arcebispo de Caracas, lançou um ataque virulento contra Chavez, dizendo que ele estava levando o país para uma “ditadura marxista-leninista", baseada em um “modelo estrangeiro" emprestado da ex-União Soviética, e que tinha uma "tendência violenta e totalitária". O Cardeal convenientemente se esqueceu que a hierarquia da Igreja Católica, e ele próprio, estavam diretamente envolvidos e apoiaram o golpe de abril de 2002 contra o presidente democraticamente eleito. Essas são as suas credenciais democráticas!
Também existem tensões devido a presença de aviões militares dos EUA nas ilhas holandesas de Curaçao, em frente à costa venezuelana, que a Venezuela tem acusado repetidamente de violar seu espaço aéreo. A isto é preciso acrescentar a implantação recente de tropas estadunidenses na Costa Rica, um país sem exército, cujo governo autorizou, em 1 de julho, a presença de 46 navios e 7.000 marines dos EUA no seu território.
As eleições à Assembleia Nacional
Está claro que cada vez que o povo venezuelano é convocado à novas eleições ou referendos, é desencadeada uma campanha cuidadosamente planejada. A campanha inclui a manipulação da mídia, ataques e pressões diplomáticas, as tentativas de rotular a revolução venezuelana como uma ditadura, ou vinculá-la com o tráfico de drogas ou o "terrorismo". Também inclui a sabotagem econômica, as tentativas de criar o caos na Venezuela, etc. Esses são os métodos "democráticos" da oligarquia venezuelana e do imperialismo, e a Colômbia é um ponto importante nesses planos.
Washington é muito seletivo em sua condenação das violações dos direitos humanos. Sob o comando de Uribe, a Colômbia tem acumulado um número chocante de violações, incluindo o assassinato de líderes sindicais e sociais, tortura, seqüestro, etc. Recentemente se descobriu a maior vala comum da América Latina em Macarena, que pode conter mais de 2.000 corpos de mortos durante a guerra suja. Organizações de direitos humanos temem que muitos destes podem ser "falsos positivos", ou seja, pessoas comuns que foram mortas pelo exército e, posteriormente, classificada como "insurgentes" para inflar os números de eficácia na luta contra a guerrilha, e para que soldados e oficiais pudessem cobrar as recompensas.
No entanto, apesar da recente vitória eleitoral do sucessor de Uribe, a classe dominante colombiana enfrenta uma crescente militância nos sindicatos, movimentos camponeses e indígenas. Durante a celebração do 200º aniversário do início da luta pela independência, organizações sociais e indígenas organizaram uma marcha e comícios, em Bogotá, com mais de 25.000 participantes.
O governo direitista de Uribe assinou um acordo com os EUA, que permite acesso total a sete bases militares na Colômbia, bem como o pleno acesso à infra-estrutura civil do país. Isso significa que os militares norte-americanos na Colômbia, são imunes à acusações. O chamado para enviar "observadores internacionais" para a fronteira entre Colômbia e Venezuela é, portanto, uma provocação, que o presidente Chávez respondeu com a firmeza necessária.
Como esperado, Washington foi rápido para apoiar as acusações de Uribe, que de qualquer maneira haviam sido preparadas nos EUA. O porta-voz do Departamento de Estado, PJ Crowley, classificou a disputa como lamentável e disse que era uma "resposta petulante da Venezuela cortar relações com a Colômbia." "A Venezuela tem uma responsabilidade clara", disse ele. "A Colômbia fez acusações graves. Elas merecem ser investigadas."
Não surpreendentemente, estes ataques tem recebido todo o apoio da oposição venezuelana contra-revolucionária. Em uma conferência de imprensa, a “Mesa Unitaria Democática” (MUD) tem apoiado as alegações da Colômbia e atacou "a irresponsável política externa de Chávez. "
Entretanto, muito tem sido feito para colocar este tema na agenda da próxima reunião da UNASUL. O governo brasileiro tentou derramar água sobre as chamas. "Nós não queremos favorecer a Venezuela ou a Colômbia. Estamos buscando um acordo e seria ótimo se tivéssemos sinais de distensão antes de Santos assumir seu governo", disse Marco Aurélio Garcia, assessor de Lula para assuntos estrangeiros. Ele também insistiu que pensava que o conflito seria resolvido rapidamente "uma vez que Santos assumirá o cargo”. Mas como podemos resolver o conflito entre a revolução e a contra-revolução com sutilezas diplomáticas?
Defender a revolução na Venezuela!
Confrontado com este ataque, Chávez respondeu corretamente ao colocar o exército em alerta e chamou o povo a mobilizar-se e ficar atento. Ele também ameaçou fechar a fronteira e cortar o abastecimento de petróleo para os EUA se o conflito chegar a uma agressão militar.
Como já relatamos, a recém-formada Milícia Nacional Bolivariana é um passo para armar o povo em defesa da revolução, uma força de intervenção teria que enfrentar um povo armado. Esta iniciativa deve ser reforçada e ampliada, de modo que existam unidades da Milícia em cada fábrica, cada bairro, em cada comunidade rural, etc, para defender a revolução contra o capitalismo e o imperialismo.
Se os EUA forem tolos o suficiente para lançar um ataque militar contra a Venezuela através da Colômbia, isso poderia ter implicações revolucionárias em todo o continente. Nossa previsão é que no dia seguinte a tal ação não teria embaixada dos EUA de pé na América Latina.
A fim de defender a revolução venezuelana é necessário mobilizar a solidariedade internacional, não só na América, mas em todo o mundo. Ao mesmo tempo, na Venezuela, a revolução deve ser completada com a expropriação da oligarquia, dos banqueiros, da indústria e da terra, para que os trabalhadores da Venezuela possam impulsionar todo o potencial da economia através de um plano socialista democrático de produção.
Se a Revolução enfrenta a guerra, não pode se dar ao luxo de ser ingênua e deixar linhas vitais de abastecimento e do poder econômico nas mãos do inimigo. A classe capitalista venezuelana provou em mais de uma vez que, ao contrário da revolução não hesitará em usar todos os meios à sua disposição, incluindo assassinatos, golpes militares e de sabotagem econômica, para defender o seu poder, riqueza e privilégios.
A burguesia contra-revolucionária venezuelana demonstrou repetidamente que em qualquer conflito grave estaria alinhada com o inimigo estrangeiro, o imperialismo. A expropriação e estatização sob controle dos trabalhadores de suas propriedades é uma questão de sobrevivência para a revolução venezuelana.
Finalmente, é importante fazer um apelo internacional para o povo da Colômbia. Muitas vezes, a oligarquia na América Latina levou um povo à batalha contra um outro povo, para defender seu poder e desviar a atenção das massas de seus verdadeiros problemas para o inimigo “estrangeiro". A única maneira de alcançar a unidade da América Latina é através da extensão da revolução socialista em todo o continente e mais além.
Defender a revolução venezuelana!
Armar o povo através das milícias operárias e camponesas!
Expropriação da propriedade da oligarquia e do imperialismo!
Pela unidade dos povos da Venezuela e da Colômbia!
Por uma Federação Socialista da América Latina e do Caribe!
Jorge Martin
28/07/2010
A guerra econômica às vésperas das eleições parlamentares
A revolução venezuelana, para ser vitoriosa, deve ser levada até o final, com a expropriação dos capitalistas e latifundiários que ainda controlam dois terços da economia. Este controle é uma alavanca poderosa em suas mãos e que estão utilizando para organizar a sabotagem econômica para minar o governo. A direita, a quinta coluna reformista dentro do movimento bolivariano, está tratando de frear a revolução. É aí que mora o perigo.
As próximas eleições à Assembléia Nacional, previstas para 26 de setembro, representam um sério desafio para o futuro da Revolução Bolivariana. Nesses meses que antecedem as eleições, a Venezuela passou a viver uma situação muito volátil. A contra-revolução está em ofensiva, utilizando seu poder econômico para sabotar e açambarcar a fim de provocar escassez de alimentos.
Por seu lado, o governo está tratando de resolver alguns dos problemas, mas as medidas que adotou são tímidas e não vão ao cerne do problema. Uma grande parte do problema enfrentado pela Revolução é o grande e generalizado ressentimento popular contra a burocracia chavista – aqueles elementos que se uniram ao Movimento, não para lutar pelo socialismo, mas para fazer carreira, obter contratos lucrativos do governo ou postos de trabalho no Estado ou no partido. Este estrato, que se está tornando cada vez mais poderoso, representa a verdadeira quinta coluna da burguesia dentro da Revolução. E seus tentáculos chegam muito longe, no governo e no PSUV.
Há alguns meses, em abril, uma multidão de dignitários da América Latina chegou a Caracas, onde dominaram os meios de comunicação durante vários dias. Houve numerosos e longos discursos recordando os logros de Bolívar e a liberação da América Latina do jugo colonial. Mas às pessoas também lhes foi lembrado que a verdadeira independência deste grande continente ainda está por ser conquistada.
Nos últimos meses, o presidente Chávez insistiu repetidas vezes que não pode haver qualquer solução para os problemas dos povos da América Latina sob o capitalismo e que a única alternativa da raça humana é o socialismo ou a barbárie. A manifestação de 13 de abril deu ocasião para uma impressionante exibição da Milícia do Povo: operários, camponeses e estudantes armados.
No congresso de fechamento do PSUV, milhares de chavistas com suas camisas vermelhas gritavam Viva Chávez! E Viva a Revolução! Mas, sob a superfície existe um profundo sentimento de mal estar. Por trás dos discursos oficiais, as bases do PSUV estão expressando uma preocupação séria pela forma como vão as coisas e o que se depara no futuro.
Uma ativista bolivariana, Mônica, expressou sua preocupação:
“Quando vi a todos os milicianos e milicianas marchando no dia 13, enchi-me de orgulho. Mas há um problema. O número de bolivarianos nas ruas foi menor que em anos anteriores. Temo que estes desfiles estejam desviando a atenção das questões políticas, para longe dos problemas que preocupam as pessoas comuns”.
E confessou:
“Nós, os bolivarianos, estamos perdendo a batalha junto à população. Atualmente, os contra-revolucionários podem gritar contra Chávez nas paradas de ônibus e estações de metrô e ninguém lhes responde. Os chavistas estão cabisbaixos. Estamos na defensiva”.
Outro ativista chavista, Gustavo, comentou amargurado:
“O ambiente nos bairros pobres é muito ruim. No passado, as pessoas brigavam para subir nos ônibus para ir aos nossos comícios. Agora, ninguém mais quer ir. Alguns, inclusive, dizem: se me pagas, irei. Dizem que há um monte de dinheiro neste país... para alguns!”.
Como conseqüência disto, o resultado da próxima eleição é difícil de ser previsto. Muitas coisas podem acontecer nos próximos meses. Mas uma coisa está clara: não será fácil para os candidatos do PSUV. A vanguarda do PSUV e do movimento bolivariano vêm com crescente alarma que a contra-revolução está minando a revolução e que se prepara para um novo desafio para destituir Chávez de seu cargo.
PDVAL – o câncer da corrupção
Qual é a origem do problema? É o fato de que, onze anos depois de que Chávez chegou ao poder, a Revolução ainda não foi realizada até o final. O presidente admitiu honestamente que a Venezuela continua sendo um Estado capitalista. As esferas mais importantes da economia continuam em mãos privadas. A maior parte da terra está nas mãos dos latifundiários, enquanto que cerca de 70% dos alimentos são importados (apesar de a Venezuela ser um país agrícola fértil).
Isto contribuiu para exacerbar o problema da inflação (atualmente, uma das taxas mais altas na América Latina). A distribuição de alimentos continua nas mãos dos grandes supermercados e dos monopólios de alimentos, freqüentemente de propriedade de grandes consórcios estrangeiros. A fraude e a corrupção florescem neste setor e em outros.
Apesar de todos os esforços do governo, é freqüente e recorrente a escassez de determinados produtos alimentícios. Vimos o mesmo às vésperas do referendo constitucional (que o governo perdeu como resultado da alta abstenção). Esta é a clara evidência de uma campanha deliberada de sabotagem organizada pelas grandes empresas para desestabilizar o país e espalhar a desmoralização no período prévio às eleições de setembro.
Estes problemas são inseparáveis do problema da burocracia e da corrupção. O papel da burocracia é o de paralisar o avanço da Revolução, sabotar as leis progressistas e cancelar as iniciativas do presidente. A burocracia constitui a ala direita bolivariana, que se opõe obstinadamente às medidas revolucionárias, como a nacionalização e o controle operário. Em muitos casos, esta sabotagem já teve efeitos muito prejudiciais. Em nenhuma outra esfera isto é mais claro que no delicado setor de alimentação.
Um exemplo disso foi o recente escândalo na empresa estatal de alimentos PDVAL, que distribui mais de mil toneladas diárias de alimentos na Venezuela. No final de maio, o serviço de inteligência da Venezuela encontrou uma reserva secreta de 2.334 contêineres de alimentos, que haviam sido ocultos por alguns administradores corruptos da empresa. Como resultado, o ex-presidente de PDVAL, Luís Pulido, foi detido por corrupção e roubo.
Investigações posteriores indicaram que os problemas afetam muito mais que um só indivíduo. Segundo um artigo publicado em Últimas Noticias, de 09 de junho, os trabalhadores de PDVAL entregaram um informe a Chávez que revela como uma máfia organizada está operando na empresa de alimentos de propriedade do Estado.
O informe assinala que 12 altos dirigentes haviam organizado uma rede gangster que sistematicamente açambarcava os contêineres e os escondia por um tempo, até que superavam seu prazo de validade; então, eram vendidos no mercado negro e, logo, se faziam novos pedidos de contêineres através de PDVAL. Todos os que se atreveram a opor-se foram silenciados com ameaças de morte. Heartfriend Peña, um trabalhador que havia denunciado a existência de mais de 400 contêineres acumulados, foi despedido imediatamente pelos administradores corruptos.
A oposição de direita tratou de “provar” que o assunto de PDVAL revela que a própria revolução é um projeto fracassado. Por outro lado, os trabalhadores do setor estatal manifestaram-se para mostrar seu apoio aos programas alimentícios do governo.
O caso de PDVAL revela que é impossível construir uma sociedade nova, socialista, se o velho Estado burguês ainda permanece intacto. Sem o controle democrático da classe operária, é impossível evitar a corrupção e a burocracia. A corrupção é o câncer que está destruindo a revolução a partir de dentro. Se a revolução não destruir a burocracia, a burocracia irá destruir a revolução.
A direita chavista
A burocracia – esses agentes da burguesia com camisas vermelhas – está conduzindo uma cruenta guerra de desgaste contra os chavistas de esquerda. Usam de listas negras para impedir que os indivíduos verdadeiramente revolucionários tenham acesso ao presidente. Propagam mentiras e rumores contra a ala esquerda do PSUV, acusando-a de contra-revolucionária!
A ordem do dia para estes elementos é: disciplina! Com isto, querem dizer que os ministros devem fazer o que a burocracia lhes disser que façam! Antes que um ministro possa fazer algo, a ele ou a ela lhe dizem: primeiro, deve consultar a este ou àquele, para obter a aprovação. Mas este e aquele nunca vão aprovar medidas progressistas ou revolucionárias. Desta forma, a Revolução está sendo paralisada.
Quando algum ministro se nega obstinadamente a seguir a linha, ele ou ela pode ser marginalizado ou eliminado. O caso mais escandaloso foi a recente remoção de Eduardo Samán, o ministro mais popular no governo, que havia prestado seu apoio ativo às ocupações de fábricas e às nacionalizações.
Samán era muito popular com as pessoas simples, mas muito impopular com a burguesia e a quinta coluna, porque exigia o monopólio estatal do comércio exterior, uma medida absolutamente correta e necessária numa economia socialista. Ele também se ocupava do que era praticamente uma cruzada de um só homem para manter baixos os preços dos produtos alimentícios básicos. O homem que o substituiu imediatamente aumentou o preço de toda uma série de produtos alimentícios básicos e suprimiu os controles de preços dos produtos básicos que Samán havia mantido em seu lugar. Esta não é a melhor maneira de se ganhar o apoio das massas chavistas e, ainda mais, em ano eleitoral!
Algumas empresas supostamente implicadas no setor alimentício fazem fortunas especulando em dólares e em bolívares, e praticamente nada produzem. Inclusive algumas das nacionalizações realizadas são discutíveis. Em muitos casos, a burocracia destruiu o controle operário e recolocou os velhos administradores. Em outros casos, os antigos donos continuam administrando as empresas. Em outros, a única coisa que mudou foram as etiquetas das latas de café, e assim sucessivamente.
Contrastando com tudo isto, está o caso da fábrica La Gaviota, que produz sardinhas e que foi nacionalizada e opera com êxito sob controle operário. O problema é que casos como este são a exceção e não a regra.
É necessário completar a revolução
Em sua clássica análise da revolução espanhola, o marxista norte-americano Felix Morrow relata uma conversa típica entre um miliciano e um camponês pobre durante a guerra civil. O primeiro trata de convencer o segundo sobre a necessidade de defender a República Espanhola. Este último responde com uma pergunta simples e direta: “Que nos deu de comer a república?”.
Este episódio tem um profundo significado atualmente para a Venezuela. Não basta ter boas intenções ou defender o socialismo como um ideal. Para as massas pobres, o socialismo deve significar pão, manteiga e leite. Deve significar o final dos altos índices de delinqüência, o final dos aumentos de preços e o final da pobreza completamente.
Enquanto alguns funcionários e ministros do governo estão ocupados fazendo longos discursos sobre “democracia popular”, o inimigo está se referindo aos problemas reais, como a inflação, a escassez de alimentos e o índice de criminalidade. Naturalmente, a corrupta oposição venezuelana (que é financiada pelo imperialismo dos EUA) faz isto de forma cinicamente proposital e com o único objetivo de minar a revolução. No caso de voltarem ao poder, poderemos estar seguros de que as coisas serão muito pior, da mesma forma que as coisas se tornaram muito pior para os trabalhadores e camponeses espanhóis depois da vitória de Franco do que antes, durante a República.
Contudo, é particularmente perigoso neste momento tratar de evadir os problemas reais. Alguns setores reformistas, tanto na Venezuela quanto internacionalmente, trataram de negar os problemas sociais e econômicos do país, tratando-os como simples “propaganda da oposição”. Mas ao negarmos o que é evidente para todos, tornamo-nos cada vez mais distanciados do sentimento das massas, que sofrem os efeitos da crise econômica em sua vida cotidiana.
A necessidade de se completar a revolução é mais urgente que nunca. Incrivelmente, depois de mais de dez anos de revolução, apesar da irresolução, a situação continua sendo favorável. Chávez poderia utilizar sua maioria no Parlamento para aprovar uma lei que permitisse nacionalizar as maiores companhias, o setor de alimentação e supermercados, os bancos e a indústria, que permanecem em mãos privadas. Isto poderia acontecer acompanhado pelo monopólio estatal do comércio externo, o que permitiria à Venezuela ter o controle total sobre a economia do país. Ademais, um decreto introduzindo o controle operário em todo o setor estatal com total segurança receberia uma resposta entusiasmada dos trabalhadores, criando comitês de fábrica em todas as empresas, como vimos de forma embrionária em Sidor e outras indústrias básicas de Guayana.
Ao avançar nestas linhas, o governo rapidamente enfrentaria com realismo os problemas da inflação, da especulação, da moradia, do açambarcamento de alimentos e da infra-estrutura. Poder-se-ia introduzir uma reforma agrária radical, cujo objetivo seria o de suprimir o predomínio do latifúndio no campo e de dar terras aos camponeses. O controle do crédito em grande escala permitiria ao Estado fornecer crédito barato aos pequenos agricultores e incentivos à produção agrícola e, dessa forma, por um fim à absurda importação massiva de produtos alimentícios.
Nacionalizar os bancos sob controle operário!
Na segunda-feira, 14 de junho, as autoridades venezuelanas anunciaram o fechamento temporário e a investigação do Banco Federal, o maior banco do país. Uma das razões era que o banco não cumprira uma lei venezuelana que estimula o investimento mínimo para fins lucrativos.
Esta medida foi tomada depois da intervenção e subseqüente nacionalização de uma série de bancos de tamanho médio em novembro do ano passado, que conduziu à fundação de um novo banco estatal, o Banco Bicentenário. Isto significa que o setor estatal agora possui entre 20-25% do sistema financeiro.
Embora estas nacionalizações representem um passo a frente, há que se assinalar que os capitalistas do setor financeiro da Venezuela (vários deles multinacionais) continuam tendo liberdade para sugar uma enorme riqueza do país. Um artigo da revista financeira burguesa Reporte – Diário da Economia (de 05/02/2010) revelou que haviam obtido 2,615 bilhões de dólares americanos de lucros em 2009. 86% desse valor vieram da cobrança de comissões. Esta é uma cifra grotesca, tendo em consideração que milhões de venezuelanos vivem em bairros extremamente pobres, sobrevivendo com 5-10 dólares ao dia.
Além da evidente injustiça social, o que isto indica é que, depois de uma década desde o início da Revolução Bolivariana, a economia venezuelana continua sendo claramente uma economia de mercado, um fato que é inclusive admitido por funcionários do governo. De acordo com as cifras do Banco Central da Venezuela, o setor privado continua criando 70% da riqueza gerada na Venezuela.
Embora continue sendo o maior, o setor privado teve uma queda mais abrupta que a do setor público. Por exemplo, em 2009, o PIB caiu 3,3%, correspondendo a uma redução de 4,5% para o setor privado e um crescimento de 0,9% para o setor público. O PIB (em bolívares) foi de 56 bilhões de dólares, dos quais 33 bilhões foram criados pelo setor privado e 17 bilhões pelo setor público (seis bilhões foram provenientes de impostos líquidos sobre os produtos). Apesar da imprecisão, isso significaria que o setor privado representa 66% do PIB, não estando longe que a cifra real seja de 70%. Assim, o que temos na Venezuela não é socialismo, mas uma economia mista, em que predomina o elemento capitalista. Muitas coisas se deduzem deste fato.
Manter o sistema capitalista fez com que a Venezuela tenha sido duramente golpeada pela recessão mundial. O ano de 2009 terminou com o PIB do país contraído em 3,3% e o primeiro trimestre de 2010 se traduziu numa queda de 5,8%. Em 2008, o PIB cresceu 4,8%. Mas, no mesmo período, o setor privado caiu 0,1% e o setor público cresceu 16,3%. Isto significa que, na atualidade, é o setor estatal que está sustentando a economia. A razão é clara: os capitalistas não são capazes, nem estão dispostos a expandir as forças produtivas.
Nos últimos dez anos ocorreu o fechamento de quatro mil pequenas e médias empresas na Venezuela. Ao mesmo tempo, a inflação é muito alta. As cifras recentes revelam que a inflação acumulada nos primeiros quatro meses de 2010 é de 11,3%, enquanto que, no mesmo período do ano passado, era de 6,7%. Esta situação está tornando a vida cada vez mais difícil para as famílias da classe trabalhadora, porque os aumentos salariais foram a exceção e não a regra. Dessa forma, há uma queda real do poder aquisitivo dos trabalhadores venezuelanos.
A revolução deve levar em consideração esta situação e tirar as conclusões necessárias: dentro dos limites da economia de mercado não há maneira de resolver os urgentes problemas das massas. No período prévio às eleições parlamentares da Venezuela, os marxistas venezuelanos lutarão por um verdadeiro programa socialista no PSUV, junto à juventude do PSUV e na UNT. A nacionalização de INAF é a primeira vitória neste sentido e mostra como é possível ganhar-se uma luta se os métodos do marxismo estão na vanguarda.
Contudo, a nacionalização parcial não funcionará. O que se requer é uma economia socialista planificada. Com o objetivo de se por um fim ao caos, todas as alavancas dominantes da economia, incluídos os bancos, devem ser expropriadas sem indenização. E com a finalidade de erradicar o câncer da burocracia e da corrupção, é essencial que a economia e o Estado estejam nas mãos da classe trabalhadora.
Em várias ocasiões, Chávez citou o Estado e a Revolução de Lênin como uma leitura obrigatória para todos os membros do PSUV. Quais foram as condições básicas que Lênin propôs para a criação de uma democracia operária e do movimento em direção ao socialismo?
Estas medidas devem ser aplicadas imediatamente na Venezuela. Esta é a única maneira de se colocar um fim à corrupção e à burocracia. Em seu discurso ante o Congresso do PSUV em abril, Chávez assinalou a crise mundial do capitalismo e, mais uma vez, enfatizou que somente o socialismo pode salvar a humanidade. Novamente citou Lênin (O Estado e a Revolução e o Imperialismo) e Marx, sublinhando o fato de que o PSUV defende a luta de classes. Já é hora de que as palavras do presidente sejam colocadas em prática!
Como ganhar as classes médias?
Uma das objeções fundamentais colocadas pelos reformistas ao programa socialista é a de que afastará as classes médias. Isto é completamente falso. As expropriações não estão dirigidas contra os pequenos proprietários: os donos de pequenas empresas, lojas e bares ou ao campesinato com pequenas parcelas de terra e algumas galinhas. Estão dirigidas exclusivamente aos grandes bancos e monopólios que exploram, enganam e roubam os pequenos negócios.
O pequeno comerciante, os pequenos camponeses e as outras chamadas camadas intermediárias, que se encontram entre a classe operária e a burguesia, constituem uma classe muito heterogênea. Em suas camadas superiores estão próximas à burguesia. Os advogados prósperos, professores universitários, economistas, jornalistas e outros profissionais têm interesses na sociedade existente e estão dispostos a servir seus interesses. Seus filhos e filhas nas universidades proporcionam a ponta de lança da reação.
Contudo, as camadas inferiores da classe média são particularmente voláteis e em constante oscilação entre a revolução e a contra-revolução. Estas camadas tendem a seguir a classe que mostra o caminho a frente. Somente podem ser ganhas mediante uma política consistente e firme. Os reformistas sempre apelam à moderação em nome de “ganhar as classes médias”. Mas a vacilação e a moderação são exatamente a forma de se perder o apoio da classe média e de entregá-la nos braços da reação.
Os reformistas alegam ser “realistas”, mas, na prática, sua política de “moderação” é totalmente utópica, como o revela a experiência. Há um par de anos, o ex-prefeito de Caracas Metropolitana, Juan Barreto, iniciou um programa de expropriações de edifícios e terrenos não utilizados (incluídos alguns campos de golfe), que, inicialmente, teve uma muito boa acolhida dos habitantes, dos quais muitos procediam de famílias de classe média. Viram que, finalmente, o governo começava a atacar os especuladores e os estelionatários imobiliários que estão fazendo dinheiro da falta de acesso a uma moradia barata. Mas esta política foi revertida rapidamente sob a pressão dos reformistas.
Isto alienou a classe média que estava a favor da expropriação dos ricos parasitas. A lição é clara: a classe média somente pode ser ganha se o governo, baseando-se na classe operária, adotar uma política socialista clara e mostrar coragem e determinação. Enquanto a revolução não for concluída, o pequeno comerciante sofrerá sob a ditadura dos monopólios e os pequenos camponeses sofrerão nas mãos dos latifundiários. É impossível ganhar as classes médias com medidas tímidas e meias-medidas. Somente se a revolução der passos decisivos para destruir o poder econômico da oligarquia poderá ganhar grandes seções da classe média para o lado da revolução.
O PPT e o apelo a um chavismo “tolerante”
À medida que a Revolução se aproxima de uma etapa crítica, inevitavelmente tende a se polarizar entre a esquerda e a direita, que representam, respectivamente, a pressão dos operários e camponeses que lutam por derrotar a burguesia e completar a revolução socialista, e a pressão da burguesia e de sua quinta coluna, lutando para derrotar e destruir a Revolução sob a falsa bandeira da “democracia” e da “tolerância”.
Neste contexto, o PPT (Pátria Para Todos), um partido que pertencia ao bloco pró-governo, mudou de camisa e está tratando de se apresentar como uma versão do chavismo mais “tolerante” que a defendida pelo próprio Chávez. Este partido está liderado por um ex-membro do PSUV que foi governador de Lara, Henry Falcón, que entrou em conflito com Chávez entre outras coisas porque resistiu às tentativas do governo de expropriar uma área industrial em Lara que pertence ao milionário Mendoza (o dono da cadeia produtora de alimentos e bebidas Polar).
O PPT está tentando agora (em grande parte da mesma forma que Violeta Chamorro na Nicarágua no final da década de 1980) apresentar-se como uma opção de “terceira via”, que pode abrir caminho para uma reconciliação geral sem derramamento de sangue, para um compromisso entre as classes que restaure a “normalidade” e, ao mesmo tempo, termine com as dificuldades das massas, como a inflação, a escassez de alimentos, e assim sucessivamente. Esta retórica é muito perigosa porque oculta a verdadeira face destas pessoas: a contra-revolução com máscara democrática.
Se o governo continuar sendo incapaz de resolver muitos dos principais problemas, os apelos demagógicos à reconciliação podem ganhar enormes camadas das classes médias e inclusive de algumas camadas da população urbana pobre que estão cansadas e frustradas pela lentidão da revolução e desesperadas por encontrar uma forma de sair do atual beco sem saída. Mas, e isto é o mais importante, o prolongamento da situação atual pode dar lugar à apatia e à desmoralização entre alguns setores das massas, que poderia se refletir em alta abstenção nas próximas eleições.
A etapa atual se caracteriza por enorme confusão. E, para resolver isto, não ajudam os pequenos partidos e grupos à margem do movimento bolivariano que se descrevem como “marxistas” e “trotskistas”, mas mostram completa incapacidade para entender a forma como se movem as massas. Um exemplo típico deste fenômeno é Orlando Chirino, um sindicalista que tem um histórico de lutas militantes com os trabalhadores têxteis de Aragua e que estava na vanguarda da criação da UNIT, a União Nacional dos Trabalhadores. Em 2007, Chirino decidiu boicotar o PSUV no referendo constitucional. Como advertimos naquele momento, agora ele é incapaz de diferenciar entre a revolução e a contra-revolução.
Isto foi confirmado de forma notável nos últimos meses. Chirino foi promovido a uma candidatura à Assembléia Nacional na lista do PPT! Assim, o grupo “trotskista” de Chirino está entrando numa Frente Popular de partidos burgueses para atacar o governo antiimperialista de Hugo Chávez! A história conhece todo tipo de transformações! Não contente de ser candidato numa lista burguesa, Chirino está agora publicamente em oposição à nacionalização da cadeia alimentícia Polar. Como ele disse, esta seria uma “nacionalização burguesa”!
Ao dar ao PPT uma cobertura de “esquerda” e “operária”, está objetivamente servindo aos interesses do imperialismo e da contra-revolução. Isto deve ser entendido e combatido por todos os trabalhadores militantes e sindicalistas. Aqueles que desejem derrotar a contra-revolução lutarão nas fileiras do PSUV para ganhar estas eleições como uma questão de vida ou morte para a revolução.
Por qual etapa estamos passando?
Os últimos onze anos da Revolução Bolivariana foram repetidamente salvos pela intervenção ativa das massas: em 2002, 2003 e, mais tarde, no Referendo Revogatório. Mas, já o Referendo Revogatório deu um sinal de alarme. A oposição não ganhou o referendo. Os chavistas o perderam. Três milhões de eleitores ficaram em casa.
É impossível de se avaliar com precisão a correlação real de forças eleitorais. Não é provável que a oposição de direita vá ganhar muitos votos dos chavistas. Mas há o grande risco de que os partidários de Chávez simplesmente se abstenham. Segundo alguns cálculos, o núcleo duro do voto chavista poderia ser em torno de um terço, com outro terço para a oposição, e outro terço (o elemento decisivo) de eleitores chavistas, que está desiludido e pode ser que não vá votar.
Isto poderia dar a maioria da Assembléia Nacional à Oposição. Isso seria um desastre para a Revolução. Inclusive se a oposição não obtiver uma maioria, mas conseguir uma importante votação seria um duro golpe. Uma forte presença da oposição na Assembléia dar-lhe-ia uma alavanca para minar e sabotar a legislação progressista. Ela a utilizaria para organizar manifestações massivas nas ruas e para mobilizar as massas pequeno-burguesas e estudantes de classe média como tropas de choque da contra-revolução. O perigo é real e está presente.
A Revolução Bolivariana está passando por uma difícil etapa: difícil, mas absolutamente necessária e inevitável. Cada revolução na história passa por diferentes etapas. Sempre há uma primeira etapa – a etapa das frases democráticas, como em fevereiro de 1917 na Rússia, ou em abril de 1931 na Espanha. Uma etapa de euforia na qual as massas estão convencidas de que todos os seus problemas serão resolvidos. As coisas parecem muito simples e fáceis nessa etapa!
Mas, logo, chega outra etapa, quando as massas começam a se dar conta de que as coisas não são nem simples nem fáceis. Vêem que as coisas não estão bem e experimentam sentimentos de decepção e desilusão. Uma camada cai na inatividade e na passividade. A contra-revolução se torna mais audaz a cada passo atrás dado pela Revolução.
É verdade que muitos antigos ativistas se desiludiram e caíram na inatividade. Mas há outra camada mais avançada e consciente de trabalhadores e jovens, que desenvolveram uma atitude crítica e que estão abertos às conclusões mais revolucionárias. Nos últimos anos vimos como este ambiente está se desenvolvendo rapidamente na base chavista. Odeiam a burguesia e a burocracia reformista. Estão abertos às idéias do marxismo revolucionário. Isto ficou patente na excelente acolhida dada ao novo periódico marxista Luta de Classes, cujo primeiro número se esgotou quase que imediatamente.
Os camaradas de Luta de Classes estarão nas primeiras filas da luta pela vitória do PSUV nas eleições de setembro. Nossa primeira tarefa, e mais urgente, é a de derrotar a contra-revolução. Mas será impossível derrotar a contra-revolução sem uma luta implacável contra a burocracia e a quinta coluna burguesa dentro do movimento chavista. Baseando-nos nas forças vivas da sociedade venezuelana, nos trabalhadores, nos camponeses e na juventude revolucionária, vamos levar a luta até o final. Uma coisa é absolutamente certa: A Revolução Bolivariana triunfará como uma revolução socialista ou não triunfará nunca.
Patrick Larsen e Alan Woods
Caracas-Londres, 05 de julho de 2010.
O PSUV e as eleições de Setembro
O Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), dirigido por Chávez, acabou de encerrar seu Congresso Nacional que durou 5 meses reunindo 780 delegados eleitos por 2 milhões e meio de filiados ao partido. O PSUV tem mais de 7 milhões de filiados, num país de 25 milhões de habitantes – seria como se o PT tivesse cerca de 50 milhões de filiados no Brasil e nas eleições internas participassem 20 milhões de filiados em plenárias de base!
Logo após o encerramento desse Congresso ocorreram as prévias (eleições internas do PSUV) para definir os candidatos a deputado que concorrerão nas eleições de 26 de Setembro de 2010. Cerca de 3.500 pré-candidatos de todo o país disputaram 167 vagas a que o PSUV tem direito.
No dia 2 de Maio cerca de 2 milhões e meio de filiados ao partido foram votar. Nos bairros operários o clima era de muito entusiasmo e de expectativa de que pré-candidatos da base do partido fossem conseguir votos suficientes para se tornar candidatos pelo PSUV. Mas não foi bem esse o resultado.
Candidatos da burocracia do partido, utilizando-se de suas posições e cargos no aparato de Estado, com muito dinheiro e cabos eleitorais, impuseram uma disputa desleal contra milhares de candidatos da base do partido, lideranças operárias e populares que não dispunham de recursos, desenvolvendo campanhas independentes.
Além disso há vários circuitos onde a base do partido suspeita de fraude; onde candidatos da base teriam conseguido mais votos do que o candidato da burocracia, mas a apuração mostrou o contrário.
Burocratas x Trabalhadores
Uma ferrenha luta política se trava dentro do PSUV. Reformistas e burocratas se enfrentam a militantes e quadros operários pelo controle do partido. A base operária luta por definí-lo como um partido de classe, independente da burguesia, que seja um instrumento na luta para aprofundar a revolução socialista na Venezuela.
Hoje se reproduz na Venezuela uma luta semelhante à que se deu na origem do PT, há 30 anos. Também aqui, reformistas, ex-stalinistas e burocratas propunham que o PT fosse definido como “partido de toda a sociedade”. Contra essa posição lutaram os militantes operários e socialistas do partido pela concepção de “partido de classe”, o PT sem patrões, classista e socialista.
Entretanto, uma diferença importante é que em 2007 o PSUV já nasce no governo e, portanto, já nasce com um setor de burocratas fortemente ligados ao aparato de Estado que no PT levou anos para se desenvolver. O PSUV traz para dentro de si todas as contradições da Revolução Venezuelana e a luta de classes se dá também dentro do partido. Além disso, numa revolução tudo é mais acelerado.
Burocratas e reformistas por um lado e os melhores militantes da classe trabalhadora do outro, ambos tentando controlar e definir o caráter desse partido. O PSUV pode se construir como um partido operário independente ou ser uma criatura de sustentação da ordem. E do resultado dessa luta depende em grande parte o futuro da revolução venezuelana.
O futuro da Revolução em perigo
Todas as condições objetivas para a vitória da revolução na Venezuela estão dadas: a burguesia não consegue oferecer nenhuma alternativa para o país, está desmoralizada e dividida. A classe operária não aceita mais a volta da direita, está organizada e o povo está armado. O que falta é uma direção firme e um programa claro que aponte o que fazer.
Chávez deveria nacionalizar o sistema financeiro, a indústria, planificar a economia e colocá-la sob controle dos trabalhadores através dos Conselhos Comunais, Comunas e outras experiências de organismos de poder que já se desenvolvem na Venezuela, rumo à construção dos Conselhos de Deputados Operários, Camponeses e Soldados.
Em vez disso o Estado burguês segue intocado, a direção do PSUV e o Governo seguem aliados a alguns setores da burguesia e não completam a revolução. Isso dá mais tempo para a burguesia se recompor. E dessa forma a luta continua se dando no terreno do inimigo, ou seja, no quadro das instituições burguesas. Por isso agora a burguesia joga peso e busca utilizar as eleições de 26 de Setembro para reorganizar suas forças.
Mas nada está definido. Uma revolução em curso é uma realidade muito complexa, cheia de contradições que envolvem muitos fatores. É nessa situação contraditória que Chávez chama a constituição de uma Internacional anti-imperialista, anti-capitalista e socialista! Declara publicamente que a burguesia é a classe inimiga de toda a humanidade e diz que precisa ser derrotada em todos os países!
Apesar de as forças organizadas do marxismo ainda serem pouco numerosas dentro do PSUV, é impressionante a audiência que as idéias marxistas têm na base de massas do partido. E confusões de todo tipo mesclam propostas reformistas com propostas revolucionárias.
Há candidatos a deputado que propõem leis que permitam aos conselhos comunais começar a legislar, mas mantendo a Assembléia Nacional e todas as instituições do Estado burguês. Tudo pode acontecer!
O importante é que cada vez mais se desenvolve o senso crítico das bases pesuvistas em relação à direção do partido. No site da seção venezuelana da Corrente Marxista Internacional pode-se ler um artigo que relata a realização de um encontro de balanço das internas do partido, que reuniu vários grupos de esquerda do PSUV que estão buscando desenvolver as idéias do marxismo.
Caio Dezorzi
15 de Maio de 2010