A campanha de solidariedade internacional Hands Off Venezuela (HOV) nasceu em dezembro de 2002. O fracasso do golpe de estado de abril do mesmo ano – graças à heróica participação do povo venezuelano – obrigou a oposição reacionária a pôr em prática outro plano para derrotar o governo de Hugo Chávez e pôr fim à revolução bolivariana: em 3 de dezembro de 2002, a oposição e os empresários fizeram um chamado de “greve nacional por tempo indeterminado”, ou seja, um paro patronal e sabotagem com o intuito de parar o país. Tudo isto foi acompanhado de uma campanha de mentiras dos meios de comunicação venezuelanos e internacionais. A idéia era difundir que na Venezuela havia um “regime autoritário”, cada vez mais “impopular” e que estava sendo rechaçado por uma oposição “democrática” mediante uma “greve geral”.
Naquele momento Alan Woods, em nome da Corrente Marxista Internacional, lançou um chamado de solidariedade em defesa da revolução bolivariana, contra a ingerência do imperialismo estadounidense e contra o novo golpe que estava sendo deferido. O objetivo proposto era o de assegurar que chegasse ao movimento operário de todo mundo uma informação veraz do que estava acontecendo na Venezuela. O chamado foi acatado imediatamente por um número importante de líderes sindicais na Grã-Bretanha e a campanha se estendeu rapidamente a outros países da Europa, América Latina, Ásia e África e também nos EUA.
No Brasil a campanha “Tirem as Mãos da Venezuela” foi lançada pela Esquerda Marxista do PT no ato em São Paulo contra a vinda de bush ao Brasil, e já conta com o apoio de diversos sindicalistas, líderes de movimentos sociais e dirigentes partidários de todo país.
O trabalho realizado pela campanha HOV foi reconhecido pelo próprio presidente Chávez. Um dos eventos recentes mais importante de solidariedade com a revolução bolivariana foi o ato organizado em Viena pelos companheiros de HOV da Áustria, que contou com a intervenção do próprio Hugo Chávez.
A revolução venezuelana é o epicentro de uma maré revolucionária que se alastra por toda América Latina, tornando-se o melhor ponto de apoio da revolução cubana para preservar e ampliar suas conquistas sociais e fazer frente às agressões imperialistas e o perigo da contra-revolução capitalista na ilha.
Pela mesma razão as pressões, as manobras e as ações do imperialismo contra a revolução bolivariana se intensificarão no próximo período. A nacionalização do gás na Bolívia e a fraude nas eleições presidenciais no México provocaram outra onda de mentiras por parte das televisões e jornais, com o intuito de confundir os trabalhadores e jovens de todos os países. É perfeitamente previsível que à medida que a revolução se aprofundar se intensificará ainda mais a campanha de intoxicação contra a revolução bolivariana.
O imperialismo e a oligarquia venezuelana não podem tolerar a existência de uma revolução, cuja extensão e “contágio” é evidente em toda América Latina. Uma revolução que põe em questão seu domínio e seu sistema, o capitalismo. O povo venezuelano conseguiu avanços notáveis em educação, saúde e direitos sociais nos últimos anos, mas acima de tudo, a grande conquista do povo venezuelano é ter tomado em suas mãos o seu próprio destino, lutar para organizar seu próprio futuro. Essa é a fonte principal do ódio visceral dos poderosos em relação à revolução bolivariana.
O próprio Chávez defende constantemente a necessidade do socialismo. “Golpe em 2002, paro patronal, sabotagem petroleira, contragolpe, discussões e leituras (...) cheguei à conclusão que o único caminho para sair da pobreza é o socialismo” disse Chávez em uma entrevista. Em uma recente intervenção no parlamento britânico voltou a enfatizar a idéia de que não existe terceira via entre o capitalismo e o socialismo. O debate sobre o socialismo se estendeu por todo o movimento revolucionário no país.
A mais poderosa aliada da revolução venezuelana é a solidariedade internacional e a extensão da revolução a outros países. A solidariedade que defendemos não é a “solidariedade” que se assemelha à hipócrita caridade que os grandes meios de comunicação difundem mundo afora. Nós defendemos a solidariedade consciente, política e ativa da classe trabalhadora de todo mundo. A vitória da revolução na Venezuela também será a vitória da classe trabalhadora internacional.
Sua luta é nossa luta.
Cronologia da Revolução Bolivariana
Fevereiro de 1989 – Caracazo: dezenas de milhares de venezuelanos pobres saem às ruas por conta própria para protestar contra um pacote antiinflacionário imposto pelo FMI e aplicado pelo então presidente Carlos Andrés Pérez. Não há cifras oficiais, mas acredita-se que mais de 2.000 pessoas morreram na repressão.
Fevereiro 1992 – O tenente coronel Hugo Chávez Frias, junto com outros oficiais progressistas organizados no MBR-200 (Movimento Bolivariano Revolucionário 200), fez parte do fracassado levante militar contra Carlos Andrés Pérez. Chávez é preso. Libertado em 1994.
Dezembro 1998 – Chávez é eleito presidente com um programa eleitoral que prometia justiça social para acabar com a pobreza e a corrupção.
Abril 1999 – Referendo para estabelecer uma Assembléia Constituinte. Os candidatos chavistas ganharam 90% das cadeiras.
Dezembro 1999 – É aprovado em um referendo a Constituição da República Bolivariana da Venezuela, com mais de 70% de apoio.
Julho 2000 – Hugo Chávez ganha um mandato presidencial de seis anos com 59% dos votos.
Dezembro 2001 – É aprovada a Lei Habilitante, um conjunto de 49 leis que reafirma o caráter público do petróleo, o direito à educação e a saúde gratuitos para todos os venezuelanos, entre outras medidas de caráter progressista.
9 de abril de 2002 – CTV e Fedecámaras chamam uma “greve” para apoiar os executivos da PDVSA que haviam sido despedidos por protestar contra os controles que o governo queria implantar.
11 de abril de 2002 – Golpe de Estado. Um grupo de oficiais golpistas prende Hugo Chávez e anunciam que ele havia renunciado.
12 de abril de 2002 – Pedro Carmona Estanga se autoproclama presidente da Venezuela e elimina todas as garantias democráticas.
13 de abril de 2002 – Hugo Chávez volta à presidência, enquanto Carmona renuncia e foge como resultado de gigantescos protestos em todo país. Dezenas de simpatizantes de Chávez foram assassinados na repressão que se deu nestas 48 horas de governo Carmona.
Dezembro 2002/Janeiro 2003 – A oposição venezuelana organiza um paro patronal em todo país para forçar um referendo revogatório sobre Hugo Chávez. O nível de organização dos trabalhadores e do povo contra esse ataque cresce e lança por terra os planos da reação.
Março 2004 – Vários mortos e feridos em distúrbios provocados pela oposição para protestar contra a negativa da Comissão Nacional Eleitoral (CNE) de aceitar assinaturas duvidosas. Estes distúrbios ficaram conhecidos como a “guarimba”.
Junho 2004 – A CNE cede e diz que os opositores conseguiram assinaturas suficientes para realizar o referendo revogatório sobre o presidente. São criadas as Unidades de Batalha Eleitoral, as Patrulhas Eleitorais e o Comando Maisanta dentro da Missão Florentino para envolver a população na derrota do referendo revogatório. Um milhão e meio de pessoas se envolvem na campanha para derrotar o referendo.
15 de agosto de 2004 – Chávez ganha o referendo revogatório: com índices de participação históricos, 58,25% dos eleitores dizem NO à proposta da oposição de revogar o presidente.
Outubro 2004 – Candidatos bolivarianos ganham as eleições federais e locais.
Janeiro 2005 – Chávez anuncia no Foro Social Mundial de Porto Alegre a necessidade de transcender o capitalismo e construir o socialismo. O próprio Chávez reafirma sua convicção no socialismo em vários fóruns na Venezuela e em outros países. Pouco depois anuncia a expropriação da Venepal (empresa de papel) sob a forma de “co-gestão” entre o Estado e a força operária.
Agosto 2005 – Cerca de 20.000 jovens internacionalistas se dirigem a Caracas para participar do Festival Mundial da Juventude e Estudantes.
Fevereiro 2006 – É organizada a Frente Revolucionária de Trabalhadores de Empresas em Co-gestão e Ocupadas (FRETECO) para reforçar e coordenar a luta das empresas tomadas pelos trabalhadores e nacionalizadas pelo governo. É a luta pelo controle operário, um pilar fundamental na luta pelo socialismo.
Dezembro 2006 – Chávez é reeleito presidente com 62% dos votos e gigantescas manifestações de apoio ao governo. Também é lançado o Partido Socialista Unido de Venezuela (PSUV).
Maio 2007 – Não é renovada a concessão da RCTV, rede de televisão que participou do golpe de abril de 2002 confundindo a população e omitindo as manifestações da população, além disso, conspirava constantemente contra o governo eleito democraticamente.
Principais conquistas da Revolução
Alguns avanços sociais alcançados pela revolução:
Educação
Desde 1º de julho de 2003, graças à MISSÃO ROBINSON, foram alfabetizados 1.500.000 adultos, sendo então declarada, no dia 28 de outubro de 2005, a Venezuela como “Território Livre de Analfabetismo” pela UNESCO, passando a ser o segundo país latino-americano, depois de Cuba, sem analfabetos. A isto devem ser acrescentados os programas para ampliar o acesso ao Bacharelado (Missão Ribas) e a universidade (Missão Sucre), a completa gratuidade da matrícula em todos os níveis educativos, a dignidade dos centros de estudos (Liceus Bolivarianos) e o aumento de cerca de 40% do salário dos professores em 2006.
Saúde
Criação, em colaboração com Cuba, de um sistema de saúde preventiva para a população de baixa renda, levando saúde a todos os recantos do país com a MISSÂO BAIRRO ADENTRO. Com 200 milhões de consultas realizadas até o ano de 2006 totalmente gratuitas e a entrega de medicamentos. Ao que se deve acrescentar os planos para a criação de mais de mil Centros de Diagnósticos Integrais e Salas de Reabilitação destinados a melhorar e levar saúde a todos e a cada um dos venezuelanos.
Alimentação
A MISSÂO MERCAL (mercados de alimentação) com mais de 15.000 estabelecimentos em toda Venezuela, garante a 11 milhões de venezuelanos o acesso à alimentação com um desconto de 39% em relação às cadeias comerciais. Além disso, 6.075 casas de alimentação atendem cerca de um milhão de pessoas diariamente e a 690.000 famílias por mês.
Emprego
Desde o início do Governo Bolivariano o salário mínimo subiu mais de 400%, além de receberem um adicional para compra de cestas de alimentação com um ticket de cerca de 275 Reais. Apesar da taxa de desemprego ter chegado a 23% em 2003, conseqüência do paro patronal e da sabotagem petroleira, hoje, no ano de 2007, a taxa se encontra abaixo de 10%.
Um comentário:
Não conhecia esta campanha... mas a apóio integralmente!!!
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