Em sua estadia por quase um mês e meio na Venezuela, com um olhar atento e participando de atividades da luta de classes, o relato marxista do camarada Caio nos permite sentir um pouco os ares da revolução enquanto alerta para os perigos que a ameaçam.
Faz só pouco mais de 5 semanas que estou na Venezuela. Mas tenho a sensação de estar aqui há meses. Vim para cá para trabalhar junto aos camaradas da CMI (Corrente Marxista Internacional) na preparação de uma conferência de lançamento de um novo jornal chamado “Lucha de Clases”.
Já vinha acompanhando de perto a revolução venezuelana através da CMI, com camaradas venezuelanos que já foram ao Brasil e camaradas brasileiros que vieram à Venezuela, principalmente do Movimento das Fábricas Ocupadas, além de participar e ajudar a organizar no Brasil a campanha de solidariedade com a revolução “Tirem as Mãos da Venezuela” (a campanha também tem sites internacionais em espanhol e inglês). Mas estar aqui fisicamente, poder conversar com o povo, apertar a mão, passar calor, pegar o ônibus, o metrô, comer arepa, cachapa, assistir à TV, escutar Ali Primera, ver os murais e grafites, ser atendido por um médico cubano na Missão Barrio Adentro, participar das marchas, de reuniões, encontros, atividades do PSUV, de assembléias dos movimentos populares, de trabalhadores das fábricas ocupadas, tudo isso torna possível uma compreensão muito mais ampla e um pouco mais profunda do que passa nesse país vizinho.
Poderia relatar aqui muitas experiências, mas o tempo é curto para isso agora. Para ficar em alguns exemplos começo por contar sobre o dia em que peguei uma camiñoneta (lotação, micro-ônibus) no Barrio (favela) Simon Rodriguez e aí estavam duas senhoras conversando. Uma explicava para a outra que no dia anterior comemorou-se o 80º aniversário da orquestra municipal de Caracas e que todos os anos a orquestra se apresentava no Teatro Teresa Carreño (o maior teatro da cidade) e a maior parte do povo não tinha oportunidade de assistir. Mas que no dia anterior havia encerrado um mês de apresentações da orquestra em praças públicas e ela tinha assistido justo no dia anterior numa praça. Ela disse que nos últimos 80 anos nunca a orquestra municipal havia tocado para o povo (e acho que ela tinha idade suficiente para saber isso) e que era a primeira vez que ela escutava ao vivo uma orquestra. E então disse à outra senhora, quase chorando, que tinha sido a coisa mais maravilhosa que ela tinha escutado em toda a sua vida. Uma senhora muito simples, moradora de uma favela de Caracas, agora podia apreciar música de orquestra gratuitamente. E mais do que isso: depois me inteirei de que os músicos que compõem a orquestra também são em sua maior parte moradores das favelas de Caracas (resultado de um programa do Governo).
Não é isso que prova que há uma revolução na Venezuela. Qualquer governo, inclusive de direita, poderia implementar um programa para levar música à população mais pobre. A diferença é que na Venezuela o povo tem consciência de que mudanças como essa são resultado de sua própria luta por mudar toda a sociedade.
Uma revolução em qualquer país pode começar, de maneira geral, quando a classe dominante está em crise, dividida, não é mais capaz de governar como governava antes e as classes exploradas já não aceitam mais ser exploradas como antes, se dispondo a lutar nas ruas, fábricas, escolas, comunidades, para buscar mudar a sua vida de exploração, fome, miséria, desemprego, violência, humilhação.
Aqui na Venezuela esse é um processo que teve início nos anos 80, que se agudizou com o Caracazo em 1989 e que encontrou na eleição de Chávez um meio de se expressar.
Caracazo é o nome dado ao evento em que o então presidente da Venezuela, Carlos Andrés Perez, mandou o exército reprimir manifestações populares de massa em Caracas (1989). Até hoje o número de mortos é desconhecido, mas passa de 3 mil. Chávez, que era Tenente-Coronel do batalhão de pára-quedistas do exército na época, se indignou com a atitude das forças armadas, pois acreditava que o exército servia para proteger o povo venezuelano e não para atirar contra ele. Chávez reúne um grupo de amigos militares e tenta derrubar o Governo de Perez em 1992. Não consegue e vai preso por 2 anos. Mas se torna um herói popular, pois derrubar o Governo assassino de Perez era a vontade da maioria do povo venezuelano. Por isso a maioria elege Chávez presidente em 1998.
Em 1999 Chávez consegue a aprovação de uma reforma constitucional que, embora tímida, era inaceitável para a oligarquia e representava alguns avanços para o povo. Chávez passa então a utilizar a receita que a Venezuela obtém com a exportação do petróleo em projetos sociais, principalmente nas áreas de educação e saúde.
Todo 11 tem seu 13
Em 2002, no dia 11 de Abril, os militares leais à oligarquia petroleira e ao imperialismo EUA, junto com os grandes canais de TV privados, dão um golpe militar, seqüestram Chávez e o levam para uma ilha, cortam o sinal da emissora estatal de TV, reprimem os jornalistas internacionais e empossam um novo Presidente (Pedro Carmona) em nome da “Democracia”. Tudo isso apoiado pela “Sociedade Civil” com a igreja católica, os empresários, ONGs e sindicatos pelegos.
Na TV explicavam que Chávez havia renunciado e fugido. Mas mentira tem perna curta e aos poucos chegava aos ouvidos dos trabalhadores das comunidades mais pobres de Caracas que Chávez estava seqüestrado. Então algo inesperado aconteceu. Em menos de 48 horas, no dia 13 de Abril, milhões de venezuelanos saíram às ruas, milhares cercaram o Palácio de Miraflores em Caracas e derrubaram a ditadura recém-nascida de Carmona. Os soldados do exército - que são parte do povo, são trabalhadores e filhos de trabalhadores - confraternizaram com o povo, desobedeceram as ordens dos generais golpistas e resgataram o presidente Chávez (há um vídeo-documentário muito bom que relata esse episódio chamado “A Revolução não será televisionada”).
Dia 11 foi uma Sexta e dia 13 um Domingo. O povo venezuelano é bastante religioso e não faltaram comparações com a morte e ressurreição de Cristo. Chávez saiu ainda mais fortalecido desse episódio, entretanto, junto com Chávez, o povo saiu fortalecido. Homens e mulheres do povo perceberam que mesmo aquele que eles consideram seu herói só pôde sobreviver e voltar a cumprir o seu papel porque o povo foi capaz de derrotar a tirania. O povo é herói e se reconhece como tal. Cada mulher e homem trabalhador na Venezuela aprendeu desde então a não baixar mais a cabeça, a se respeitar como sujeito que atua na sociedade e que pode mudar a sua história.
A estratégia do imperialismo
Mas a direita não estava completamente derrotada e gozava de forte apoio da classe média e do imperialismo EUA. Em Dezembro de 2002 começa uma nova estratégia para desestabilizar e derrubar o governo Chávez: o Paro Petroleiro. Buscava parar a produção de petróleo no país, desestabilizando a economia e colapsando o governo. A oposição teve êxito por 4 meses, mas foram os próprios trabalhadores da PDVSA (companhia estatal de petróleo) que desobedeceram as ordens de seus superiores, tomaram as instalações por todo o país, ignoraram o sistema informatizado e colocaram a PDVSA pra funcionar manualmente, abrindo as válvulas no braço. Mais uma vez o povo foi o herói.
Em 2004 ocorre um "referendo revogatório" (como um plebiscito para saber se o povo aprova a continuidade do presidente ou se revoga seu mandato antes que acabe). O povo venceu nas urnas mais uma vez, mesmo com os "escuálidos" (como são chamados os oposicionistas aqui) utilizando todos os canais de TV privados 24h por dia dizendo que Chávez devia ser derrubado.
Da luta anti-imperialista à luta pelo Socialismo
Cada vez mais Chávez percebe que não há como governar em acordo com setores dos empresários. Esses querem a sua cabeça e é apoiando-se no povo que poderá continuar governando. Chávez começou sua jornada "para libertar o povo", como ele mesmo diz, inspirado pelas idéias e história de Simon Bolívar (o líder da independência de 1810). E começou com a tentativa de golpe de 1992. Fracassou e então tentou através das eleições regulares burguesas. Venceu mas aprendeu que vencer eleições não muda muita coisa, é preciso mais. A partir de 2004 começa a falar de Socialismo.
Desde então todos na Venezuela falam de socialismo e de revolução. Há padarias “socialistas”, lava-rápidos “socialistas”, empresas “socialistas” e até banqueiros “socialistas”. Inclusive partidos de direita se dizem “revolucionários”. Enfim, muitos se apropriam do discurso do socialismo, buscando atribuir-lhe muitos significados estranhos, mas ainda não há nada de socialismo na Venezuela. A revolução só começou, mas ainda não terminou... Apesar de algumas nacionalizações, a economia segue nas mãos do capital privado. O controle da produção industrial segue nas mãos dos oligarcas escuálidos e de alguns outros empresários e banqueiros que se dizem “chavistas”.
O que parece é que Chávez quer avançar para o socialismo, mas não sabe como fazer. A burocracia do Estado burguês sabota a revolução desde dentro, impedindo medidas do governo de serem aplicadas, desviando verbas, etc.
As Missões
O Governo criou as chamadas "Missões". Há missões de alfabetização, de ensino médio, de ensino técnico, de ensino superior, de saúde, de moradia, de cultura, de esporte. Não tenho tempo para falar de todas, mas para ter uma idéia geral, com a Missão Barrio Adentro (saúde) todas as pessoas no país têm acesso a atendimento médico e medicamentos gratuitamente, sem filas. Eu mesmo precisei usar o serviço duas vezes, uma vez em Mérida (uma pequena cidade nos Andes, na parte oeste do país) e outra vez numa favela de Caracas. Recebi todos os medicamentos gratuitamente, tirei radiografia gratuitamente e fui atendido diretamente por um médico (não por um enfermeiro ou um funcionário fazendo triagem) e um médico cubano! Não havia fila! Porque foram criados postos de saúde (CDIs) suficientes para atender a toda a população. Ninguém mais morre na Venezuela em fila de hospital ou de doenças tratáveis, como ocorre na maior parte dos países dominados.
Agora falando das Missões Ribas (alfabetização), Robinson (ensino médio), Che Guevara (ensino técnico) e Sucre (ensino superior), na Venezuela todos sabem ler e escrever! Conheci muitas donas de casa, operários, aposentados que estão cursando agora o ensino médio através das missões e que antes da revolução não sabiam ler nem escrever. Na Venezuela todos que concluem o ensino médio podem cursar o ensino superior gratuitamente. Não precisam fazer vestibular! Podem fazer, se querem, para entrar na Universidade Bolivariana (UBV), mas se preferirem ou se não houver vagas aí, há vagas para todos na Missão Sucre – onde inclusive os conteúdos, grade curricular, etc. são discutidos democraticamente por conselhos com a participação de estudantes e professores!
Num país atrasado economicamente como é a Venezuela esse tipo de avanço, de desenvolvimento, só pode ocorrer com uma revolução em curso. A burguesia nacional, completamente submetida ao imperialismo, jamais poderá cumprir essa tarefa. Mas a burguesia segue sendo a classe dominante na Venezuela. Isso tudo só é possível por que a revolução permite uma situação contraditória onde o povo trabalhador começa a exercer seu poder de maneira ainda limitada enquanto não conclui definitivamente a revolução.
Para concluir a revolução é necessário que os grandes meios de produção, a indústria, a terra, o sistema financeiro, deixem de ser controlados pela minoria oligarca parasita da sociedade e passem a ser controlados pelo povo organizado. As condições para isso estão dadas na Venezuela, só falta uma direção clara para executar isso.
Muitas votações e poucas transformações
Chávez foi reeleito em 2006 com um número ainda maior de votos e os deputados chavistas ocuparam 100% das vagas na Assembléia Nacional, pois a direita boicotou as eleições. Desde então o Governo poderia aprofundar a revolução verticalmente de maneira relativamente pacífica e fácil. Mas Chávez peca por “excesso de democracia”: Não coloca os líderes da oposição golpista na cadeia (que até hoje continuam defendendo publicamente o golpe de estado); Continua permitindo que as emissoras de TV privadas transmitam as mais absurdas distorções e manipulações de informação; E quando propôs uma reforma constitucional (que não seria a vitória da revolução, mas permitiria avançar em muitos aspectos), que poderia ter sido aprovada pela Assembléia Nacional sem opositores, ele propõe um plebiscito!
Isso permite à oposição a entrar em campanha contra a reforma. A oposição não ganha mais votos do que já tinha nas eleições anteriores, mas as bases chavistas não dão a mesma importância e quase metade não vai às urnas. As massas estão cansadas de votar, votar, votar e não ver mudanças mais profundas. Para a maioria dos venezuelanos, esse plebiscito de 2007 não iria mudar nada, era mais uma votação, e então não deram importância. Resultado é que por uma diferença de 0,2% ganhou o NÃO.
Esse é o maior risco que corre hoje a revolução venezuelana: o cansaço e desânimo das massas frente à paralisia do processo. A burguesia e o imperialismo não têm as condições hoje de atacar a revolução com um golpe armado, mas apostam no desgaste: Param de investir no país; Diminuem a produção de alimentos; Sabotam os programas do Governo se utilizando de agentes burocratas dentro do aparato de Estado; Infiltram milícias paramilitares colombianas para impulsionar a criminalidade nas comunidades mais pobres, etc.
O povo em armas
No dia 13 de Abril, em comemoração aos 8 anos do Contra-Golpe, uma grande marcha foi realizada na Avenida Bolívar em Caracas. Todos os anos ocorrem grandes marchas nesta data lembrando aqueles que foram assassinados, o golpe da direita em 11 de Abril e a insurreição do povo que em confraternização com os soldados retomou o poder em 13 de Abril.
Mas nos anos anteriores essa marcha tinha como característica um mar de homens e mulheres vestidos de vermelho. Desta vez havia muita gente de vermelho também, mas a maioria estava de verde! Com uniformes militares e carregando armas russas AK 47. Entretanto as dezenas de milhares de homens e mulheres não eram militares do exército regular e sim trabalhadores fabris, trabalhadores rurais, estudantes, donas de casa, professores, servidores públicos, etc. Era o povo em armas!
Na avenida estavam perfiladas as “milícias populares” conformadas por qualquer um que queira participar com treinamento aos fins de semana nos seus próprios Barrios. Em seu discurso Chávez avisou que a burguesia não poderia mais tentar um golpe como o de 11 de Abril de 2002, porque agora o povo está armado. E ele tem razão!
A marcha durou o dia inteiro, até a noite. Nos falantes músicas revolucionárias entrecortadas por intervenções contra o imperialismo, o capitalismo e em favor do socialismo. Chávez só chegaria para fazer seu discurso por volta das 17h.
Conversei com muitos dos milicianos que estavam aí. Uma dona de casa chamada Carmen, que aguardava o discurso do presidente apoiada em seu fuzil, me disse que uma das coisas que ela pensou que jamais aprenderia na vida seria como desmontar, limpar e montar uma arma. E agora ela inclusive sabe atirar. E que não hesitará em fazê-lo se os escuálidos tentarem de novo atentar contra a vontade soberana do povo.
Isso representa uma profunda consciência do povo venezuelano de que as classes dominantes sempre usam discursos pacifistas e anti-violência para promover o desarmamento do povo justamente para poder explorar o povo sem que este possa resistir. Enquanto isso as classes dominantes se armam até os dentes através do aparato de Estado, com arsenais de guerra e armamento policial. E sempre que lhes convém não hesitam em usar toda a violência contra o povo, além de esquecerem-se de todo o discurso pacifista quando decidem fazer as guerras, que nada mais são do que negócios para eles.
A única forma de conquistar a paz e acabar com a violência é tirando do controle de cada país e do mundo todo a classe capitalista, que mata bilhões de seres humanos com suas guerras, crises econômicas, desemprego, fome, miséria, drogas, repressão policial e todo tipo de atividade criminosa em nome do lucro. Para isso os trabalhadores devem se armar!
Confraternização entre trabalhadores e soldados
Já ontem, 19 de Abril de 2010, o “Bicentenário” (aniversário de 200 anos da independência) foi comemorado com muita festa por todo o país. Pela manhã houve um grande desfile que começou com grupos de dança popular de todo o país, depois seguiu como um desfile militar com representações de vários países e terminou com um desfile completo das forças armadas venezuelanas (exército, marinha, aeronáutica), batalhões regulares, carros blindados, tanques, aviões, helicópteros.
Em seu discurso Chávez explicou que a liberação dos povos da América Latina ainda não foi alcançada nesses 200 anos e que só poderá ser alcançada com o socialismo.
Esses desfiles militares são tradicionais no dia da independência, mas este ano ocorreu algo que não havia ocorrido nunca antes: Numa tarde ensolarada, centenas de milhares de pessoas vestidas de vermelho que assistiam ao desfile militar, quando este acabou, foram se confraternizar com os militares. Crianças, mulheres e homens com camisas e bonés do PSUV subiam em centenas de tanques de guerra e carros de combate tirando fotos, conversando com os militares e entoando palavras de ordem socialistas.
Essa confraternização entre o povo e o exército representa uma mudança de qualidade importante. Em geral os povos da América Latina não confiam muito nas forças armadas de seus próprios países, principalmente por conta das ditaduras militares que cobriram o continente no século 20. Para o povo venezuelano, além da ditadura militar de 1948 a 1958, está muito fresco na memória o Caracazo de 1989. Essa confraternização de ontem demonstra que o povo entende que agora controla as forças armadas, que essas são leais ao povo, são parte do povo.
As condições objetivas para o triunfo da revolução estão dadas. O que falta são as condições subjetivas: uma direção e um programa claros. Falta aprofundar a organização da classe – que avançou com a constituição do PSUV, mas que ainda não atingiu a maturidade necessária. Se Chávez ordena a toma das fábricas e terras pelo povo em armas junto ao exército, o que poderia fazer a burguesia? Fugiria! O povo poderia realizar a verdadeira democracia que é o controle de toda a produção e planificação da economia através dos conselhos de fábrica, conselhos comunais, comunas e avançar para a formação dos conselhos de deputados operários, camponeses e soldados.
Em seu discurso de 13 de Abril Chávez disse que continuam as conspirações do imperialismo para matá-lo. E alertou que se acaso tentarem um novo 11 de Abril o povo sabe o que fazer: deve radicalizar a revolução, tomar o poder, tomar todas as fábricas, todas as terras, varrer a burguesia do país e implantar o socialismo. A questão que fica é: Por que o povo deve esperar um novo golpe para fazer isso? Por que esperar que Chávez seja morto para fazer isso? Por que não fazer agora mesmo?
A luta de classes continua e mais cedo ou mais tarde uma das classes terá que perder essa batalha. Quanto mais durar essa situação absolutamente contraditória, maior é o risco da revolução ser derrotada pelo desânimo, cansaço e apatia.
Explicar isso tudo e aprofundar a organização da classe através do PSUV, dos sindicatos, dos conselhos, das milícias é a tarefa urgente na Venezuela. Para isso o jornal “Lucha de Clases” vai jogar um papel fundamental.
Por fim, quero dizer a todos que estão lendo esse relato que a melhor maneira de ajudar o povo venezuelano a cumprir sua tarefa histórica de emancipação e libertação é ajudarmos o povo brasileiro a avançar no mesmo sentido. No Brasil a situação está mais difícil para o movimento revolucionário em comparação com a Venezuela, mas se não perdemos a confiança na capacidade de luta da classe trabalhadora e da juventude, sabemos que nada poderá conter a roda da história, nem no Brasil e nem em nenhum país do mundo. As velhas formas de dominação já caducas buscam resistir à história lançando mão de todo o poder econômico, militar, midiático, tecnológico, mas o novo sempre vem. Como disse Che Guevara: “Eles podem matar uma, duas, três flores, mas jamais poderão deter a primavera”.
Abraços e saudações a todos! Até a volta.
Caio Dezorzi
Caracas, 20 de Abril de 2010.
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