Venezuela: derrotar a nova conspiração golpista contra a revolução!

Por Yonie Moreno, Corrente Marxista Revolucionária (CMR) da Venezuela

Quarta-feira, 17 de setembro de 2008


À conciliação oferecida pelos reformistas, a burguesia responde preparando outro golpe


Nos últimos dias, foi descoberto um novo complô por parte de um grupo de militares reformados e da ativa na Venezuela, segundo revelou em seu programa de televisão "La hojilla" da quinta-feira passada, o candidato a governador de Carabobo pelo PSUV, Mario Silva, em várias gravações a mando dos militares reformados. Hora depois eram detidos vários deles. Segundo relatava Aporrea (www.aporrea.org):


“No vídeo se escutam conversas telefônicas entre o General de Divisão do Exército Wilfredo Barroso Herrea; o Vicealmirante Millán Millán e o General de Brigada da Aviação Eduardo Báez Torrealba.


Os envolvidos falam de tomar o Palácio de Miraflores e assinalam como objetivo principal, dirigir todos os esforços até onde esteja “este senhor”, referindo-se ao presidente Hugo Chávez. “Se está em Miraflores até lá faremos o esforço”, se escuta nas conversações sustentadas pelos organizadores do golpe.


Ouve-se também: “vamos tomar o Palácio de Miraflores, vamos tomar as emissoras de televisão. O objetivo tem que ser um só (...) esse esforço de unidade tem que ser até o Palácio de Miraflores, porque é a unidade de combate”.


Entre os planos destes militares está garantir o controle do Comando da Armada, de acordo com as conversações sustentadas por eles no vídeo. Na conversa, eles dividem a operação em três zonas, a do oriente, ocidente e central.


Propõem fazer “uma possível operação” na chegada do presidente Chávez de alguma viagem. Uma das operações poderia ser em vôo, capturá-lo com aviões no ar (...) ou seja, haveríamos de armá-lo bem”, indicam.


Assinalam nas conversas que contam com comandantes, coronéis e pilotos - um com mil horas de vôo em F-16 - dispostos a seguir instruções.


“Assim o mais importante são os pilotos. Há um piloto que tem mil horas de vôo em F-16 e outro é instrutor, que são os que vão decolar os aviões. Esse comandante, que é um instrutor, tem outros muchachitos abaixo, uns capitães e uns maiores que deram instruções que também estão dispostos a seguir-lo, e esse é o homem de segurança dentro da Base Libertador que está conosco”, continua a conversa.


“Ele me disse: eu ponho os pilotos e os coloco em um avião. Ele é o comandante, a ele não vão questionar, nem nada. É o comandante da polícia ali (...)”, se ouve também na gravação (http://www.aporrea.org/actualidad/n120419.html).


Evidentemente, este é um complô em grande escala em que estão envolvidos não somente militares reformados e sim também da ativa. Vários dos participantes nesta conspiração já foram detidos. Na tarde de quinta houve concentração das bases revolucionárias em Miraflores e ocorreram mobilizações de massa em todo o país, em resposta a esses planos.


Este novo complô coincide no tempo com a nova ofensiva do imperialismo e a oligarquia contra a revolução boliviana em uma tentativa de derrubar o governo de Evo Morales e que resultou de imediato, em oito mortes e dezenas de feridos pelas mãos de grupos fascistas e paramilitares organizados pela burguesia e o imperialismo.


Em resposta ao papel instigador do governo dos EUA na tentativa de golpe na Bolívia, o governo de Evo Morales expulsou o embaixador dos Estados Unidos.


Horas mais tarde o governo do presidente Chávez, em solidariedade com a Bolívia, expulsava o embaixador norte-americano. Também o presidente Chávez declarava: “Sem ânimo de ingerência em assuntos internos da Bolívia, faço um chamado aos militares da Bolívia. Se derrubam Evo, se matam Evo, acreditem que me estariam dando luz verde para apoiar qualquer movimento armado em Bolívia”. Em um discurso transmitido em cadeia de rádio e televisão, Chávez indicou que “se a oligarquia e os ‘mini-ianques’ dirigidos, financiados, armados pelo império, derrubam algum governo nosso, teríamos luz verde para iniciar operações de qualquer tipo”.


Fracasso da política de conciliação com a burguesia impulsionada pelos reformistas


Desde o começo do governo nacional, sob a pressão dos setores reformistas e stalinistas dentro do movimento bolivariano, foram feitos chamados à oposição e à burguesia para dialogar. Como em outras ocasiões, isso não tem servido para nada – nem no terreno do investimento produtivo, nem no político – e os reacionários se dedicam a conspirar com redobrada força. Como após o 11 de abril de 2002, os chamados ao diálogo foram interpretados pela oposição como sinais de debilidade e prepararam o paro petroleiro. A debilidade convida à agressão. O mesmo ocorreu em 2004. Os chamados ao diálogo após a derrota da oposição do paro petroleiro conduziu a outra acometida: o referendo revogatório. De novo a mobilização do povo, e não aos chamados à conciliação, foi o que salvou a revolução.


Quem são os culpados desta intentona golpista? José Vicente Rangel em seu programa de televisão assinalava: “Isto está estimulado por setores da oposição que não têm nenhuma fé no sistema democrático, já demonstraram reiteradamente, estamos em um quadro que é delicado e que tem que ser levado em consideração. É por isso que em meu programa de televisão, desde mais ou menos 4 semanas, venho denunciando o que se está planejando e também na coluna que tenho no diário "Últimas Notícias”. E por acaso há setores da oposição que tenham fé no sistema democrático? A oposição, como demonstra 10 anos de revolução, assim como o imperialismo, vão recorrer a todo tipo de métodos legais e ilegais para tirar Chávez e derrotar a revolução. Não há dois setores da burguesia, um democrático patriota e outro golpista. A oligarquia venezuelana em sua imensa maioria é contra-revolucionária. A burguesia aceita o parlamentarismo enquanto a luta de classes não ameace a propriedade privada. Se os capitalistas vêem em perigo seu domínio, se esquecem da "democracia". A experiência da revolução chilena em 1973, que completa 35 anos, é eloqüente. Também a situação atual na Bolívia, onde pese a legitimação democrática obtida por Evo Morales no último referendo revogatório, a burguesia e o imperialismo despreza a vontade das massas quando seus interesses estão em perigo. Chegado o momento decisivo para defender seus privilégios, a oposição e a burguesia abandonam o traje democrático, demasiado estreito para quebrar a cabeça dos trabalhadores e pobres e esmagar a revolução.


A impunidade anima a reação


A lei de anistia de 31 de dezembro de 2007 está sendo utilizada pelos reacionários para preparar uma nova conspiração. Sob o conselho dos reformistas, oferecemos a mão e, uma vez mais, querem aproveitar para cortar nosso braço.


Enquanto os reacionários que participaram no golpe de 2002 puderem andar livremente pelas ruas de Caracas haverá conspirações e novas tentativas de golpe de estado: a oligarquia não se dará por vencida. Ao mesmo tempo, enquanto mantiverem o poder econômico, terão os meios e recursos para sabotar a revolução e se organizar. A medida fundamental contra os reacionários é cortar-lhes o braço econômico de seu apoio. As nacionalizações vão ao caminho adequado sempre que forem na via da nacionalização dos meios de produção para planificar a economia. "Não se pode planificar o que não se controla e não se pode controlar o que não se possui", assinala Alan Woods em seu livro "Reformismo ou Revolução".


As bases revolucionárias não podemos confiar na fiscalização e no aparato judicial que demonstra ser completamente incapaz de atuar contra os conspiradores. É necessário que a democracia participativa chegue também à justiça. Sobre a base dos conselhos comunais e conselhos de fábrica desde a base trabalhadora da revolução, é necessário que o próprio povo julgue os golpistas através de tribunais populares.


Há que revogar as leis de anistia de dezembro de 2007 e processar todos os culpados do golpe de 2002 e do paro petroleiro. Se estes conspiradores vencessem, alguém acredita que os golpistas iam anistiar o povo revolucionário, os ativistas do PSUV, os sindicalistas, os camponeses revolucionários? Sabemos qual é o caminho, o de Chile ou Argentina e de muitas outras revoluções afogadas em sangue pela burguesia.


Também mostra que a Força Armada bolivariana está corroída por contradições de classe, atuando em seu seio a luta entre revolução e contra-revolução. Esses comandantes do exército que estavam reformados tinham antes posições de comando importantes. Quantos oficiais existem dentro do exército que têm dúvidas ou estão abertamente com a reação? Quantos novos Baduel nos reserva o futuro? A única garantia de que o exército esteja do lado do povo é através de uma união cívica militar efetiva, que passe pela entrada da política nos quartéis, que os militares possam estar filiados no PSUV, assembléias de soldados onde se eleja democraticamente os comandos, o armamento geral do povo com o desenvolvimento da reserva em todas as fábricas, bairros, comunidades, etc.


Como assinalou recentemente o presidente Chávez, a principal lição da derrota da revolução chilena é que uma revolução deve estar armada. A única garantia frente a qualquer tentativa contra-revolucionária é o povo estar vigilante, armado e que a revolução leve suas tarefas até o fim, expropriando a burguesia e desenvolvendo uma economia nacionalizada e planificada para terminar com as pragas da anarquia capitalista na Venezuela.

Delegação entrega carta no Consulado da Venezuela propondo II Encontro Latino Americano de Empresas Recuperadas pelos Trabalhadores

Uma delegação representando o Movimento das Fábricas Ocupadas no Brasil, a Campanha Internacional “Tirem as Mãos da Venezuela”, a Esquerda Marxista e a Juventude Revolução entregou para a Cônsul da Venezuela em SP, Sra Laura Virgínia Grasse Fajardo, uma carta propondo a realização do II Encontro de Latino Americano de Empresas Recuperadas pelos Trabalhadores.
A carta está assinada por líderes de movimentos de fábricas ocupadas na América do Sul, como Serge Goulart (Brasil), Eduardo Murua (Argentina), Liliana Pertuy (Uruguai), Mário Barrios (central sindical CTA – Argentina), além de companheiros de mais duas empresas argentinas recuperadas pelos trabalhadores.
No I Encontro Latino Americano de Empresas Recuperadas pelos Trabalhadores, ocorrido em 2005, em Caracas na Venezuela, o presidente Hugo Chávez abriu os trabalhos reafirmando a tese de que “fábrica quebrada deve ser fábrica recuperada pelos trabalhadores”.
Esse apoio “é um fato histórico muito importante para o movimento dos trabalhadores, que um presidente se reúna com eles para gerar políticas de emprego, de trabalho digno, de soberania industrial, de direitos e de novas formas de integração entre os povos”, afirma o documento.
A camarada cônsul se comprometeu a entregar pessoalmente a carta ao presidente Hugo Chávez e a tentar agendar uma reunião com ele e os proponentes do II Encontro Latino Americano de Empresas Recuperadas pelos Trabalhadores para impulsionar a organização do evento.

Leia a íntegra da carta (em espanhol), clicando na imagem.


Trabalhadores e jovens se solidarizam com a revolução boliviana

Nos últimos dias, a Campanha Internacional “Tirem as Mãos da Venezuela” organizou, em vários países, debates, manifestações e propôs resoluções contrárias às ameaças de golpes ocorridas na Bolívia e na Venezuela.
Confira no site
www.handsoffvenezuela.org as atividades que ocorreram na Inglaterra, Espanha, Bélgica, Canadá... Abaixo, um relato da Esquerda Marxista sobre o ato público realizado em frente ao Consulado da Bolívia em SP:


No Brasil, trabalhadores e jovens se solidarizam com a revolução boliviana

Atos em solidariedade à luta do povo boliviano e ao Governo de Evo Morales contra os ataques fascistas da oligarquia golpista, acontecem em São Paulo e no Rio de Janeiro.

Cerca de 50 militantes e apoiadores da Esquerda Marxista engrossaram o ato de 300 pessoas convocado por centrais sindicais, movimentos sociais, partidos e organizações de esquerda em frente ao consulado da Bolívia em São Paulo, ontem (18/9) a partir das 17h (foto).

O Cônsul Geral da Bolívia, Jayme Valdivia, recebeu os manifestantes e participou do ato na calçada da Av. Paulista. Ele também recebeu uma declaração de solidariedade firmada por todas as entidades que convocaram o ato.

Além da forte presença da Esquerda Marxista, a Juventude Revolução (organização de jovens da EM) esteve presente com uma grande faixa e bandeiras. Também marcou presença uma delegação da campanha mundial em solidariedade à revolução venezuelana “Tirem as Mãos da Venezuela”, com a maior faixa do ato. Os militantes e apoiadores da EM distribuíram mil panfletos para os participantes do ato e transeuntes que passavam pelo local. O Cônsul Jayme Valdivia também recebeu. O panfleto trazia a nova declaração da EM (leia mais abaixo) e, no verso, o pronunciamento das diversas organizações populares e operárias que organizam o cerco à cidade de Santa Cruz, contra os fascistas (leia aqui).

O camarada Caio Dezorzi tomou a palavra no ato em nome da EM e transmitiu a saudação dos camaradas de El Militante, da Bolívia. Identificando-se como petista, sua fala não poupou críticas à postura do Governo Lula que trabalha para o “diálogo entre as partes” na Bolívia. “O presidente Lula não pode abrir diálogo com os fascistas da Bolívia que querem derrubar o Governo eleito e referendado com enorme apoio popular!”, afirmou. “A única saída positiva que pode ser dada é pela organização dos trabalhadores bolivianos como fazem os companheiros que mantém o cerco a Santa Cruz. E os trabalhadores no Brasil devem apoiar e estar solidários com estas iniciativas! Só o povo em armas e a luta pelo socialismo podem resolver positivamente a situação!”, concluiu.

Ao fim do ato, por volta das 19h, o agrupamento da EM que se formou puxava palavras de ordem, como: "Brasil, Venezuela! Bolívia e Argentina! Fora imperialismo da América Latina!"

Hoje, 19/9, o ato é no Rio de Janeiro, às 16h, na Av. Rui Barbosa, 664, em frente ao consulado da Bolívia (foto).

Leia abaixo a nova declaração da Esquerda Marxista:

Toda solidariedade à luta do povo boliviano!
Nenhum acordo com os golpistas-fascistas!


Jorge Chávez, um líder da oposição do estado boliviano de Tarija, deu a seguinte declaração na semana passada: “Se precisar, vai ter sangue. É preciso conter o comunismo e derrubar o governo deste índio infeliz”. Nessas poucas palavras ele resumiu as reais intenções dos bandos fascistas, organizados pela burguesia boliviana e o imperialismo norte-americano, que têm praticado nos últimos dias atos de violência contra o povo de nosso país vizinho.

No Estado de Pando, ocorreu um verdadeiro massacre de camponeses. Foram barrados por bandos pagos e treinados pelo governador do Estado, Leopoldo Fernandéz, quando se dirigiam a uma assembléia popular. Os golpistas logo abriram fogo contra os camponeses. “De repente escutamos disparos e algumas pessoas caíram feridas. Homens, mulheres e crianças correram para todos os lados para salvar suas vidas, mas muitos ficaram feridos ou foram capturados a força para serem torturados”, lembra Roberto Tito, testemunha presencial do massacre. Foi divulgado o número de 30 mortos no conflito e vários desaparecidos, mas esse número pode ser bem maior.

A intenção desses fascistas que iniciaram uma tentativa de golpe contra o governo de Evo Morales é a de frear o avanço da revolução que se aprofunda na América Latina. Diante do aprofundamento do processo na Bolívia, com o resultado do referendo revogatório de 10 de Agosto, no qual Evo ganhou com mais de 67% dos votos, a oposição partiu diretamente para a violência e o golpe. Já vimos este filme. Na semana passada, em 11 de Setembro, fez 35 anos que a burguesia chilena, com o apoio do governo dos EUA, assassinou o presidente Salvador Allende e iniciou uma das mais sangrentas ditaduras do mundo. É isto que o governo Bush e os governadores dos departamentos orientais da Bolívia pretendem. E se o governo de Evo Morales não tomar as medidas corretas, é o que pode ocorrer na Bolívia.

Se Evo acertou em expulsar o embaixador americano do país e em mandar prender o reacionário governador do Estado de Pando, errou em não mobilizar o povo trabalhador e os camponeses para enfrentar os ataques dos golpistas e em conceder mais negociações à oposição.

Nenhum trabalhador brasileiro pode aceitar que o Governo Lula se disponha a negociar com fascistas. Lula ofereceu-se desde o início para mediar um “diálogo entre as partes”. Esse péssimo conselho de conciliação entre as partes foi a linha tirada pela reunião da UNASUL e, infelizmente, é o que Evo Morales tem seguido.

As últimas notícias relatam um “pré-acordo” no qual a suspensão dos bloqueios de estradas e a desocupação de prédios públicos por parte dos oposicionistas foi acordada diante da instauração de um diálogo nacional para solucionar os conflitos, no qual participariam a Igreja Católica, a União Européia, a ONU, a OEA e a UNASUL. Em troca Evo Morales respeitaria o “direito à autonomia departamental” e suspenderia por um mês as discussões no Congresso sobre o referendo constitucional.

Mas, ceder não fará parar os fascistas! A verdade é que essa situação só pode ser decidida para um dos dois lados: ou a oligarquia, com a ajuda do imperialismo norte-americano, sai vitoriosa e a Bolívia é afundada em outra ditadura militar sangrenta; ou os trabalhadores e camponeses completam a revolução expropriando o poder político e econômico da oligarquia. Os trabalhadores bolivianos já demonstraram enorme garra e coragem no decorrer da história. Sexta-Feira as organizações populares e da classe trabalhadora de Santa Cruz deram um bom exemplo. É preciso fortalecer as organizações dos trabalhadores, organizar Assembléias Populares e colocar o povo em armas para enfrentar a burguesia, para assim controlar democraticamente a sociedade. Essa é a única saída que interessa à classe trabalhadora.

Viva a Revolução na Bolívia, na América Latina e no mundo!

São Paulo, 18 de Setembro de 2008
Esquerda Marxista

Declaração da Esquerda Marxista ao presidente Lula sobre Bolívia

Ao Presidente Lula

Ao Ministro Celso Amorim

1. Com surpresa e indignação tomamos conhecimento das declarações do Ministro das Relações Exteriores Celso Amorim, no último dia 9 de Setembro, sobre os acontecimentos na Bolívia:

"Estamos analisando a forma como o governo boliviano poderá garantir a integridade da rede de gasodutos" e acrescentou que o governo brasileiro esta disposto a "abrir os contatos diretos com os governadores do Oriente, se necessário." (Washington Post, 9/9/2008).

A isto se soma uma absurda iniciativa de se dispor a mediar um “diálogo entre as partes” como se não se tratasse de ações fascistas das oligarquias bolivianas contra um governo com enorme apoio popular. Tratar os bandos fascistas de igual para igual com o governo da Bolívia é tentar dar-lhes legitimidade e ajudar a dividir a Bolívia.

2. Qualquer sindicalista, trabalhador, socialista e democrata pode se perguntar: Como é possível o governo brasileiro abrir dialogo com os representantes da oligarquia boliviana fascista e golpista?!

3. Estes golpistas fascistas que iniciaram uma tentativa de golpe contra o governo de Evo Morales são os mesmos que estão tentando dividir a Bolívia para impedir o avanço da revolução que se aprofunda na América Latina.

4. Seu objetivo é liquidar as conquistas que a luta dos trabalhadores bolivianos impôs, como a nacionalização do gás e do petróleo.

5. O recente resultado do referendo revogatório de 10 de Agosto foi uma demonstração de força e combatividade das massas bolivianas que não aceitam um retrocesso após os grandes combates de 2003, 2005 e da vitória eleitoral de Dezembro de 2005.

6. A realidade é que após ser derrotada no referendo, a burguesia boliviana, com o apoio do governo dos EUA, abriu uma ofensiva contra o governo de Evo Morales, saindo da propaganda de divisão do país e se transformando em um combate aberto e violento.

7. O embaixador dos EUA, Philip Goldberg, se reuniu na quinta, 10/9/2008, com a prefeita de Chuquisaca, Savina Cuellar, em Sucre, e com a organização ultra-racista Comitê Interinstitucional, que em 24 de Maio humilhou vários camponeses desnudando-os e fazendo-os pedir perdão de joelhos na praça principal da cidade. Dias antes o embaixador dos EUA se reuniu em Santa Cruz com o prefeito Rubén Costas, o chefe público da conspiração reacionária e fascista. Assim, tem toda a razão Evo Morales em expulsar o chefe da conspiração, o embaixador Philip Goldberg.

8. O objetivo do imperialismo e da oligarquia boliviana é claro. Já vimos este filme. Em 11/9/2008 fez 35 anos que a burguesia chilena, com o apoio do governo dos EUA, assassinou o presidente Salvador Allende e iniciou uma das mais sangrentas ditaduras do mundo. É isto que o governo Bush e os governadores dos departamentos orientais da Bolívia pretendem.

9. A sabotagem e explosão de gasodutos, o lockout dos setores patronais divisionistas e forças reacionárias na Bolívia são a prova que quando os interesses dos poderosos são tocados ou ameaçados eles não recuam frente a nenhuma consideração “democrática”.

10. O jornal “O Estado de SP” declara cinicamente em editorial: “Nos últimos dois anos, na Bolívia não há lei a respeitar nem instituições que funcionem regularmente. O país está à mercê do arbítrio de um presidente que insiste em instituir uma forma de governo sui generis, baseado numa ideologia nacional-indigenista anacrônica e irresponsável, e um regime autoritário, à semelhança do que seu mentor Hugo Chávez vem praticando na Venezuela. A oposição, por sua vez, não tendo instituições às quais apelar, está compreensivelmente reagindo nos termos em que Evo Morales colocou a disputa: com atos de arbítrio, a mobilização dos movimentos cívicos e políticas de fatos consumados.” (OESP, 10/9/2008 – grifos nossos). Esta é a burguesia “democrática” brasileira que para defender seus interesses não hesita em rasgar as leis, desconhecer suas próprias instituições e agir de armas na mão.

11. O governo brasileiro tem a obrigação mínima de rechaçar qualquer tentativa de negociação direta com os governadores golpistas e de reafirmar a soberania da Bolívia sustentando o governo Evo Morales contra toda tentativa de golpe.

Nenhum acordo com os golpistas fascistas da Bolívia!
Todo apoio ao governo Evo Morales contra os golpistas e o imperialismo EUA!
Viva a revolução do povo boliviano!

Envie cópia dessa declaração:


Para o Itamaraty:

celsoamorim@mre.gov.br


Para a Presidência da República:

protocolo@planalto.gov.br

gabpr@planalto.gov.br


São Paulo, 12 de Setembro de 2008
Esquerda Marxista

Bolívia: nova ofensiva da oligarquia. É hora de contra-atacar!

Por Jorge Martín - www.marxist.com

11/09/2008

Na terça-feira, 9 de Setembro, a ofensiva da oligarquia boliviana alcançou um novo ponto culminante. Em Santa Cruz, as tropas de choque das bandas fascistas da Unión Juvenil Cruceña (UJC) tomaram à força toda uma série de prédios públicos. Primeiro invadiram e saquearam as repartições da Receita Federal, depois se dirigiram aos escritórios da empresa de telecomunicações recentemente nacionalizada, ENTEL, que também foi saqueada, o mesmo aconteceu no Instituto Nacional de Reforma Agrária (INRA). Para conseguir isso tiveram que lutar contra a polícia e o exército, que seguiram ordens estritas de não utilizar armas e foram superados pelos violentos manifestantes.

Em Tarija, um grupo de 50 funcionários do governador da região atacou os escritórios da Superintendência de Hidrocarbonetos e a invadiram. Estas ações se repetiram em Tarija, Beni e Pando, onde bandos de mercenários dirigidos por funcionários dos governadores regionais e pelos parlamentares da oposição ocuparam o Instituto de Reforma Agrária (INRA), os pedágios das estradas, os escritórios da alfândega, aeroportos, etc.

Em Santa Cruz, depois de invadir vários escritórios governamentais partiram em direção aos meios de comunicação que não estão controlados pela oposição de direita. Saquearam e destruíram o equipamento das instalações da Rádio Patria Nueva (abriram fogo nos equipamentos) e da Televisão Boliviana Canal 7. Também forçaram a emissora da rádio comunitária Radio Alternativa a encerrar sua transmissão. Alguns dias antes, quatro emissoras de rádio de Cobija, em Pando, também foram obrigadas a parar de transmitir.

Além de ocupar os edifícios públicos e meios de comunicação, a ofensiva da oligarquia também teve como objetivo as organizações de massa dos trabalhadores e camponeses. Na Quinta-Feira, 4 de Setembro, no meio da noite, incendiaram a casa do secretário executivo da Central Obrera Departamental (COD) [seção estadual da COB, nota do Tradutor] em Santa Cruz, enquanto dormiam sua esposa e seus cinco filhos. Também foram saqueadas e incendiadas as salas da ONG pelos direitos dos indígenas CIJES em Santa Cruz e as instalações da Confederação dos Povos Indígenas da Bolívia (CIDOB). Finalmente, em Santa Cruz, estes grupos de mercenários armados ocuparam várias praças públicas e feiras livres em regiões de forte apoio ao MAS.

Como parte desta ofensiva também houve um ataque a um oleoduto de gás na fronteira com Argentina e a ocupação de um campo de gás em Chuquisaca, que segundo algumas informações ameaçaram cortar as exportações de gás para o Brasil e Argentina, o que provocaria um sério dano à economia boliviana.

Isto não foi uma série de “ações espontâneas”, e sim parte de um plano bem preparado e coordenado contra o poder do governo de Evo Morales. Estas ações foram discutidas e decididas no dia 4 de Setembro na reunião do CONALDE (uma coalizão de governadores da oposição e ditos comitês “cívicos” - na prática, o alto comando da oligarquia). O latifundiário e líder do partido da oposição PODEMOS no parlamento, Antonio Franco, aplaudiu publicamente a ocupação dos edifícios públicos em Santa Cruz.

Também estava implicada a asquerosa mão dos EUA. Rompendo todo protocolo diplomático, no dia 25 de Agosto, o embaixador norte-americano Goldberg teve uma reunião de portas fechadas com um dos principais dirigentes da oposição, o governador de Santa Cruz Rubén Costas. Uma semana depois se reuniu com a governadora opositora de Chuquisaca, Sabina Cuellar. Segundo os artigos publicados nos meios de comunicação bolivianos, também se reuniu com os governadores de Tarija, Beni e Pando. O rico latifundiário Branko Marinkovic, chefe do comitê Cívico de Santa Cruz e um dos principais representantes da oligarquia, também fez uma visita aos EUA na semana passada. Não é preciso ser um astrofísico para ver que se trata de uma repetição da história do golpe de abril de 2002 na Venezuela e do golpe contra Allende no Chile que completou trinta e cinco anos.

Muito acertadamente, na Quarta-Feira, dia 10, Evo Morales declarou o embaixador norte-americano Goldberg pessoa não-grata e deu ordens ao ministro de assuntos exteriores, Choquehuanca, que lhe pedisse para deixar o país. Contudo, a expulsão do embaixador estadunidense por si só não deterá a conspiração golpista.

O posicionamento do Brasil

Segundo algumas informações, o fechamento de uma válvula de gás, em Tarija, na Quarta-Feira, dia 10, fruto da ação da oligarquia, provocou um aumento de pressão e um gasoduto explodiu. O presidente da empresa estatal de gás, Ramírez, declarou que como resultado desta situação, as exportações de gás para o Brasil foram reduzidas em 10%, a 27 milhões de toneladas cúbicas diárias. Bolívia fornece ao Brasil 50% de seu gás.

O ministro das relações exteriores do Brasil, Celso Amorim, em uma declaração escandalosa, disse que se o governo de Evo Morales não for capaz de garantir o suprimento de gás para o Brasil, então estaria disposto a abrir negociações diretas com os governadores regionais da oposição.

Isto significaria que o Brasil reconheceria de fato a independência das regiões orientais e não reconheceria mais o governo boliviano. O dito governo de “esquerda” de Lula, uma vez mais, está assumindo o trabalho sujo de agente do imperialismo norte-americano.

A resposta do governo

Evo Morales e outros ministros de seu governo, muito acertadamente, descreveram estes movimentos como um golpe. Infelizmente, responderam fazendo um chamado à legalidade burguesa. O ministro da presidência, Juan Ramón Quintana, declarou que o “promotor público deve implementar ações contra os responsáveis e levar-lhes ante um tribunal”. O pequeno problema é que o promotor público do estado em Santa Cruz responde aos interesses da oligarquia.

Segundo notícias que recebemos de Santa Cruz, o governo pediu às organizações de massas que detivessem seus planos de bloquear as estradas de Santa Cruz contra a oligarquia; e os dirigentes locais do MAS não estão dando nenhuma direção ao movimento. O ambiente entre os apoiadores do MAS é de fúria. Inclusive setores importantes da classe média de Santa Cruz se queixam em chamadas telefônicas à rádio pela falta de ação do governo frente a estes atos violentos e ilegais.

Esta é uma situação muito perigosa. Não se pode combater a ofensiva da oligarquia dentro dos limites das instituições democráticas burguesas, a oligarquia já demonstrou que não tem intenção de respeitá-las. Sabem que são minoria, como o referendo claramente demonstrou em 10 de Agosto. Evo Morales ganhou com mais de 67% dos votos e venceu em 95 das 112 cidades do país. Por isso recorreram a métodos violentos e ilegais, utilizando todo seu poder econômico e político (nos governos regionais) para desestabilizar e finalmente derrotar o governo de Evo Morales.

A oposição na Bolívia representa os interesses dos grandes grupos empresariais, o setor bancário e os grupos agro-capitalistas em aliança com as multinacionais estrangeiras e o Imperialismo EUA. Temem perder importantes parcelas de seu poder econômico e político. Acreditam que já perderam o controle do governo central e são conscientes de que a aprovação da nova constituição (por isso o governo convocou um novo referendo para o próximo dia 7 de Dezembro) poderia ser o início de uma reforma agrária que afetaria seriamente suas propriedades. Desde seu ponto de vista, o que está em jogo é muito importante, não terão dúvidas em utilizar todos os meios à sua disposição, legais ou ilegais.

O problema é que os dirigentes do MAS e o governo querem utilizar somente os métodos estritamente legais e institucionais. A luta de classes não é como um jogo de xadrez, onde os oponentes respeitam as regras do jogo. Se parece mais com uma luta de boxe onde seu adversário utiliza todo tipo de truque sujo e ainda por cima controla o juiz. Se o governo do MAS quiser continuar jogando xadrez, enquanto a oligarquia luta boxe, fica claro quem vai ganhar o combate.

É o momento de contra-atacar

Como dissemos em um artigo anterior:

“É o momento de tomar medidas decisivas contra a oligarquia. Se eles sabotam a distribuição de alimentos contra a vontade democrática da população, então sua terra, fazendas, fábricas de processamento de alimentos e empresas de transporte devem ser ocupadas pelos camponeses e trabalhadores e devem ser expropriadas pelo governo. Se eles ocupam os campos de gás e petróleo, como ameaçam, então os trabalhadores e camponeses devem recuperá-los. Se bloqueiam estradas, os trabalhadores e camponeses devem se organizar para reabri-las”. (Bolívia: uma nova ofensiva da oligarquia, as massas respondem nas ruas. 23/8/2008).

Frente à passividade dos representantes do governo, as organizações de massa devem tomar a iniciativa. A reunião da Coordinadora Nacional de Organizaciones por el Cambio (Conalcam) celebrada semana passada em Santa Cruz, decidiu fazer bloqueios de estradas em Santa Cruz e uma marcha nacional ao parlamento. Estes planos devem ser acelerados e postos em prática de imediato.

Em Santa Cruz, o movimento Marcelo Quiroga Santa Cruz, fez um chamado à Central Obrera Departamental (COD), às organizações camponesas e vicinais para celebrar um cabildo abierto (reunião de massas) no Plan 3.000 e começar a organizar a resposta das massas contra as bandas fascistas. Em Potosí, os companheiros da Corrente Marxista Internacional – El Militante – estão tentando organizar uma reunião de urgência na COD com a presença de todas as organizações de massa para coordenar uma resposta efetiva.

A oligarquia é uma minoria, mas está bem armada, financiada e está na ofensiva. O governo, por outro lado, vem atuando de maneira débil, sem responder aos ataques. Este fato pode ter um efeito desmoralizador sobre as massas de trabalhadores e camponeses que apóiam o MAS e o governo. A única maneira de responder ao golpe oligárquico que estamos vendo ante nossos olhos é através da mobilização massiva da população nas ruas.

A Confederação Obrera Boliviana (COB) e as organizações camponesas e indígenas deveriam organizar reuniões de massas em todas as cidades e áreas rurais para discutir o golpe que está em processo. Nestas reuniões devem ser organizadas assembléias populares e comitês de autodefesa para defender as organizações operárias e camponesas, para limpar das ruas os bandos fascistas. Deveriam exigir a aprovação imediata de um decreto de expropriação das propriedades e riqueza de todos aqueles que colaboram, participam e financiam o golpe da oligarquia. A implementação deste decreto não deveria ser deixada nas mãos dos promotores públicos, juízes ou oficiais da polícia, a maioria dos quais não são confiáveis, mas, sim implementado diretamente pelas organizações operárias e camponesas sob a autoridade das assembléias populares de massas.

As massas de trabalhadores e camponeses na Bolívia demonstraram sua coragem e determinação revolucionária durante estes últimos anos e ao longo da história. Podem em questão de dias varrer a classe dominante, se estiverem armados com um programa claro e organizados com um plano de luta preciso. Em Abril de 1952, os trabalhadores mineiros sozinhos esmagaram o exército burguês e tomaram o poder na Bolívia. Esta façanha pode ser repetida. A ameaça é muito séria. O momento não é de hesitação, é momento de contra-atacar e destruir o poder econômico e político da oligarquia!

Chávez recebe contundente apoio popular após expulsar embaixador dos EUA

Em um ato massivo, em frente ao Palácio Miraflores em Caracas, o presidente venezuelano afirmou: “não tenho dúvidas que o império americano está por trás do golpe de Estado revelado nas últimas horas”.
Por isso, anunciou que o embaixador dos EUA na Venezuela, Patrick Duddy, “tem 72 horas para abandonar o país”. Em cadeia nacional, o presidente disse ainda que “não haverá outro embaixador americano no país até que se instale um governo que comece respeitando a dignidade da Venezuela e da América Latina”.
Ao mesmo tempo, mandou trazer de volta o embaixador venezuelano em Washington, Bernardo Alvarez, “antes que o tirem de lá”.
O presidente também afirmou que já há vários detidos por envolvimento em um plano de magnicídio, que militares venezuelanos, da ativa e aposentados, preparavam contra ele.
A medida também foi entendida como ato de solidariedade com o governo Evo Morales da Bolívia, que se encontra ameaçado pelas recentes manifestações fascistas desencadeadas pela oligarquia boliviana, com apoio do embaixador americano naquele país, Philip Goldberg (expulso ontem pelo presidente Morales).
Chávez disse que “o governo Bush está por trás de todas as conspirações contra nossos povos” e advertiu que “defenderemos a unidade de nossos povos até as últimas conseqüências”.“Há muita gente na rua e isso é uma pequena demonstração da atitude alerta que tem nosso povo, por isso, convençam-se, ianques, de nunca mais voltar à Venezuela”!

URGENTE: intrigas golpistas na Venezuela e na Bolívia!

por Hands Off Venezuela
12 de setembro de 2008

A tentativa de golpe que está acontecendo neste momento na Bolívia continua, ontem oito camponeses foram assassinados em uma emboscada feita pelas bandas fascistas da oligarquia. No bairro operário Plan 3.000 de Santa Cruz, a população expulsou as bandas fascistas que tentavam entrar no bairro para semear o terror. Como resultado destas provocações Evo Morales expulsou o embaixador norte-americano.

Na tarde do dia 11 de setembro foi descoberto um complô golpista na Venezuela. A população imediatamente se concentrou a frente do palácio Miraflores e Chávez se dirigiu a multidão anunciando a expulsão do embaixador estadunidense. Foi celebrada uma assembléia de massa com ativistas e dirigentes do PSUV no forte de San Carlos e decidiu-se por convocar, para hoje, uma marcha nas cercanias do forte Tiuna, o principal quartel da cidade; e manifestações em todas as capitais regionais para amanhã, sábado.

É o momento de dizer basta. As oligarquias na Venezuela e na Bolívia demonstraram uma vez mais sua falta de respeito pela vontade democrática da maioria da população.

Necessitamos organizar a solidariedade. Celebrar urgentemente assembléias para organizar um plano de ação de solidariedade em todo o mundo. Convocar atos de protesto em frente às embaixadas ou consulados norte-americanos, fazer assembléias públicas para discutir a situação e coordenar a ação.Há que se colocar em contato com as embaixadas da Venezuela e da Bolívia em todo o mundo que ajudem e participem desta mobilização.

É o momento de agir.

Não aos golpes reacionários na Bolívia e na Venezuela.

Não ao imperialismo.

Viva a revolução boliviana e bolivariana.

Adiante rumo ao socialismo.

“Há que acabar com a exploração em Sidor e em todas as empresas”

No final de agosto, os trabalhadores terceirizados da Sidor (siderúrgica nacionalizada pelo governo Chávez) realizaram uma paralisação para exigir a contratação direta pela empresa.
O Sindicato Único da Indústria Siderúrgica e Similares (SUTIS) explicou que a reivindicação é um compromisso assumido pela empresa logo após a nacionalização, há quatro meses atrás, quando foi assinado o contrato coletivo de trabalho
(ver http://tiremasmaosdavenezuela.blogspot.com/2008/05/presidente-chvez-visita-sidor-e-assina.html).
A incorporação dos terceirizados beneficiará cerca de 8 mil trabalhadores que hoje não têm os mesmos direitos, sendo que todos (diretos e indiretos) foram igualmente importantes na luta contra o consórcio ítalo-argentino Techin
(ver http://tiremasmaosdavenezuela.blogspot.com/2008/04/chvez-reestatiza-sidor-uma-vitria.html).
A paralisação foi aprovada de forma contundente pela assembléia geral, em frente ao portão IV da siderúrgica. De lá, cerca de mil trabalhadores marcharam até o edifício administrativo II, onde se instalaram para esperar uma resposta da empresa.
Com a mobilização dos trabalhadores, ficou marcada a instalação de uma mesa técnica entre direção da empresa, representantes dos trabalhadores e Ministério do Trabalho para começar a incorporação dos terceirizados.
Durante a manifestação, os trabalhadores foram enfáticos:
“Aqui, desde o pessoal que limpa até os da manutenção são inerentes e conexos”, assinalou Richard Romero, representante dos trabalhadores diretos. “Estamos cansados de ser marginalizados... esta é uma das empresas onde os trabalhadores são mais explorados”, afirmou Hugo Bastardo, representante dos terceirizados.
Já Juan Valor, do SUTIS, concluiu:
“Há que acabar com a exploração em Sidor e em todas as empresas”.

Techin ameaça recorrer
O consórcio ítalo-argentino que controlava a siderúrgica ameaçou recorrer ao tribunal de arbitragens do Banco Mundial, após a ruptura das negociações com o governo venezuelano, que pretendia comprar as ações da companhia.
“Chávez decidiu arbitraria e unilateralmente romper a negociação e avançar à expropriação. Nos causou surpresa porque se estava nas etapas finais das negociações”, disse um representante da empresa.
Porém, os trabalhadores ficaram contentes ao saber da notícia: “Estamos satisfeitos porque já era hora do governo dar as costas aos argentinos. Eles tiveram por 10 anos a empresa e foi muito pouco o que fizeram por ela e seus trabalhadores. Espero que essa decisão permita que se cumpra a totalidade do prometido com a nacionalização”, assegurou José Luis Alvarez, trabalhador da Sidor.

Setor de cimento é nacionalizado pelo governo Chávez

No mês de agosto, além de anunciar a estatização do Banco de Venezuela (Santander), o governo venezuelano nacionalizou praticamente todo o setor de produção de cimento e derivados, “para lançar com força um plano de construção de imóveis no país”, segundo o presidente Chávez.
Durante 60 dias ocorreram negociações para a compra da francesa Lafarge, da suíça Holcim e da mexicana Cemex. As empresas européias aceitaram vender a maior parte das ações para o Estado, já a Cemex resistiu e suas instaladas foram ocupadas pela Guarda Nacional e militantes socialistas.
O governo Chávez pagou US$ 552 milhões para comprar 89% das ações da Lafarge e US$ 267 milhões por 85% das ações da Holcim. Juntas, as empresas são responsáveis por metade do cimento produzido no país.

Governo Chávez ocupa Cemex
Já a Cemex - responsável pelos outros 50% da produção de cimento no país - pediu um valor exagerado por seu pacote acionário e o governo, então, decidiu ocupar as instalações. "A Cemex, o país todo sabe, tem problemas ambientais, de atraso de tecnologia, o que significa que não pode ser um valor muito acima do que estamos adquirindo hoje em dia", afirmou o vice-presidente Ramón Carrizalez.
Já o ministro de Energia e Petróleo, Rafael Ramírez, explicou desta maneira a tomada de um das instalações da Cemex (no estado de Anzoátegui): “ativamos um decreto de expropriação e a estabilidade trabalhista dos trabalhadores está garantida pelo Estado. Além do interesse comercial, temos o interesse dos venezuelanos”.
Agora, as três fábricas de cimento, 33 fábricas menores de concreto, 10 centros de distribuição terrestre e quatro terminais marítimos que pertenciam à Cemex passam a ser propriedade pública. A empresa mexicana, porém, não desistiu e irá processar a Venezuela junto ao Banco Mundial.
O corrupto governo de Felipe Calderón no México, títere do imperialismo americano, apóia a resistência da Cemex, ao afirmar que tem o objetivo de “velar pelos interesses mexicanos na empresa e, em particular, assegurar que o processo levado a cabo pelas autoridades da Venezuela se apegue ao marco legal aplicável”.
O presidente Chávez respondeu à altura: “toda a vegetação está coberta de pó, porque os irresponsáveis da Cemex nunca investiram em tecnologia para eliminar isso. Eles não se importam em contaminar pessoas, praia, vegetação, animais, tudo. O que eles querem é lucro, dinheiro, mas não para investir aqui e sim para levar embora, saqueando a riqueza do país, vendendo o cimento mais caro do mundo”.

Estatal de cimento vai unificar produção no país
E concluiu: “vamos demonstrar que o Estado nacional pode ser, é e será vitorioso na administração de todas essas empresas, muito mais do que foi o setor privado”.
A criação da estatal “Corporação de Cimentos da Venezuela”, sem dúvida, é um passo importante para planificar e melhorar a produção de cimento, impulsionando a construção civil para a população.
Mas, para que a gestão não cai nas mãos de antigos gerentes e burocratas, é preciso estimular os conselhos de trabalhadores para controlar a administração e as instalações, conforme campanha levantada pela FRETECO.

Novas medidas podem reativar a produção na Invepal e Inveval

Após a divulgação na imprensa venezuelana de que Invepal (fábrica de papel e papelão, nacionalizada em 2005), estava paralisada havia um mês, por falta de matéria-prima (ver http://tiremasmaosdavenezuela.blogspot.com/2008/07/invepal-est-h-um-ms-e-meio-parada-por.html)...
E após campanha internacional de moções desenvolvida por FRETECO (Frente Revolucionária de Trabalhadores em Empresas em Co-gestão e Ocupadas), que exigia a reativação produtiva de Invepal e Inveval (fábrica de válvulas)...
O presidente Chávez anunciou o investimento de 266,8 milhões de bolívares fortes (cerca de R$ 125 milhões) para impulsionar a produção de papel no país e alcançar o crescimento projetado para o setor nos próximos dois anos.
Segundo o governo, através de um crédito proveniente do Tesouro Nacional, será desenvolvido um plano para incrementar em 56% a produção nacional de papel e 36% a de produtos derivados, como cadernos, caixas, pacotes, etc.
O plano permitirá a geração de 690 novos empregos e propiciará a geração de uma rede social de reciclagem que contará com cerca de 2200 trabalhadores.
Após uma avaliação realizada em Invepal, cuja capacidade instalada de produção é de 316 mil toneladas de papel ao ano, o presidente Chávez disse que, entre as medidas previstas, está a instalação de uma empresa processadora de polpa de papel na zona norte do Oniroco. A medida é importante para substituir as importações do produto, que serve de matéria-prima à Invepal.
A produção de Invepal alcançou em 2005 cerca de 7 mil toneladas, incrementada em cinco mil toneladas no ano seguinte. Em 2007, situou-se em 27 mil 691 toneladas, o que representou o emprego de 8,7% da capacidade instalada. Com os investimentos, espera-se aumentar a produtividade para 82% da capacidade instalada, em dois anos.

Inveval
O presidente Hugo Chávez anunciou que a fábrica de válvulas Inveval, controlada atualmente pelos trabalhadores e o Estado, após a expropriação de seus donos privados, passará a ser uma empresa mista com PDVSA (estatal petrolífera).
Inicialmente, PDVSA aprovou um recurso de R$ 27 milhões de bolívares fortes (cerca de R$ 13 milhões) para atualização e estabilização da empresa, valor considerado modesto pelo presidente.“No futuro vamos substituir as importações e também exportaremos válvulas petroleiras”, afirmou Chávez.

Solidariedade com os trabalhadores das Fabricas da Venezuela


FRETECO
28 de Agosto de 2008

SIM AO CONTROLE OPERÁRIO, SIM AO CONTROLE CAMPONÊS, SIM AO CONTROLE DOS CONSELHOS COMUNAIS!!!!!!!!!!!!

SIM AO PODER POPULAR PARA DAR IMPULSO À REVOLUÇÃO!!!!!!!!!!!

1. Não à remoção dos trabalhadores da empresa ocupada INAF!

O empresário da Indústria Nacional de Artículos de Ferretería (INAF) ameaçou expulsar os trabalhadores desta empresa no dia 30 de agosto de 2008. Estes trabalhadores entenderam que era necessário ocupar a fábrica em agosto de 2006, para poder preservar seus postos de trabalho e manter o sustento de seus familiares. Os trabalhadores responderam à sabotagem do patrão. Os trabalhadores da INAF deram um exemplo à classe trabalhadora nacional e internacional de que os trabalhadores podem administrar as empresas; que o Controle Operário, sim, é possível na revolução bolivariana. O controle Operário é uma ferramenta fundamental para levar a revolução em direção ao verdadeiro socialismo.

2. Sim a reativação produtiva da Inveval!

Os trabalhadores da Inveval (empresa expropriada pelo Governo Bolivariano em 2005) administraram a empresa sob controle operário de maneira exitosa recuperando por completo a infra-estrutura e a maquinaria, mesmo sem possuir a matéria prima fundamental (as carcaças) que são fornecidas pela Acerven (esta empresa segue fechada desde a greve patronal petroleira de 2003). Para abastecer de válvulas a indústria petroleira é necessário, também, expropriar a Acerven e proceder sua reativação sob controle operário.

3. Outras empresas que foram ocupadas e recuperadas pelos trabalhadores se encontram hoje em situações similares.

Os patrões estão sabotando a economia do país escondendo os produtos alimentícios de primeira necessidade, fechando empresas, demitindo injustamente os trabalhadores, aumentando a exploração dos trabalhadores, etc.

Por tudo o que expomos acima os abaixo assinantes demandam:

1. A expropriação da INAF sob Controle Operário e construir uma verdadeira Empresa Socialista.

2. A expropriação de Acerven sob Controle Operário para a reativação produtiva da Inveval e assim poder suprir as válvulas para a PDVSA.

3. Expropriação da empresa de transporte MDS sob Controle Operário.

4. A expropriação da empresa têxtil Gotcha.

Fazemos um chamado de solidariedade à luta dos Conselhos comunais, Batalhões do PSUV, Sindicatos, Movimentos Camponeses, Cooperativas, organizações revolucionárias e reafirmamos que é necessário nos unir para alcançar a vitória e conseguir levar nossa revolução em direção ao Socialismo.

SIM À EXPROPIAÇÃO DE INAF, ACERVEN, TRANSPORTE MDS, FRANELAS GOTCHA SOB CONTROLE OPERÁRIO.

SIM AO CONTROLE OPERÁRIO NAS EMPRESAS NACIONALIZADAS COMO: SIDOR, CEMENTERAS LAFARGE- CEMEX- HOLCIM, LUZ ELECTRICA, CANTV.

SIM À CONFORMAÇÃO DOS CONSELHOS DE FÁBRICA E DE TRABALHADORES.

DEVEMOS LUTAR POR:

· DIGNIFICAR A VIDA DO TRABALHADOR.

· REDUÇÃO DA JORNADA DE TRABALHO.

· NÃO À EXPLORAÇÃO DOS TRABALHADORES.

· SIM AO SOCIALISMO SOB CONTROLE DO PODER POPULAR.

Assine esta resolução e a envie para:

Presidência da República drsociales@presidencia.gov.ve

Ministério da Indústria Ligeira e Comércio (MILCO) mariruta@gmail.com

Enviar cópia para: frentecontrolobrero@gmail.com

A nacionalização do Banco de Venezuela (Grupo Santander)

por Alan Woods - tradução do artigo publicado em www.marxist.com
1º de agosto de 2008

No dia 31 de julho em um programa de televisão transmitido para todo o país, o presidente Chávez anunciou a nacionalização do Banco de Venezuela, banco venezuelano propriedade da multinacional bancária espanhola Grupo Santander. “Vamos nacionalizar o Banco de Venezuela. Faço um chamado aos senhores donos para que venham e comecemos a negociar”.

E acrescentou: “Há alguns meses nos interamos, graças a fontes de inteligência, de que os proprietários espanhóis iriam vender o banco, que esteve privatizado durante anos; que existia um acordo assinado entre o Grupo Santander e um banco privado venezuelano, o banqueiro venezuelano precisava da permissão do governo para comprar o banco, não se trata de operação pequena (...), então enviei uma mensagem ao banqueiro espanhol e ao venezuelano, para dizer-lhes que o governo queria comprar o banco, queremos recuperá-lo. Então um dos proprietários disse: ‘não, não queremos vendê-lo! ’. Então eu disse: ‘Não, comprá-lo-ei, quanto custa? Vamos pagar por ele e vamos nacionalizar o Banco de Venezuela’”. O presidente continuou: “A partir desse momento começará a campanha dos meios de comunicação espanhóis e internacionais. Dirão que Chávez é um autocrata, que Chávez é um tirano, não me importa, apesar de tudo, vamos nacionalizar o banco”. “Os cães ladram, mas a caravana passa”, disse, citando o Dom Quixote.

“Existe algo de obscuro nisso tudo, seus donos estavam, a princípio, desesperados para vender o Banco de Venezuela, inclusive tentaram me pressionar. Agora, de repente, não querem vendê-lo. Mas agora estou interessado em comprá-lo e vamos nacionalizar o Banco de Venezuela para colocá-lo a serviço do povo venezuelano”. Acrescentou que o banco controla milhões de bolívares que pertencem ao “povo venezuelano e também ao governo venezuelano”.

“Necessitamos de um banco deste tamanho. Porque este é o Banco de Venezuela, este banco gera grandes lucros, mas estes se vão para o exterior”.

Chávez também assegurou que os depósitos dos poupadores estão garantidos assim como os empregos dos trabalhadores, cujas condições melhorarão “como aconteceu com a nacionalização de Sidor”.

Chávez agradeceu aos administradores privados do banco por tê-lo convertido em uma instituição muito eficiente, mas acrescentou que o banco deixará de ser um banco capitalista para tornar-se um banco socialista: “o lucro não será de um grupo, e sim será investido no desenvolvimento social-socialista. O socialismo, cada dia com mais força!”.

Super lucros

O Banco de Venezuela é um dos bancos mais importantes da Venezuela, detém 12% do mercado de empréstimos e obteve um lucro de 170 milhões de dólares no primeiro semestre de 2008, 29% maior em relação ao mesmo período de 2007, e depois dos lucros já terem aumentado cerca de 20%. Possui 285 agências e três milhões de clientes.

O Banco de Venezuela foi nacionalizado em 1994 depois de uma generalizada crise bancária que provocou a quebra de 60% do setor bancário, só para ser privatizado em 1996 e comprado pela multinacional bancária Grupo Santander por apenas 300 milhões de dólares. Em apenas nove meses, o Grupo Santander recuperou seu investimento inicial. Os ativos do banco estão calculados, hoje, em cerca de 891 milhões de dólares. Em 2007, apenas, obteve um lucro de 325,3 milhões de dólares, mais do que aquilo que haviam pagado pelo banco em 1996.

Este não é o único exemplo de negócios escandalosos por parte dos banqueiros espanhóis na Venezuela. O Estado venezuelano também adquiriu o Banco Provincial em 1994 e depois o vendeu em 1996 à multinacional bancária espanhola Grupo BBVA. Como resultado destas operações, o setor bancário venezuelano está dominado por quatro grupos: duas multinacionais espanholas, BBVA e Santander, e dois bancos venezuelanos, Mercantil e Banesco. Hoje, o espanhol Grupo Santander é o maior banco da América Latina com 4.500 agências; um terço dos lucros do Grupo Santander, em 2007, foram oriundos da América Latina. Este é só um exemplo de como as multinacionais estrangeiras saqueiam os recursos do continente.

Hipocrisia

Este é um excelente exemplo da hipocrisia dos defensores das grandes empresas. Como estes cavalheiros podem falar da suposta eficiência dos banqueiros privados, quando todo mundo sabe que os grandes bancos, nos EUA e em outros países, há décadas estão implicados em uma generalizada e criminosa especulação, que levou ao colapso um grande banco após o outro nos últimos doze meses, ameaçando colapsar o sistema financeiro mundial?

Não faz muito tempo o Federal Reserve (o banco central americano) de Nova Iorque teve que ceder 29 bilhões de dólares à Bear Stearns Companies Inc., um importante banco de investimento estadunidense, para assim facilitar sua compra por parte de outro grande banco, JP Morgan Chase & Co. Este é um exemplo da “eficiência” dos banqueiros privados, que obtiveram lucros fabulosos durante anos de especulação criminosa no mercado imobiliário norte-americano, e que agora pedem a ajuda do Estado para que lhes dê bilhões de dólares do dinheiro dos contribuintes. Ao invés de mandá-los para cadeia por seus crimes, que só no mês de maio provocou o despejo de 77.000 famílias estadunidense, estes ricos parasitas são generosamente recompensados por seus amigos da Casa Branca e de Wall Street.

Quando o presidente Chávez anuncia a nacionalização de um banco é acusado de cometer um crime contra a propriedade privada. Mas os governos burgueses de EUA e Europa têm nacionalizados bancos também. O Federal Reserve, depois de ter enviado quantidades absurdas de dinheiro aos bolsos dos banqueiros, como no caso de Bear Stearns, agora nacionalizou dois gigantes das hipotecas, Fannie Mae e Freddie Mac, às custas do dinheiro dos contribuintes norte-americanos, cedendo outros 25 bilhões de dólares. George Bush e sua administração não têm dinheiro para a saúde nem para a previdência, mas têm muito dinheiro para encher a burra de seus amigos ricos. Nas palavras do famoso escritor estadunidense Gore Vidal, é um exemplo de “socialismo para o rico e livre empresa para o pobre”.

O que nos diz este exemplo sobre a “eficiência” dos banqueiros privados nos EUA? Fannie Mae e Freddie Mac, que são responsáveis por 50% de todas as hipotecas dos EUA, emitiram cinco trilhões de dólares em dívidas e títulos hipotecários. Deste total, mais de três trilhões estão em poder de instituições financeiras norte-americanas e mais de 1,5 trilhões de dólares estão nas mãos de instituições estrangeiras. A aplicação massiva desses recursos em especulação e fraudes representa uma séria ameaça para a estabilidade da economia global. Por isso as autoridades americanas tiveram, na prática, que nacionalizá-las. Porém, ninguém pôs estas operações em dúvida.

Observamos exatamente a mesma coisa ano passado em Grã-Bretanha, onde o quinto maior banco, Nothern Rock, foi nacionalizado pelo governo para impedir seu colapso. Estes banqueiros privados eram tão eficientes que causaram a primeira crise de um banco britânico em mais de 150 anos, formou-se longas filas de poupadores preocupados, que, literalmente, dormiram na fila do banco para retirar seu dinheiro. A nacionalização de Northern Rock custou aos contribuintes britânicos 20 bilhões de libras (40 bilhões de dólares). Ao mesmo tempo, o primeiro ministro Gordon Brown diz aos trabalhadores britânicos que não há dinheiro para aumentos salariais e que todos devem fazer sacrifícios, todos... exceto os banqueiros privados!

Quanto mais se come, maior o apetite

Os trabalhadores venezuelanos e de todo o mundo darão as boas vindas à nacionalização do Banco de Venezuela. Compreenderão que os ataques e calúnias lançados contra Hugo Chávez estão ditados pela hipocrisia, mesquinharia e ódio à revolução venezuelana. Os banqueiros espanhóis, que saquearam e saqueiam vergonhosamente a Venezuela, estavam dispostos a vender o Banco de Venezuela a um banqueiro privado venezuelano, ou seja, um companheiro de crime, mas não estavam dispostos a permitir que o banco viesse a ser recuperado pelo Estado e utilizado para os interesses do povo venezuelano.

Para os marxistas, a questão da compensação por si só não é uma questão de princípios. Há tempos Marx defendeu a compensação aos capitalistas britânicos como uma maneira de minimizar sua resistência a nacionalização, Trotsky contemplou uma possibilidade similar com relação aos EUA. Contudo, a idéia dos reformistas de que a propriedade dos capitalistas deve ser comprada a preços de mercado é totalmente falsa e impossível na prática. Nossa política deve ser: uma compensação mínima somente em caso de necessidade comprovada. Em outras palavras, consideraríamos a compensação para os pequenos acionistas de classe média, pensionistas, etc., mas, de modo algum, enormes somas de dinheiro para os super-ricos que já obtiveram grandes fortunas oriundas do saque a países como Venezuela. O Grupo Santander comprou o Banco de Venezuela pelo preço ridiculamente baixo de 300 milhões de dólares. Esta soma de dinheiro foi recuperada com sobras, não há nenhuma justificativa para pagar a estes um bolívar sequer.

Não obstante, a questão real aqui não é o tamanho da compensação. É o fato de um grande banco ser retirado de mãos privadas. O que realmente temem os capitalistas e os imperialistas é que a tendência da revolução venezuelana a realizar ofensivas contra a propriedade privada torne-se irresistível. A crise do capitalismo significa que um número cada vez maior de bancos e outras empresas privadas entrarão em crise e fecharão nos próximos meses, provocando um profundo aumento do desemprego. Na Venezuela o investimento privado caiu demasiadamente. A economia venezuelana só se mantém graças à inversão do Estado e ao setor público. Isto representa uma ameaça séria para a revolução e pode ter resultados adversos nas eleições de novembro, especialmente se nos atemos ao aumento da inflação.

O argumento de reformistas e estalinistas de que a revolução deve formar uma “aliança estratégica com a burguesia nacional” é uma estupidez perigosa. Todo mundo sabe que a burguesia é o inimigo da revolução e do socialismo. Não é possível formar uma “aliança estratégica” com a burguesia nacional progressista porque ela não existe. Os reformistas e estalinistas gostariam de criar uma burguesia nacional com dinheiro público. Que lógica há nesta proposta absurda? E ainda a apresentam como suposto realismo. Ao invés de mandar dinheiro para os capitalistas privados que o enviariam imediatamente a contas bancárias em Miami, o Estado deveria tomar em suas mãos as forças produtivas e utilizar seus recursos para criar uma economia planificada verdadeiramente socialista. A condição prévia é que as forças produtivas deveriam estar nas mãos do Estado e o Estado deveria estar nas mãos da classe trabalhadora.

Apesar de todas as exortações, os capitalistas não investirão na Venezuela. A única maneira de avançar é a nacionalização. A expropriação de Sidor no início deste ano foi o resultado do movimento dos trabalhadores a partir de baixo. A ameaça de fechamentos de fábricas nos próximos meses, sem dúvida, levará a uma nova onda de ocupações de fábricas e exigências de nacionalizações. A nacionalização do Banco de Venezuela dará um novo impulso à reivindicação dos trabalhadores de expropriação e controle operário. Quanto mais se come, maior o apetite! Por isso os proprietários do Banco Santander querem, a qualquer custo, evitar que sua propriedade passe as mãos do Estado, mesmo tendo o presidente se oferecido a pagar por ele.

No programa de televisão onde o presidente Chávez anunciou a nacionalização do Banco de Venezuela, mencionou Marx e Engels, fez referência à importância da redução da jornada de trabalho, e também analisou a crise mundial do capitalismo. Disse que somente com o socialismo as sociedades podem conseguir sua emancipação. Isso é absolutamente certo. Mas o socialismo só é possível quando a classe trabalhadora toma o poder em suas mãos, expropria os banqueiros, latifundiários e capitalistas, quando começa a administrar a sociedade em linhas socialistas.

A revolução venezuelana começou a tomar medidas contra a propriedade privada. Os marxistas darão as boas-vindas a cada passo em direção a nacionalização. Ao mesmo tempo, chamamos a atenção: as nacionalizações parciais não são suficientes para resolver os problemas fundamentais da economia venezuelana. A nacionalização de todo o setor bancário e financeiro é uma condição necessária para o estabelecimento de uma economia socialista planificada, junto com a nacionalização da terra e de todas as grandes empresas privadas, sob o controle e gestão dos trabalhadores. Isto nos permitirá mobilizar todos os recursos produtivos da Venezuela para resolver os problemas mais urgentes da população.

Portanto, saudamos a nacionalização do Banco de Venezuela como um passo adiante. Mas o objetivo principal ainda não foi alcançado: a eliminação do poder econômico da oligarquia e o estabelecimento de um verdadeiro estado operário socialista. A batalha continua.

Barcelona, 1º de agosto de 2008.

Presidente Chávez recebe, em Madri (Espanha), uma delegação da Campanha Tirem as Mãos da Venezuela!

Escrito por El Militante - www.marxist.com

Sexta-feira, 25 de julho de 2008

Para os marxistas era fundamental aproveitar a viagem de Chávez para demonstrar a solidariedade da classe operária e da juventude da Espanha com a revolução venezuelana.

Vitoriosa concentração no Parque del Oeste

Por isso, na primeira hora da manhã, organizamos um ato com representantes do Sindicato dos Estudantes, a Corrente Marxista El Militante e a Campanha Internacional Tirem as Mãos da Venezuela em frente à estátua eqüestre de Simon Bolívar no Parque del Oeste. A este ato-homenagem acudiram cerca de 100 pessoas, contando com delegados sindicais de CCOO e STES.

Estiveram presentes também, membros da Coordenadoria de Trabalhadores Imigrantes, de Aliança País, movimento de Rafael Correa em Equador, da Plataforma bolivariana e Coordenadoria de solidariedade com Cuba, que deram uma saudação aos presentes.

O evento foi muito animado, com consignas que refletiam a enorme combatividade dos presentes, inspirados pelo exemplo revolucionário de Venezuela: “Tirem as Mãos de Cuba e Venezuela”, “Alerta, alerta, alerta que caminha: a luta socialista pela América Latina”, “Nativa ou estrangeira, a mesma classe operária”, fazendo referência à “diretiva da vergonha” recentemente aprovada, “Uh, ah, Chávez não se vá” e especialmente “Ista, ista, ista, Venezuela socialista”. Três faixas presidiram o ato: “Tirem as Mãos da Venezuela”, “Por uma Federação Socialista de América Latina” e “Que nunca lhe calem Comandante”, em referência às palavras do rei espanhol Juan Carlos.

Ao longo da manhã, distintos meios de comunicação, fundamentalmente venezuelanos acudiram ao ato e podemos conversar com eles. Entre eles, estava Venezuela Televisión e Telesur.

Para encerrar o ato de solidariedade, Juanjo López, secretário geral do Sindicato dos Estudantes e Miriam Municio, porta-voz da campanha Tirem as Mãos da Venezuela, se dirigiram aos presentes para explicar os objetivos da manifestação e a enorme importância da solidariedade internacional. Juanjo López destacou o terror que a revolução desperta nos imperialistas. Têm pânico que ela se estenda por todo o mundo, como já está se ocorrendo. Portanto, tratam de tergiversar sobre o que realmente ocorre na Venezuela: o início de uma profunda mudança na sociedade e a luta pelo socialismo.

Mirim Municio, por sua vez, partiu da atual crise econômica que sacode as potências capitalistas para demonstrar a impossibilidade de que exista um capitalismo com rosto humano. É isso que demonstra a diretiva aprovada recentemente que amplia a jornada de trabalho dos europeus a 65 horas semanais. A única alternativa é, portanto, o socialismo. Por isso, defendemos que a revolução têm que seguir avançando, expropriando as alavancas econômicas que continuam nas mãos dos capitalistas e liquidando o Estado burguês, que trata de boicotar o processo.

Este ato é uma demonstração de que a solidariedade tem que ser uma solidariedade de classe e internacionalista. Um triunfo da revolução na Venezuela será uma alavanca determinante para transformar o mundo.

Simultaneamente, representantes da Tirem as Mãos da Venezuela e do Sindicato dos Estudantes em Mallorca organizaram uma recepção ao presidente Chávez, com uma faixa onde se lia: “Bem-vindo companheiro Chávez, solidariedade com a revolução em América Latina”.

Coletiva de imprensa em La Moncloa

Posteriormente, dois companheiros do comitê de redação do jornal “El Militante”, da Corrente Marxista Internacional na Espanha, puderam participar da coletiva de imprensa que o presidente Chávez e o presidente espanhol Zapatero deram no Palácio de la Moncloa.

Os companheiros pretendiam perguntar sobre as nacionalizações que seu governo está empreendendo em benefício da classe operária e do povo venezuelano. Os capitalistas criticam, espantados, estas nacionalizações, como a de Sidor, no entanto, não têm nenhuma dúvida em resgatar bancos afetados pela crise financeira internacional, empregando dinheiro de todos. Queríamos conhecer a opinião de Chávez sobre essa flagrante hipocrisia, mas lamentavelmente, não tivemos a oportunidade de efetuar a pergunta.

O presidente Chávez deixou claro que na Venezuela está se produzindo um revolução. Assinalou que este processo se dá em toda a América Latina e que quem não vê é porque não quer e quem não sente é porque não quer sentir. Chávez assinalou que nos encontrams imersos em uma enorme crise em todos os níveis: crise alimentar, energética, financeira e inclusive moral. Ressaltou que se tratava, em definitivo, de uma crise de toda uma época. Compartilhamos com o presidente esta análise. E mais, acreditamos que se trata de uma crise global do sistema capitalista, um sistema caduco.

Encontro de Chávez com uma delegação de revolucionários

Na base militar de Torrejón, desde onde o presidente regressaria a Venezuela, Chávez se encontro com uma delegação de representantes do Sindicato dos Estudantes, Tirem as Mãos da Venezuela e a Corrente Marxista El Militante.

O recepção foi calorosa. Convidamos o presidente a retornar a Madri para organizar um evento de solidariedade de jovens e trabalhadores com a revolução venezuelana na próxima primavera, de características similares ao organizado por Tirem as Mãos da Venezuela em Viena, em maio de 2006.

Chávez se interessou pelo Sindicato de Estudantes e nos informou que pela manhã havia visto uma delegação de Tirem as Mãos da Venezuela em Mallorca. Perguntou por Allan Woods, fundador da campanha TMV e dirigente da Corrente Marxista Internacional. Nos disse que havia seguido o giro de Allan Woods por Venezuela, lançando seu último livro: “Reformismo ou revolução – marxismo e socialismo do século XXI, resposta a Heinz Dieterich”.

Também fizemos a entrega ao Presidente de alguns materiais políticos, entre eles o último livro publicado pela Fundação Frederich Engels “ História da Revolução Russa” do grande marxista Leon Trotsky. Chávez valorizou com grande interesse o presente. Nos despedimos ao grito de “Pátria, socialismo ou morte: venceremos”!

Pouco antes do Presidente tomar o avião presidencial rumo à Venezuela nos fotografamos com Chávez, com o punho para o alto, dando vivas à revolução e ao socialismo. O presidente nos animou a continuar a luta e insistiu na necessidade de transformar esse sistema.

Invepal está há um mês e meio parada por falta de matéria-prima

Presidente Chávez em visita à Invepal
Em outubro de 2005, na abertura do I Encontro Latino-americano de Empresas Recuperada pelos Trabalhadores, realizado em Caracas, na Venezuela, o presidente Hugo Chávez anunciou a nacionalização de algumas fábricas, dentre elas, a Venepal (transformada em Invepal).

A decisão foi tomada no rumo certo, para evitar o fechamento de postos de trabalho e das atividades produtivas, mas segundo a notícia traduzida abaixo, publicada pelo site El Universal, a empresa está paralisada há um mês e meio por falta de matéria-prima.

Além disso, os trabalhadores estão sentindo os problemas trazidos com o sistema de co-gestão com o Estado. (Invepal opera com 51% das ações pertencentes ao Estado e 49% nas mãos da cooperativa dos trabalhadores).

Questões trabalhistas, como a incorporação de 300 funcionários que não são acionistas da empresa, mas trabalham na planta, permanecem sem solução à vista. Além disso, não se sabe ao certo quem é o responsável pelo pagamento dos salários e benefícios: o Estado ou a cooperativa?

A FRETECO (Frente Revolucionária de Trabalhadores em Empresas em Co-gestão e Ocupadas - www.controlobrero.org) vem defendendo que a única maneira de resolver situações como essa é a nacionalização (100% estatal) com controle operário.

Não se trata apenas de uma questão de método. Trata-se da defesa e do aprofundamento da revolução, pois os capitalistas e burocratas do Estado se aproveitam dessas fragilidades para dizer que os trabalhadores não são capazes de gerir uma empresa, muito menos o país.
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Caracas, 21 de julho, 2008
Economía

Invepal está há um mês e meio parada por falta de insumos

Trabalhadores da empresa esperam que hoje se reiniciem as atividades

Suhelis Tejero Puntes

EL UNIVERSAL

A Indústria Venezuelana Endógena de Papel (Invepal) está há um mês e meio parada por falta de matéria-prima, segundo asseguram os trabalhadores desta planta.

A empresa, que forma parte do grupo de estabelecimentos que foram tomados pelo governo para levar à frente um processo de co-gestão no ano 2005, deteve suas operações várias vezes nesses anos porque a polpa utilizada para fabricar o papel não chega a tempo para continuar a produção. A mesma é importada desde países como Chile e Canadá.

Tal situação, revelou o trabalhador Noel Capote, deveria ser solucionada hoje, quando se espera que a indústria reinicie as operações e, desta vez, espera-se que seja de forma definitiva.

Para garantir isso, Capote assegurou que a empresa irá importar, além de matéria-prima, bobinas de papel para que, no caso da chegada da polpa falhar novamente, Invepal poderá seguir operando e assim não existirá a necessidade de parar o maquinário.

A indústria opera sob o esquema de co-gestão, no qual o Estado tem a maioria acionária (com 51% do pacote), enquanto que a cooperativa Covimpa, que representa os trabalhadores, detém 49%.

Em outros aspectos, o trabalhador de Invepal assinalou que se mantêm os problemas trabalhistas na indústria, pois a cooperativa não pretende absorver aos pouco mais de 300 trabalhadores que não pertecem à mesma, o que gera diferenças com os outros 297 que sim pertencem a Covimpa.

Não obstante, Capote revelou que a cooperativa en Invepal funciona a cargo do Estado, pois os trabalhadores inscritos na mesma pertencem à folha de pagamento estatal e é o governo que cancela seus salários e benefícios e não Covimpa.

Por outro lado, o trabalhador consultado indicou que todavia a empresa não alcança dividendos, situação gerada pelas múltiplas paralisações que enfrentaram desde o início, assim como por problemas financeiros que incluem má gestão administrativa logo no início.

O governo nacional, quando anunciou a criação da papeleira sob o esquema co-gestionário, estimava que em dois aanos a empresa estaria rendendo frutos, mas já correram três e os números seguem no vermelho. Invepal se formou após a expropriação das instalações de Venepal.

Junto a outras empresas, como Inveval e Invetex, entre outras, a papeleira integra a experiência que o Executivo iniciou em 2005 para entregar mais poder à massa trabalhadora e logo transferir as ações estatais. Mas algumas, como Invetex, não iniciaram as operações.

Alan Woods fala do seu livro "Reformismo ou Revolução"

Alan Woods, marxista britânico, fundador da campanha internacional de solidariedade "Hands OFF Venezuela", tem estado a lançar o seu livro "Reformismo ou Revolução" nesse país.

Nos vídeos poderás assistir à entrevista concedida ao programa "contragolpe" - um dos mais populares na televisão venezuelana

Parte 1



Parte 2



Relato do encontro de Hugo Chavez con Alan Woods em http://www.marxist.com/alan-woods-invited-chavez-nueva-esparta.htm